Velha Infância - Berita escrita por Tay Pereira


Capítulo 5
Capítulo 04


Notas iniciais do capítulo

Espero que não tenha demorado tanto.
Boa leitura!



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– Conversar? – diz Clarita. – Desculpa, mais já está tarde e eu preciso ir pra casa.

– Eu te acompanho – fala ele.

Clarita olha para ele, seriamente.

– Acho que não é bom pra reputação do filho do dono do Café Boutique ficar falando com uma das empregadas de lá – ela começa a andar, novamente.

– Mais não é qualquer empregada, é minha melhor amiga – falou Beto, andando ao lado dela.

Clarita sorriu.

– Ah lembrou-se de mim?

– Nunca esqueci – ele sorriu.

– Pensei que virar filho de gente rica, iria fazer sua cabeça.

Ele riu, logo diz:

– Pensou errado.

– Percebi.

– Clarita, por que está me tratando assim?

– Assim como?

– Tão indiferente. Como se eu fosse um estranho.

– Queria que te tratasse como? – questiona ela.

– Esqueceu que somos melhores amigos?

– Já se passaram seis anos.

– Mas não me esqueci da nossa velha infância – confessou ele.

– Acho que seria praticamente impossível esquecer tudo que a gente aprontou juntos – fala ela, rindo.

– Também acho – concorda ele, também rindo.

– Sabe do que lembrei agora? – pergunta Clarita. – Quando a gente derrubou o bolo que o Chico tinha preparado para a festa de aniversário para o dono do orfanato.

– Mais era você que estava segurando o bolo e caiu com ele no chão.

– Por que você mandou, lembra?

– E por que fez o que pedi?

Clarita sorriu sem acreditar no que ele acabara de falar.

– Então, é assim? – disse ela, rindo. – Obrigada por falar só agora.

– Não fique brava – ele a abraçou. – Era divertido.

– Me fazer de capacho?

– Você nunca foi meu capacho, Clarita. Sempre foi minha melhor amiga, aquela amiga que dá uma forcinha nas traquinagens.

– Pois é. A gente era uma peste, né seu chato?

– Sim, pequena. Nós deixávamos a Ernestina com o cabelo em pé.

Clarita sorriu ao ser chamada de pequena, como nos velhos tempos.

– Acho que ela agradeceu muito quando você foi embora – disse Clarita.

– Mas você não continuou aprontando? – ele quis saber.

– Tinha o Mosca. E a Bia também nunca foi flor que se cheire.

– Vocês três aprontavam juntos?

– Sim, na maioria das vezes somente Mosca e eu.

Beto ficou em silêncio, pensativo.

(...)

– Que sono! – Mili disse, bocejando. – Por que a Clarita nunca chega?

– Deve ter saído para se divertir, Mili – fala Mosca, enlaçando uma de suas mãos na cintura da namorada. – Por que não aproveitamos enquanto ela não chega...

– Eu estou cansada, Mosca – justifica Mili. – Sei que a Clarita também, pois nós não víamos a hora de chegar em casa para descansar.

– Daqui a pouco ela chega, fique tranquila – Mosca tenta acalmar a namorada. – O que acha de terminarmos de assistir o filme e comer essa pipoca?

– Está bem – Mili concorda, dando um beijo nos lábios de Mosca.

(...)

Flash Back On

– Você tem que ser sincero, beleza? – falou Beto, para Mosca.

– Beleza, manda a ver.

– Qual das meninas daqui do orfanato, você acha mais bonita? – perguntou Beto.

– Eu acho duas meninas bonitas – disse Mosca.

– Quem? – questiona Beto.

– A Mili e a Clarita.

– A Clarita? – repetiu o garoto, melhor amiga dela.

– Tá surdo, Beto? – fala Mosca. – Não sei, eu acho que gosto dela.

Flash Back Off

– Beto! Beto! Você está vivo? – questiona Clarita. – Fala comigo!

– O que foi Clarita?

