Segredos Fatais escrita por DJDCAL


Capítulo 9
Capítulo 8


Notas iniciais do capítulo

Então... Eu sei que vocês estão querendo me matar, me linchar e queimar em praça pública e acreditem, eu entendo! Tive o bloqueio criativo mais tenso da minha vida, a ponto de não conseguir terminar nem um parágrafo que prestasse! Mas finalmente eu consegui achar inspiração pra terminar e deixa eu contar pra vocês, quando ela veio veio com força porque esse capítulo saiu grande.
Se vocês notarem que não tem mais erros de português agradeçam à HannaFFS que está corrigindo eles pra mim (pq eu sou mto preguiçosa pra fazer isso eu mesma)
Nesse capítulo tem uma parte musical e eu gostaria que vocês lessem essa parte ouvindo a música: https://www.youtube.com/watch?v=gJLIiF15wjQ (vcs vão saber quando começar)
E por último, como vocês se sentiriam se eu fizesse uma POV Alexander nos próximos capítulos? Respondam nos comentários...
Boa leitura

ps:Leiam as notas finais!



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No dia seguinte, ao chegar ao escritório, eu sentia como se a noite passada tivesse sido um sonho. Principalmente a parte em que eu e Alexander tivemos uma conversa profunda e sem jogos. Isso só podia ter saído da minha mente altamente criativa... Certo?

Errado!

Porque assim que eu entrei no escritório de Alexander naquela manhã de segunda, ele agiu da mesma forma, fez as mesmas perguntas e fez as mesmas piadas, mas o seu olhar não era o mesmo. Ele tinha um brilho especial ao fazer todas essas coisas. Como se ele não mais estivesse tentando me irritar ao ponto de garantir minha demissão. Seus olhos azuis tinham agora um tipo de cumplicidade. Ele tirou sarro de mim de sua forma peculiar e sarcástica, mas ele sabia que eu estava gostando dessa troca de gracejos tanto quanto ele. Ele me fez perguntas sobre o trabalho, mas ele não estava tentando me pegar em um erro. Nós agimos como amigos.

E apesar do fato de que isso me deixou meio desconfiada e um pouco apreensiva, depois dos primeiros cinco minutos eu consegui relaxar um pouco e realmente apreciar a mudança em seu comportamento. Afinal, sabe-se lá quanto tempo isso vai durar.

A outra parte da noite anterior que me fez sentir como se também fosse um sonho, foi o encontro incrível que eu tive com Matt. E o beijo... Ah, o beijo... O jeito como o seus lábios me fizeram sentir linda, como as suas mãos acariciaram o meu cabelo, como a sua língua... Opa! Pode parar Vanessa, você está em um lugar de trabalho, comporte-se!

Eu tentei me concentrar no que estava fazendo, mas as memórias rodopiavam e minha mente me deixando cada vez mais lenta para pensar em negócios e itinerários... Até que o meu celular tocou. Eu atendi sem nem mesmo prestar atenção em quem estava me ligando e antes que eu pudesse dizer qualquer coisa ouvi a voz sempre alegre de Matt do outro lado:

“Eu esqueci, o certo é esperar dois ou três dias antes de ligar para uma garota depois de um encontro incrível?”

“Isso depende... Ela é muito gostosa?” Eu falei com um sorriso na voz enquanto andava até a sala de café para não ser ouvida pelos clientes. Sorte que Alice estava por perto e ficou no meu lugar.

“Tãaaaaao gostosa... Eu não consigo nem descrever a beleza dela pra você. As palavras não a fariam justiça!” Ele disse e eu podia sentir que, onde quer que ele esteja o seu sorriso tinha se alargado um pouco mais.

“Bom, se esse é o caso você não deveria perder seu tempo. Ligue pra ela o mais rápido possível antes que outro cara a faça esquecer-se de você. Sabe como é com essas mulheres bonitas... A fila anda!” Eu respondi tentando fazer um tom sério, mas a diversão em minha voz era quase palpável.

