Ele se sentia andando por um labirinto, entrando e saindo por ruas com nomes de velhas personalidades das quais nunca ouvira falar.

O saxofone pesava-lhe e o vento frio de agosto perfurava-lhe as roupas e a carne causando-lhe calafrios. E a fome. A fome que o obrigara a aceitar aquele estranho contrato para tocar à meia noite numa boate no centro da cidade. A fome e os olhos fascinantes da mulher de negro, que ele encontrara em Copacabana e lhe fizera o estranho convite: ir vestido de preto para tocar numa noite negra.

Ele não conhecia o centro da cidade. Fora criado na Zona Sul e o mais próximo que chegara do centro foi para ensaiar numa banda que não foi pra frente lá pros lados do Catete.

Mas a mulher de negro e olhos fascinantes dissera que era só descer na 7ª estação do metrô, virar à esquerda e depois de andar cerca de 7 minutos, ele encontraria a boate 7th Hell.

E de repente ele não se sente mais perdido. O vento frio está lhe trazendo a mulher de negro. Ela vem voando e só então ele percebe que ela também tem asas. Negras como as de um morcego.