Felicity estava acordada fazia um tempo, mas continuava na cama, pensando em tudo o que tinha acontecido nas últimas semanas...a volta de Oliver, o seqüestro, o relacionamento dos dois...e tudo o que ela tinha preso em seu peito...tudo o que sentia por ele e não tinha tido coragem de dizer em voz alta.

Talvez depois que tudo passasse, depois que Slade estive fora de suas vidas ela conseguiria confessar seus sentimentos para ele.

Sentia que de alguma maneira ele sentia algo por ela, mas seria amor? Seria o mesmo sentimento que ela?

Esperava que fosse, porque de alguma maneira ele havia transformado sua vida e tinha certeza que ela não conseguiria se abrir para o amor novamente se algo desse errado.

Olhou para o vestido que usaria esta noite e com pensamentos positivos saltou da cama e foi procurar a prima para verificar se ela tinha encontrado as facas de caça.

Algo dizia que iriam precisar delas.

Felicity a encontrou justamente quando esta estava batendo na sua porta com a caixa contendo as facas.

– Bom dia, prima! Animada para o baile?

– Sim...e apreensiva, tenho a impressão que muita coisa vai acontecer hoje. Vejo que encontrou as facas...

– Aham...você sabe que se o Ray ou o Oliver ver que estamos com elas vão confiscá-las imediatamente, não é?

– Sei, e é por isso que eles não devem saber...Vou esconde-la sob o meu vestido, ele não vai ver....

– Não tenho certeza...mas tudo bem...vamos tomar café?

Durante o café chegou um bilhete com um pequeno ramalhete de flores para Felicity.

Sarah só observava, aqueles dois estavam completamente apaixonados um pelo outro...ela só não sabia o porque de não confessarem de uma vez seus sentimentos....enfim, uma hora ou outra isso terá que acontecer....ela esperava.

Felicity leu o bilhete, sentindo o perfume das flores, sempre coloridas que ele lhe enviava:

Bom dia!

Gostaria de saber se posso ter a honra de sua companhia hoje para o baile?

Posso buscá-las às 20:00hs?

Envie a resposta pelo mensageiro.

Do seu, Oliver.

Ela olhou o bilhete, ele queria ir ao baile com ela? Sabia que ficariam todos juntos durante a festa, mas ir com ele? Entrar no Almack´s com Oliver Queen?

Ele estaria assumindo perante todos o relacionamento deles, mostrando a todos que estavam comprometidos...

Por um breve momento ela ficou sem reação até ser interrompida por Sarah que estava curiosa para ler o bilhete.

Felicity lhe estendeu e quando ela terminou de ler...

– È...vocês estão oficialmente comprometidos...ele vai assumir o relacionamento de vocês na frente de todo mundo! Meu Deus! Já vejo aquele monte de matronas tendo um colapso perante a novidade e mais um monte de mães surtando por ter perdido o solteiro mais cobiçado de Londres!!

Sarah estava eufórica, Felicity paralisada....

– Prima? Você não vai enviar a resposta? O mensageiro está esperando...

– Ann? Ah! Sim, claro...

E saiu para o escritório para responder a Oliver que ela o estaria esperando.

Oliver estava apreensivo, sabia que ela poderia negar seu convite. Havia mandado a mensagem bem cedo...e agora enquanto tomava café com os pais e com a irmã tentava disfarçar o nervosismo.

– Irmãozinho, posso saber o que está te deixando mais nervoso? A possibilidade do Slade fazer algo contra nós ou o fato da resposta da sua mensagem ainda não ter chegado? – ela e os pais riram e Oliver foi obrigado a rir também.

– Você acordou muito engraçadinha hoje, maninha! E não estou nervoso...

Nesse momento o mordomo entrou na sala do café e lhe entregou o bilhete de Felicity. Oliver quase o arrancou da mão do pobre homem que o olhou assustado.

Assim que leu a resposta um grande sorriso apareceu em seu rosto.

– Bom, seu sorriso deve significar que vamos em carruagens separadas para o baile, não é mesmo filho? – Moira estava feliz por Oliver. Felicity era uma boa moça e iria o fazer feliz.

Ainda sorrindo Oliver se aproximou da mãe e lhe deu um beijo no rosto:

– Sim, minha mãe. Mas não se preocupem, vamos entrar todos juntos no baile e ficaremos juntos o tempo todo.

– Não estou preocupada, confio nos homens dessa família e em nossos amigos.