“Você tem certeza que eu não vou parecer muito desesperado? Eu não quero assustar a moça...” Ele disse em um tom pensativo e se eu não o conhecesse melhor eu diria que ouvi uma pontada de preocupação real em sua voz. Mas eu afastei esse pensamento. Matt não é esse tipo de cara.

“Hum... Entendo a sua preocupação, mas ela é infundada.” Eu respondi, controlando um pouco mais o meu tom fazendo-o parecer mais intenso.

“E porque você diz isso Sta. Miller? Por favor, partilhe comigo suas ideias quanto a esse assunto.” Ele trouxe para sua voz aquele falso tom polido que sempre me fazia sorrir.

“Pois bem, mas saiba que eu estou prestes a revelar um dos maiores segredos das mulheres Sr. Johnson. Se essa informação acabar propagando-se, as outras mulheres acusar-me-ão de alta traição...” Eu carreguei minha voz de mistério e preocupação devolvendo a ele o tom retrô da conversa e gastando todo o meu vocabulário erudito.

“Seu segredo irá comigo para o túmulo Sta. Miller” Ele respondeu e apesar da brincadeira eu ouvi a curiosidade sincera queimando por debaixo de suas palavras.

“Realmente as mulheres, especialmente as mais feministas, não gostam quando um homem se impõe a elas em qualquer forma ou força muito a barra. Mulheres gostam de saber que tem escolhas, que tem controle...” Eu falei em um tom mais sincero agora. Eu não sei exatamente o porquê, mas eu queria que ele soubesse que o que estava para sair da minha boca era a mais pura verdade.

“Nós lutamos muito pela nossa independência e é ótimo ter poder total sobre as nossas ações. Mas mesmo assim...” Eu deixei o suspense no ar durante o segundo antes de sussurrar. “Não tem nada mais sexy do que um homem com iniciativa!”

Ele riu baixo e quando eu estava pronta para continuar a conversa, ouvi passos atrás de mim, vindos da porta e me virei para pedir que Alice ficasse na recepção por só mais um minuto. Mas ao invés de uma silhueta perfeita de modelo eu vi os ombros largos e sorriso vibrante que me faziam sorrir de volta.

“Que bom, porque eu estava realmente com medo de levar um fora.” Ele sorriu e eu dei passos largos em sua direção para envolver meus braços ao seu redor.

“É uma boa coisa que eu não me assusto facilmente!” Eu murmurei contra o seu peito e ele beijou o topo da minha cabeça. Antes de me afastar para poder olhar dentro dos meus olhos e sorrir (consequentemente balançando o meu coração).

“Eu te trouxe um presente.” Ele falou colocando a mão no bolso interno de seu paletó e tirando de lá um medalhão dourado. Assim que eu distingui o que era o meu coração parou.

Ele era redondo com uma caveira no meio, cheio de detalhes intrincados que saíam da caveira e formavam um círculo de bordas irregulares.

Agora, se você é um(a) nerd tão dedicada quanto eu você entende o porquê de a minha boca ter formado um perfeito O, o meu coração ter parado por um momento e depois voltado a bater alopradamente e o porquê de aquele medalhão ter sido um dos melhores presentes pós-encontro que eu já ganhei.

Quero dizer, não me entenda mal, eu gosto muito de flores, mas quando um cara vem e te dá uma réplica perfeita, embora um pouco menor, do medalhão que amaldiçoou os piratas do Pérola Negra, qualquer outro presente se torna meio obsoleto.

Eu analisei o círculo dourado reluzindo em minha palma por um momento, e quando eu consegui (finalmente) descobrir como é que se fazia pra fechar a boca e parar de babar eu o encarei e disse:

“Por favor, me diga que isso não é de ouro!” Eu sei que ele é rico, mas isso não me dá o direito de abusar não é?!

Ele gargalhou levemente e simplesmente balançou a cabeça em exasperação antes de falar:

“Eu passei em frente a uma joalheria e vi isso na vitrine. Pensei em você!”

