Mais uma tarde de treino no clube de natação. Enquanto os garotos se preocupavam em treinar para o municipal, Gou começou a pensar nas relações entre os integrantes do time de Natação. Que papel cada um iria exercer caso fossem uma família? A garota sorriu com esse pensamento, um tanto quanto idiota.

Olhou para Makoto e pode visualizá-lo perfeitamente como uma mãe. Sem dúvidas esse seria o papel perfeito para ele. O de olhos verdes e corpo todo definido com músculos de tirar qualquer garota de sua saúde mental. Espere, ela não devia estar pensando sobre isso. Voltando, Makoto exercia perfeitamente a ideia de mãe do grupo. Ele era responsável, tentava fazer de tudo para deixar os colegas confortáveis, dava conselhos caso pedissem, não media esforços para ajudar sobre algum assunto. Entre várias outras coisas.

Seu olhar foi direcionada para o moreno com lindos olhos azuis. Haruka também possuía um corpo de causar inveja a qualquer pessoa, quase se igualara ao corpo perfeito que seu irmão tinha. Ok, mais uma vez se perdia ao pensar nos tão perfeitos músculos a sua volta. O papel que Haruka exerceria nessa família que havia inventado, seria o do orgulho da família. O mais velho dos filhos, que tinha um grande talento que gerava a admiração de todos.

O mais baixo e enérgico do grupo o chamou a atenção agora. Não tinha nenhum pouco de dúvidas que Nagisa seria o caçula. Era o mais animado, mimado e sempre tratava os outros com um tom de infantilidade. Não que isso fosse ruim, gostava desse jeito descontraído do colega, sem contar que ele também possuía belos músculos.

Por fim, seu olhar se direcionou para o garoto de óculos. Começou a rir instantaneamente, Rei sem dúvidas era o filho do meio que quer superar o irmão mais velho. Sempre se esforça mais que todos e se convence fácil por conseguir algo depois de tentar. Ah, não se pode esquecer do desejo de ganhar o reconhecimento do irmão mais velho, afinal também o admira.

Ela suspirou saindo de seus devaneios, estava realmente ficando maluca pensando assim, mas não era tão ruim pensar em algo mais descontraído.

— Kou-chan, aconteceu alguma coisa? Você parece um pouco aérea. — Comentou Makoto ao se aproximar da garota.

— Ah, desculpe Makoto-senpai. Estava apenas pensando em como esse grupo pode ser uma grande família. — entregou ingenuamente seus pensamentos.

— Haha, estranho você pensar assim, mas acho que você tem razão. Passamos por tantas coisas, que acabamos nos tornando uma família. — Makoto respondeu olhando com ternura os outros garotos nadando.

Não era nesse sentido que ela falava, e sem dúvidas alguma ele seria uma ótima mãe. Gou acabou batendo a mão em sua cabeça afim de afastar esses sentimentos. O que diabos estava pensando, Makoto-senpai era um cara, não poderia ser mãe de ninguém. Apesar disso não significar que ele não poderia se comportar como uma.

— Está tudo bem Gou-chan? — Nagisa perguntou encarando curioso a gerente.

— Oh... sim, na verdade eu estava pensando em marcar um outro treino com a Samezuka. — Gou comentou, trazendo a atenção de Haruka para sua fala.

Isso não passou desapercebido por ela, principalmente por saber o motivo. Depois de um longo ano convivendo com Nanase, aprendeu a decifrar suas poucas expressões e a que ele estava fazendo agora era de ansiedade. Sabia que o moreno havia se interessado ao citar o nome da escola que seu irmão frequenta. Haruka e Rin tinham uma paixão um tanto quanto parecida pela água, com a diferença em um simples detalhe. Haruka queria ser apenas um com a água e Rin queria superá-la.

— Que tal uma disputa para saber qual revezamento está mais rápido? Onii-chan acabou de montar sua equipe, tenho certeza que também quer treiná-la para o municipal. — sugeriu.

— Acho que seria uma ótima ideia. E você Haru? — Makoto perguntou dando atenção ao amigo. Haruka por sua vez, apenas virou o rosto. Aquilo sem dúvidas indicava que pensava a mesma coisa, mas não queria assumir.

— Certo, então deixamos com você isso Gou-chan. — Nagisa comemorou.

— Estou indo até lá agora. Até mais. — a gerente do grupo se despediu.

Durante o caminho até a Samezuka, começou a pensar novamente na sua ideia de família e no quanto a personalidade deles batem com suas suposições.

Adentrou na academia indo direto para onde se concentrava o clube de Natação. Depois de tanto tempo indo na Samezuka pelo mesmo motivo, Gou acabou conseguindo um passe livre para a entrada no momento que quisesse. Principalmente agora que seu irmão é o capitão da equipe.

Ficou observando o treino deles por um tempo. Aquela visão de tantos músculos definidos à sua volta era sem dúvidas o paraíso. Observou também que o irmão chamava a atenção de alguns alunos e Sousuke dava alguns conselhos sobre o que devia ou não ser repreendido. Sem dúvidas, eles também pareciam uma família. Droga! Estava pensando nisso novamente. Céus, o que estava acontecendo consigo hoje? Se bem que... se ela já pensou com os garotos do próprio clube, por que não com os do clube do irmão?

