Scream For Me escrita por Camila


Capítulo 11
Não há tempo para luto


Notas iniciais do capítulo

Voltei!
Pra galera que fez o Enem: caraca que tema de redação era aquele? As perguntas de quimica?! :o
Pra galera que tá esperando a continuação de Scream For Me: hoje tem capítulo novo!
Esse aqui é só para os nossos herois digerirem o trauma do capítulo passado. Foi tenso o negocio né? Um mal necessário!
Recadinho nas notas finais!



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Está tudo escuro lá fora, só a lua pra servir de luminária. Estamos enlatados dentro do carro e eu não consigo dormir. George está roncando baixinho no banco de trás, ele é o único que está razoavelmente confortável. Deixamos que ele ficasse lá, afinal ele está todo machucado da surra de levou antes. Além do mais, depois de tudo o que aconteceu, nem John e nem eu estamos ligando muito sobre passar a noite bem, ou confortavelmente. Não enquanto todos que conhecíamos estão mortos.

Confesso que não cheguei a me relacionar e ter uma amizade com nenhum deles. Conversei e meio que me apeguei à Nora e Gabe, mas nada profundo demais, mesmo que tenha doído no meu coração encontrar aquela cena devastadora na estrada.

O apocalipse zumbi, definitivamente, não te dá tempo para ficar de luto.

John está no bando do passageiro com a cabeça encostada na janela. Acho que ele conseguiu dormir um pouco, já que eu o convenci de que ficaria vigiando uma parte da noite. Consegui fazê-lo concordar depois de muita insistência, é claro. Estamos falando de John Maddox.

Eu sabia que não conseguiria dormir de qualquer forma. Então, ficar acordada nesse silêncio tranquilo, me dá uma vaga sensação de alívio. Posso por meus pensamentos em ordem.

Olho pela janela para a noite escura lá fora. Não vejo nenhuma alma viva, e nenhuma morta. Suspiro pensando no dia fodido que tive hoje. Parece que se passaram séculos desde que encontrei aquela camisinha no porta luvas daquele meu outro carro, mas foram apenas horas rodando bem devagar.

Eu deveria estar ansiosa pra pregar meus olhos e dormir até não aguentar mais, e eu estaria se não estivesse nessa situação, mas agora, se fechar meus olhos, sei que um flash de coisas vão aparecer na minha cabeça e eu simplesmente não posso lidar com isso nesse momento. Estou me sentindo como quando estava com Bruce e papai. Havíamos acabado de perder minha mãe, o pai de Bruce, a sra. Jenkins e mais três de nossos amigos. Todos foram devorados. Nosso grupo havia sido sucumbido a carne exposta e tudo o que havia restado eramos Bruno, papai e eu.

Eu tinha chorado por dias, me lembro bem disso. Eu chorava e não precisava me mostrar forte porque tinha os dois para me proteger. Os dois homens que eu mais amava no mundo. Obviamente, a situação é bastante diferente agora. Sou outra pessoa. Divido o carro com dois caras, mas não choro mais, e preciso sim me mostra forte, nem que seja pra mim mesma.

Ouço um barulho ao meu lado e vejo que John se vira no banco e agora está me olhando. Seus olhos no escuro se parecem com duas bolinhas de grude. Olho de volta.

– O que tanto você pensa aí quieta? - ele me pergunta coçando os olhos de sono com uma criança pequena.

– Nada. Eu estava só... Pensando quieta.

– Sei... - sua voz está sonolenta.

– Você não deveria estar dormindo? - perguntei com a testa franzida.

– Deveria, mas não dá pra dormir com esse cara roncando aqui atrás e... - ele suspira pesado. - Ah, eu sei lá. Muita informação pra minha cabeça.

– É, eu sei como é... - digo virando-me no banco também, ficando de frente para ele. - Ele ronca pra caramba né?

John sorri um pouco e logo se fecha novamente.

– Ainda não acredito que estão mortos. É meio surreal pra mim. Quer dizer, essa nossa nova realidade é surreal por completa, mas isso... Não faz sentido nenhum, menos do que o resto todo. - John me olha e eu apenas balanço com a cabeça para que ele prossiga. Acho que é isso que ele precisa agora, desabafar. John entende e continua. - Estou com eles desde que o mundo foi a merda, e já perdemos pessoas, é claro que sim, mas nunca todo mundo... E agora, já era sabe? O que me sobrou? Meu gênio forte desgraçado que nem eu aguento, um cara menor do que o Rhode Island, e uma loira metida a espertona.