O dia passou depressa e quando Felicity se deu conta já era hora de começar a se arrumar. Sua camareira veio ajudá-la com o cabelo. Ela optou por uma trança lateral presa por uma flor pequena da mesma cor do vestido.

Colocou o vestido, se olhou no espelho para ver o resultado. Gostou do que viu. Podia não ser a mulher mais bonita de Londres, mas hoje estaria a altura do seu par.

Pensar nele lhe causou um arrepio de antecipação.

Desceu para encontrar Ray e Sarah.

Os dois já estavam prontos e tinham companhia, Oliver. Ele havia chegado mais cedo.

Em parte por querer acertar os últimos detalhes para manter todos seguros e em parte porque não conseguiu mais ficar em casa.

Ele parecia um jovenzinho apaixonado...e na verdade ele estava apaixonado...sim, há mais ou menos dez anos...desde aquela promessa no porto...

Felicity entrou afobada, ela também estava nervosa e precisava da opinião da prima. Já havia mudado de idéia e não estava se achando tão bonita. Do trajeto do quarto até as sala mudou de opinião umas vinte vezes!

Quando entrou na sala já foi falando:

– Sarah! Como estou? Será que Oliver.... – parou de falar quando viu o olhar risonho da prima em sua direção. Ela parou de andar - ele já está aqui não é?

Sarah assentiu rindo e Felicity se virou para encontrar o olhar dele fixo nela.

Oliver a viu entrar como um furacão na sala. Ele estava perto da porta e por isso quando ela entrou não o viu.

Quando ela virou e o olhou com um sorriso envergonhado no rosto parecia que ele tinha levado um soco no estomago. A beleza dela naquele vestido e com os cabelos trançados o fez perder o fôlego.

– Oliver só vai ter olhos para você a noite inteira – ele falou se aproximando dela e lhe beijando a mão – Você está deslumbrante!

– Obrigada! Você também está muito bem... – ele estava todo de negro, com uma camisa branca. A máscara que ele iria usar era simples num tom de verde escuro.

Não resistindo ele a beijou, um beijo leve, mas cheio de emoção e promessas.

Ray clareou a garganta e todos acabaram rindo.

– Podemos ir? John e Lyla vão nos encontrar lá, assim como meus pais...acredito que entramos todos juntos, não é?

– Vamos, sim! – Ray conduziu Sarah e Oliver ofereceu o braço para Felicity.

Já na carruagem ele reforçou o pedido:

– Fique perto de mim ou de um dos nossos, está bem? – ela estava sentada do seu lado e ele tinha seu rosto entre as mãos.

– Não se preocupe nada vai dar errado – ela lembrou-se da faca presa por uma faixa na sua panturrilha, sob o vestido.

Ele a beijou aproveitando os momentos sozinhos...a beijou com ardor. Com desejo, ela correspondeu aproximando seu corpo do dele. Suspiros, mãos e beijos...o vestido lhe dava acesso ao colo alvo e macio...

– Eu não deveria deixar você ir assim ao baile...

Ela sorriu

– Ciúmes Oliver?

– Sim – ele confessou sem receio – na verdade tenho vontade de levá-la para minha casa e tirar esse seu bonito vestido e.... – seus beijos subiram para seu pescoço e depois para sua boca.

Ela mordiscava os lábios dele o provocando...ele grunhiu em resposta apertando mais o corpo dela no seu...

A carruagem foi diminuindo a velocidade anunciando que estavam chegando.

Eles se separaram a contragosto e ajeitaram as roupas sorrindo um para o outro.

Havia muitas pessoas em frente ao salão e entre elas a família Queen, John e a noiva e Ray e Sarah que haviam acabado de chegar.

Oliver ajudou Felicity descer da carruagem e logo vários olhares se dirigiram a eles, e os cochichos começaram.

Eles ainda não estavam com as máscaras e as colocariam quando entrassem. Após todos se cumprimentarem seguiram para o salão.

O grupo chamou a atenção. Eles escolheram um local à direita, próximo dos toaletes.

Claro que não havia certeza de que Slade poria seu plano em prática naquela noite, mas com homens como ele nada era previsível. Deveriam manter-se atentos.

Oliver mantinha Felicity do seu lado.

Estava sempre a tocando, pequenos toques...precisava disso. Estava tenso. Olhava para todos os lados como que se a procura do perigo.

– Você é a mulher mais linda do baile – ele sussurrou em seu ouvido, recebendo de volta um daqueles sorrisos que tanto amava.

