POV. LEO
Saí do Chalé 03 em disparada, eu seguia Nyssa. Logo me deparei com uma cena apavorante.
Festus estava próximo ao punho de Zeus, cercado por campistas com armaduras, lanças e espadas, estavam prestes a jogá-lo no Riacho Zéfiro.
— Não! — gritei desesperado. — Não podem fazer isso!
Corri para perto de Festus, ele cuspiu fogo em mim e levantou sua pata, prestes a me pisotear, mas eu rolei para o lado. Senti como se tivessem atravessado uma lança em meu coração, depois arrancado, mastigado e cuspido.
Minha camisa estava em pedaços e queimada, mas isso era só material. O que eu sentia por dentro era pior ainda.
— Festus... sou eu, Leo, o seu amigão. — tentei me aproximar do dragão de metal.
Meus amigos estavam ali, e observavam, com pavor, a cena. Festus tentou me atacar novamente. Ele cuspiu uma barreira de fogo em sua volta, queimando alguns campistas. Tentou atacar Calípso, que estava próxima, mas eu fiz uma barreira de fogo na nossa frente. Festus dirigiu-se a Thalia, deu-lhe uma patada, fazendo a garota cair.
— Não! Para, Festus, para! — gritei, colocando-me na frente de Thalia. Festus olhou para mim, mas não era como de costume, eu sempre o entendia, mas daquela vez... daquela vez eu não pude ver o Festus de verdade, aquele Festus era só um dragão de metal.
Ele tentou me atacar novamente e saiu correndo pela floresta.
— Não o sigam! — gritei, quando os campistas começaram a correr. Todos recuaram.
Eu ofeguei e sentei no chão, ali mesmo, enterrei meu rosto nas mãos.
— Isso não pode estar acontecendo... Aquele não era o Festus... não pode ser. — murmurei para mim mesmo. Mas que outro dragão de metal teria um corpo comprado em uma loja de brinquedos? Solucei. Calipso ajoelhou-se do meu lado e tocou meu ombro.
— Vai ficar tudo bem, Leo... — de alguma forma, aquilo me tranquilizou... um pouco.
Me levantei, nós subimos ao Anfiteatro.
— Acho que cheguei em uma hora bem errada. — murmurou Nico.
— O que houve lá? No submundo? — perguntou Annabeth.
— Algo muito ruim... Eles não quiseram me contar quem, mas parece que um titã escapou de lá. Bom... eu espero que seja só um. Tisífone e Megera estão procurando no Tártaro, enquanto Alecto e Nêmesis, a deusa, procuram no planeta.
Eu mal prestava atenção no que Nico dizia, enquanto Annabeth, Thalia e Piper faziam praticamente um interrogatório, minha cabeça estava distante. Aquele não podia ser o Festus, eu recusava.
— De qualquer forma, precisamos ficar atentos e confiar uns nos outros, Hades me alertou. Parece que algo diferente está a solta, talvez deuses menores... não sei, e parece que Hades também não faz ideia do que possa ser.
Essa parte eu havia escutado.
Logo senti meu estômago roncar, mas fazia pouco tempo que eu tomara café da manhã.
— Estou com fome — eu disse, todos olharam para mim.
— Será que dá pra você parar de tentar chamar atenção? — exclamou Jason, o que me magoou mais ainda. Seu olhar tinha ódio. Está todo mundo ficando louco?
— Mas... é sério cara, eu...
Quando tive tempo de perceber o que acontecia, Jason avançava com sua lança em minha direção, mas Thalia e Nico o impediram. Piper parou na sua frente, mas Jason ainda tinha um olhar psicopata.
— Jason, o que está acontecendo com você? — perguntou Piper, mas pelo que pude detectar, ela não tinha charme na voz. Enquanto Piper tentava controlar Jason, minha fome só aumentava, o que me fez cair de joelhos.
— Leo! — Calípso e Annabeth olharam, assustadas, para mim.
— O que está acontecendo? Você está ficando verde! — exclamou Annabeth.
— Estou... com fome. — minha voz saiu incrívelmente rouca.
Foi só eu dizer aquilo e perdi a consciência.
[...]
Quando acordei estava em um lugar, até então, desconhecido por mim. Eu estava deitado em algo que parecia ser uma maca de hospital, mas era confortável. Haviam tubos conectados a mim, eu estava prestes a arrancá-los, até ouvir:
— Não pode mecher aí — era a voz de Calípso, ela estava sentada em uma cadeira do meu lado.
— O-onde estou? — perguntei, meio atordoado, não me julgue, tinha uma lâmpada branca bem na minha cara. Calípso percebeu e inclinou a luminária para outro lado.
— Na enfermaria.
— O que aconteceu?
— Você disse que estava com fome e desmaiou perto do Anfiteatro.
Que hilário, eu quase morri de fome.
Opa, Leo, isso não é uma situação engraçada. Mas eu não pude evitar e comecei a rir.
Calípso me encarou.
— Eu quase morri de fome... — eu disse enquanto ria.
— Isso não é engraçado Leo. Will teve uma grande dificuldade de te acordar de novo, é sério, foi quase impossível até com néctar, achei que você morreria... — ela limpou uma lágrima, antes que pudesse cair, e virou o rosto, envergonhada.
— Desculpe. Não precisa chorar, eu estou bem. — murmurei, não gostava de ver Calípso chorar, decidi. Meu coração parecia derreter. Eu toquei seu rosto e ela sorriu. — Mas... aí, o que são essas coisas no meu braço?
— Nutrientes. — ela disse, com um sorrisinho. — Pra você não morrer desidratado... ou não morrer de fome.
Eu sorri.
— O que vocês fizeram com... — engoli em seco, não queria me lembrar do que acontecera mais cedo — o Jason?
Calipso ficou tensa.
— Ele tentou atacar a Piper... — alguma coisa naquele atacar me disse que não era só isso.
— Jason tentou matar a Piper? — gritei, me precipitando. Calipso assentiu, tristonha.
— Thalia conseguiu trancá-lo no Chalé de Zeus, ele realmente estava alterado, parecia mais um cão raivoso e descontrolado.
Engoli em seco.
— E o Festus? Ele voltou? — perguntei, já me arrependendo.
— Não exatamente. Ele queimou algumas árvores — arregalei os olhos, as ninfas... — Você já pode ir, Leo — disse um filho de Apolo, acho que era Matt o nome dele, algo assim. Ele desconectou os tubos dos meus braços, tenho que admitir que doeu um pouco. — É só se alimentar regularmente. Três em três horas... e isso pode ser outra coisa, como foi difícil até com néctar, pode ser que um dos males tenha resolvido te atacar.
Eu não havia entendido o que ele queria dizer, mas quando já estava me levantando, ouvi a voz de Thalia gritar:
— Calipso! Leo! Vocês precisam ver isso!
Corremos atrás dela. Ótimo, é hoje que morro do coração!