Sorriu, primeiramente pensou em Sousuke. Assim como Makoto, possuía o corpo de tirar qualquer garota do sério. E pelo seu temperamento sério, sem dúvidas seria um pai. Isso mesmo, daqueles pais rígidos que sempre esperam o melhor dos filhos, principalmente do mais velho, que seria o que deveria trazer orgulho a todos da família.

Sorriu ao pensar no filho mais velho, sem dúvidas esse seria o cargo do seu amado irmão. Ficou um tempo reparando em Rin, sem dúvidas alguma ele possuía o corpo mais perfeito do mundo. Começou a rir com esse pensamento. Certamente as pessoas achariam que ela tinha um complexo de irmão, se bem que seria algo parecido. Não que pensasse em Rin de outra forma, apenas gostava de admirar o que era belo e sem dúvidas, os músculos de seu irmão eram mais do que belos.

Começou a fugir novamente seus pensamentos iniciais. Tinha que parar com essa mania. Voltando, Rin sem dúvidas seria o típico filho mais velho. Diferente de Haruka que havia nascido com um talento nato, ele havia se esforçado para adquirir esse talento, trazendo ainda mais orgulho para a família.

Agora seria a vez dos outros integrantes, não conhecia muitos alunos do clube de natação, então escolheu apenas os que são mais próximos de seu irmão, que consequentemente são os que ela tem mais contato.

Nitori Aichirou, esse sem dúvidas seria o filho do meio que admira o irmão mais velho acima de tudo. Tenta alcançá-lo de toda forma, mas não quer superá-lo por achar isso impossível.

Já Mikoshiba... qual era mesmo o primeiro nome dele? tarou... tarou... Momotarou! Bom, não há dúvidas que ele exerceria o papel do caçula. Mas diferente de Nagisa, ele seria o caçula prodígio e preguiçoso, que é apegado ao irmão mais velho.

A família da Samezuka estava tão completa quanto a do Iwatobi e por que mesmo estava se orgulhando disso? Balançou a cabeça tentando se livrar desses pensamentos e acabou por despertar depois de um peteleco do irmão na cabeça.

— Isso doeu! — exclamou inflando as bochechas e olhando para o irmão, que apenas começou a rir.

— O que você está fazendo aqui Gou? — Rin perguntou diretamente. Não gostava dos olhares que os integrantes do clube direcionavam para a irmã.

— O que acham de marcar um revezamento treino com o Haruka-senpai e os outros? — sugeriu a mais nova, percebendo o olhar diferente do irmão agora. Ele realmente ficou empolgado com a ideia, principalmente por ela ter optado a falar o nome do moreno.

— Ah Gou-san! Como está? O que veio fazer aqui? O que achou do meu nado? Estou treinando cada vez mais... — Mikoshiba gritou alegremente, fazendo o possível para se aproximar da ruiva a sua frente. Porém, foi impedido pelo capitão do time que o segurou pelo pescoço, ignorando tudo que ele havia falado.

— Você precisa treinar mais. Desapareça daqui. — Falou irritado para o garoto e o mesmo apenas concordou, com medo da expressão que seu capitão estava fazendo.

— Pergunte se está tudo bem eles virem na sexta. — Rin confirmou com a irmã de seu jeito.

— Hai! Tenho certeza que estarão.

— Rin! Você não devia marcar as coisas assim, sem antes conversar com todos do time. — Sousuke adivertiu o menor.

— Haha, Sousuke-kun realmente se comporta como um pai. — Gou comentou um pouco baixo, não sendo bem entendível para os dois a sua frente.

— O que você disse? — Sousuke perguntou curioso, não havia entendido nenhuma palavra a não ser seu nome.

— Oh, nada Sousuke-kun. Bem eu já vou indo. Até sexta Onii-chan, Sousuke-kun! — a garota se despediu saindo o mais rápido possível do local. Onde diabos estava com a cabeça hoje? E o pior, quase deixou escapulir seus pensamentos malucos.

*****

A sexta feira não demorou muito para chegar. Gou, Makoto, Haruka, Nagisa e Rei estavam agora a caminho da Samezuka. Estavam realmente ansiosos pelo revezamento que fariam. No último, haviam ganhado por pouco e ainda queriam continuar sendo os vitoriosos, mesmo sendo apenas um treino.

— Oh, vocês finalmente chegaram! — Rin exclamou ao verem entrando no local. — Gou espere na arquibancada enquanto todos se arrumam. — avisou à irmã que apenas concordou.

Gou começou a entrar em seus devaneios novamente. E depois de ver a proximidade do irmão com Haruka, começou a pensar que talvez essa família poderia se unir. Os dois filhos prodígios, começam a se envolver em um romance proibido por serem do mesmo sexo.

Por mais estranho que isso possa parecer, Gou não sentiu nenhum tipo de repulsa imaginando o irmão mais velho namorando Haruka. Pelo contrário, começou a se perder imaginando a cena dos dois juntos.