– Obrigada...

– Dança comigo? – ele lhe estendeu a mão num convite.

– Só se você prometer não pisar no meu pé – rindo ela aceitou a mão estendida.

– Prometo!

Quando a tinha nos braços o mundo parecia desaparecer. Com os olhos fixos nos dela ele a conduziu pelo salão com facilidade recebendo olhares que expressavam os mais diversos sentimentos...raiva, inveja, alegria, felicidade...

Alheios a todo o resto eles continuavam no seu mundo. Quando a música parou ele a levou de volta ao grupo e a deixou aos cuidados de John, indo buscar uma bebida para eles.

Felicity observava o lugar. A decoração lembrava os bailes venezianos e todos sem exceção exibiam seus melhores trajes. Mascaras tomavam conta do lugar e incentivavam alguns a tomar atitudes que num baile normal não tomariam.

O clima era de mistério e um pouco de sensualidade.

Ela estava se sentindo um pouquinho audaciosa e muito feliz. Oliver estava com ela e era isso que importava. Thea se aproximou da amiga:

– Está tudo muito bonito não é?

– Está sim...

– Meu irmão realmente gosta de você.... – Felicity a olhou com espanto – porque essa cara? È tão óbvio que vocês se amam que acredito que os únicos que não se deram conta disso ainda foram vocês!!!

Thea riu provocando o riso em Felicity.

Oliver olhou as duas rindo juntas e se aproximou entregando um copo para Felicity.

– Posso saber do que as duas estão rindo?

– Ah! Irmão....eu só estava falando para a Felicity que todo o baile já percebeu que vocês se amam....menos vocês – e saiu rindo deixando o irmão com cara de bobo.

Ele olhou para Felicity com um brilho no olhar

– Pois é – ela disse rindo – todo mundo sabe....

Ele sorriu também, se aproximou e lhe fez um carinho no rosto. Era tudo o que podia ser feito ali...

– Sinta-se beijada... – ele disse em seu ouvido.

Ela o olhou:

– Sinta-se correspondido...

O clima foi quebrado por um amigo de exercito que veio cumprimentá-lo.

Felicity sentia-se nas nuvens, tudo estava bem. Nenhuma ameaça ou sinal de Slade. Parecia que a noite iria correr bem.

Oliver ainda estava conversando com o amigo. John e Ray estavam por perto...Moira e Robert estavam dançando....onde estava Thea?

Felicity olhou por todos os lados e não a viu. Um desespero tomou conta dela...será que ela havia ido ao banheiro sem avisar?

– Felicity? – ela se virou e viu Laurel Gordon, não gostava dela – Thea está no toalete a não se sente bem, pediu que eu viesse te avisar...

– O que ela tem? – e sem pensar seguiu a mulher em direção do corredor que dava acesso ao toalete.

Ao entrarem no local Felicity procurou pela amiga e não a encontrou.

– Onde ela está?

– Estava aqui até um minuto atrás....ela estava reclamando do calor, pode ter ido até a varanda...

– Certo, vou procurá-la. Você pode avisar Moira e Sarah para mim?

– Sim...posso. – E saiu sorrindo, o plano estava correndo como esperado.

Felicity foi procurar Thea na varanda e não a encontrou, quando se virou para retornar ao salão para avisar Oliver sentiu uma mão em seu rosto e um cheiro forte...e depois só escuridão.

No salão, Moira e Sarah eram arrastadas para a mesma armadilha, mas antes de saírem avisaram a Lyla que iriam ao toalete.

Oliver sentiu um calafrio, como um aviso...virou-se a procura de Felicity e não a encontrou...procurou a mãe e a irmã...Sarah...

– Ray! Onde estão as mulheres?

O amigo olhou para os lados a não as viu, o desespero tomou conta de todos.

– Moira e Sarah foram ao toalete – Lyla falou – parece que Thea não estava bem e Felicity estava com ela.

– Quanto tempo faz isso?

– Não tenho certeza, foi logo depois que Moira e Robert voltaram de dançar...

Oliver olhou para Ray e para o pai. O pesadelo havia começado.

– Oliver! Que bom encontrá-lo! – ele reconhece a voz e fecha os olhos com um suspiro de desgosto.

– Sra. Gordon...não é um bom momento – ele disse passando por ela e indo em direção a varanda.

– Eu acredito que deva ser....se você realmente quer vê-las vivas...