Todos Iguais escrita por Mi Freire


Capítulo 1
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Notas iniciais do capítulo

Olá, sejam todos bem-vindos! Essa é minha sexta história. E como todo começo de história esse capítulo é pequena introdução, onde vocês vão conhecer os personagens e as ligações que eles têm uns com os outros e mais ou menos como eles vivem, onde vivem e a personalidade de cada um. Sei que o tema "adolescentes problemáticos" é bem clichê, mas nenhuma história é totalmente igual a outra, certo? Portanto, eu ficarei muito feliz se vocês gostarem. Boa leitura!



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É início de Março. Verão. São Paulo. Vila Madalena. O céu está escuro, repleto de estrelas, mas sem qualquer sinal da lua. Há um barzinho no final da rua que foi recentemente fechado por violações da lei. Ou pelo menos é nisso que as autoridades acreditam quando o encontram vazio.

O volume alto da música hit do momento é abafado pelas paredes com isolamento acústico que ficam no subsolo do antigo estabelecimento. É um lugar pequeno, escuro e com poucas saídas. Mas que ainda assim permite que uma multidão de adolescentes menores de idade se reúnam para beberem, fumarem e usarem drogas a vontade sem qualquer consentimento dos responsáveis.

Corpos agitados se movimentam em um ritmo acelerado. O cheiro de tabaco, álcool e suor se misturam por todos os lados. As luzes fluorescentes são as únicas a iluminar o ambiente apertado.

É domingo e já se passa da meia-noite.

A maioria dos adolescentes presentes não têm noção alguma de quanto tempo já havia se passado e de quantas bebidas cada um já havia consumido. Nenhum deles se importava se no dia seguinte teriam aula normal logo cedo. A única coisa com a qual eles se importava é se aquela festa, mais uma, iria render tantas emoções quanto as outras. Havia sempre uma história boa para contar sobre as noitadas fora de casa, longe da cobertura dos pais.

Todos eles agiam como se não tivessem problemas e responsabilidades. Bebem e fumam sem pensarem nas conseqüências. A maioria só quer aproveitar cada segundo por uma noite. E esquecerem de que são adolescentes comuns, repletos de obrigações, compromissos e atribuições.

Bianca Vasconcelos está dançando animadamente no centro da improvisada pista de dança ao lado da melhor amiga, Luiza Fidélis.

Para muitos Bianca está totalmente concentrada em seus movimentos sensuais ao ritmo da musica eletrizante. Enquanto um grupo de garotos em volta não tiram os olhos dela. O que poucos sabem é que naquele momento ela tem os olhos ocupados no garoto encostado à parede, do outro lado do salão, próximo aos banheiros, com uma garrafa de cerveja na mão, parecendo completamente indiferente, com seu jeans desbotado, camiseta larga e o All Star gasto.

Desde o início da festa Felipe Medeiros notou que Bianca não tira os olhos dele. Onde quer que ele vá ela o acompanha com o olhar. Como se ela quisesse insinuar alguma coisa. Ele tenta ignorá-la, voltando seus olhos para Gabriela Noronha, não muito longe dali, em um ponto escuro, também dançando com algumas amigas do colégio, completamente à vontade.

Gabriela não percebe que está sendo observada e continua a dançar de olhos fechados. Um velho hábito. Como se pudesse atravessar para outra dimensão. Onde ela é inteiramente livre, como um pássaro selvagem.

— Gabi? – alguém a cutuca, interrompendo seu momento. Ela imediatamente reconhece aquela voz. — Gabriela!

— Ei, calma aí. – ela abre os olhos, dando de cara com Luiza. — O que você quer? Não vê que estou ocupada?

— Ah, foi mal. – a morena dá de ombros, como se realmente se importasse. — Você por acaso viu a Nati por aí?

Gabriela olha em volta, negando com a cabeça. Não, faz muito tempo que ela perdeu Natália Fagundes de vista. A festa está lotada!

Ela não encontra a Natália, mas acaba de presenciar uma cena que embrulha o estômago: Rafael Cardoso aos beijos com uma ruiva qualquer, do terceiro ano. Não é só um beijinho a mais. Eles estão praticamente tirando a roupa ali, mesmo com a falta de espaço, diante de todos.

— Eca! – Luiza é a primeira a se manifestar ao ver o mesmo. — Ele precisa mesmo fazer tudo isso aqui? Que nojento!

— Bota nojento nisso! – Gabriela faz uma careta empurrando o casal e volta a olhar em outra direção que não seja aquela direção .

Rafael ri, ainda com as mãos na cintura da ruiva, a qual ele nem ser quer sabe o nome. Rafael a dirige para outro lugar, onde eles possam ficar mais a vontade, sem serem perturbados. A ruiva desconhecida é a décima segunda garota que ele fica aquela noite.

Já bêbado ele não lembra o nome de nenhum delas, mas também não é como se isso realmente importasse.

Luiza continua procurando por Natália, levantando os pés para vê se a enxergar em algum lugar. Mas aquilo ali está tão cheio que fica difícil até de respirar. Ela está quase desistindo quando vê exatamente quem estava procurando: próxima ao bar, ao lado de Pedro Noronha.

Natália está cansada, tentando descansar os pés no único lugar que ela encontrou disponível para sentar-se. E para sua surpresa Pedro também estava por lá, pedindo mais bebidas ao velho do bar.

— Nati, enfim te achei. – Luiza se coloca entre eles sorrindo, alternando o olhar entre ambos. — Pedro, tem cigarro aí?

