Todos Iguais escrita por Mi Freire


Capítulo 3
Rafael


Notas iniciais do capítulo

Bom, ainda não tenho tantos leitores. Mas já estou com dez capítulos adiantados, então resolvi postar mais um pra ver se desperta o interesse de mais pessoas.



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Faz mais de uma hora que eu estou tentando dormir. Eu raramente tenho noites assim, das quais eu posso dormir por horas a fio. Já que eu estou sempre ocupado nas minhas festinhas. Dormir pouco me importa. Mas aquela noite em especial eu queria muito dormir cedo e aproveitar ao máximo o que eu deixei de dormir durante o último mês.

Só que os meus pais resolveram não facilitar para o meu lado essa noite e é por isso que eu passo mais tempo fora do que dentro da minha própria casa.

Já me virei de um lado para o outro a procura de uma posição confortável. Já sufoquei minha própria cabeça com o travesseiro para não ter que escutá-los. Mas nada disso adianta de fato.

Cansado e terrivelmente irritado eu me levanto, só de samba-canção e vou até a porta do meu quarto. Abro-a com fúria, coloco a cabeça pra fora, no corredor e resolvi agir antes que as coisas se agravem.

— Caralho! Será que dá para vocês pararem com esse barulho? – grito, sem me importar se os vizinhos vão ou não ouvir. Dane-se. — Vocês não percebem que eu estou tentando dormir?

— Mais respeito, moleque. – meu pai, Roberto, grita de volta. Visivelmente alterado. Ele está bêbado! O que não é novidade pra mim. — Essa aqui ainda é a minha casa e eu exijo que você fale mais baixo com o seu pai.

A minha mãe, Sônia, não diz nada. Ela está calada, de cabeça baixa, parece envergonhada, enquanto tenta carregar meu pai até o quarto.

Eu poderia me esforçar e ajudar, mas foi-se o tempo em que eu tinha paciência para ajudar a minha mãe com os pores do meu pai.

Voltei para o meu quarto escuro, trancando a porta com força. As paredes tremeram. Joguei-me sobre a cama e voltei a me cobrir, tentando ignorar o barulho que ainda vinha do lado de fora do meu quarto.

Sem conseguir dormir, posso até imaginar as dificuldades que a minha mãe encontra ao carregar o meu pai praticamente nos braços, já que bêbado ele é incapacitado de andar normalmente e tem o dobro do peso dela.

Ainda assim ela não desiste e aturando essa mesma situação desde os meus nove anos de idade. Nesse momento, pelos ruídos e pelos protestos, ela está tentando colocá-lo de baixo do chuveiro antes de largá-lo na cama.

Como se ele fosse um adolescente imaturo, assim como eu.

Meu pai é um velho bêbado, é isso que ele é. Eu tenho vergonha de admitir, mas essa é a minha realidade. Um homem que um dia teve tudo: a própria empresa, dinheiro, a mulher ideal e um filho. Mas que por irresponsabilidade perdeu tudo em jogos, cachaça e prostitutas.

A minha mãe pode até ter o perdoado, mas eu não. E nem sei se sou capaz de algum dia perdoá-lo por praticamente ter nos deixado sem teto. O que poucos sabem. Se não fosse pela minha mãe eu nem sei onde estaríamos morando hoje. E mal agradecido, do jeito que meu pai é, ele chegou a bater nela uma centena de vezes. Na época eu não pude fazer nada, era um garotinho inseguro e medroso, mas aí eu cresci e passei a defender a minha mãe com unhas e dentes, mesmo sem entender porque é que ela ainda atura tudo isso calada e de cabeça baixa. Isso não pode ser amor.

Não, não pode ser. É qualquer coisa, menos amor.

Hoje, aos meus dezesseis anos, eu não preciso mais lhe defender. Ele já não bate mais nela. Eu ainda só estou nessa casa por ela e também porque não tenho para onde ir. Eu poderia ir para a casa de um amigo, um familiar, ou sei lá, dar o meu jeito. Como eu sempre faço. Mas eu não poderia simplesmente ir embora e deixá-la para trás, com essa vida infeliz, não depois de tudo que ela fez por nós mesmo sem merecermos.

