Bolhas. Bolhas de sabão. Elas passaram por cima dele enquanto ele estava deitado na grama do parque, passaram desviando das folhas alaranjadas e quebradiças, passaram acompanhando o vento em uma trajetória quase perfeitamente reta, praticamente não subiam ou desciam, apenas avançavam... Passaram lembrando-o dele.

            Ele se levantou rapidamente, com um sorriso de orelha a orelha, se lembrando claramente das bolhas de sabão que o amado fazia o tempo inteiro, era seu vicio, seu passatempo, a diversão dos dois... Havia ele voltado finalmente?

            Ele olhou na direção de onde as bolhas vieram, mas o parque estava vazio, não havia ninguém lá... Estariam as bolhas indo de encontro a ele? O rapaz sorriu considerando a possibilidade, iria seguir as bolhas de sabão, já que essas estavam indo de encontro àquele que ele passara anos procurando. Ele avançava confiante e esperançoso, perseguindo as bolhas de sabão... Perseguindo seu amado.

            Mas as bolhas encontraram um obstáculo, foram de encontro a uma árvore, onde explodiram espalhando cores por todos os lugares, mas elas não atingiram o rapaz. E ele percebeu que não havia nada ali, nada que o interessasse, nada que parasse aquela dor. As bolhas passaram por ali, mas tudo continuava como antes, e ele  não estava ali.