Haruka passando as mãos sensualmente pelos músculos do ruivo, explorando sem nenhum tipo de vergonha o corpo do outro. Rin já depositava beijos pelo tronco do moreno, deixando algumas marcas para mostrar que ele o pertence. Suas mãos também desfrutavam do corpo de Haruka sem nenhum pudor, descendo cada vez mais para as partes mais baixas do rapaz... e Ops, o que diabos ela estava começando a pensar agora?

Cada dia que passava seus pensamentos tomavam um rumo ainda mais assustador. Estava começando a parecer uma daquelas fujoshis que não podem ver dois homens próximos, que já começava a pensar em como seria se construíssem uma família juntos. E sem dúvidas alguma, era exatamente isso que estava acontecendo. Suspirou fundo.

Seu olhar acabou parando em Sousuke, que não olhava com uma boa expressão para o vestiário. Começou a pensar em algumas suposições que o levaram a fazer esse tipo de expressão, até ver Haruka e Rin saindo lá de dentro, conversando abertamente um com outro. Makoto vinha logo atrás com um olhar sem graça, enquanto também acompanhava os dois com os olhos.

Sem dúvidas alguma, aquilo era o típico romance proibido. Agora, por mais um empecilho, os pais! Sousuke, como o pai rígido, jamais aceitaria o envolvimento do filho mais velho com outro rapaz. Ainda mais quando os dois são grandes rivais na piscina. Já Makoto, como uma mãe compreensiva, tentava entender os sentimentos do filho e de algum jeito aceitar aquela relação.

Em um momento de raiva, Sousuke iria até o filho e o puxaria pelo braço o forçando a se afastar de Haruka. Makoto, preocupado com a ação do homem, entra na frente de Haruka impedindo que o homem faça algo ao seu precioso filho. Rin e Haruka se olham temendo o que estava prestes a acontecer, e dão um jeito de se livrarem dos pais e fugirem. Sousuke tenta ir atrás do filho, mas é impedido por Makoto que pede a compreensão dele pelo bem dos dois. Um vínculo de amizade é criado entre o pai e mãe e um romance começa a surgir.

Em um dia, onde seus filhos saíram mais uma vez para um encontro. Os dois resolveram dar um tempo para si mesmo. Se encontraram na casa do pai, onde teriam mais privacidade. Roupas começaram a serem tirados, os fazendo ficar somente com a roupa de baixo.

Um show de músculos totalmente definidos começavam a tomar conta dos pensamentos de Gou. O contato físico entre os dois homens, sem dúvidas não era nenhum pouco reprovado. Sua expressão começou a ficar diferente, até que foi desperta de seus pesamentos pelo irmão.

— Gou!... Gou! Está tudo bem? Sua cara está estranha. — Rin falou preocupado pelo comportamento da irmã. Gou olhou sem jeito para todos. E se assustou ao ver que o irmão e Haruka estavam um do lado do outro a encarando, enquanto Makoto e Sousuke estavam mais atrás com um olhar preocupado.

Droga! Mil vezes droga. Os pensamentos que rondavam sua mente eram reais. Sentiu seu rosto corar, se lembrando das cenas quentes que imaginou com os quatro a sua frente. Sem dúvidas, não conseguiria mais encará-los nos olhos depois de tantos pensamentos impuros.

— Oie? Gou! — Rin começou a ficar ainda mais preocupado.

— Ah, desculpe Onii-chan está tudo bem. — Gou respondeu forçando um sorriso.

— Tem certeza? Podemos levá-la até a enfermaria. — Haruka sugeriu sem demonstrar nenhuma emoção. Gou então passou a observá-lo bem. Haruka-senpai seria um ótimo irmão mais velho também e... droga, estava pensando nisso novamente.

— Realmente é o melhor a se fazer. Vamos Gou-chan. — Makoto falou carinhosamente estendendo a mão para a garota. E em seguida Sousuke a apoiou segurando pelas costas.

Os dois se comportavam como um lindo casal preocupados com a filha. Além de realmente transmitir essa aura para a garota, que novamente começou a pensar em como seria excitante vê-los juntos.

— Onii-chan, Haruka-senpai, Makoto-senpai, Sousuke-kun, me desculpem. — Gou choramingou, se sentindo culpada pelos pensamentos impuros que estava tendo. Isso nunca aconteceu consigo.

— Por que está se desculpando? Tem mesmo certeza que está bem? — Rin perguntou não entendo nada do que a irmã falava.

— Acho que me transformei em uma fujoshi. — choramingou mais uma vez, deixando os quatro sem saber o que fazer.

— Do que você está falando? — Rin continuou interrogando. Gou sabia que se explicasse seria ainda pior. Inflou as bochechas e se afastando dos rapazes.

— AH! — Gritou assustando a todos. — Quer saber, esqueçam. Eu estou ótima agora, podem começar o treino. — ordenou a garota, e os rapazes apenas a olhou surpresos. Garotas sem dúvidas eram estranhas.