Cidade ao sul de Londres. 27 de março, 2024.

Ele estava a poucos metros da roda gigante. Havia ao lado a bilheteria e uma solitária barraca do beijo. Achou isso estranho, porque, por algum acaso a menina lá dentro era lindíssima. Ele se encaminhou para lá e sentiu algo diferente ao notar o cabelo ruivo e os olhos incrivelmente verdes. Ele teve a sensação de já ter cruzado com aqueles olhos.

Parou ao lado da bilheteria e pediu três ingressos. Talvez desse certo. Foi novamente para a barraca em tons vermelhos e parou em frente à garota, ela nem sequer levantou o rosto, mas perguntou o que ele queria.

- Eu quero um beijo.

Ela o olhou surpresa, afinal, ninguém nunca quisera um beijo seu naquela barraca, ela nunca entendeu muito bem, só estava ali porque foi um pedido insistente da sua Avó.

- Ok, tem ingresso? – Ela perguntou tediosa. Não importava que ela fosse beija-lo, não mudaria nada na sua vida. Afinal. Ela era apenas Lily. Nada de especial, talvez apenas seus diferentes cabelos ruivos.

- Claro. – Ele estendeu o ingresso, ela pegou e colocou o primeiro e último daquela caixa já desbotada no canto da bancada. Ela havia prometido que ficaria naquela barraca até dar um beijo pela caridade. Bem, agora seria a primeira vez.

O garoto a frente dela se inclinou e segurou sua mão. Olhou-a nos olhos e sorriu.

- Não quero beija-la aqui. Podemos deixar para depois, quero um passeio na roda gigante, aceita?

Ela ponderou a situação. É. ela realmente não tinha nada a perder.

- É, pode ser.

Ela saiu da barraca e foi ao encontro dele no caminho para a pequena fila da roda gigante. NA verdade era um cidade pequena, poucas pessoas, mas aconchegante. Um bom refúgio para aqueles que buscavam paz. Pela primeira vez naquela noite ela se perguntou o que aquele lindo garoto estaria fazendo numa cidade assim, já que ela nunca havia visto ele pela cidade, e olha que ela estava ali há bastante tempo.

Chegou à vez dele, o garoto entregou os ingressos para o controlador do brinquedo e eles seguiram para um dos banquinhos. Lily estremeceu um pouco e se aconchegou ao garoto ao seu lado. Mesmo que não soubesse seu nome, pelo menos ele estava quente. A garota odiava altura, deveria ter repensado se aceitaria o convite.

- Qual o seu nome? – Foi o moreno de olhos castanhos esverdeados que perguntou. Somente naquele momento foi que ela reparou bem em seu rosto. Ele era lindo, tinha que admitir, usava óculos e seu cabelo era bem rebelde.

- Qual o seu nome? – Ela perguntou desafiadora enquanto soltava os cabelos do coque, quando a roda subisse ela sentiria frio com o cabelo preso.

Ele deu um sorriso de lado, mas mesmo assim respondeu.

- Bem, meu nome é um tanto incomum, mas e o seu?

- Não vai mesmo me dizer? Ótimo, vou beijar um cara desconhecido.

Ele deu uma risada calorosa, como brisa fresca num domingo à tarde, quando você sabe que no dia seguinte tem aula.

- Ok, esse argumento me convenceu. Eu sou James Sirius Potter. – Enquanto dizia as palavras observou o rosto da garota e se surpreendeu ao não ver admiração, medo, constrangimento ou qualquer coisa do tipo. Bem, ela deveria ser trouxa, pois não havia ninguém no mundo bruxo que não conhecesse o nome Potter.

- Hm, realmente. Um nome interessante para um bruxo. Estou certa? – Ela deu um sorriso maroto.

- É, digamos que sim. – Ele deu uma piscadela e sorriu torto.

Ela também era bruxa, mas não tinha frequentado Hogwarts como certamente James fizera. Ela estudara em casa com sua avó e seus antigos livros de feitiços, história e herbologia.

- Bem, meu nome é Lily, Lily McKinnon Edwards. – Quem ficou surpreso ao ouvir o nome foi James.

- Sabia que os nomes da minha avó e da minha irmã são Lily? – Ele sorriu admirado com a coincidência.

- Oh, claro. Meu nome derivou-se dela. Sua irmã não é a única a receber esse nome em honra a Lily Evans. Bem, minha avó estudou em Hogwarts na época dela, não que elas fossem amigas nem nada, mas Lily às vezes sentava-se ao seu lado na biblioteca e a ajudava quando chorava, sem nunca perguntar o porquê, minha avó era bipolar, sabe. As pessoas riam um pouco dela, mas Lily e Marlene McKinnon livraram-na de uma vez por todas de alguns garotos que riam dela. Quando minha mãe ficou grávida minha avó pediu para escolher o meu nome assim foi feito. Por coincidência eu nasci ruiva e de olhos verdes.

- Nossa! – James sorria abobado. – Isso é tão interessante! Bom, acho que fiz bem em comprar essa noite um bilhete para certa barraca do beijo.

OS dois riram e ficaram olhando o céu.

Quando menos esperavam, a roda gigante começou a rodar e Lily se encolheu ao lado de James. Quando ela parou os dois ficaram do lado de cima. James procurou a mão de Lily e a segurou firme, ela se sentiu aliviada e confortável no mesmo instante. Os dois ficaram olhando as estrelas e James decidiu cobrar o seu beijo naquele momento.

Aquele com certeza foi o melhor beijo da vida dos dois. Pena que duraria tão pouco.

Quando desceram a mãe de Lily veio louca a encontrar. Um olhar triste denunciou o que acontecera. Lily Deu um rápido abraço em James e falou “Te encontro mais tarde. Torre Norte-Oeste. Praia Azul, Tchau, Jay”.

