Alice in My Veins escrita por Miss Atomic Bomb


Capítulo 8
Respostas e o pato depenado


Notas iniciais do capítulo

Olá pessoal desculpe a demora ^^ queria agradecer aos comentários, vocês são demais. Espero que gostem e boa leitora!



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Capítulo 8 - Respostas e um pato depenado

Alexia abriu os olhos.

Sua cabeça latejava e seus olhos demoravam para focar no cômodo onde estava.
Então em poucos segundos se sentou bruscamente. Talvez porque todos os últimos acontecimentos voltaram à tona em sua cabeça de uma vez só.

Olhou para si mesma. Não estava mais suja e estava vestida. Alguém havia lhe dado um banho e colocado essas roupas em seu corpo. Só de pensar nisso, Alexia sentiu seu rosto ferver, provavelmente estava enrubescido.

Suas roupas eram... De fato loucas. Assim como aquele lugar. Vestia uma saia xadrez, preto e branco. Meias listradas alternando entre as cores laranja e preto. Sua blusa era branca de botões. Haviam luvas de renda preta em sua mão, que iam apenas até o punho, com uma fita, também preta no final. Os dedos ficaram de fora.

Alexia então se sentou devagar, pensando que seu corpo estaria dolorido devido as aventuras que tivera há algumas horas mas estava bem. Então se levantou e arrastou os pés pelo cômodo, passando por um espelho.

Logo, para e encara seus reflexo. Quase caiu para trás.

Seu rosto estava parecido com os de Morfeu. Pareciam tatuagens, incrustadas de pedrinhas brilhantes. Se perguntava quem havia enfeitado seu rosto daquele jeito. Parecia o rosto das fadas que seu pai tanto desenhava.

Alexia olhou para os lados, espantada e com os olhos arregalados, vendo se não havia mais ninguém no local além dela. Sozinha.

Era um quarto muito bem arrumado. Sua cama tinha um formato redondo e parecia uma flor. Os tapetes eram de um verde que traz um ar de místico. Logo a frente havia um sofá, uma poltrona, uma pequena mesa de vidro e um bule de chá, junto com as xícaras.

Também haviam duas portas. Alexia se aproximou de uma delas, era um banheiro, um tanto simples. Apesar do País das Maravilhas ter o seu charme, era meio rústico então não havia uma pia ali, e sim uma bacia com água e um pequeno espelho.

Alexia correu até a bacia e tentou limpar as marcas de seu rosto. Não queria ter a aparência deles. Não era um deles e logo iria embora. Assim que Morfeu parar de lhe manipular como um peão num gigantesco tabuleiro de xadrez. Precisava descobrir verdades. Verdades que sua família tanto escondeu.

Ela esfregava todo o seu rosto e quando voltou a olhar para o espelho, esperando que estivesse toda borrada... Não havia sinal de tinta. A marca havia sumido.

Estava quase sorrindo de alívio, quando a marca começou a reaparecer. Alexia mais uma vez tenta apaga-las, mas elas sempre sumiam e voltavam a aparecer.

Então ela bufou, derrotada, e saiu do banheiro e em seguida do quarto à procura de Jared e Morfeu. Ou quem sabe apenas um deles.

Era quase como se o seu cheiro os atraísse, porque assim que Alexia passou a andar pelos corredores, Morfeu apareceu.

– Ora ora... Estava indo te chamar. Que tal comer alguma coisa, Lexy? - Perguntou Morfeu com certa cortesia e um sorriso no rosto. Isso apenas deixou Alexia mais irritada. Ele escondia tanto e agia como se não houvesse nada.

– Você me deve respostas, Morfeu - Alexia ralhou mais do que depressa.

– Vejo que alguém acordou com o pé esquerdo. Vamos, podemos conversar na mesa. Jared está conosco.

Como Alexia se viu sem escolha alguma, já que Morfeu não parecia estar apto para discutir, Alexia o seguiu até o final dos corredores, onde encontraram uma sala bem grande.

A mesa era enorme. Chegava ter uns cinco ou seis metros. Daria umas quatro ou cinco mesas convencionais. Alexia se perguntou para quê tanto exagero, sendo que ali só estavam ela, Morfeu, Jared, Rábido Branco e uma fadinha.

Talvez a rainha das fadas, presumiu ela. Se é que as fadas ali tinham uma rainha. Talvez estivesse querendo achar respostas em filmes como tinker bell mas se esquece que aquilo era bem real e ela não estava na terra do nunca e sim no país das maravilhas. Ou submundo. Tanto faz.

Alexia se dirigiu até a mesa e se sentou ao lado de Jared, lhe lançando um rápido olhar. Jared não conseguia decifra-lo.

Então Alexia se virou para a mesa. Tinha medo do que poderia encontrar para comer, mas até que as coisas estavam muito bem. Tortas, torradas, chá... Era quase mundano.

– Muito bem Alexia. Hoje estou de bom humor, faça-me logo suas perguntas - Disse Morfeu com um sorriso afetado, se sentando na cadeira, pegando uma xícara de chá e tomando-a sem causar um sequer ruído.

Alexia pigarreou. Se imaginou com tantas perguntas mas naquele momento... Era como se elas fugissem de sua mente. Não sabia se era vergonha, ou se elas realmente tinham sumido. Era quase como ir em um ginecologista pela primeira vez na vida.

