Sensibilidade. escrita por Miss Ann


Capítulo 1
Capítulo único.




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Rin observava o pôr do sol, respirando ofegantemente por causa da corrida de uma hora que fazia pela orla da praia. Sua roupa de corrida grudava desconfortvavelmente por causa do suor e ele queria se refrescar na água salgado, mas achou que seria de muito mau gosto encontrá-lo encharcado. Não que ele fosse se importar, conhecendo-o do jeito que o conhecia. Ele suspirou, sentindo o abraço cálido dos raios de sol: Rin não gostava de se sentir confuso e era exatamente como estava naquele instante. Seus pensamentos eram um turbilhão de frases desconexas e sem sentido e ele não conseguia se concentrar em absolutamente nada. Seria mentira dizer que não sabia o motivo daquilo tudo, principalmente se o motivo estaria vindo encontrá-lo em carne e osso dali a pouco.
— Rin. - ou agora. O ruivo se virou ao som da voz doce, encontrando a causa de sua insônia nos últimos dias. Ele vestia uma roupa fresca e a respiração descompassada e cabelos bagunçados mostravam que ele também veio correndo. — Estou atrasado? - o sorriso de vergonha combinava perfeitamente com o rosto corado que ele apresentava. Aquilo maltratava Rin, porque o ruivo achava que não merecia a sua doçura depois de tudo.
— Não está. - enfiou as mãos dentro do casaco leve que vestia, antes de suspirar. — Você não chegou atrasado, Makoto. - ele queria esconder o rosto de tanta vergonha que sentia da situação. Seu estômago se revirava de nervosismo. — Sobre o que quer falar?
— Acho que vai chover. - Rin arqueou a sobrancelha e inspirou fundo. Mas assim que olhou para ele e viu seu desconcerto, sua irritação amainou de imediato.
— Não me chamou para falar do tempo, acredito. - o sorriso envergonhado alcançava os olhos de Makoto e Rin apenas cobriu o rosto com uma das mãos.
— Vamos dar uma volta. - começaram a andar lado a lado pela beira da praia e o ruivo acabou se distraindo com o rapaz alto que o acompanhava. Fazia um ano que havia voltado para aquela cidade e estava estudando na Academia Samezuka. Fazia um ano que voltara a ver seus antigos amigos da escola de Natação — e até a conhecer novos, como Rei, por quem tinha gerado simpatia após este ajudar a retomar os laços com os outros. Mas retornar não estava sendo tão fácil quanto poderia ser. Adorava a companhia dos amigos, quer fossem os novos, quer fossem os velhos, porém algo martelava no fundinho de sua cabeça e o incomodava. Antes de sair da cidade, ainda bastante jovem, percebera o carinho natural que Makoto nutria por Haruka. Talvez esse fosse um dos maiores motivos pelos quais teria deixado a cidade: não bastava somente perder cada corrida para Haru, mas ainda tinha que sentir inveja da relação entre ele e o rapaz de cabelos verdes.

Por que?, pensava, em suas constantes reflexões infantis.
O questionamento ainda perdurava, depois de anos. Quando encontrou-o na antiga escola de Natação, pôde sentir o descompasso em seu coração e teve que conter o jorro de sentimentos. Talvez se ele o tocasse naquela hora, sentiria as mãos geladas e, se quem sabe pudesse a mão sobre o peito dele, sentiria as batidas ligeiras e fortes. Claramente isso não aconteceu, para a mistura de alegria e tristeza de Matsuoka Rin. E a cada dia que passava, a cada ligação que Makoto fazia, seu coração parecia se apertar um pouquinho mais até que chegou ao ponto da confissão.
Não tinha sido da maneira que desejara. Na verdade, nunca chegou a pensar que seria capaz de proferir realmente as palavras que estavam presas em seu peito até o momento em que as proferiu.

As mãos de Rin tremiam. Não havia motivo plausível que justificasse tamanha irritação e mágoa. Havia apenas Makoto mais uma vez cuidando de Haruka e adivinhando seus pensamentos daquela maneira maneira íntima que irritava o ruivo. O rapaz deixou a piscina onde estavam e foi para uma parte mais isolada do prédio, olhando as árvores de cerejeira e a as pequenas folhas rosadas que caíam da copa.
Inspirava fundo, como se faltasse ar, apenas para tranquilizar o aperto que existia em seu peito que era tão forte, que comprimia a mão contra a região para ver se amenizava.
— Está tudo bem, Rin? - Makoto se aproximou dele, com aquele ar de preocupação que sempre dirigia a Haruka. — Você está estranho. - o mais alto tocou o braço dele, mas Rin se afastou.
— Não me toque, Makoto.
— Mas, Rin, o que aconteceu?! - questionou, surpreso com a atitude dele.
— Eu gosto de você, droga! - Rin abaixou os olhos e quis se calar, só que uma vez que a torneira estivesse aberta, não poderia mais controlar. — Eu só queria que você desse apenas um pouco da porcaria da atenção que você dá ao Haru! E que me olhasse da maneira que o olha. E que só, uma vez só na vida, você lembrasse da droga da minha existência! - quando percebeu o que falou, prendeu a respiração e levantou o olhar, avistando a expressão chocada de Makoto. Aquilo, mesmo que sem querer, cortou Rin. Cortou seu coração, seu amor e seu âmago. Mal sentiu as pernas se moverem, mas quando olhou, a paisagem passava rápido demais. Ele estava correndo. As lágrimas também corriam por seu rosto.

