Segredos Fatais escrita por DJDCAL


Capítulo 17
Capítulo 16


Notas iniciais do capítulo

oioi pessoas bonitas!! Aqui estou eu novamente trazendo um capítulo novo cheio de surpresinhas pra vcs.
eu sei que estou atrasadíssima, novidade né?, deixa eu explicar o que aconteceu: fiz a melhor viagem da minha vida! sério gente, consegui uma oportunidade de conhecer um bom pedaço dos Estados Unidos e foi INCRIVEL! Andei por Washington, Orlando, New York, Texas e até Miami. Sonho ne? poise, ainda não acredito também.
Não se preocupem, eu não me esqueci de vcs, e nem da fic. Alias, principalmente em NYC eu so conseguia pensar na Vanessa e no Matt tendo momentos romanticos no Central park, e na próxima historia que eu vou escrever. definitivamente a cidade da inspiração galera. mas não tinha tempo pra escrever.
Então eu voltei e escrevi cap novo pra vcs com toda essa inspiração e o proximo está a caminho.
Divirtam-se
ps: Escrevi ouvindo Warriors do Imagine Dragons. se vcs quiserem acompanhar ok?



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Pausa.

Essa foi a palavra que dominou a minha mente no segundo em que o homem loiro desprezível atingiu o chão inconsciente. Tudo antes disso tinha sido um borrão. Só uma mistura instintiva de chutes, socos, gritos e dor, mas agora o relógio tinha parado. Ou talvez só parecesse assim porque tudo ao meu redor parecia tão estático. Alexander tinha seus olhos azuis gelo fixados em mim, foi a expressão mais próxima de medo que eu já o tinha visto exibir, sua linguagem corporal era estática, imutável, assim como todos os outros objetos inanimados que nos cercavam.

Com um “wush” violento as portas duplas da cozinha se abriram e por ela passaram Júlia e Adriana, ofegantes e atormentadas (com razão, eu devo dizer). Apesar da rapidez com que invadiram a bolha fora do tempo na qual eu, Alexander, o homem loiro e Matt estávamos, elas não escaparam do feitiço e também ficaram, por um momento, estáticas admirando o cenário.

Foi Júlia que me acordou do transe:

“Vanessa” ela me chamou com uma autoridade silente na voz. Eu levantei o olhar e, como sempre, ela leu meus pensamentos. “Vamos Adri, nós precisamos tirar todo mundo dessa casa.”

Elas estavam para deixar o cômodo quando Alexander finalmente pareceu voltar à vida:

“O que? Não! Nós precisamos chamar a polícia!” seus olhos estavam largos e brilhantes, ele estava basicamente parado, exceto por suas mãos que tremiam levemente. Ele estava em choque. Como eu sei? Vamos só dizer que eu já passei por isso.

Júlia fez menção de falar alguma coisa, mas eu a parei com um olhar. Ela acenou com a cabeça e saiu com Adriana. Andei devagar em direção a Alexander e estendi minha mão para ajudá-lo a levantar. Depois de alguns segundos ele a aceitou e se pôs de pé. Deixando todas as regras de etiqueta e espaço pessoal de lado eu pus uma mão em cada ombro dele, olhei fundo em seus olhos e disse:

“A gente não pode chamar a polícia Alexander. Pelo menos não ainda!” ele ficou me encarando como se eu tivesse perdido a cabeça. Suspirei, me virei de lado apontando para o corpo desfalecido de Matt do outro lado. “Tá vendo aquilo Alexander? Ele machucou o Matt, ele quase me matou. A gente precisa saber por que, a polícia provavelmente não vai nem descobrir e, se descobrir, nunca vai nos contar.” Eu disse em uma voz séria antes de direcionar seu olhar novamente para mim.

“Ele tá bem?” sua voz saiu como um suspiro. Meus olhos encheram de lágrimas, mas eu as impedi de sair. Eu não podia me permitir chorar agora. Mesmo que fosse tudo o que eu quisesse fazer. A pergunta que Alexander tinha acabado de me fazer era a pergunta da qual eu estava fugindo desde que vi meu namorado cair inconsciente no chão azulejado. Estaria ele vivo? Provavelmente, mas a remota possibilidade de que ele tivesse mais que uma concussão leve me tirou toda a coragem de sequer me aproximar dele para descobrir.

“Eu não sei.” Minha voz quebrou levemente. “Vamos ver”. Contornando o corpo do nosso agressor e puxando Alexander pelo braço comigo eu me permiti agachar ao seu lado e sentir seu pulso.

“Ele está bem.” Eu suspirei em alívio e algumas lágrimas escaparam do meu autocontrole. Como que numa deixa, esse foi o momento que Matt escolheu para abrir os olhos.