– Ahn... Você não respondeu a minha pergunta de ontem - Alexia sorriu de leve, feliz com esta resposta, assim poderia ter tempo de pensar nas próximas perguntas e descobrir mais sobre a sua mãe. Dois coelhos com uma só cajadada.

– Porque, não sei se a senhorita se lembra, mas você não me deixou contar. Já havia caído dura no chão - Ele começou a rir mas logo parou, mostrando um semblante sério - Sua avó também veio até aqui. E sua mãe ficou muito magoada quando descobriu, já que sua mãe havia mentido sobre isso. Me admira você não fazer o mesmo...

– A minha mãe nunca me disse que o país das maravilhas existe de fato, para mim, era apenas um conto de fadas. Então ela não tinha como dizer que teria vindo para cá, sem que eu pensasse que ela estaria louca. Portanto, não estou magoada - Digo cruzando os braços. Olho para Jared e ele se mantinha quieto, quase como uma estátua.

– Continuando... - Pigarreou Morfeu - A sua mãe esteve aqui para botar um fim na maldição. Mas ela não conseguiu - Ele bufou, limpando os lábios com um guardanapo de pano - Porque o seu pai se intrometeu. Então ela deu adeus para o país das maravilhas. Estamos aqui na pior, apenas porque ela foi egoísta.

Alexia estava convicta de que não acreditaria em nada que Morfeu dissesse sobre a sua mãe. Ela era uma mulher incrível e ele não era confiável. Sem contar o fato de te-lo conhecido não faz nem vinte e quatro horas.

– Como assim... ''Na pior''? - Alexia fez o movimento de aspas com os dedos com um ar curioso.

– Alice quando veio parar aqui era muito novinha - Disse Morfeu impaciente - Acabou se metendo em confusões e bagunçou o país das maravilhas. Por esse motivo, você tem essa maldição. E nós sofremos com isso.

– E como vamos embora daqui? - Perguntou Jared, finalmente abrindo a boca.

– Alexia terá que arrumar os erros de Alice. Ela se livra da maldição, assim como a sua mãe e todas as garotas que vierem nascer na sua família, e nós do país das maravilhas nos livramos de todos esses problemas. Todo mundo sai ganhando - Assentiu Morfeu dando a entender de que não havia outro jeito e que ela tinha que fazer isso. Do contrário, talvez ele mesmo a impedisse de ir embora.

– Por que só as garotas nascem com a maldição?- Alexia arqueou a sobrancelha e Morfeu pareceu estar confuso, pensando numa resposta. Aquilo deixou Alexia desconfiada.

– Porque... Porque Alice era uma garota, oras! - Disse Morfeu firme - E todas as garotas sofreriam o mesmo mal. Maldições são assim.

– E o que exatamente terei que concertar? - Alexia franziu o cenho.

– Bem... É simples. Terá apenas que achar o espada vorpal, nos aposentos da Rainha vermelha. Quando Alice esteve aqui, bagunçou muita coisa que felizmente conseguimos arrumar. Mas a espada Vorpal foi roubada da Rainha Branca quando tudo estava um caos.

– Mas... Como vou fazer isso? - Alexia disse ficando irritada.

– Pense minha querida... É hora de comer! Tragam os convidados! - Anunciou Morfeu e as portas se abriram. Vários... Seres entravam e se sentavam nas cadeiras vazias.

Tudo se tornou uma algazarra, era impossível se obter silêncio ali.

Um mordomo trouxe uma bandeja tampada e a colocou em cima da mesa. Morfeu mais do que depressa, tirou a bandeja e Alexia viu um pato.

Um pato... vivo.

O pato tremia, com os olhos arregalados e o corpo sangrando por ter sido depenado. Alexia sentiu seus olhos se encherem de lágrimas ao vê-lo daquele jeito.

– Vocês vão... Come-lo assim? - Preguntou Alexia assustada.

– É claro... O medo libera algo que deixa a carne mais... suculenta - Riu um dos convidados partindo para cima do pato.

O homem (Que tinha corpo de homem e rosto de porco) segurou uma das pernas do pato e a puxou com força. Alexia se perguntou como ele havia conseguido, mas a perna se desgrudou do corpo, junto veias e ossos. O sangue espirrava, e o pato continuava vivo.

Depois disso, ninguém se conteve. Todos iam para cima do pato e Alexia olhou para o lado segurando com todas as suas forças a vontade de chorar. Aquilo era cruel. Era... terrível!

Alexia então sentiu algo diferente... Sentia vontade de atacar o pato.

– Vamos, Lexy... Sinta seu instinto. Sei que está com fome - Gargalhou Morfeu vendo a cena toda. Alexia balançou a cabeça com força, já com as lágrimas escorrendo involuntariamente.

Se levantou da cadeira num pulo e correu o mais longe que podia dali, sem se importar se alguém a seguia.

Correu pelos corredores e abriu a porta com força indo direto ao banheiro para chorar sozinha. Isso podia ser uma droga de sonho.

Alexia se beliscou mais vezes do que poderia contar, numa tentativa desesperada e inútil de acordar. Mas aquilo era bem real.

Ela se perguntava como conseguiria achar a espada vorpal. Com certeza estava sendo guardada por um monstro terrível, Alexia conhecia a história. Sabia o quão a Rainha Vermelha poderia ser cruel. Se a pegassem... Mandariam cortar sua cabeça.

Então ela abraçou suas pernas, sentada e encolhida no chão frio, enterrando seu rosto em suas coxas e começou a soluçar baixinho.


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Notas finais do capítulo

E então, o que acharam?



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