Pesadelo escrita por Enchantriz


Capítulo 1
Capítulo 1: Pesadelo




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O entardecer encobria Ionia com suas cores alaranjadas, e os últimos e poucos raios solares batiam no quintal do imenso templo onde o Zed, o Mestre das Sombras, treinava seus seguidores arduamente. Seus alunos tilintavam as espadas nas laminas de seus braços ao se defender de cada golpe no qual um a um iam caindo, até que no ultimo, rapidamente direcionou a lamina afiada para a garganta de um dos ninjas, a ponta a centímetros de sua goela.

- Vou cortá-lo se continuar a lutar todo aberto. – disse calmo.

- Está demorando até por demais.

O ninja olhou para o lado vendo a Soberana Sombria Syndra os observar com os braços cruzados encostada no tronco de uma árvore.

- Precisa de ajuda? – perguntou com um sorriso desafiador nos lábios, as esferas negras rodeando sua mão direita.

Seus alunos posicionaram rapidamente as armas em direção a maga que não se importou com os diversos olhos ameaçadores. Zed riu baixo fazendo um gesto com a mão para seus alunos abaixarem as armas.

- Está tudo bem. – avisou. – Ela não é uma ameaça. – direcionou os olhos para a jovem. – O que esta fazendo aqui?

- Estava curiosa para saber o que você fazia nesse templo enorme.

- É melhor tomar cuidado, curiosidade pode ser algo perigoso.

- Esta me ameaçando?

- Você sabe lutar sem seus poderes, Soberana? – mudou de assunto. – Vamos lutar de igual para igual. O que me diz? Imagino como deve ser ruim para você.

As esferas negras evaporaram quando Syndra colocou os pés no chão.

- Não vá se arrepender disso depois. – caminhou calmamente em sua direção.

- Duvido muito.

Sem espera, a Soberana inclinou o corpo para frente colocando as mãos no chão e direcionando as pernas ao encontro do ninja. Ele deu um passo para trás desviando dos pés que voltaram ao chão junto com um punho que veio em direção ao seu rosto, o qual segurou com uma das mãos e torceu o seu braço atrás das costas, a imobilizando.

- Fácil demais! – sorriu vitorioso.

Syndra o olhou de canto irritada, então, girou o corpo atingindo fortemente a perna em sua costela, o fazendo soltar-lhe e recuar, mas rápida e precisa, ela acertou o cotovelo em seu estomago seguido de um soco no queixo. Novamente, Syndra girou o corpo levantando uma das pernas que o atingiu no lado esquerdo do rosto forte o suficiente para fazer o homem cambalear.

- Fácil demais, Mestre das Sombras. – imitou colocando as mãos na cintura, sorrindo de canto.

- Tsc! – a olhou irritado, esfregando o rosto. – Estamos só começando.

Eles se encararam por alguns instantes antes de correrem em direção um ao outro. Syndra direcionou o punho para o rosto do amigo, o qual desviou ao enlaçar o braço em seu pescoço, a enforcando. Ela passou o pé por trás de seu calcanhar o fazendo perder o equilíbrio, mas antes que caísse, puxou-lhe pelo braço e acertou o joelho em meu estomago ao mesmo tempo em que o cotovelo atingiu seu pescoço.

- Maldita...! – Zed praguejou ao chão.

- Eu avisei que ia se arrepender.

Encurvado ainda sentindo a dor em seu músculo, rapidamente ele a puxou pelo cabelo e acertou o punho em seu rosto, perto de sua boca. Ela o olhou surpresa tocando a bochecha avermelhada, em seguida, passou os dedos no lábio inferior que sangrava.

- Acho que exagerei um pouco... – pensou ao ver a face enfurecida da garota.

- Eu vou te matar...! – murmurou ela avançando para cima, cravando as unhas em seu pescoço antes de caírem no chão.

A garota sentou em cima de sua barriga apertando ainda mais os dedos em torno de sua larga garganta, Zed pode sentir perfeitamente suas unhas perfurando a pele lentamente. Antes que perdesse o fôlego, ele segurou os ombros da maga e forçou a cabeça para frente batendo com força a testa na sua. Em seguida, a jogou para trás e ficou por cima de seu corpo, prendendo suas pernas por entre as suas enquanto mantinha seus pulsos contra o chão. Syndra debatia as pernas na tentativa inútil de se soltar e arranjar uma solução para sair.