“Wow” foi a primeira palavra que deixou seus lábios. Sem nem pensar sobre minhas ações eu dei uma leve gargalhada e baixei minha boca de encontro com a dele.

* * *

“Porque homens são tão teimosos?” eu resmungo pela terceira vez enquanto ajudo Alexander a levar nosso “hóspede” inconsciente para a academia no andar de baixo. Matt se recusava a ir ao hospital dizendo que estava bem, mas eu sei por experiência própria que ninguém que bate a cabeça com tanta força pode estar bem.

O homem é pesado, difícil de carrear pelas escadas e eu considero brevemente a possibilidade de simplesmente jogá-lo pelos degraus. Mas isso podia quebrar o pescoço do cara e eu ainda não tinha minhas informações, sem chance alguma de eu deixar que ele morra antes de ter minhas respostas. No way.

Conseguimos terminar o trajeto e derrubamos o corpo desfalecido do homem loiro em um dos vários aparelhos de musculação que havia no cômodo. Todos os meus músculos ardiam com o esforço se misturando com a dor dos golpes que tinha recebido espalhados pelo meu corpo. Atrás de mim Matt cambaleou em direção a uma cadeira e desabou em cima dela, obviamente tendo dificuldades para respirar.

Meu coração latejou em resposta. Corri em direção ao meu namorado e me ajoelhei no chão para poder fitá-lo fundo nos seus olhos esmeralda.

“Matt...” comecei.

“Não Vanessa! Eu não vou pra um hospital” ele parou a frase para tomar fôlego e a simples ação de expandir seu peito parecia extremamente laboriosa. Estava na hora de jogar a minha carta trunfo.

“Matt...” eu disse permitindo que algumas das lágrimas que eu estava segurando fora do meu alcance embargassem levemente a minha voz. Ele voltou seus olhos para o meu rosto com uma expressão preocupada. “O que eu vou fazer agora...” respirei fundo. “O que eu vou fazer agora você não pode ver.” Disse decidida. Ele parecia prestes a falar algo e eu direcionei meu dedo indicador aos seus lábios para impedi-lo.

“A Vanessa que você conhece... eu... essa e a única Vanessa que eu quero que você conheça. E agora eu tenho que resgatar uma parte de mim que eu quero muito deixar pra trás. Eu não posso fazer isso se você estiver aqui. Eu não posso deixar essa parte de mim pra trás se você estiver aqui pra assistir o que eu estou prestes a fazer.” Deixei que algumas lágrimas escorressem pelas minhas bochechas, lutando ferozmente para manter o equilíbrio.

Porque, eis o problema com usar a verdade para manipular alguém: dizer uma mentira para convencer uma pessoa a fazer algo, é fácil. Uma simples questão de analisar o que essa pessoa precisa ouvir e dizer como se fosse verdade. Simples, limpo, frio, distante. Entretanto, quando só a verdade pode alcançar o resultado desejado, quando você não quer mentir... Essas são as verdades que doem, que machucam, que tornam a sua habilidade de analisar o futuro quase inexistente. Essas são as palavras que ameaçam abrir as portas que tentamos manter trancadas todos os dias. Porque a verdade não se limita a libertar você, ela também liberta todos os seus sentimentos, cada uma de suas lembranças e segredos.

Por isso, eu estava tão amedrontada agora.

Se eu perdesse o controle nos próximos momentos. Eu precisava contar a dose certa da verdade agora. Porque se eu falasse só um pouco demais, seria como abrir a caixa de pandora despejando todos os meus segredos em cima de Matt, de Alexander, Júlia e Adriana. Segredos cruéis e destruidores. Depois de libertos, não haveria reparo... Eles eram fatais.

“Mas principalmente... Eu quero que você viva pra que eu possa, quem sabe, te contar tudo um dia. Será que você pode por favor ir pro hospital pra que eu tenha essa chance?” imploro.

“Ok...” ele murmura. Em um reflexo eu o abraço com força, o fazendo gemer de dor, mas sorrir um pouco com o meu entusiasmo.

O ajudei a levantar e quando estávamos para sair da academia encontramos com Adriana.

“Todo mundo de dentro da mansão foi pra casa, só o povo da portaria ficou.” Ela relatou meio sem fôlego. Uma onda de apreciação me invadiu, outras pessoas já teriam pirado a essa altura do campeonato, mas ela e Júlia se mantinham firmes.

“Ótimo, valeu. Será que você pode fazer mais uma coisa por mim?” perguntei meio acanhada. O medo de ser mandona me invadindo profundamente.