“Você sabe que se nós acabarmos sendo completamente incompatíveis e pararmos de sair eu não devolverei isso!” Eu brinquei e arranquei uma gargalhada alta dele.

“Eu acho que estou disposto a correr esse risco. Eu suspeitei que, apesar desse ser o presente mais incrível que você já ganhou, não seria muito atraente usar um medalhão pirata no dia-a-dia então eu comprei a versão de bolso, pra que possa ser um chaveiro.” Ele completou com um sorriso velado em seu tom.

Eu simplesmente sorri de volta, não necessitando completar esse momento com palavras. Nós seguramos o olhar um do outro por mais alguns segundos, e provavelmente poderíamos ter ficado assim mais um tempo se o meu estômago vazio não tivesse se intrometido na conversa. Eu não sei se o ronco foi assim tão alto mesmo ou se simplesmente pareceu assim por perturbar o silêncio quase reverente daquele momento, mas o fato é que o agradável som da minha falta de café da manhã definitivamente estragou nossa bolha de eletricidade e logo a antes silenciosa sala estava preenchida pelo som das nossas gargalhadas.

“O que, eles não te alimentam na casa dos Monroe? Eu sempre imaginei que Kate fosse te empanturrar de comida como se você fosse a filha que ela não tem.” ele perguntou ainda com um sorriso zombeteiro nos lábios.

“Oh, acredite, ela tenta, mas a culpa não é dela se o beijo de alguém não me deixou dormir a noite toda e eu acabei não acordando...” eu joguei de volta enquanto me afastava de seus braços. Eu não queria que ele percebesse a mentira nessa frase (mesmo eu sendo uma mentirosa razoavelmente boa) e eu não ia contar pra ele que o que me manteve acordada durante metade da noite foi a conversa estranhamente sincera que eu tive com Alexander. Afinal, em outras circunstâncias, eu realmente teria passado o resto da noite fantasiando sobre aquele beijo, e aquele homem... Não! Foco Vanessa! Você está tentando mentir agora!

Eu esperava outro comentário brincalhão, então quando ele não me respondeu eu rapidamente pensei que ele tinha descoberto a minha mentira o que me fez congelar na porta da salinha de café e me virar lentamente par encará-lo. E me surpreender completamente, por que Matt não aparentava ter descoberto a minha mentira, ou ter achado aquela declaração imprópria ou apressada de qualquer forma. Ele parecia... Maravilhado, como se ele não pudesse acreditar que aquele simples beijo tivesse me tirado o sono.

Sem uma palavra ele simplesmente atravessou o cômodo, parou na minha frente (a milímetros da minha boca eu devo acrescentar), inspirou e expirou duas vezes, como se estivesse tomando coragem e o seu hálito quente apagou tudo em minha mente em tempo recorde.

Eu li em algum lugar, ou talvez tenha visto em algum filme, que a melhor parte de qualquer beijo é a parte anterior a ele. Sabe, o rufar de tambores, aquela ansiedade que passa pelo seu corpo, o espaço de tempo que é ambos muito longo e muito curto para ser colocado em uma escala, aquela sensação de que nada mais no mundo importa além de vocês dois...

Eu tenho que concordar com essa teoria porque nos segundos anteriores aos lábios de Matt finalmente tocarem os meus, tudo que eu ouvia eram os meus batimentos cardíacos aloprados em conjunto com a minha respiração superficial. Todos os meus pensamentos (incluindo a culpa por ter sido a minha mentira deslavada que nos tinha colocado nessa posição), estavam a quilometros de distância do meu foco mental, porque tudo em que o meu cérebro conseguia se concentrar era o rosto lindo dele e a emoção inteligível em seus olhos...

Yep, definitivamente a melhor parte do beijo!