- Argh! – grunhiu irritada, desistindo. – Sai de cima de mim! Agora! – seus olhos brilharam em roxo por um breve instante.

Zed não pode deixar de rir daquele rosto enfurecido que direcionava os olhos para o lado só para não o ver sorrir. Ele soltou seus pulsos e levantou.

- Até que você luta bem sem seus poderes. – admitiu estendendo-lhe a mão.

- Não sou tão fraca assim. – o repreendeu afastando sua mão ao se levantar sozinha. – Da próxima vez que você tirar uma gota do meu sangue, eu juro – o enfrentou, colocando o dedo em seu peito. – que dreno todo o resto do seu sangue até a alma!

Um bater de palmas os distraiu. Um de seus seguidores os parabenizava, o jovem homem retirou a mascara negra sorrindo contente com a vitória de seu mestre.

- Impressionante. Uma luta um tanto suja, eu diria. – comentou.

- Humpf! – Syndra emburrada, passou a mão no cabelo que bateu alguns fios no rosto de Zed antes de sair andando em direção a pequena escadaria do templo.

- Eu disse algo de errado?

- Ela só esta irritada porque perdeu. – Zed cruzou os braços. – Mas não há duvidas de que ela é uma excelente guerreira também.

- Eu vi. Ela tem um poder surpreendente e uma força física de se admirar.

Zed permaneceu em silencio a vendo se afastar.

- Você a olha diferente. – comentou seu aluno.

- Hãn!? O que esta querendo dizer?

- Nada. Acho que estou vendo demais. Perdão.

Após um tempo, Zed foi atrás de Syndra que estava em seu quarto observando as coisas.

- Então, ai esta você. – se aproximou jogando um pano com gelo para Syndra que o pegou. – Desculpe, eu acabei me empolgando.

- Esta tudo bem, faz tempo que eu não levo um soco. – colocou o gelo sobre os lábios. – Esta ardendo muito? – apontou para o pescoço, onde estavam as marcas de suas unhas.

- Não se preocupe, já tive arranhões piores.

A maga caminhou até a janela observando o céu de nuvens escuras que trazia a noite. E o silencio estava entre os dois novamente...

- Onde aprendeu a lutar? – perguntou tentando puxar assunto.

- Meu mestre me ensinou junto com a magia. – respondeu.

- Ele deve ter muito orgulho de você.

Ela abafou um riso e o olhou seriamente.

- Se ele realmente tivesse orgulho de mim, ele estaria vivo agora. Ele queria retirar meus poderes como todos os outros, então, eu o matei.

- Você é bem direta.

- Esperava que eu mentisse? Não me julgue, você também fez o mesmo. – devolveu o pano com gelo. – Vou para casa. – direcionou-se para a porta.

- Não quer ficar? – perguntou antes que ela saísse.

Syndra o olhou surpresa, mas logo abriu um sorriso gentil.

- Estou bem, obrigada. – agradeceu fazendo uma de suas esferas surgir em meio a sua mão. A esfera diminuiu se transformando em uma pequena pedra, como um diamante negro. – Fique com isso. – jogou a pedra para Zed. – Caso queira apanhar de novo. – piscou o olho direito antes de sair.

O Mestre das Sombras observou pela janela Syndra atrair os olhares de seus seguidores.

- Ela é linda...! – ouviu os sussurros.

- Eu sei. – Zed teleportou-se para o jardim tumultuado, assustando os que estavam ali. – E vocês já descansaram e viram o bastante, voltem ao trabalho. – ordenou cruzando os braços.

- Sim senhor!

O dia havia passado rápido, mas algo no meio da noite em relação à Syndra perturbava a mente de Zed quase como um aviso. Ele se levantou da cama olhando a pedra negra na cômoda ao lado.

- Ela deve estar dormindo a essa hora. – disse a si mesmo. – Porque eu estou com um pressentimento tão ruim? – bufou passando a mão no cabelo negro.

Inconformado, Zed se vestiu e pegou a pedra que o transportou para uma ilha flutuante nos céus de Ionia onde ao centro ficava o templo que a Soberana Sombria estava. Ele parou em frente à janela do quarto de Syndra. A jovem dormia virada para a janela com uma camisola branca de alça, quase transparente, o permitindo ver uma parte de sua calcinha preta em seu quadril quase descoberto pelo tecido. Sentiu o rosto queimar e o coração pulsar pelas curvas daquele corpo, mas conteve o nervosismo e pegou a coberta em seus pés a cobrindo até o ombro.

