A Verdade Sobre Nós escrita por sayuri1468


Capítulo 5
O casamento de John e um Tiro


Notas iniciais do capítulo

Pra quem quiser...escrevi esse cáp ouvindo essa song em replay eterno *particularmente, achu q a tradução combina bastante com os sentimentos de Sherlock, nessa fic* =3 https://www.youtube.com/watch?v=QnSqHlG8Ucg



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Entreguei os resultados da análise que ele havia me pedido pelo um motoboy. Pelo menos até o casamento de John, eu não queria mais encontra-lo. Aparentemente, ele também pensava o mesmo, pois não me procurou. Toda vez que me lembrava da expressão triste que ele me dirigiu, quando eu estava indo embora, eu ficava zangada. Por que Sherlock Holmes tinha que ser tão complicado? E por que eu ainda era burra o suficiente, pra me deixar levar por ele?

Nesse meio tempo, tentei aproveitar para me deixar em ordem. Tentei me reaproximar de Tom, e até cheguei a mencionar a data do casamento. Ele pareceu feliz com isso, e confesso que me senti culpada por tê-lo deixado tão abandonado nas últimas semanas. O casamento de John se aproximava, e isso me deixava nervosa. Ter que rever Sherlock depois da nossa última conversa não era algo que me agradava, porém não dava para fugir.

Antes que eu me desse conta, o dia do casamento chegou. Usei a roupa que Tom havia escolhido na loja – era horrível, mas eu estava devendo isso pra ele. Fiz questão de ser o mais carinhosa possível com Tom durante o casamento, da mesma forma que fiz questão de ignorar Sherlock a maior parte do tempo. O cumprimentei secamente, e depois fui com Tom para dentro da igreja. Quando John e Sherlock se posicionaram no altar, vi John o apresentando a madrinha de Mary. Na hora, assumo, senti um pequeno incômodo, mas desviei minha atenção para Tom, embora de esguelha, eu olhasse para os dois conversando animadamente no altar.

Descobri mais tarde que o nome da madrinha era Janine, e descobri porque Mary nos apresentou. Parecia uma moça divertida, e eu estaria muito inclinada a gostar dela, não fosse por notar a forma como Sherlock estava sempre se posicionando ao seu lado. Será que ele estava fazendo isso para me provocar? Se fosse, eu iria jogar o mesmo jogo dele!

Sei que é errado utilizar os sentimentos de alguém para propósitos egoístas, e realmente, não me orgulho do que fiz, mas naquela hora eu queria atingi-lo, da mesma forma que ele estava me atingindo. Fui toda carinhosa com Tom, visando provoca-lo também. Sempre que eu notava que Sherlock estava olhando, eu enchia Tom de carícias. Eu esperei que ele não estranhasse, já que o vinha ignorando nas últimas semanas, mas aparentemente, ele não estranhou; apesar de se mostrar meio encabulado. Duas vezes vi que Sherlock olhava para nós, e nessas duas vezes, ele procurou Janine, o que me deixava mais frustrada e irritada. Estava com ciúmes, e não conseguia esconder isso nem de mim mesma.

Era hora do discurso, e eu respirei fundo e decidi me controlar. Olhei para Sherlock e vi que ele estava nervoso, e sua primeira atitude foi pegar as mensagens de casamento. Sorri cumplice para Martha, que retribuiu. Ele tinha adotado a ideia. Devo admitir que depois que pegou o jeito, Sherlock foi capaz de fazer o discurso mais emocionante que já presenciei. Naquele momento pude compreender a complexidade e a profundidade dos sentimentos dele, não só em relação a John. Naquele instante eu pude perceber a forma como ele amava.

Claro que Tom, em algum momento, tinha que me envergonhar. Mas porque ele tinha que se levantar? Porque ele simplesmente não passou a vez para outro?

– Tentativa de suicídio, uma faca de sangue e ossos compactados! Quebra depois de furar seu abdômen, como uma faca de carne!

O que ele estava dizendo? Isso não tinha sentido nenhum! Eu poderia dizer que ele não tinha a obrigação de saber sobre assassinatos e mistérios, mas isso não fazia sentido nenhum! Claro que, Sherlock, ao pé que estávamos, não deixou passar.

– Faca de carne! – repetiu com desprezo e incredulidade.

– Sente, agora! – ordenei a Tom, sem nem olhar para Sherlock. Pelo seu tom de voz, eu sabia com que olhar ele estava.

O discurso seguiu, e eu tentei não encarar mais ninguém. Alguns ainda riam da teoria de Tom, e eu não poderia culpa-los, se ele não fosse meu noivo, eu também estaria rindo.