Mas ganhou por pouco porque quando ele me beijou as sensações foram igualmente intensas só mudando de sentido. Agora, em vez de imaginar o que os seus enigmáticos olhos verdes queriam me dizer, eu podia sentir a sua língua dar o recado enquanto acariciava a minha. Eu não precisava fitar meus olhos em seu rosto para saber o que ele sentia porque suas mãos em minha cintura transmitiam o respeito quase reverente que ele tinha por mim.

Mas essa não foi a melhor parte. A melhor parte desse beijo de tirar o fôlego foi que durante todo o percurso, mesmo quando ele expressava paixão e luxúria eu senti como se ele estivesse tentando me conhecer melhor e não tirar algo de mim.

E foi assim que o nosso beijo terminou. Muito cedo, porque eu queria muito mais, e muito tarde, porque eu não acho que o meu coração poderia suportar muito mais disso. Ele simplesmente me encarou por mais alguns segundos antes de sussurrar enquanto colocava uma mecha do meu cabelo atrás da minha orelha:

"Vamos almoçar”

E foi assim que as duas semanas seguintes ao nosso encontro se passaram: trabalho, faculdade, “discussões” com Alexander e Matt... Muito Matt.

Ele vinha me buscar na Monroe Enterprises quase todos os dias para o almoço e nós passávamos o dia praticamente todo trocando mensagens tanto de texto quanto de voz. Toda vez que eu olhava para o medalhão dourado no meu molho de chaves um sorriso imediatamente invadia o meu rosto.

Minhas relações no trabalho estavam ótimas, eu não brigava mais com Alexander, pelo menos não seriamente, o resto dos riquinhos da cidade parou de me perturbar nas outras duas festas de gala que eu fui durante esse período (sério mesmo, esse povo não tem mais o que fazer além de ficar criando festas de gala?), e até mesmo Alice parou de me atormentar. Não que ela tenha virado minha BFF n°1, mas ela pelo menos parou de entrar no meu caminho o que já é ótimo.

Teria sido a semana perfeita se não fosse por um sentimentozinho irritante que simplesmente não me deixava em paz. Tudo que eu fazia, em todo lugar que eu ia eu não pude evitar me sentir como se alguém estivesse me seguindo, me vigiando. Não que eu pudesse provar nada disso porque eu não encontrei qualquer outro tipo de evidência que indicasse que eu não estava ficando completamente louca além daquele mau pressentimento.

Quero dizer, sim eu fui treinada (ou forçada a treinar) por mafiosos russos assustadores e sim, eu sei como matar alguém com uma cópia da revista People (em teoria, porque eu nunca tive que tentar), mas ninguém nunca me ensinou como despistar perseguidores ou mesmo ter certeza de que estava sendo seguida pra começo de conversa. O objetivo principal de Dimitri sempre foi fazer de mim uma assassina não uma espiã (e mesmo que fosse, ninguém vira a Nikita em um ano).

Eu tentei de todas as formas me convencer de que estava imaginando coisas e isso ficava fácil quando eu estava com Matt, a presença dele era sempre calmante para os meus nervos a flor da pele. Mas quando eu estava sozinha, não importa aonde fosse, até mesmo na altamente segura mansão Monroe, esse sentimento me atingia em cheio novamente.

E é por essa razão que eu meio que estava enlouquecendo agora.

“Duas semanas inteiras, Matt?” eu falhei miseravelmente em tentar esconder a decepção profunda em minha voz. Duas semanas namorando alguém (sem nem mesmo ter definido a relação por sinal) não é o suficiente para ser permitido que eu o peça pra ficar.

“Eu também não estou muito empolgado para ir Nessa, mas é o meu trabalho. Ao contrário da crença popular, bilionários tem que trabalhar para manter o dinheiro” ele disse “A não ser que você seja a Paris Hilton ou a Kim Kardashian”, acrescentou me fazendo sorrir com ele.

Ele me puxou pra um abraço forte e sussurrou contra o meu cabelo:

“Eu vou te ligar, passar skype, encher a sua caixa de mensagens do whats app com meus áudios e fotos e marcar minha localização no Facebook em tudo o que eu for fazer durante esse tour pelas minhas empresas pra você conhecer cada local pelo qual eu passar ok?”

