A Thousand Miles escrita por Alex Ackerman


Capítulo 1
Now is good.


Notas iniciais do capítulo

Para aqueles que nunca tiveram a oportunidade de ouvir ou ver a letra de A Thousand Miles: http://www.vagalume.com.br/victoria-justice/a-thousand-miles.html
e sim, é a justice cantando!
no more, boa leitura.



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Fazia um ano.

Um ano que eu havia perdido minha mãe. Um ano que eu escutava Trina chorar e gritar no meio da noite. Um ano que eu via, também, meu pai lamentar e chorar por aí. Um ano que eu tinha resolvido me afastar dos meus amigos. Um ano que eu almoçava sozinha. Um ano que eu sentava no fundo da sala, às vezes chorando baixinho.

Ninguém mais reparava em mim.

Mas, acabei me acostumando.

Apesar de tudo, pensei que era eu que iria ter ataques de pânico, acordar gritando por causa dos pesadelos ou acabar sendo internada em um manicômio. Mas não. Foi Trina.

E, por mais irritante, idiota e mandona que ela fosse, eu a amava. Nunca desejei isso para ela.

Ao invés disso, eu só precisava ficar sozinha com minhas ideias. Ficar sozinha comigo mesma.

Meus amigos, mesmo que tentassem, não iriam entender. Nenhum deles viu a sua própria mãe morrendo em sua frente. Nenhum deles viu a sua própria mãe sendo atingida por uma bala na cabeça. Nenhum deles viu sua própria mãe sangrando até morrer.

Isso era tão ridículo. O esforço deles era tão ridículo.

A única pessoa com quem eu falava era Beck, mesmo que fosse só um "olá" ou um "tudo bem?". Eu não falava nem mesmo com meu pai. Toda vez que eu o encontrava, ele estava limpando suas lágrimas para mostrar que era forte e que já tinha esquecido aquilo. Porém todos sabiam que ele não era forte o bastante para aquilo. Ele não merecia.

Visitei Trina apenas uma vez, em outubro. Eu não aguentava ver ela daquele jeito.

Quando entrei em seu quarto, estava tudo revirado e as paredes estavam rabiscadas com tinta vermelha. Ela estava sentada na cama, com as costas apoiadas na cabeceira, e com os joelhos juntos ao peito. Trina se balançava para frente e para trás, me encarando.

Eu sentei em sua cama e tentei conversar com ela, mesmo que ela apenas concordasse com tudo o que eu dizia. No final de tudo, ela acabou me dando um tapa, que acertou minha orelha, e me expulsando de seu quarto.

Eu só queria ajudá-la, dizer que estava tudo bem. Que ela estava bem e que podia superar tudo aquilo. Mas eu não psiquiatra, nem capaz... eu era apenas uma estúpida que não conseguia ajudar a própria irmã.

Minhas notas baixaram, mesmo na aula de Sikowitz, a qual eu não conseguia fazer nem mesmo uma atuação que prestasse. Ninguém ria de mim, mas eu podia ver o sentimento de pena nos olhos deles.

Menos nos de Beck.

Beck me olhava de um jeito confiante, me dando força. Todas as vezes que Sikowitz me escolhia para atuar, ele me observava com um olhar acolhedor. E como eu queria que funcionasse.

E eu amava nisso nele. Sinceramente, eu o amava.

Ele me fazia muito bem. Beck e eu sempre fomos amigos, já que, desde que nos conhecemos, ele e Jade namoravam... mas eles haviam terminado. E eu não sou do tipo que rouba o namorado da amiga nem nada, mas, carmba!, guardar esse sentimento somente para mim era horrível.

+++

Naquela noite, sonhei novamente com a cena da minha mãe morrendo. Fazia, mais ou menos, 3 semanas que eu não sonhava com ela.

Apenas disse para mim mesmo que eu já tinha superado. Não chore.

Depois de alguns minutos,caí no sono de novo.

Acordei cedo e fui para a escola. As primeiras aulas se passaram normalmente. Quando chegou o almoço, comprei um hambúrguer com fritas e procurei um lugar para me sentar. Não havia lugares vazios.