– É que você ficou olhando fixamente para o chão – disse ela. – Achei estranho e comecei a te chamar.

– Você e o Mosca continuam sendo amigos?

– Sim – ela sorriu. – Até mesmo depois de ele ser adotado, nós não perdemos o contato.

– Que bom. Por quem ele foi adotado?

– Uma família nobre de São Paulo.

– E você não teve a sorte de ser adotada?

– O que acha? – questiona ela. – Você acha que se eu fosse adotada, iria trabalhar de garçonete?

– Eu não quis falar isso...

– Se eu tivesse pais, estaria em uma faculdade ou trabalhando em algo melhor.

– Eu sei – afirmou ele. - E a Bia?

– Já está com 16 anos, mais ainda mora no orfanato.

– É mesmo, só sai do orfanato quando completa 18 anos.

Clarita assentiu e os minutos seguintes eles andaram acompanhados por um longo silêncio constrangedor.

– Sua casa é bem longe do Café, não é? – Beto fala, tentando puxar assunto.

– Eu acho que não. Nós estamos demorando pra chegar porque estamos andando devagar.

– Você tem razão.

Novamente o silêncio reinou ali.

– E como era a vida nos Estados Unidos da America? – Clarita pergunta.

– Bacana. Tudo sempre do bom e do melhor.

– Muitas garotas? – ela continua perguntando.

Dessa vez, Beto riu.

– Talvez – respondeu.

– Já estamos quase chegando no meu apartamento – fala Clarita.

– Você mora sozinha?

– Divido o apartamento com a Mili.

– E o Mosca?

– O que tem ele?

– Também mora lá? – pergunta Beto.

– Não, ele mora com os pais dele – responde ela. – Ele só vai visitar a namorada.

– Namorada?

– A Mili.

– O Filipe e a Milena são namorados? – Beto praticamente gritou, devido à surpresa da notícia.

– Por que a surpresa? Você assim como eu sabe muito bem que desde quando vivíamos no orfanato eles eram apaixonados um pelo o outro.

– O Mosca sempre foi apaixonado pela Mili?

– Nunca percebeu?

– Deveria?

Clarita riu.

– Eles sempre se amaram. E depois que você foi embora, o Mosca teve a ideia de eu e ele fingirmos que estávamos se gostando, tudo isso pra fazer ciúmes pra Mili – contou. – E deu certo. Eles estão juntos até hoje.

– E você não se apaixonou pelo o Mosca depois de fingir que gostava dele? – Beto pergunta.

Clarita o encara. Ela sabia muito bem do que ele se referia.

– Não, pois já sabia que a Mili era apaixonada por ele.

– Então, se a Mili não fosse apaixonada pelo o Mosca, você iria gostar dele pra me...

Beto não consegue terminar, pois o celular começa a tocar:

– Que droga – resmungou ele, pegando o aparelho do bolso da calça.

Ligação On

– Alô? – disse ele, olhando para Clarita.

– Oi meu amor, que saudades de ouvir sua voz! – fala a voz feminina, do outro lado.

– Érica? – questiona ele, ao reconhecer a voz.

– Beto, apenas estou te ligando pra avisar que irei morar no Brasil.

– Como é que é?

– Não iria conseguir viver longe de você, amor. Provavelmente amanhã estarei aí – diz ela. – Dessa forma, não namoraremos a distância.

– Você tem razão – gaguejou. – Agora preciso desligar.

– Boa noite, Beto. Te amo!

– Também te amo – diz ele, e finalizou a ligação.

Ligação Off

– Cheguemos – disse Clarita, apontando para um prédio. – Tenho que ir, boa noite.

– Espera Clarita! – ele a pega pelo braço. – Vamos continuar a conversar sobre a nossa infância.

– Já está tarde e amanhã terei que acordar cedo para o trabalho. E além do mais, você terá que se preparar pra chegada de sua namorada pro Brasil – dizendo essas palavras, Clarita entrou no prédio onde mora e deixou Beto ali, sozinho.


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Notas finais do capítulo

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