Acabei ficando alguns dias no hospital, ninguém veio me visitar, minha mãe e eu achamos melhor assim. Era horrivel ter que tomar aquela merda de soro na veia, já que se eu comesse algo eu vomitaria, o pior era ver minha mãe sofrer por minha causa. Os médicos queriam me transferir para uma clínica psiquiátrica, o que é claro, eu não queria.

– Mãe, eu não vou voltar para lá. - Disse com os braços cruzados.

– Annabela, você precisa de ajuda! - Disse minha mãe claramente nervosa.

– Se não funcionou aquela vez, o que te faz pensar que vai funcionar agora? EU SOU U PROBLEMA, JÁ NÃO PERCEBEU? EU NÃO AGUENTO MAIS, CHEGA, SERIA TUDO MELHOR SE EU ESTIVESSE MORTA!

Minha mãe apenas me olhou com os olhos arregalados, ficamos em silêncio por um instante e então as lágrimas tomaram conta de mim.

–D-desculpa... - Abaixei minha cabeça - E-eu só preciso de um tempo... Tudo está acontecendo de novo... tão rápido...

Ela me abraçou.

–A m-morte dele... F-foi minha c-culpa... E-eu deveria ter c-caído no lugar d-dele... COMO EU POSSO SER INÚTIL?!

–Shh, não foi sua culpa, minha filha... - Ela tentava me consolar.

–CLARO QUE FOI - Eu a empurrei - SE EU NÃO TIVESSE TENTADO PULAR DA PORCARIA DAQUELE PRÉDIO, ELE ESTARIA AQUI.

Quando minha mãe percebeu que eu não iria me acalmar chamou a enfermeira, injetaram um remédio em minha veia, um calmante, não demorou muito para que eu caísse no sono.

*Flashback (sonho) on*

E lá estava eu, pronta para pular, o vento batia em meus cabelos, não havia mais lágrimas para chorar, meus olhos estavam secos e meu sorriso era largo e finalmente verdadeiro.

Finalmente tudo irá acabar, sem mais dor, lágrimas ou sofrimento, sem mais julgamentos, sem pessoas para e bater ou para quebrar a porra do meu inútil coração.

– Paz! - Sussurrei para mim mesma.

Quando estava pronta para pular, sinto alguém me puxar, alguém me... abraçar.

– N-não faça isso... - Disse Dan... Ele estava chorando...

– Não tenho nada a perder. - Respondi me afastando de seu abraço - VAI EMBORA, EU NÃO QUERO TE VER...

Minha frase foi cortada pelos lábios macios de Dan nos meus, eu o odiava, mas sentia tanta falta de seus beijos, seus carinhos, então nem tentei resistir, era o ultimo de qualquer jeito...

– P-por que você teve de fazer isso? E-essa merda de aposta? V-você me machucou... Tanto. - As lágrimas estavam presentes em meus olhos novamente.

–Eu fui um babaca, eu sei, foi uma ideia estúpida aceitar essa droga de aposta, mas com o passar do tempo eu realmente comecei a ver quem você reamente é, e eu realmente amo essa pequena garota tímida... E-eu te amo, Annabela.

Suas palavras fizeram meu coração acelar, como da primeira vez que nos falamos, não posso negar que ele me fazia derreter, sinto falta de tudo relacionado a ele, absolutamente tudo, até mesmo suas imperfeições, eu só quero poder ficar em seus braços e ouvi-lo dizer que tudo irá ficar bem... Mas já é tarde demais... Ou... Talvez não...

– Eu também te am...

Um vento forte bateu em meus rosto, o que me fez dar alguns passos para trás. senti meu coração disparar, eu iria cair, eu estava caindo, o desejo que havia minutos atrás, agora se tornou um pesadelo.

– ANN.

A última coisa que ouvi foi Dan gritar eu nome, depois disso senti minha cabeça batendo forte em algo muito duro, depois disso tudo se apagou.

Acordei dias depois em um quarto de hospital, recebi a notícia que Dan havia falecido, o que houve foi que ele tentou... quer dizer, ele me salvou, caiu do prédio no meu lugar.

Fui mandada para uma clínica psiquiátrica, depois do que aconteceu, minha depressão piorou, entrei em depressão profunda, não tinha vontade de fazer nada, nem de falar com ninguém, apenas chorava, minhas únicas amigad eram Ana e Mia, meus pontos de apoio... E-eu apenas desisti de viver, não via nenhum ponto em tentar, apenas não tinha mais vontade... Perdi quem eu amava... Por minha própria culpa...

*Flashback (sonho) off*

Acordei assustada e suada, minha mãe estava ao meu lado com um olhar preocupado.
– Está tudo bem, Anna? - Ela acariciou meus cabelos suados.

– Uhum... E-eu sonhei com... D-dan. - Lágrimas teimavam a cair novamente.

Ela apenas me abraçou forte.

– O que acha de umas férias?

– F-férias?! - Repeti - Eu entro de férias semana que vem...

– Não, você não entendeu... Falei com sua tia e ela disse que está tudo bem você ficar na casa dela até o fim do ano, o que acha?

– M-mas... É outro país e o resto do ano lá? E a escola?

– Calma, a diretora concordou com isso, é o melhor para você, pelo menos por um tempo.

– Mas...

– Mas nada, ou é isso ou a clinica. - Disse cruzando os braços.

– ... T-tudo bem...

A segunda vez... Eu estou fugindo pela segunda vez... É o que eu faço melhor, fugir... Ninguém sentirá minha falta, nem vão perceber que não estou lá... Eles claramente não ligam mais para mim, nem sei porque ainda me importo... Sinto falta dos garotos, não queria me apaixonar por aqueles bobocas, ainda mais por mais de um, mas já estou ferrada, não tenho como fugir deste sentimento... Essa é uma ótima oportunidade para tentar fugir disso... Como eu daria tudo escutar um "tábua" neste momento...