– Não sou metida a espertona, eu sou espertona. - digo levantando uma sobrancelha, sorrindo em desafio.

– Eu sei que é. - John simplesmente diz, sorrindo sincero pra mim.

Ficamos em um silencio confortável por alguns segundos. Ninguém falou nada, até porque não há necessidade. Fiquei olhando para os olhos de John e só despertei quando alguém começou a falar.

– Se vocês quiserem transar, eu posso sair e dar uma volta. - George diz, de repente.

– Cala a porra da boca aí. - John diz. O baixinho ri. O silêncio volta mais uma vez, depois de um tempo.

George se mexe no banco de trás e se mexe novamente. Reviro os olhos e John fecha a cara.

– Eu queria dormir de novo, mas acho que não vai rolar. - George começa. - Me acordaram com esse papinho mole de vocês. Poderiam ter falado mais baixo né?

– Não começa George...

– Peraí, você estava acordado? - John pergunta.

– Não, mas ouvi a parte que você me comparou a Rhode Island. - George se levanta e volta a deitar novamente, mas agora do outro lado, ainda virado para nós. - Ele é um estado minúsculo cara, e eu nem sou tão baixo assim, você e a America que são altos demais.

– Não sou alta.

– Não é mesmo. - Olho feio para John e ele levanta uma sobrancelha.

– Tanto faz. O importante é que não se deve fazer isso com um cara pequeno. - George diz. - E, assim, eu posso não ter uma estatura alta e tal, mas minha ferramenta é grande, garanto.

John dispara a rir e eu também. Tampo meus ouvidos com as mãos teatralmente, não é coisa para uma dama ouvir.

– Desnecessário dizer isso George, totalmente desnecessário. - digo balançando a cabeça.

George começa a tossir de rir, e então todo mundo pára quando um forte baque bate contra o vidro da minha janela. Olho para o lado e vejo um walker nojentamente podre, batendo com a mão, tentando em vão me alcançar. Ah que ótimo! Mais um momento leve, estragado por essas coisas. John me passa uma chave de fenda e eu aperto o botão para abaixar o vidro um pouco, deixando apenas uma fresta por onde um forte odor entra no carro. Meu estômago se embrulha.

O walker tenta de todo modo passar sua cabeça pela fresta. Seus dentes exposto estão ansiosos para ter algo para mastigar. Ele ainda está se chocando contra o vidro, quando enfio o cabo da chave de fenda em seu olho. O walker cai lentamente no chão, deixando uma gosma por onde escorregou. Nojo define. Fecho o vidro e jogo minha cabeça no encosto do banco. Fecho meus olhos e amaldiçoo esses zumbis.

– Mandou bem. - George me diz, fazendo um jóia com o dedão. Dou um sorrisinho de volta e volto a descansar minha cabeça no encosto.

– Será que ele tava sozinho? - John pergunta olhando atentamente pela janela.

– Não faço ideia. - George solta, se virando e observando para trás, para estrada escura.

– Acho melhor não ficarmos aqui para descobrir. - digo, girando a chave e ligando o carro. Avanço pela estrada e pela noite que nada de bom promete.


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Notas finais do capítulo

Gente, o papo é sério agora.
Os acessos de SFM estão aumentando cada vez mais, GRAÇAS A DEUS E A VOCÊS! Mas pouquissimas pessoas deixam reviews, além dos fantasminhas que nem se manifestam. Sei que é chato pedir, mas comentem POR FAVOR! Não para dar uma inflada no meu ego e nem nada disso, mas eu realmente preciso saber a opinião de vocês! Preciso saber se estão gostando, se estão detestando, se tem sugestões... Galera, não custa nada comentar, não cai o dedo e nem machuca o coração de ninguém, ao contrário.
Então, modo chata off.
Esse capítulo está mais morno, como vocês podem ver, mas no próximo tem uma BIG BIG BIG surpresa! Mal posso esperar para postar!
Beijos e até mais!