“Promete?” sério, será que é impossível NÃO SOAR COMO UMA CRIANÇA?

“Prometo” ele disse com um sorriso em seu tom.

“Então é bom você ir indo pro avião antes que ele te deixe aqui. E eu já vou avisando que se eles te deixarem eu não vou deixar você ir atrás!” eu brinquei enquanto me desvencilhava de seus braços.

“Eles não vão me deixar, o avião é meu!” ele gargalhou me fitando profundamente.

“Exibido!” eu o empurrei de brincadeira e ele sorriu para mim. Reaproximou-se, envolveu seus braços ao redor da minha cintura me tirando do chão e me deu um beijo digno de um homem indo para a guerra.

Eu acho que ele disse mais alguma coisa antes de sair, mas eu não posso ter certeza porque eu demorei uns bons 5 minutos para me recuperar completamente daquele beijo. E assim que a névoa de tontura esvaiu-se de minha mente eu tive aquele sentimento novamente. Olhei ao redor freneticamente, analisei cada pessoa ao meu redor esperando encontrar algum rosto conhecido, alguém me olhando muito atenciosamente, mas eu não pude encontrar nada. Voltei para casa esperando ansiosamente que o resto da minha sanidade não estivesse junto com Matt naquele avião.

Passei o resto da tarde deitada na cama assistindo a reprises de Friends. Tudo o que eu queria agora era um bom prato de arroz com feijão e batata frita, mas já estava quase anoitecendo e eu não haveriam mais lojas com produtos brasileiros abertas, então eu decidi mudar para o número dois da minha lista de comida de conforto: Pizza e sorvete!

Levantei, liguei para a pizzaria e pedi uma pizza média de quatro queijos que levaria pelo menos 40 min para chegar. Decidi então estrear a banheira enorme de hidromassagem do meu quarto. E ao som de Bom Jovi, Michael Bublé, Batille e Alex & Sierra (será que eu sou eclética?) eu tive os 40 min mais relaxantes da semana. Esqueci completamente da minha paranoia e da solidão que me assolou mais cedo deixando que a música e a água, em conjunto, levassem embora as minhas preocupações...

Pelo menos por um tempo.

Depois do banho eu encontrei o meu conjunto de pijamas mais confortável (que não era nem de perto o mais sexy) no fundo da minha gaveta e enquanto eu colocava chinelos o interfone do meu quarto chegou e John, o porteiro, me avisou que o entregador de pizza estava se dirigindo até a porta da frente da mansão. Eu me preparei pra descer amarrando meu cabelo castanho em um rabo de cavalo, mas eu ainda não estava pronta para deixar a música de lado então eu coloquei fones de ouvido, prendi meu celular no elástico da calça do pijama e desci dançando pelas escadas.

Sim, isso mesmo, eu desci dançando. Entenda, eu não esperava que ninguém estivesse na casa a essa hora da noite, era muito cedo para Alexander estar aqui num sábado à noite e William estava viajando desde a semana passada, Kate não se importaria se me visse e o resto dos empregados estava muito ocupado com seus afazeres de fim de expediente para me notar. Então eu ignorei todos os meus ensinamentos de bom senso e educação e cruzei a mansão cantando e dançando Wannabe (sim, eu também tenho músicas delas na minha playist).

“Yo I'll tell you what I want, what I really really want,
So tell me what you want, what you really really want,
I'll tell you what I want, what I really really want,
So tell me what you want, what you really really want,
I wanna, I wanna, I wanna, I wanna, I wanna really
Really really wanna zigazig ha.”

