– Sou um desastre... - Falei enquanto tentava por um bola de sorvete de menta na minha tigela.

James riu.

– Só um pouquinho. - Ele falou.

Eu sabia que ele ainda estava serio, mas aos poucos relaxava e isso me deixava um pouco mais feliz.

– O que o seu pai faz? - Ele perguntou.

– Ele trabalha com carros, tem uma oficina. - Respondi enquanto botava o granulado.

– Odeia ele?

Como ele havia percebido meu desprezo quando falei eu não sabia geralmente consigo mascarar isso muito bem.

– Ele me deixou quando eu tinha 6 anos, esperava o que? Eu me consumi em raiva. - Expliquei.

James concordou com a cabeça.

– Como o Vicent te pediu em namoro? - Ele perguntou e me fez parar.

Eu o encarei.

– Ele só me pediu, acho que foi em uma aula de geografia...

– Babaca...

– Oi?

– Não você, calma Meri, estou falando do Brian, ele acabou de entrar. - Explicou James em voz baixa. - O de cabelo vermelho.

Assenti.

Era um garoto de cabelo ruivo, pele sardenta, extremamente branco e magro, mas uns poucos musculos apareciam. Ele só usava roupas de marca pelo o que vi, parecia um letreiro ambulante.

– O que ele te fez?

– Arruinou um namoro meu a muito tempo, e me fez sofrer durante todo o ensino fundamental. - James falou com um cara amargurada, sua voz baixa era linda, como se pássaros estivessem cantando em vez de ele estar falando.

Brian veio andando em nossa direção.

– James? - Ele perguntou.

James virou a cabeça e o encarou, e sem querer derramou a calda em cima do balcão.

– Brian?

– Irmão, quanto tempo? Nossa, que gata!

Fiquei quieta, não queria nem ouvir a conversa.

– Meri, esse é Brian.

Apertei a mão de Brian, tentando esmagar seus ossos. Ele manteve o rosto sem nenhuma expressão, o que me irrirou.

Ele sorriu.

– Bom, eu estou aqui só de passada, estava andando de long quando te vi. - Ele explicou.

– Ata... então até mais. - Falou James e assim voltou a por a calda do sorvete.

Brian saiu andando, mas deu uma última olhada ao chegar na porta. Ficamos em silêncio enquanto íamos para a mesa.

– Quando foi seu primeiro beijo? - James me perguntou e eu gelei.

– Quando eu tinha 14 anos.

Ele riu.

– Não estou brincando. - Falei séria.

– O.k. como era sua antiga vida? Quero dizer, quando morava em New York.

– Bem bagunçada, eu já quase fui presa, porque andava com pessoas erradas, eu já fiz muita besteira por assim dizer. - Respondi calma.

– Universidade?

– Stanford.

– Vicent...

– O que? - Perguntei, mas ele fez sinal para eu olhar para trás.

Vicent vinha em nossa direção, estava bem bonito, sempre fora bonito.

Seus cabelos pretos estavam em desordem, ele usava uma bermuda preta e uma blusa branca sem mangas bem larga, seus músculos pulando para fora.

– Meri...

– Não me chame assim! - Exclamei.

– Podemos conversar?

– Não mesmo.

Ele me olhou, seus olhos verdes fazendo meu coração pular.

Eu gostava dele, mas amava James e isso era algo muito difícil de compreender.

Ele me segurou pelo braço, mas eu me forcei a ficar sentada. Ele segurou mais forte, e vi que meu braço ficava vermelho. - Me solta! James se levantou, só o vi dando um soco em Vicent, pelo visto ele estava se contendo, mas não aguentou.

A boca de Vicent sangrava, ele se levantou do chão e deu um soco em James.

James revidou com outro, Vicent caiu no chão, eu segurei James pelas mãos, elas estavam vermelhas e cheias de sangue.

– Toque nela de novo e você vai ver meu lado ruim. - James avisou a Vicent.

– James, não vale a pena. - Falei.

Vicent se levantou.

– Vamos ver com quem ela vai ficar.

– Ela não é um prêmio se quer saber! - James retrucou.

Segurei sua mão sangrando, agora seu nariz e lábios sangravam.

Todos nos encaravam, mas ninguém levantou um único dedo. Segurei James e o levei de volta ao carro, ele ainda mancava. Sentei no banco de trás, abri a outra porta e entrei, ainda na parte de trás.

– Fique aqui, vou ali pegar gelo. - Falei dando um beijo em sua testa.

Fui de volta a sorveteria e pedi um gelo, a moça atendeu meu pedido e aproveitei para pagar a conta.

– Qual dos dois era seu ex namorado? - Ela perguntou.

– O que tomou o primeiro soco. - Respondi.

Ela sorriu e eu saí.

James estava com a cabeça na janela, entrei e fiz ele deitar em meu colo, a moça havia dado o gelo em um pano e eu o usei para limpar o sangue, depois pus o gelo onde James havia tomado o soco. Fiquei com ele ali, só o olhando, o soco tinha atingido seu maxilar, que estava roxo.