E também, não é como se todos precisassem saber que nós não somos o modelo exemplar de família ideal. Esse é um segredo nosso.

Mas sabe o que é o pior de tudo? Eu me tornei exatamente como o meu pai. Um alguém que eu jurei que mataria se fosse capaz. Um covarde, um inútil, um bêbado, um peso a mais, alguém que só dá prejuízo, um completo estúpido, babada, imbecil, cafajeste e muitos outros sinônimos a mais.

E a minha mãe nunca desistiu de nenhum de nós.

Eu já tentei mudar, tentei ser diferente, tentei ser melhor, tentei me superar. Mas às vezes eu sinto como se essas coisas ruins percorressem por minhas veias, espalhando-se por meu corpo. Como se eu não pudesse evitar ser quem eu sou. Como se tudo isso já estivesse predestinado a acontecer.

Eu tentei tanto ser o melhor para a minha mãe, porque ela sim merece mais que qualquer outra pessoa. Tentei lhe dar orgulho e motivos para sorrir, mas eu falhei, assim como o meu pai. E acabei desistindo, aceitando as coisas como elas são, como elas têm que ser.

Sinto meus olhos marejados, mas não posso me render à tristeza. Por isso tento deixar tais pensamentos de lado e tranco a mente. Uma habilidade que eu adquiri com o tempo. Pego meus fones de ouvido, meu celular e aperto o play da minha playlist. Acabo adormecendo em segundos.

Acordo as sete e quinze todas as manhãs e tomo um banho gelado. Visto um jeans qualquer, uma camiseta branca gola V e meu Vans preto. Na frente do espelho do banheiro eu escovo os dentes antes de sair e passo os dedos pelos cabelos escuros e curtos, deixando-os ainda mais bagunçados.

No colégio as garotas costumam dizem que eu me pareço com um astro Teen de seus seriados preferidos. Eu não sou convencido, nem vaidoso, nem nada, mas com tanta insistência acabei me convencendo de que sim, eu sou bonito, isso graças a minha mãe. Os meus olhos verdes-escuro e os cabelos castanhos ondulados são os mesmo dela. O sorriso exagerado também. Já o meu corpo forte e trabalhado adquiri com a prática de esportes. Uma das únicas coisas no mundo que eu sou realmente bom.

Pego uma torrada, dou um gole no café e me despeço da minha mãe com um beijo no rosto. Estou atrasado. Ela que também já estava quase de saída para o trabalho sorri para mim. Minha mãe trabalha de secretaria em um escritório de contabilidade. O meu pai, pra minha sorte, já saiu para o trabalho há muito tempo. Agora ele é metalúrgico.

Pelo caminho até o colégio encontro-me com o Pedro, meu melhor amigo, desde que éramos garotinhos. Ao seu lado está a Gabriela, sua irmã, com aquele sorriso sempre zombeteiro.

Vamos juntos ao colégio, conversando.

Pelos corredores, enquanto vou rumo a minha primeira aula, algumas garotas me param pelo caminho com sorrisinhos animados só para me cumprimentarem. Eu sou quase uma espécie de celebridade por aqui. E isso me beneficia em muitos aspectos.

Pelo menos aqui no colégio, ou em qualquer outro lugar que não seja a minha casa, eu posso esquecer-me dos meus problemas por algumas horas.

A minha primeira aula é de Filosofia. Como eu não entendo nada com nada dessa aula, ou de qualquer outra, sento-me no fundo para poder dormir tranquilamente pelas próximas horas sem ser incomodado.

Os professores já nem fazem questão que eu esteja acordado durante as aulas, até porque se eu estou acordado, eu estou ativo. E não vou deixar ninguém em paz até tirá-los do sério. Começo a puxar conversa com qualquer um que esteja ao meu lado, ou passo a atirar bolinhas de papel nos meus amigos, fico mandando bilhetinhos para as garotas ou fazendo aviõezinhos de papel voar pela sala de aula. Ou se eu preferir eu saio da sala e mato aula do lado de fora, pelos corredores ou eu simplesmente durmo.

Qualquer coisa para me tirar do tédio.