— Não Lu, acabaram todos os meus cigarros. – Pedro diz, dando um gole na sua cerveja. Ele sente-se prejudicado.

Até então estava curtindo bastante a companhia de Natália, mas aí a Luiza apareceu e meio que estragou todo o clima.

Será que ela não percebia que estava sendo um incomodo?

— Que cara é essa de vocês, em? – Luiza continua olhando para eles, com um sorriso travesso. — Por Deus, ainda é cedo. Vamos aproveitar!

Luiza volta-se para o velho do bar e pede seis doze de Tequila.

— Eu vou contar e no três a gente vira uma atrás da outra.

Bianca se dá conta de que Luiza a abandonou, não está mais ao seu lado e ela está completamente sozinha mesmo rodeada de uma multidão de gente. Bianca volta a olhar para Felipe, do outro lado, mas aí percebeu que ele também sumiu.

Gabriela estava conversando com algumas colegas da sua turma, do colégio, quando de repente o som para e ela ouve uma gritaria vindo do meio da pista de dança, onde uma galera se aglomera em um meio circulo.

O que é que está acontecendo ali?

Rafael está no chão, brigando com um garoto. Os dois se estapeiam, dão chutes e socos um no outro. Ambos tentam se defender ao máximo. A maioria das pessoas em volta, sejam mais novas ou mais velhas, observam a cena com certa euforia. Curiosos para saberem onde aquilo vai parar.

Pedro abre caminho entre a multidão, tentando ganhar espaço até chegar ao amigo, que aquela altura está com o nariz sangrando. Felipe também se aproxima ao se dar conta da situação e ajuda Pedro a tirar Rafael dali.

— O que diabos você pensa que está fazendo, Rafael? – dispara Pedro, quando enfim consegue tirar o melhor amigo de dentro daquele forno apertado.

— Porra, Rafael. – reclama Gabriela ao se juntar ao resto do grupo já do lado de fora da festa. — Você sempre estraga tudo!

Rafael tem o dom de se meter em confusões.

— Cala a boca, esquisita. – Bianca intervém, fuzilando Gabriela com os olhos avelã. — Você não deveria estar em casa dormindo?

Gabriela é a mais nova do grupo, com apenas quinze anos. Os outros seis tem dezesseis e dezessete anos. Ainda assim todos menores de idade.

— Nossa! Grande coisa. – Gabriela revira os olhos, irritada. — Falou a Barbie de plástico com sessenta anos. Cala a boca você, patricinha.

— Ei, parem vocês duas. – pede Natália, calmamente. — Não é hora de ficar brigando, meninas. Controlem-se, por favor.

— Vamos embora daqui. – sugere Luiza, ainda muito assustada. Enquanto segura a mão de Bianca. — Antes que chamem a polícia.

Todos concordam.

Felipe se afasta, dando espaço a Bianca para ajudar Rafael. O rapaz não está em boas condições, apesar de ter batido mais do que apanhado. E tudo isso por que o babaca do outro garoto mexeu com a garota errada, a garota que ele estava ficando e isso ele não poderia deixar passar batido.

Pedro passa o braço de Rafael sobre os ombros e Bianca faz o mesmo do outro lado, perguntando baixinho se ele está bem. Não é como se fosse a primeira vez em que Rafael se mete em encrencas. Ainda assim ela se preocupa com ele, afinal, são amigos desde a sétima série.

Gabriela vai à frente, resmungando. Está irritadíssima por ter saído da festa antes do esperado. Ela acende seu último cigarro e começa a cantarolar baixinho uma de suas musica preferidas enquanto desce ladeira a baixo.

Pedro e Bianca estão logo atrás, ajudando Rafael a caminhar. Apesar de tudo ele parece bem, o rosto nem está tão ferido. Mas ele tem sérias dificuldades ao caminhar, mesmo que lentamente.

Natália vem atrás, com os braços cruzados, pensativa. Tentando entender como tudo aquilo aconteceu tão de repente.

Luiza está ao seu lado, nem muito longe nem muito perto, apenas observando-a secretamente pelo canto do olho.

E por último está Felipe, caminhando mais atrás, sempre tão calado e quieto, apenas observando o grupo de amigos a sua frente.

Mais uma noite agitada chegou ao fim.

Basicamente, são sete amigos completamente diferentes, cada qual com o seu jeito de ser, o seu modo de agir, vivendo sua própria vidinha particular, com seus segredos, problemas, dificuldades, intimidades e com seus próprios conflitos internos.

Mas acima de tudo são um grupo, que de alguma forma tentam ajudar uns aos outros. Mesmo que essa nem sempre seja a principal intenção. Eles se entendem na maioria das vezes, se aceitam com suas diferenças e convivem juntos querendo ou não. São amigos, mesmo que alguns saibam mais disso do que outros.

E de uma coisa todos eles sabem: sempre que precisarem podem contar um com o outro.

Porque ser amigo é exatamente isso: estar sempre por perto seja nos momentos de diversão ou dificuldade.


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Notas finais do capítulo

Não sei deu pra perceber, mas eu vou abordar temas bastante "polêmicos" nessa história, mas sem me aprofundar muito, até porque eu não sou nenhuma especialista. E lembrando que eu não estou incentivando nenhum tema abordado aqui. Acho que cada um é responsável por suas escolhas e atitudes. Mas enfim, gostaram? Se gostarem comentem.