- Maldita... – disse cruzando os braços levemente irritado. – Até parece que faz de propósito. Tsc!

Observou por alguns instantes o rosto de Syndra. Estranhou o quão quieta estava, não poderia ser tão vulnerável enquanto dormia. Algo estava errado...

- N-não... – ela dizia apertando os dedos na coberta, debatendo-se. – Não...

- Syndra? – chamou colocando a mão em seu ombro, mas assustou-se ao ver a jovem chorar e respirar ofegante quase sem ar. – Ei, Syndra? Syndra acorda!

E de repente, o que era para ser um simples pesadelo ficou fora de controle. As luzes apagadas começaram a piscar, os objetos do quarto flutuavam de um lado para o outro, as janelas batiam agitadas.

- Droga! – praguejou. – Syndra! – a chacoalhou tentando acordá-la em meio aos seus gritos. – Syndra! Syndra acorda! – berrou a fazendo abrir os olhos negros assustados.

- Não encosta em mim! – gritou criando varias esferas negras e as direcionando para Zed, o jogando para trás. Ofegante, percebeu o que havia feito ao se sentar. – Ah não... Zed!Me desculpa! – pediu desesperada ouvindo a lâmpada estourar pelo descontrole. – Desculpa! Eu não queria... – o vidro da janela começou a quebrar e o chão a tremer. – Eu juro!Desc--

- Ei! – voltou a se aproximar da jovem segurando seu rosto com firmeza. – Se acalma. – a olhou serio, ignorando a dor em seu corpo. – Respira.

A Soberana o obedeceu respirando fundo, fechou os olhos fazendo as esferas que a rodeavam sumir, em seguida, o chão estabilizou e os objetos voltaram ao lugar.

- Assim está melhor. Você esta bem? – perguntou quando a viu mais calma.

- Eu quem devia estar fazendo essa pergunt- – parou de falar quando o corpo de Zed caiu em cima de si. – Zed!? – chamou preocupada sentindo o sangue quente da barriga do homem pingar em seu rosto. – Zed! – voltou a berrar desesperada ao deitá-lo na cama. –Não, não, não! Zed fala comigo! Me responde, por favor... – retirou a mascara de ferro o vendo desacordado, o cabelo negro bagunçado acima dos olhos fechados, deslizou os dedos pela pele com algumas cicatrizes. Fechou os olhos com força sentindo-se culpada. – O que foi que eu fiz...

Syndra rapidamente retirou as armaduras do ninja e por ultimo sua camisa preta, e logo o cheiro de ferrugem se apoderou de seu nariz, um enorme ferimento em carne viva marcava seu estomago, o sangue transbordando por sua pele até o lençol branco. Ela colocou as mãos em cima do ferimento, uma luz branca formou-se envolta de seus dedos e a ferida se fechou aos poucos, regenerando a pele masculina.

- Me perdoa... – pediu encostando a cabeça em seu peito.

E quando menos esperava, adormeceu. As horas passaram rápido trazendo os raios de sol para dentro do quarto, iluminando o rosto do Mestre das Sombras que abria lentamente os olhos rubis. Cegado pela luz, virou o rosto para o outro lado vendo Syndra aninhada em seu peito com as mãos ensanguentadas em seu estomago, só então reparou que o ferimento não doía e tinha sumido.

- Desde quando ela possui magia branca? – se perguntou tocando no cabelo da jovem que se remexeu.

- Zed? – murmurou sonolenta.

- Você esta bem? – perguntou preocupado pela ocorrido a noite.

- Desculpe, acho que exagerei um pouco... – respondeu ao se sentar. – Eu não queria machucá-lo, eu nunca faria isso.

- É comum você se descontrolar assim por causa de um pesadelo?

- Às vezes. – confessou. – Às vezes eu sonho que estão tentando retirar meus poderes, e, parece tão real. – fez uma pausa. – E, o que você estava fazendo aqui? – perguntou curiosa.

- Algo me disse que eu deveria estar aqui.

Ela sorriu, e pela aproximação Zed voltou a reparar em seu corpo, aquela camisola com a alça caída em um de seus ombros fez sua pulsação subir. Um frio percorreu-lhe a espinha, e antes que sua mente o enchesse com devaneios, ele jogou o travesseiro na cara de Syndra.

- E-ei! O que pensa que esta fazendo!? – disse irritada.

- Você me irrita! – sentou na beirada da cama esfregando os cabelos antes de se levantar ouvindo sua amiga rir sonora ao perceber que estava sem jeito.