“Claro.” Ela me respondeu de olhos transbordando sinceridade e confusão. Como se ela não conseguisse entender o meu receio. Já falei que amo minhas amigas?

“Vá até a garagem com o Matt, escolhe um dos carros, coloca ele dentro de um deles e dirige com ele até um hospital?”

“Hum... ok, mas eu não tenho carteira de motorista daqui.” Respondeu meio preocupada.

“Não vai fazer diferença. Você só precisa entrar com ele e dizer que o viu ser assaltado e achou que levá-lo de carro seria mais rápido que chamar a ambulância. Depois disso é só voltar pra cá. Eles não vão ligar pra de onde você é.” Instrui passando o peso de Matt para o ombro direito dela.

“Ok. Te vejo depois.” Ela respondeu me mandando um beijo e se dirigindo para as portas, mas Matt a fez parar por um segundo, virou se para mim e declarou.

“Ei, eu te amo.” Meu queixo caiu e antes que eu tivesse a chance de sequer pensar em uma frase coerente, ele tinha ido.

Recobrar minha compostura foi extremamente complicado. Ele me ama. Ele me ama. ELE ME AMA! Como se concentrar em algo tão horrível depois de tais palavras terem sido ditas? Palavras que acariciaram meu coração e o atormentaram ao mesmo tempo. Ok, ele me amava. Mas eu o amava? Será que eu sequer sabia amar um homem? Será que eu estava pronta? Eu não sabia, mas os sentimentos que me invadiam quando ele me olhava... Eles eram inomináveis, incompreensíveis e sem forma.

Talvez eu não o amasse ainda, mas eu estava perto. Muito perto.

Esse pensamento trouxe um sorriso aos meus lábios. Sorriso esse que foi arrancado de meu rosto quando me virei e vi o olhar no rosto de Alexander. Ele nunca admitiria, mas ele estava em choque. Seus olhos arregalados fitavam o homem loiro com uma intensidade assustadora. E eu não o culpava. Pra alguém que viu metade de sua família ser assassinada em frente de seus olhos esse com certeza não era um deja vú bem vindo.

Eu considerei tentar acalma-lo com um abraço, mas imediatamente retirei essa opção de questão. Ele era muito parecido comigo. Isso nunca funcionaria. Pensei que talvez a melhor solução seria retirá-lo do lugar enquanto eu estivesse fazendo o que deveria fazer. No entanto, por mais que essa ideia parecesse perfeita, considerando que eu não queria ninguém presenciando meus talentos ocultos, tal tática também não me faria sentir melhor se eu estivesse em seu lugar. Pensando assim eu tive a ideia perfeita assim que Júlia entrou na academia.

Ele, ela... Nós não precisávamos, não podíamos, ficar pensando sobre os acontecimentos dessa noite. Nós precisávamos de trabalho, respostas. E foi assim que eu entrei completamente no modo ação.

“Alexander, preciso de ajuda, precisamos colocar ele naquele aparelho ali” eu ordenei apontando para um dos aparelhos de musculação na moderna academia. “Ju, eu preciso de algo pra amarrar ele.” Disse e ela começou a esquadrinhar os armários.

Com um grunhido de esforço eu e Alexander levantamos o homem pelos braços e o arrastamos em direção ao aparelho de malhar as pernas. Posicionamos o homem sentado na cadeira acolchoada e começamos a prendê-lo a esta com a fita cinza grossa que Júlia encontrou na caixa de ferramentas. Primeiro os braços, nos apoios que a cadeira dispunha, e depois as pernas na alavanca responsável por promover o exercício. Imediatamente eu tive más lembranças envolvendo não ser capaz de pressionar minhas pernas com força suficiente para levantar os pesos na parte de trás do aparelho. Enchi as pernas daquele ser humano imundo (literal e figurativamente) de fita desde os joelhos até os calcanhares.

Afastei-me do homem alguns passos e o encarei por alguns momentos, eu sabia que ele estava prestes a acordar. Júlia e Alexander atrás de mim respiravam pesado por causa do esforço. Senti-me culpada por ter colocado eles nessa enrascada, e ainda assim, muito bem porque não estava passando por isso sozinha. O dilema passeou por meus pensamentos por uns segundos. Será que eu os mandava ir embora e enfrentava o homem sozinha? Ou será que simplesmente deixava seu apoio me confortar sem oferecer-lhes a escolha?