Sim, já fui a milhares de vezes a diretoria, já tomei advertências e muitas punições, já conversaram com meus pais, já ameaçaram a me expulsar do colégio, mas nada disso adiantou, nada disso me assusta de fato. Porque eu sei, eles sabem, que me irando do colégio vai ser muito pior pra mim nas ruas.

Fala sério, eu nem sou tão mau aluno assim.

Certamente devem existir tipos piores que eu.

E quando é realmente preciso, eu me esforço. Esforço-me mesmo. Por exemplo, aqui, no colégio, as garotas me conhecem com o "maioral". Elas caem aos meus pés e para isso eu só preciso estalar os dedos. Às vezes acho que eu sou uma espécie de feiticeiro. Não sei bem como isso acontece. Já para os garotos, se eu não sou amigo deles, eu represento uma espécie de ameaça.

Homem meio que tem essas coisas de marcação de território.

Basta eu olhar feio para qualquer um para que eles morram de medo de mim. Assim eu sempre consigo me dar bem em provas ou em trabalhos, recuperando as minhas notas. Tudo bem que eu seja um pouco esquentadinho, me irrito com facilidade e sou bom de briga, levando sempre a melhor. Mas se você for na sua, tranqüilo, calmo e parceiro, não terá problemas comigo.

Isso eu garanto.

Acordo somente na hora do intervalo, com o meu anjo protetor (isso foi gay, eu sei), meu amigo Pedro, chacoalhando meu corpo. Juntos nós caminhamos até o refeitório, pegamos nossas bandejões e nos sentamos com nossos amigos.

Sento-me em frente o Felipe, sempre calado e quieto, e a Gabriela, que fica me olhando com aqueles grandes olhos azuis-esverdeados contornados de lápis preto e um sorriso travesso de lado.

O Pedro senta-se ao lado da Natália. Ela chegou recentemente no colégio e na cidade. Mas desde que ela chegou e se enturmou com a gente, sinto que o meu amigo Pedro, que eu conheço bem, está caidinho por ela. Só que ele é lento demais para tomar alguma atitude, ao contrário de mim, que sou muito mais cara de pau. Por isso precisamos tanto um do outro, pois o que eu não tenho ele tem e assim vice-versa.

Somos inseparáveis. Sei que posso contar com o Pedro pra tudo. Mesmo eu sendo um pé no saco, folgado, encrenqueiro e imaturo. Ele é tudo que eu não sou. Sei que ele estará sempre por perto para me ajudar, para me erguer. Sem julgamentos, sem críticas, sem sermões.

Se o Pedro fosse uma garota eu certamente namoraria com ele. E olha que eu não sou de me apaixonar não. Eu realmente não acredito nessas coisas... Tudo por culpa do meu pai. O que ele sente por mim ou pela minha mãe não poder ser amor. Com o exemplo que eu tenho em casa é fácil ser tão incrédulo.

Quando eu quero uma garota eu vou atrás, se eu realmente achar que vale a pena. Geralmente eu não preciso mover nenhum dedo, já que elas que vêem até mim.

Pode até ser que eu seja um cafajeste, um mulherengo, um safado, ou um canalha, que seja. Mas as garotas em geral, especialmente as do colégio, morrem de amores por mim e eu nem preciso fazer nada para eles praticamente implorarem com os olhinhos brilhando que eu me aproxime e faça com elas o que eu bem entender.

Assim fica fácil. Eu posso curtir a vontade, a hora que quiser e quando bem entender. Sem qualquer tipo de envolvimento afetivo. Apenas uma curtição de momento. Sem compromisso, sem nada muito sério.

O que eu posso fazer? Dizer não a uma garota? De jeito nenhum!

A tarde eu tenho treino do time do colégio. Uma das únicas aulas que eu realmente me desempenho, até porque sou um excelente jogador. Posso não ser bom em tudo, mas as poucas coisas que eu realmente sei fazer eu dou tudo de mim, até a minha última gota de suor. Devo ao esporte e ao atletismo muitas coisas: o meu porte físico e a minha fama.

Há poucas coisas na minha vida que eu mudaria se pudesse. Me livrar do meu pai é uma delas. Não que eu o queira mal. Eu só queria que ele fosse pra bem longe, longe mesmo e esquecesse que eu ou a minha mãe existe, mesmo que isso a faça sofrer. Sei que será por pouco tempo. Ela, mais que qualquer outra pessoa, merece o melhor. Até um novo amor.