Então,pensei: é agora ou nunca.

Hesitante, andei devagar até a mesa onde estavam André, Beck, Cat, Robbie e Rex. Me aproximei deles.

Pois tudo está tão errado

E meu lugar não é

Vivendo

Em sua preciosa lembrança

Pois eu preciso de você

E eu sinto sua falta

Seja corajosa. Além do mais, eles sempre foram seus amigos.

– Olá... - eu disse, tentando sorrir.

– Tori! - Cat gritou, alegre como sempre. Era tão bom sentir sua alegria preenchendo meus ouvidos. Há muito tempo eu não ouvia isso.

– Oi - André, Beck e Robbie disseram juntos. Eu podia ver a amargura em seus olhos, mas, de repente, o canto de suas bocas formaram um sorriso. E era um sorriso sincero.

– Eu queria pedir desculpas - comecei. - Eu percebi o quanto idiota eu fui por me distanciar de vocês, mas eu n...

Fui interrompida por seus gritos de alegria. Sorri e lágrimas começaram a escorrer dos meus olhos. Limpei-as rapidamente. Cat correu e me abraçou. E eu a abracei com toda a minha força. Ela soltou uma risadinha estridente.

Me sentei ao lado de Beck, que me puxou mais para perto pela cintura e pôs a cabeça no meu ombro, encostando seu nariz na minha orelha. Me arrepiei com o simples toque da sua mão e imaginei o que eu sentiria caso ele fizesse mais.

Cat se sentou ao meu lado.

Então, eu soube que estava no lugar certo, com os amigos certos, no momento certo. E toda aquela tristeza que eu sentia dentro de mim virou alegria, se espalhando por todo canto do meu corpo.

Comecei a sorrir, depois a rir descontroladamente, olhando para cada um que estava sentado conosco. Finalmente, por baixo da mesa, entrelacei meus dedos com os de Beck, que não hesitou em soltar.

+++

De novo, o sonho veio. Mas era muito pior: eu estava matando-a. Um sentimento de culpa, tristeza e raiva me possuiu, e comecei a chorar. Abafei meus gritos e soluços com o travesseiro, com medo de acordar meu pai.

Por que eu não posso simplesmente esquecer isso?

Me levantei, ainda chorando e soluçando,e tirei meu pijama, substituindo-o por um short jeans, um pullover vermelho e meu all star surrado. Peguei meu celular e saí de casa. Pra minha surpresa, havia bastante gente na rua. Eram 3hrs da manhã.

Olhando distraidamente para frente

Apenas seguindo meu caminho

Seguindo um caminho

Através da multidão

Eu não sabia para onde estava indo, até que vi a rua que dava para a casa dos pais de Beck. Sem pensar duas vezes, decidi ir para lá.

Tropecei em meus próprios pés, mas não caí. Apenas continuei andando, rápido.

Finalmente cheguei. Abri a cerquinha da casa e parei em frente ao trailer de Beck. Antes de bater, enxuguei as lágrimas com a manga do pullover e respirei fundo, indecisa se era certo ou errado fazer aquilo. Porém, já era tarde, porque eu tinha batido e a porta se abriu.

Beck estava sem camisa, com somente uma bermuda xadrez. O cabelo bagunçado e os olhos semicerrados, sonolento.

– Me desculpa, mas eu...

Não terminei a frase. Em parte porque eu não sabia o que dizer, em outra porque eu não precisei: Beck me puxou em direção ao seu peito e me envolveu em um abraço. Não choro, por mais que minha vontade seja enorme naquele momento Apenas respiro fundo diversas vezes, sentindo seu perfume.

Nós nos deitamos na cama, de frente um para o outro; o braço dele abraçando minha cintura, e o meu fazendo carinho em sua nuca. Beck se aproximou e roçou seus lábios nos meus. Depois, me beijou.

Se eu caísse no céu

Você acha que eu me perderia no tempo?

Pois você sabe que eu andaria mil milhas

Se eu apenas pudesse te ver...

Se eu apenas pudesse te abraçar esta noite


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Notas finais do capítulo

QUERO REVIEWS!!!1!1!11!!!!!