“Vocês precisam saber o que vai acontecer agora.” Eu disse em voz baixa me virando lentamente em direção a eles. Minha consciência venceu. “Eu preciso... Nós precisamos, de respostas. E eu vou fazer de TUDO para obtê-las.” Os olhos de Alexander expandiram levemente. “Vai ser feio. Horrendo. E eu provavelmente não vou ser eu mesma enquanto o interrogatório durar. E é por isso que eu tenho que perguntar se vocês tem certeza ABSOLUTA que querem ficar aqui. Porque se vocês ficarem, vocês serão parte disso até o final.” Minha voz foi aumentando de intensidade à medida que as emoções foram preenchendo meus pensamentos. Ao mesmo tempo em que eu queria desesperadamente não estar sozinha, eu sabia o quanto as cenas que estavam por vir seriam traumatizantes. A decisão tinha que ser deles. Maldita consciência!

“Como se eu fosse perder essa festa” disse Júlia com um sorrisinho de canto que aqueceu meu coração. Ela era parecida até demais comigo.

“Eu já vi coisas piores” declarou Alexander com uma tristeza tão fria em sua voz que imediatamente transformou meu coração, antes quente, em um iceberg tão gelado quanto o olhar do meu chefe.

“OK então. Vamos começar!” eu exclamei me virando novamente em direção ao nosso prisioneiro estalando minha palma direita em sua bochecha esquerda. Com muita força.

“Bom dia flor do dia!” eu declarei com minha voz extra doce assim que as pálpebras do meu prisioneiro se abriram. Enquanto ele se preparava completamente para acordar eu me dirigi à caixa de ferramentas que Júlia havia deixado sobre o balcão. De lá retirei um alicate de ponta fina e voltei a minha posição inicial abrindo e fechando-o em minha mão direita.

“Então. Eu sei que você já sabe como isso funciona, mas vamos refrescar sua memória, certo?” me agachei no nível de seus olhos e os encarei profundamente. Minha voz era doce, mas eu fiz questão de manter meus olhos duros como pedra. “Eu faço uma pergunta, você responde. A única diferença é que algumas perguntas vão precisar de mais incentivo que outras. Ok?” eu sorri. “Ah! E, por favor, sinta-se livre pra gritar o quanto quiser. Não temos vizinhos. Você não perturbaria o sono de ninguém.” Adicionei. A expressão dele permaneceu neutra. Ele era um profissional.

“Agora, antes de começarmos nossa brincadeira, eu percebi que não fomos devidamente apresentados. Meu nome é Vanessa. E o seu?”

Nada. Droga, isso ia demorar um tempo.

“Incentivo então? Ok!” peguei o alicate, abri sua boca com força e selecionei um dos dentes do fundo desta. Prendi o alicate bem em volta deste e puxei com força. O homem se contorceu e produziu gemidos leves em protesto. Eu tirei o dente sangrento e fiz questão que ele pudesse ver o meu sorriso. Ele precisava acreditar que eu estava me divertindo aqui. Quem sabe isso colocava medo de verdade nele.

“Vamos tentar de novo? Qual o seu nome?” perguntei novamente usando minha melhor performance para manter a calma. No exato equilíbrio entre o tédio e a cordialidade. “Não? Ok!”

Repeti o procedimento, desta vez pegando um dos dentes mais da frente do lado de cima. Os gritos dele foram mais expressivos dessa vez. Eu lutei contra um sorriso satisfeito, isso estragaria todo o progresso.

“Zalupnull” ele cuspiu as palavras, e um pouco de sangue, mas ainda não havia raiva o suficiente em seus olhos. Ele não estava pronto para responder ainda.

“Ts, ts, ts. Eu te disse, meu nome é Vanessa, ou você pode me chamar de Zvezda. Esse aí não é um nome educado.” Eu fingi desaprovação, mas na verdade estava exultante. Se ele já estava me xingando significa que estávamos começando a entrar no clima. Sem hesitar eu agarrei sua mandíbula com força para que ele não fechasse a boca e retirei outro dente de seu devido lugar. Dessa vez ele gritou. Música para os meus ouvidos.

“Júlia?” eu chamei quando meu prisioneiro permaneceu calado.

“Sim?” ela perguntou levemente mais branca do que costuma ser.

“Você namoraria um homem sem dentes?” perguntei obviamente confundindo minha amiga um pouco, mas ela é esperta o suficiente para não perguntar nada e simplesmente ir com o ritmo.

“Credo! Claro que não Nessa!” ela exclamou.

“Tá vendo colega?” eu me virei encarando o homem loiro. “Eu posso continuar tirando dentes até eles acabarem, mas isso ia acabar com as suas chances com as garotas... Certeza que o seu nome vale todos os seus dentes?” eu perguntei fingindo preocupação.

Ele permaneceu calado, mas uma chama diferente em seus olhos me fez achar que estava chegando a hora.