- Imagino que tenha sido tentador me ver dormir e não poder fazer nada. – zombou com um sorriso provocador nos lábios.

- Cala a boca! Se eu a quisesse já estaria em meus braços. – respondeu irritado pegando sua camisa do chão, sujando as mãos com o sangue do tecido. – Isso aqui esta ensopado.

- Desculpe. – pediu abraçando a almofada.

- Não se desculpe, não quis dizer de você.

Syndra remexeu a mão direita retirando do guarda-roupa uma toalha branca e entregou ao ninja.

- Há um rio com água gelada lá embaixo, se quiser tentar lavar a camisa e tomar um banho enquanto seca, tem um banheiro logo aqui a frente. – avisou antes de sair do quarto.

O homem foi até o riu e lavou a camisa ensanguentada, reparando no buraco que tinha no tecido preto. Ainda não pode acreditar como foi curado tão rápido pelas mesmas mãos que o feriu. Jogou a camisa em uma pedra ao sol para secar e voltou para o templo, indo até o banheiro em frente ao quarto. Ele retirou as calças e o restante da roupa, entrou na água quente sentindo seus músculos arderem devido a alguns cortes, mas logo relaxou os ombros fechando os olhos por alguns instantes. De repente, ouviu um barulho e viu um corpo emergir a sua frente, do outro lado.

- S-Syndra!? – espantou-se ao vê-la submersa até os ombros. – O-oq-que você esta fazendo aqui? – gaguejou pressionando as costas contra a parede.

- Eu que te pergunto... – respondeu estranhando, parecendo não gostar da situação. – Vim tomar banho primeiro. Não pensei que fosse terminar tão rápido de lavar a camisa.

- Ah, droga! – praguejou colocando a mão no rosto, sem acreditar no que acontecia. – Eu vo...

- Não, esta tudo bem. Pode ficar. – disse calma. – Eu já vou sair.

- O-oq-que!?

Syndra levantou, a água a encobria do quadril para baixo deixando a vista sua cintura definida e seus seios encobertos pelas mechas do cabelo escorrido. O ninja sentiu novamente seu rosto queimar e o coração acelerar. Rapidamente virou o rosto para o lado e pressionou os dentes irritado com a imprudência.

- Vadia... – murmurou a ouvindo rir baixo, se divertindo com a situação.

- Não precisa ficar tão nervoso, – disse ao passar por ele. – meu corpo está tão ruim assim a ponto de te traumatizar? – pegou uma toalha.

- Claro que não. – respondeu normalmente sentindo as bochechas enrubescerem ainda mais. – Mas que diabos eu estou falando!? Argh... – falou para si mesmo.

- Que bom. – disse sorrindo ao se aproximar novamente do ninja.

Seu batimento aos poucos foi desacelerando. Respirou mais calmo quando a viu de toalha agachada a seu lado.

- Você não tem noção de limite, não é garota?

Ela o ignorou passando os dedos por seus ombros, vendo cada cicatriz em seus músculos.

- Algum problema? – perguntou ao estranhar seu silencio. Estava estampado em seus olhos que não estava gostando nada daquelas marcas.

- Não. – mentiu levantando e saindo do local.

- O que deu nela...? – suspirou.

Zed passou mais um tempo dentro da água antes de se trocar e se encontrar com Syndra na cozinha que estava apenas com um casaco roxo que quase cobria por completo o curto short preto. Ela lhe entregou uma xícara com chá.

- Vai ficar para almoçar? – inclinou o corpo contra a mesa.

- Não, tenho que voltar. Acabei saindo sem avisar. – disse após tomar um gole do chá. – Você vai ficar bem aqui sozinha?

- Eu sempre estive sozinha. – respondeu indiferente. – Me sinto melhor assim. Isso não vai mudar só porque te encontrei.

Zed conteve o sorriso, ironicamente, suas palavras pareciam as mesmas que as suas.

- Entendo. – respondeu devolvendo a xícara. – Se tiver problemas, sabe onde me achar. – virou-se indo até a porta quando sentiu a mão da maga tocar seu braço.

- Obrigada, por ter vindo. – ela sorriu gentil soltando o ninja.

- Você não precisa me agradecer. – respondeu colocando a mão na cabeça da garota, afagando seus cabelos molhados antes de sair.


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Notas finais do capítulo

Minha primeira fic de LOL, espero que tenham gostado. =)



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