Ele sorriu e viu-a ir embora.

Lily ouvia sua mãe atentamente e as lágrimas começaram a rolar. Sua avó acabara de falecer. E ela nem tinha se despedido direito. Ela não podia acreditar. Foi até o quarto de sua avó onde ela estava como se ainda dormisse com um sorriso singelo nos lábios. Sempre fora tão delicada. Ensinara-a tudo que sabia e ainda mais. Deu-lhe um nome e ela nem agradeceu como deveria. Bem, não poderia cumprir sua promessa a James. Não podia sair do lado da sua Baby Luz, que jazia na cama sob seus olhos.

James foi naquela noite aonde tinha marcado com Lily, mas ela não apareceu. Bem ele não desistiu e foi lá todos os dias do resto da semana que ficou na cidade.

Eles pensaram que apenas um beijo não poderia mudar uma vida. Mas não fora penas um simples beijo. Foi um beijo entre um James e uma Lily, isso nunca era simples.

Bem, a vida gosta de pregar peças. Mas a morte sabe brincar melhor.

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Cidade ao Sul de Londres. 27 de março de 2027.

James estava na cidade. Nunca contara a seus pais sobre Lily Edwards. Deixou-a como um sonho bom. Talvez só tenha sido isso mesmo.

Ele nem se lembrava mais do lugar onde tinham marcado de se encontrar e só ele tinha ido, por longos três anos, até aquela noite.

Conhecera garotas, mas nenhuma se comparava a ela. Esta noite, ele estava novamente naquela cidade. Ela tinha mudado um pouco, mas a singela roda gigante ainda estava lá, mesmo que reformada. James sentiu um aperto no coração, quando viu que a barraca em tons de vermelho não se encontrava lá.

Sentiu-se idiota. Não havia como ela continuar lá depois de três anos.

Esta noite ele tinha acabado de terminar com Dominique Weasley, era um namoro à distância e ela se descobriu apaixonada por outro cara. Ele não ligou muito, na verdade só tinha a usado para esquecer Lily. Não que ele fosse um canalha, mas precisava esquecê-la e Dominique parecia gostar tanto dele.

Talvez ele estivesse errado, mas deu certo por breve tempo. Mas Dominique não tinha cabelos ruivos e nem olhos verdes.

James tornara-se um grande fotografo bastante renomado e viajante por todo o mundo.

Mas nunca conheceu outra garota que o fizesse se sentir junto às estrelas como Lily.

Hoje fazia três anos que Luzia Prends morrera. Baby Luz vivera bem e feliz e hoje sua neta Lily McKinnon Edwards voltara à cidade onde ela nascera e fora enterrada, para deixar uma coroa de flores e visitar o seu lugar favorito desde a morte de Baby Luz, a Torre Norte-Oeste. Não houve um dia em que Lily não pensasse na quebra do encontro com James. Mas agora era passado, não seria possível que ele voltasse para Elinters.

Lily agora era jornalista de uma revista estrangeira sobre fotografias de paisagens. Ouvira falar das de James, mas nunca viu sequer uma. Não se achava no direito.

Ela teve alguns poucos namorados, mas nada que lhe fizesse sentir-se junto às estrelas como acontecera com James naquele único beijo.

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Ele viu ao longe uma garota, parada ao lado da roda gigante, olhava as estrelas. Ele olhou para o céu e sentiu uma onda de nostalgia. Já tinha visto uma noite como aquela. Olhou de volta para a garota e só encontrou-a dobrando a esquina em direção à Praia Azul. Por acaso ele conhecia um atalho.

Lily estava sem sapatos com seu costumeiro vestido preto com jaqueta. Seus coturnos estavam ao lado, sendo iluminados pela luz da lua. Suas pernas balançavam para fora da grade, enquanto ela sentia a brisa leve do mar um pouco a esquerda da Torre.

Ela sorria.

James estava sem seus sapatos. Deixara-os a um canto antes de entrar, para não fazer barulho. Não acreditava que fosse possível que o encontro tão esperado pudesse mesmo acontecer. James não era rancoroso e sentia o coração aquecer ao pôr os olhos na ruiva com aparência frágil à sua frente.

Ele sorriu.

- Parece que finalmente veio para cumprir sua promessa.

Lily ouviu a voz, mas não acreditou que o dono dela estivesse ali, até que ele se sentou ao seu lado.

- James?

- Sim, Lily.

- Oh. Meu Merlin! – Ela sorriu.

- Bem, e então? Por que não veio àquele dia, há três anos?

- Oh, me desculpe. Bem, minha avó... Ela... Hum. Ela faleceu aquele dia. – Lily não gostava de falar sobre isso.

James não falou nada por um instante.

- Gostaria de tê-la conhecido. Parecia uma boa pessoa.

- E era eu gostava de chama-la de Baby Luz. Porque ela era como uma criança, irradia luz. Eu a amava tanto.

- Dava para perceber.

Lily ficou em silêncio, sentiu a mão de James puxando a sua e soube que ele não guardara rancor. Como naquele dia na roda gigante, ela sentiu alívio e conforto. James puxou-a para perto e ela não recusou.

- Quem diria que um único beijo pudesse mudar tanta coisa? – Ela perguntou enquanto se aconchegava nos braços do moreno.

- Há coisas que nunca saberíamos explicar. Elas apenas acontecem.

James puxou delicadamente o rosto de Lily e beijou-a como há tanto queria. Aquele foi um beijo entre um James e uma Lily. Algo raro, mas lindo de acontecer.

Foi quando se deram conta da sorte de encontrarem um ao outro. Assim como James Potter e Lily Evans, o amor deles era verdadeiro.