O resto... Está perfeito. Pelo menos pra mim.

Assim que o treino terminou fui direto para o vestiário tomar uma ducha fria. Após o meu rápido banho fui até o meu armário, onde ali eu encontraria tudo que precisava para poder ir pra casa. Percebi que por ter sido um dos últimos a sair da quadra o vestiário estava vazio.

— Aí está você. – ouço uma voz familiar se aproximar. — Eu estava mesmo procurando por você, Rafael.

— Gabi? – arregalei os olhos, surpreso por dois motivos: (1) ela é uma garota e não deveria estar ali e (2) o que essa garota quer tanto comigo que vem me perseguindo há dias? — O que você quer aqui? Você já não deveria ter ido pra casa?

— Não. Ou melhor, sim. – ela sorriu provocante, olhando-me com aqueles grandes olhos claros sempre destacados pela maquiagem forte. — Mas eu precisava falar com você antes.

Olhei bem pra ela, ainda sem entender. Coisa que demorou apenas alguns segundos, até a ficha cair. Aquele olhar... Aquele sorriso... Todas as indiretas... A aproximação repentina... A perseguição. Eu sabia exatamente o que ela queria comigo. E não era bem uma conversinha qualquer.

Puxei a pela cintura, fazendo a tropeçar nos próprios pés. Apesar de desastroso foi engraçado, nós rimos olhando um para o outro. Mas não demorou muito para nossas risadas cessaram. Encostei a Gabi na porta do primeiro banheiro que vi pelo caminho e pressionei forte meu corpo sobre o dela, segurando-a pelo pescoço e pela cintura ao mesmo tempo.

Começamos a nos beijar intensamente.

De repente eu me esqueci de tudo. De que estava apenas de toalha, de que ainda estávamos no vestiário masculino, de que ela é a irmã do meu melhor amigo e de que deveríamos já ter ido embora do colégio.

Nada disso importava enquanto eu tinha a boca dela colada a minha.

— Rafa? – alguém chamou. O Pedro. Cacete. O que diabos ele ainda está fazendo aqui? Logo agora. Poxa! — Rafael, você tá aqui ainda amigão?

Eu e a Gabriela olhamos um para o outro, apavorados.

O Pedro jamais poderia presenciar aquela cena. Sendo assim, empurrei com tudo o corpo da Gabi para dentro do banheiro onde até poucos segundos atrás estávamos nos agarrando em frente a ele. Ela entrou meio desnorteada, a regata levantada e os cabelos bagunçados. Sexy e selvagem. Fechei a porta deixando ela trancada lá dentro antes que fosse tarde demais.

— Pedro? Tô aqui. Me trocando. – tentei não olhar para ele, para disfarçar melhor a minha falta de jeito.

No meu armário peguei uma cueca, uma bermuda limpa e uma camiseta. Troquei-me rapidamente.

— E aí, cara? – ele se aproximou, olhando para os lados como se procurasse por algo. — Bem que eu imaginei que você ainda estaria aqui. – e olha que ele não foi o único, pensei. — Você vai ou não hoje a festa da Brenda?

Parei para pensar por um momento.... Espera aí, que festa? Que Brenda? Ah... Lembrei. Claro! Sorri, olhando para ele finalmente.

— Claro! Vou sim. – digo. — Ou melhor, nós vamos.

Em casa, depois da aula, troco de roupa novamente, colocando um jeans escuro, uma camiseta preta e Vans vinho. Ignoro completamente a presença do meu pai, jogado no sofá assistindo a um jogo qualquer no SpotTV na sala escura e vou até a cozinha comer alguma coisa.

Mamãe ainda não chegou do trabalho, por isso não há sinais de comida descente nas panelas sobre o fogão. Meu pai é outro preguiço (ainda mais que eu) que não levantaria a bunda gorda do sofá por nada. Ou melhor, sim, ele levantaria, mas só se fosse pra ir ao bar mais próximo encher a cara. Por isso eu me viro (também não sei cozinhar, ninguém nunca me ensinou e isso não faz de mim totalmente culpado), pego na geladeira algumas sobras de frios, pego um pão no armário, faço um suco Tang e sento-me pra comer.