Pararam numa parte mais isolada e apenas o som das ondas beijando a areia se fazia presente no local. Rin sentou sobre uma das pedras altas que havia e olhou para Makoto, que mesmo sério, parecia ter seus olhos sorridentes. Como não se interessar por ele? Com toda aquela gentileza que ele possuía e seus pequenos momentos de fraqueza que o tornavam ainda mais adorável?
— Quando você foi embora. - começou Makoto, sem olhar para ele. — Para a Austrália, sabe, eu fiquei bastante chateado. Eu não conseguia entender os motivos que te afastavam da gente, mas tentei aceitar porque talvez fizesse você feliz, Rinrin. Mas mesmo assim, eu não queria que você se afastasse e, escondido de todos, até mesmo do Haru, eu comecei a enviar cartas. - ele abaixou o rosto e fechou as mãos em punho. — Eram coisas banais: sobre como o Clube de Natação ia fechar ou como Haru tinha a mania estranha de mergulhar em qualquer lugar que acumulasse um pouco d'água. - Rin escondeu o rosto com as mãos. — Achava que você não recebia as cartas, então eu enviava mais uma com a esperança de ganhar alguma coisa. Qualquer coisa. Até mesmo um papel em branco. Desde que voltasse.
— Makoto. - ele se virou para o ruivo.
— Você nunca respondeu, Rin, então eu soube que você não queria falar com ninguém, nem mesmo comigo. Eu parei de escrever, o tempo passou; Haru e eu ficamos mais amigos por causa de sua ausência e, agora, você está de volta.
— E eu peço algo que eu não te dei naquela época. - completou ele, ficando em pé. Makoto encarou o rapaz ligeiramente mais baixo que ele e sorriu. — Eu estou errado nisso tudo, Makoto, e sempre estive. Não deveria jogar meus sentimentos sobre você daquela maneira idiota. - enfiou as mãos nos bolsos do casaco e abaixou o rosto.
— Você amadureceu, Rinrin. - a mão quente envolveu o rosto do menor e percebeu que Makoto erguia seus olhos para que se encontrassem com o dele. — E acho que agora você tem capacidade de dizer a mesma coisa que me disse há dias atrás. E olhando nos meus olhos. - Rin perdeu o fôlego ao ver aquelas orbes verdes voltadas com tanta atenção para ele que enrubesceu. Sabia que iria gaguejar antes mesmo que começasse a falar.
— Eu g-gosto de você. - murmurou, tentando abaixar o rosto, mas sendo impedido pela mão de Makoto. — Gosto do seu corpo, do seu rosto e do seu sorriso, mesmo que muitas vezes, você o use como armadura para sua tristeza. Eu adoro sua gentileza com gatos e crianças e o fato que você tem medo de coisas banais como fantasma, virando uma criança de 1,80m. E como você se preocupa mais com os outros do que com você mesmo.
— Alguém já disse que você é adorável, Rin? - o ruivo tinha todo o sangue no rosto. — Meus olhos sempre se voltarão para você, Rin, porque eu sou apaixonado por você há anos.
— C-como? - o mais alto sorriu, enrubescendo também.
— Foram tantas as vezes que eu quis te ligar só para ouvir a sua voz. - Rin abriu a boca, surpreso, porque era o que ele queria fazer também. — E tantas as vezes que eu nadei só para matar um pouco da saudade que eu tenho de você. - o coração de Rin queria fugir de seu peito, de tão forte que batia contra suas costelas de uma maneira quase dolorosa. Ele ofegava sem querer, enquanto se afogava naquele mar verde e límpido que era os olhos de Makoto. — Rinrin, eu posso te beijar?
Mesmo sem o consentimento de Rin, Tachibana se inclinou e cobriu os lábios ressequidos de nervosismo com os seus. Rin ainda estava surpreso, de olhos arregalados até o momento que sentiu seus
lábios se umedecerem e Makoto aprofundar o beijo, onde ele fechou os olhos e se entregou ao beijo de maneira completa e profunda, apertando as mãos contra o peito do mais alto. Quando ele se afastou,
roçando o nariz contra o dele, e uma de suas mãos caçou a sua, entrelaçando seus dedos, Rin se sentiu feliz. E uma lágrima de sensibilidade escapou de seus olhos quando suas bocas se encontraram
novamente.

Rin estava completo.


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Notas finais do capítulo

É, ta aí. Eu tava afim de escrever alguma coisa sobre meu OTP, principalmente porque o mercado é carente de MakoRin (por favor, se alguma autora estiver lendo e quiser escrever e alguém pra ler, MP please!). Não é das minhas melhores histórias, mas eu tentei, juro! Enfim, enjoy!