A Melancólica vida de Valentine O. escrita por Mrs Confusion


Capítulo 2
Parte 1 – Rafael. – Dia 1.


Notas iniciais do capítulo

Primeiro romance que estou publicando, embora não seja o primeiro que escrevo.
Agradeço qualquer tipo de comentário ou crítica, afinal, tudo é aprendizado.
Um beijo pra vocês! (;



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"Sempre vem a tempestade antes do arco-íris". Bobagem! Desde os meus dezessete anos sei que depois da tempestade vem mais tempestade. Comecei a me f*der, quer dizer, comecei a quebrar a cara com a vida mais cedo do que eu imaginava.

"Valentine Olímpio, 17 anos, caloura (bixete) no curso de Direito de uma das melhores faculdades de São Paulo. E eu sei exatamente o que quero pra minha vida: Quero fazer o curso que sempre sonhei em fazer e encontrar um emprego bom. Vim pra cidade grande sozinha para fazer a faculdade. Meus pais ficaram no interior do Paraná, porém me visitam de vez em quando e pagam minhas contas daqui. Parece fácil, mas não é. Independente se pago minhas contas ou não, não é fácil passar a morar sozinha em um lugar aonde não conheço ninguém, longe de todo mundo com quem já fiz amizade ou algo mais. Não é fácil se cuidar e ao mesmo tempo cuidar dos estudos. Pelo menos não pra mim. Sempre tive algum tipo de problema psicológico que até hoje não sei explicar."

Era o primeiro dia de aula e eu, como boa anti-social, fugi de qualquer trote. Até porque não vejo sentido pessoas sujando umas às outras de tinta e obrigando-as a beber. Mas não fui a única: Ao entrar em minha sala, me deparei com um menino. Loiro dos olhos azuis. Embora muito belo, não era nenhum príncipe encantado, afinal suas roupas eram meio largadas e tinham até alguns furos. Seu cabelo era bagunçado, porém de um jeito "ok". Sentei em uma das primeiras cadeiras da fileira e ele estava ao fundo. Logo vi uma sombra se aproximar e sentar atrás de mim.

– Olá.

– O-Olá. – Por que diabos estava gaguejando? Olhei em seus olhos e por um breve momento fiquei hipnotizada: eram lindos!

– Prazer, Caique! – Disse, estendendo a mão para me cumprimentar. – E você é...?

– Sou Valentine, muito prazer. – Eu odiava meu nome por inteiro. Desde a escrita, até a pronuncia.

– O prazer é todo meu, Val. – Ok, se esse cara quer conquistar meu coração, ele está conseguindo direitinho. Abri meio sorriso pra ele e me virei.

– Creio que não teremos aula hoje. Você viu se havia algo no site ou em alguma placa ou qualquer coisa do gênero? – Ele parecia muito inteligente. Até seu tom de voz soava inteligente.

– Ah meu Deus! – Disse, levantando-me. – Hoje é que dia?

– Dia 10 de fevereiro, primeiro dia de aula, gata. – Disse a última parte em um tom meio irônico.

– Hoje temos palestra no auditório, por isso não há ninguém na sala!

– Puts, é verdade! Vamos pra lá então! Você sabe como chegar?

– Acho que sei. – Disse e virei-me, andando na frente para mostrar o caminho. Não conversamos durante todo o percurso e nem quando chegamos ao nosso destino. Assistimos à palestra com atenção, tiramos nossas dúvidas quando necessário (tanto com professores quanto um com o outro) e logo nos dirigimos à saída da faculdade quando acabou.

– Bom, eu vou por esse lado, e você? – Disse, apontando para a saída à direita.

– O correto é eu seguir pelo mesmo caminho, porém tenho que resolver algumas coisas na secretaria antes de ir embora. Mas foi um prazer lhe conhecer.

– O prazer foi todo meu! – Ele tinha minha idade, talvez fosse um ano mais velho, esqueci de perguntar, porém parecia ter saído de um filme dos anos 50. Era um galã. Não, eu não estava apaixonada, até porque havia algo nele que não me atraía fisicamente, porém eu tinha certeza de que deste ponto se iniciaria uma grande amizade.

Dito e feito. Os dias se passaram, criamos um grupo na faculdade, porém não nos desgrudávamos. Era um tanto quanto interessante a amizade que criamos. Ele era um galã nerd. Nerd, geek, não sei qual expressão devo usar, mas creio que vocês entenderam. Ele era viciado em filmes e séries e colecionava HQ's. Além de que fazia cosplays (lindos, por sinal). Também lecionava inglês. Que cara com dezoito anos leciona inglês e tem diplomas internacionais? Mas ele não era um nerd/geek sem graça: saía pra beber, fumava, conversava sobre todo e qualquer assunto que eu puxasse, desde matéria até sexo. Não havia como ficar entediada com esse cara ao lado. Era o melhor amigo que eu poderia encontrar um dia naquele lugar. Ele era viciado em Mc Donalds, comia todo santo dia. E me arrastava junto! Eu sempre comentava que ia começar a dieta e ao menos uma vez por semana ele me levava pra almoçar no Mc. Às vezes até pagava. Era engraçado. Nos dávamos super bem.

