A minha vida acabou por causa de um cupcake.

A culpa é toda minha por pensar que poderia começar uma vida nova sozinha. Culpo também aos meus pais, eles me levaram à ruína.

Há exatos três dias mudei para Nova York, cidade dos sonhos, onde o minha nova vida começa, ou melhor, começaria. Agora, eu estou trancada em casa na completa escuridão, com meu braço enfaixado me impossibilitando de fazer qualquer movimento. E tudo isso aconteceu hoje pela manhã, quando meu pai, Leroy, me ligou pela centésima vez:

– Rach, suas aulas começam daqui uma semana! UMA SEMANA, RACHEL! Você falou com o Kurt? Vocês precisam decidir como você... RACHEL, VOCÊ ESTÁ ME OUVINDO!?

– Comida, preciso de cupcakes... – resmunguei. Toda pessoa deve estar bem alimentada antes de fazer qualquer coisa na vida, isto deveria ser uma lei universal.

Kurt, meu melhor amigo com o qual divido a casa, é viciado em cupcakes assim como eu. Ele me contou que existe uma mega padaria na cidade que faz os melhores cupcakes de todos os tempos. Porém, a padaria só faz os bolinhos uma vez por ano, no aniversário do estabelecimento e, por coincidência, esse dia era hoje.

Decidi sair em busca da padaria mágica onde faria a minha primeira refeição do dia, e de preferência com muitos cupcakes de baunilha. Nesse mesmo momento, meu pai já surtava no telefone:

– RACHEL BARBRA BERRY, ME ESCUTA OK? Você tem sete dias para resolver a sua vida aí, tá me entendendo? SÓ SETE DIAS. Eu já falei com seu pai e, mesmo eu não aprovando a ideia de você morar tão longe, é aí que você vai ficar. TENHA JUÍZO, TÁ ME OUVINDO?

Não estava prestando atenção no que eu fazia muito menos no que meu pai estava falando. A única coisa que importava era o meu encontro com a padaria fabulosa com a qual eu gastaria todo o meu dinheiro e faria até cartão fidelidade. Enquanto eu estava à procura desse divino estabelecimento e tentava conversar com meu pai, um maluco de moto veio na minha direção e acabou me atropelando.

– Nossa, me desculpa aí. Você tá legal? – disse o tapado sem noção que me atropelou.

– AI, SEU IDIOTA, MEU BRAÇO, MEU BRAÇO! – eu disse gritando de dor, me contorcendo no chão, sem nem olhar para ele.

– Vou te ajudar a levantar.

Me levantei e ficamos nos encarando. Ele tinha mais ou menos a minha idade, tinha pele clara, cabelo castanho e olhos verdes. E QUE OLHOS MAIS LINDOS! Ficamos assim por um tempo, até ele quebrar o silêncio.

– Ah, então, eu sou o Brody. Me desculpa mesmo. Está tudo bem?

– Eu sou Rachel, Rachel Berry. – disse enquanto estendia a mão para cumprimentá-lo – Ah, tudo bem, eu acho que só ralei mesmo.

Porém, quando ele apertou minha mão senti uma pontada de dor e grunhi.

– Você tem certeza? Não é melhor irmos...

– Não, não é necessário – menti. Meu braço inteiro doía muito, mas ele estava sendo tão atencioso comigo... PERAÍ, ELE QUE ME ATROPELOU! E daí? Ele era lindo e eu tinha que mostrar um pouco de classe depois dos meus gritos histéricos de dor.

Reuni minhas coisas da rua rapidamente e percebi que meu celular estava desligado e tinha ganhado um belo arranhão na tela. Ótimo, que jeito maravilhoso de começar o dia. Bufei alto, esquecendo que Brody ainda estava na minha frente.

– Hum, acho melhor a gente fazer um curativo na sua mão. Vem! - Brody disse já subindo na moto.

O olhei desconfiada e ele apenas sorriu. Subi atrás e fomos para a farmácia mais próxima.

Descobri que Brody era doido pela Broadway assim como eu, trabalhava numa loja de eletrônicos e que poderia arrumar meu celular de graça! Ele morava a três quarteirões da minha casa e conhecia tudo da cidade. Falei sobre padaria mágica dos cupcakes e parece que, infelizmente, está fechada desde o ano passado para reforma.

Agora estou sem cupcakes e sozinha num calor de matar. Isso porque minha nova vida está só começando.