“Nada? Bom, talvez você não consiga garotas de qualquer forma então eu suponho que não faça diferença, certo?” eu dei de ombros rindo internamente. Não importa o quão treinado eles sejam, homens daquele sempre tinham uma reação quando se insultava sua masculinidade.

Dirigi meu alicate até sua boca novamente e tirei um dente de cima, na frente. Quando seu grito ecoou pela academia eu ouvi um pouco mais que simplesmente dor física ali. Ótimo! Para não perder a oportunidade, sem nem mesmo persistir na pergunta retirei outro dente da frente, mas dessa vez do lado de baixo e ele urrou em dor e protesto.

“Você quer me contar agora?” eu pus um pouco mais de autoridade na voz. “Não? Ok, que tal eu fazer suas unhas agora?” dei um sorriso calmo novamente e agarrei seu dedo indicador da mão direita com força, já posicionando meu alicate em sua unha para arranca-la do lugar.

“Illya! Meu nome é Illya!” ele sussurrou, obviamente envergonhado de seu próprio fracasso. De repente eu me animei um pouco, quem sabe ele não fosse assim tão bem treinado quanto eu pensei.

* * *

A pior parte da tortura, é que não é uma ciência exata.

A motivação, criação e a personalidade de cada pessoa afetam diretamente a forma em que ela vai reagir a cada incentivo dado. A verdade destas palavras foi tornando-se cada vez mais clara para mim à medida que as horas iam se passando e, independente da dor que eu causasse a ele, assim que se tornou claro que eu precisava muito da informação para poder matá-lo ele simplesmente se calou.

Tudo que consegui de informação foi seu nome e nada mais.

E não foi por falta de brincadeiras porque eu tentei de tudo. Arranquei algumas de suas unhas, mais alguns de seus dentes, esmaguei um ou dois de seus dedos dos pés, cortei sua pele profundamente em vários lugares do corpo, mas nada estava funcionando e eu não podia fazer nada mais drástico porque se ele desmaiasse agora, seria como começar do zero.

O meu desespero chegou ao ponto em que eu estava considerando seriamente a possibilidade de começar a eletrocutar o tal Illya. Minha paciência estava cada vez menor já que a adrenalina tinha finalmente me deixado e meu corpo começava a reclamar dos ferimentos que Illya tinha me causado mais cedo, tudo doía, TUDO. A situação tornava a minha tolerância cada vez menor e à medida que ela diminuía a do homem loiro desprezível aumentava. Talvez eu estivesse fora de prática.

Ouvi a porta se abrir atrás de mim e Adriana entrou na academia com algumas garrafas de refrigerante em mãos, silenciosamente entregando-as para cada um de nós. Quando entregou a minha latinha de coca ela sorriu de forma encorajadora e nós duas dirigimos nosso olhar para Illya que pendia sua cabeça para o lado com um sorriso sanguento assustador.

“Você quer um pouco Illya?” perguntei colocando novamente minha máscara de calma.

Ele não fez nada mais que me encarar de volta com a mesma expressão meio morta das ultimas horas, mas dessa vez seu olhar foi se transformando em algo assustador e cheio da chama negra do desejo pervertido que eu só vi uma classe de pessoas demonstrar durante toda a minha vida.

Estupradores.

Essa informação me atingiu somente um segundo antes de eu perceber que tal olhar era direcionado a minha amiga de cabelos cacheados cor de mel. Com horror batendo em meu peito segui o olhar de Illya e vi Adriana prendendo seu cabelo para cima. A marca redonda em forma de borboleta na base de seu pescoço exposta e antes mesmo que eu pudesse ter uma reação apropriada o homem loiro falou:

“Você quer saber porque eu estou aqui? Porque eu ataquei quando meu trabalho era simplesmente observar? É simples. Entretenimento como o que as garotas Belikov proporcionam não se encontra em qualquer lugar.” Seu sorriso desfalcado não deixou de ser pervertido e nojento, o olhar de repulsa de Adriana imitou o meu e foi aí que eu perdi o controle.

Meu punho voou na mandíbula do filho da puta a minha frente e ele urrou, mas não de dor, de contentamento. Como se minha agressão provocasse um prazer quase físico nele. O ódio me encheu de tal forma que a sala se tingiu de vermelho e o tempo parou.

Vagarosamente fui até o suporte com os pesos coloridos e envolvi meus dedos em uma cor de rosa que pesava 2 kg. E de alguma forma, esse peso foi parar na perna de Illya.


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Notas finais do capítulo

por favooooor não esqueçam de comentar ok? esse cap precisou de várias mudancinhas e eu to meio insegura pq tortura e um novo campo pra mim kkkk.
até a proxima pessoinhas do meu coração.