Pedro e eu chegamos ao prédio da tal Brenda Gonçalves às oito e meia da noite. Nós fomos andando mesmo, só eu e ele. A festa, mesmo no meio da semana, está rolando no salão de festa do condomínio e vai até as onze horas. A Brenda, uma garota bem popular do colégio, uma das “amigas” da Bianca e da Luiza está completando dezessete anos nessa quinta-feira.

— Meus parabéns, Brê. – digo, dando um beijinho rápido do rosto dela. A garota sorri afetada. Ela está usando um vestido preto super colado ao corpo magro, saltos altos na cor vermelha e os cabelos loiros recém tingidos fazem cachos perfeitos sobre os seus ombros.

O Pedro também cumprimenta a garota e entrega a ela a caixinha de cerveja que nós dois compramos para lhe dar de presente.

— Muito obrigada, meninos. Sejam bem-vindos! – ela pisca com seus longos cílios. — E aproveitem. Qualquer problema é só me chamar.

Brenda se afasta para cumprimentar o resto do pessoal que acaba de chegar, assim como nós. Acho que ela nunca se sentiu tão especial. A festa está razoavelmente cheia. O pessoal do colégio está praticamente todo ali, pelos cantos conversando em grupos ou dançando uma musica qualquer do David Guetta. A bebida é liberada pra qualquer um. Latinhas de cerveja de todas as marcas possíveis estão disponíveis no freezer.

— Meninos! Vocês chegaram. – a Bianca se aproxima, sorrindo. Ela cumprimenta a mim primeiramente, com um abraço rápido e um beijo. Depois ela cumprimenta o Pedro, meu amigo. A Luiza está logo atrás.

Olho para os lados, levemente decepcionado. Estou procurando pela... Gabi. Será que ela veio? Eu não sei. Não sei nem se a garota conseguiu saiu do vestiário masculino. E se ela ainda estiver trancada lá dentro em apuros? Eu não perguntei nada ao Pedro, seu irmão, para não levantar suspeitas. Mas como não a vejo por nenhuma parte estou começando a ficar preocupado com aquela garota maluca, que de uma hora pra outra resolveu me atacar, assim, sem mais nem menos.

— A sua irmã não vem? – resolvo perguntar, virando-me para o Pedro novamente, oferecendo-lhe uma garrafinha de Heineken.

— Eu não sei. A doida chegou bem depois de mim. E eu, todo preocupado, resolvi perguntar onde ela havia se metido e acabei recebendo um tapão nas costas. Ficou a marca, cê acredita? Garota esquisita!

Não consegui não rir.

Essa é a Gabi que eu conheço há... A vida toda?

— Meninos, o Felipe não veio com vocês? – A Bianca pergunta. Eu nem tinha me dado conta de que ela ainda estava ali do lado.

— Não... Eu acho que ele não vem. – respondeu o Pedro, bebericando um gole de sua cerveja em seguida. — Ou melhor... Olha ele vindo aí.

Todos nós, os quatro, nos viramos ao mesmo tempo dando de cara com o Felipe, todo sério, se aproximando do grupo junto com a Natália.

Eu gosto desse garoto. Ele já me ajudou muito em provas e em trabalhos. Tem uma galera do colégio que fala horrores dele, só porque o cara é quieto e caladão, bem na dele, sabe? Mas eu não ligo, assim como os outros. Especialmente a Bianca... Olha só a carinha dela olhando pra ele. Isso seria uma... Peraí, a Bianca tem uma paixão secreta pelo Felipe?

Não, não pode ser. Isso seria hilário!

— E aí, turminha. – alguém interrompeu aquele momento, chamando-nos a atenção. — Sentiram a minha falta?

Gabriela!

Então quer dizer que ela veio?

E que poderemos continuar aquilo que não terminamos?

Abro um largo sorriso, sendo o primeiro a cumprimentá-la.

— Eu tava mesmo esperando por você. – sussurro no ouvido dela, antes de me afastar para os outros a cumprimentarem.


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Notas finais do capítulo

Vocês acabaram de conhecer o Rafa e o jeitão dele de ver as coisas a sua volta. Gostaram?