Nunca me esquecerei da expressão no rosto do entregador quando eu abri a porta, peguei dele a pizza e o refrigerante e o entreguei a nota de 20 dólares sem ao menos dizer oi. Eu simplesmente sorri para ele e disse um obrigado antes de sair, mas eu estava ocupada de mais com a letra da música para lembrar-me de boas maneiras. Ele parecia assustado e estranhamente feliz com essa minha atitude, o pobre garoto devia estar morrendo de medo de entrar numa propriedade aonde ele provavelmente tinha que ser revistado para passar pela porta.

Eu segui da porta para a cozinha ainda no espírito Spice Girls e coloquei a pizza e o refrigerante no balcão antes de abrir a geladeira e pegar um pote de sorvete. Ainda dançando. Naquele momento eu não estava muito preocupada com os milhões e calorias que eu estaria ingerindo ou que eu provavelmente não entraria nas minhas roupas de trabalho na segunda considerando que até oxigênio me engorda. Eu precisava me sentir bem, e comer (pelo menos em minha opinião) é um dos maiores prazeres da vida.

Fechei a geladeira e fui à busca de um copo e uma colher antes de por tudo em cima do balcão. Uma pizza média, um refrigerante de 600 ml, um pote de sorvete, um copo e uma colher. Como infernos eu ia levar tudo isso lá pra cima? A casa era muito grande para que eu considerasse duas viagens (será que eu sou preguiçosa?). Esses pensamentos me mantiveram ocupada por um tempo, e eu estava a ponto de ir achar Kate e pedir que ela me ajudasse quando a minha parte favorita da música começou a tocar:

“Yo, I'll tell you what I want, what I really really want
So tell me what you want, what you really really want
I wanna, I wanna, I wanna, I wanna
I wanna really really really wanna zig-a-zig, ah

If you wanna be my lover, you gotta get with my friends
Make it last forever, friendship never ends
If you wanna be my lover, you have got to give
Taking is too easy, but that's the way it is”

Eu sei, eu devia ter pensado melhor. Eu devia ter me ligado que eu não estava sozinha naquela casa, eu devia ter percebido que eu estava de pijamas velhos e altamente em contraste com o resto do ambiente, mas quando a minha parte favorita começou eu não pude me conter, eu esqueci as minhas preocupações com a logística de levar a comida para o meu quarto, eu esqueci que estava numa casa bonita, arrumada e antiga o suficiente para ser um museu e comecei a dançar.

Ai você me pergunta: você não estava dançando antes?

Sim eu estava, mas antes eu ainda me controlava levemente, me limitava a mover o meu corpo no ritmo da musica, mas de uma forma contida porque eu sou a pior dançarina no mundo a não ser que se trate de dança de salão que envolve um parceiro para guiar. Fora isso eu sou o maior fiasco dançante de que se tem notícia.

E apesar de tudo isso, quando a nota inicial do refrão tocou em meus ouvidos eu dei um pulo e comecei a rebolar ao redor do balcão sem medo nenhum de ser feliz. E como se não fosse suficiente, eu não apenas rebolei, como soltei os cabelos e os balancei como se estivesse em um show de rock, fiz um ridícula imitação da dança do ventre e, como a cereja do bolo, usurpei alguns passos da lendária Macarena!

Claro, que como eu sou uma pessoa muito inteligente, eu fiz a maior parte disso de olhos fechados e somente quando a música terminou e foi substituída por uma balada calma do Lifehouse eu abri os olhos. Parada apoiada no balcão e respirando ofegantemente.

E foi nessa posição gloriosa, sensual, digna da bênção de Afrodite que meu amado chefe, milionário, lindo, polido, intimidador e anteriormente ansioso para me demitir escolheu para se pronunciar pela primeira vez:

“Então é isso que você faz quando acha que está sozinha..?”


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Notas finais do capítulo

Não quis por la em cima pq vcs ainda não tinham lido o capítulo. Eu percebi que em muitas fics as autoras colocam a música que as inspirou a escrever o capítulo ou que elas acham que combina com a história e eu gostaria de saber se isso é algo que vocês gostariam que eu fizesse e vez em quando...
Respondam por favor ok?
Ate a próxima!