Mas chega de falar do Caique, meu colírio.

Durante os primeiros meses de aula, eu pegava ônibus com um cara um tanto quanto interessante: Tinha os olhos claros, era careca e usava barba. Geralmente usava roupa preta e um tênis vermelho sujo. Aquele cara me fascinava. Eu o chamava de "amor platônico da faculdade". Virei uma stalker: descobri o horário do ônibus que ele pegava todo dia, seu nome completo, a sala em que estudava. Descobri que frequentamos a mesma escola no ensino médio e tínhamos inúmeros amigos em comum. "É o destino", pensei. Porém eu pensava demais e fazia muito pouco. Perdia toda e qualquer oportunidade de conversar com ele. Fora que seu amigo era apaixonado por mim. Eu era o amor platônico do melhor amigo do meu amor platônico. Uma situação um tanto quanto difícil e constrangedora.

Mas eu estou brincando. Todo cara que me fazia babar eu nomeava de "amor platônico". Alguns eu via sempre, outros não, porém eu conseguia descobrir a vida inteira deles com a maior facilidade do mundo. É pra isso que existe a internet, não? Eu já fui um tanto quanto antenada. Passava dias navegando na internet sem ver a hora passar.

Foi quando criei uma conta naquele tal de tumblr que tudo mudou: Me apaixonava por cada foto que lá eu via. Decidi começar a trabalhar e juntei dinheiro para comprar minha câmera. Aprendi a tirar fotos boas sozinha, e a editá-las também. Depois de um bom tempo eu fui fazer um curso e aprendi na teoria tudo o que eu, sozinha, já sabia fazer na prática. Eu tirava foto de tudo e conseguia ver beleza em coisas que ninguém enxergava.

Ah sim, meu trabalho: Quando vi a necessidade de ser um pouco mais independente, fui atrás de um emprego. Fiz uma entrevista e passei de primeira, afinal, eu sempre soube falar muito bem.

Ao entrar na empresa, ampliei meus horizontes: vi como eu poderia crescer e como encontramos as melhores amizades quando menos esperamos. Mas não só amizades.

Mas vamos devagar.

Comecei cedo minha rotina de ir pra faculdade e depois para o serviço. É, eu estudava de manhã e trabalhava de tarde até o começo da noite. Era cansativo, porém gratificante, principalmente ao final do mês. Ao chegar em casa, estudava ou fazia alguma outra coisa pra descontrair, e ia dormir.

Dormir sempre foi um dos maiores prazeres em minha vida. E eu raramente sonhava. Se sonhava, não me lembrava de nada. Acordava sempre sentindo um enorme vazio como se nada tivesse passado por minha mente enquanto eu dormia. Mas isso mudou:

Em meados de Março, comecei a sonhar com um cara. Seu nome era Rafael. Eu não me lembro de seu rosto, nem mesmo de como era, mas todo santo dia eu acordava com esse nome em minha cabeça. Ia dormir também com o mesmo nome na cabeça. Um dia, na faculdade, quase chamei o Caique de Rafael. Outro dia, no serviço, quase chamei outro amigo de Rafael. Mas afinal, quem era Rafael? Eu tinha um primo com esse nome, mas sabia que não era a ele a quem me referia. Sabia que não era ninguém que eu conhecia, mas apenas alguém de meus sonhos. Me lembro que eram sonhos bons. Até porque eu sempre acordava sorrindo.

Passei duas semanas com esses sonhos estranhos. Duas semanas acordando com este nome na cabeça sem nem sequer saber o motivo ou quem seria esse cara. Pensar nisso fazia com que eu achasse que estava ficando louca ou despertando certa "mediunidade".

Mas é claro que não poderia ser nada disso. Era apenas um nome. Eu coloquei em minha cabeça que deveria apenas estar cismada com um nome qualquer.

Com um belo nome, por sinal.


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Notas finais do capítulo

Não se esqueçam de comentar e etc etc.
O maior prazer de um escritor é ver o reconhecimento do seu trabalho ;)
Embora esteja publicando o primeiro capítulo junto à introdução/apresentação, tentarei postar um capítulo por semana, de preferência aos sábados.
Fiquem em paz.



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