Eu poderia dizer que as coisas seguiram normalmente, mas não. Nenhum casamento onde Sherlock Holmes vá, segue normalmente. Fiquei sabendo mais tarde que a mudança repentina da ordem de seu discurso fora por conta de um assassinato que estava prestes a ocorrer. Eu havia notado que ele estava estranho em um determinado momento, e soube que havia alguma coisa errada, mas não imaginei que um assassinato estava prestes a ser cometido no casamento de John. Não pude deixar de rir quando Mary me contou. Parece que eles atraíam esse tipo de coisa.

Tirando esse contratempo, o casamento de Mary e John tinha sido o mais lindo que já havia ido. O amor entre os dois era algo invejável, e a cumplicidade que havia entre eles também. Sorri feliz por John, e então, olhei para Sherlock e Tom. Eu não amava Tom, embora soubesse que ele me amava. Amava Sherlock, e por mais que ele tenha dito que me amava, Sherlock não estava disposto a ficar comigo. Ou talvez, nem me amasse mais. Vi ele atirar a flor de sua lapela para Janine, e me afastei. Pretendia falar com ele quando ele terminasse de tocar, e tentar selar um acordo de paz, mas decidi ir embora. Estava triste, confusa e me remoendo de ciúmes. Não dava para selar um acordo de paz nessas condições. Eu entrei em uma batalha, mas ele a ganhou com louvor. Naquela noite, eu tive certeza, fui a que saiu mais machucada.

Tom me chamou para dançar, e eu aceitei. Embora não estivesse animada o suficiente pra isso, tentei fingir que estava. Puxei Martha para vir dançar conosco, e ela veio. Pelo menos assim não teria que ficar tão próxima de Tom. Vi Sherlock indo embora do casamento, depois de ter sido sutilmente trocado por Janine, que estava dançando com outro rapaz. Pensei em falar com ele, ele parecia extremamente solitário. Mas ele quis assim, não foi? Era hora de voltar e me concentrar em Tom, que era meu noivo e tinha o direito de ter minha exclusiva atenção. Foi quando meus olhos voltaram para ele, que pude vê-lo me encarando. Não estava me encarando como costumava, me admirando. Era diferente, era como se estivesse tentando ler algo em mim. Pude vê-lo olhando para Sherlock, por detrás de mim, e depois para mim novamente. Ele percebeu, e eu não iria fingir que ele estava errado. Não nos falamos durante todo o caminho para casa, o que, seriamente acabou me incomodando. Entramos e antes mesmo que eu pudesse remover aquele arranjo horrível de cabeça, pude ouvir a voz dele me perguntando.

– Você o ama, não é?!

Respirei fundo e afirmei.

– E ele? Ama você também?

– Não sei! – respondi sinceramente.

Um silêncio se instaurou, e nenhum de nós dois tinha vontade de quebra-lo. Tom então tomou uma atitude que fez com que eu o admirasse pelo resto da vida, mesmo após o papelão do casamento. Ele pegou minhas mãos e retirou a aliança do meu dedo.

– Molly, – ele começou com um tom de voz carinhoso – se você o ama, vá atrás dele! Se ele não te quiser, é por que é um idiota! Você é uma garota maravilhosa e inteligente, e ele vai ser um idiota se te rejeitar!

Eu sorri com verdadeira afeição para ele. Agradeci e nos abraçamos. O último abraço que trocaríamos, pois em apenas duas horas, ele arrumou suas coisas e foi embora. Ali estava eu, mais uma vez sozinha. Mal sabia Tom que Sherlock Holmes já me rejeitara duas vezes. Será que isso fazia dele um idiota duplo?! Ri da minha própria piada e fui para cama. Naquela noite, por mais aliviada que estivesse com o término do meu noivado, me permiti derrubar algumas lágrimas por Tom e pelo nosso relacionamento infrutífero. Antes de Sherlock reaparecer, fomos um casal feliz, e Tom merecia as minhas lágrimas.

Um mês se passou sem que eu tivesse notícias de Sherlock, ou de John ou Mary. Minha vida estava normal, mas eu ainda evitava ir a encontros amorosos. Queria um tempo sozinha, talvez a vida inteira. Trabalhava e trabalhava, voltei a escrever no meu blog pra passar o tempo, e arrumei outra companhia para Toby, uma linda siamesa chamada Duquesa. Me ocupei, e estava, de novo feliz. Até receber aquela ligação de John.

– Sherlock fez o que?!

– Ainda não tenho certeza se ele fez, Molly! Pode comprovar isso pra mim?! – ele perguntou do outro lado da linha.

– Traga ele aqui! Agora! – ordenei desligando o telefone em seguida.

Quando John chegou com Sherlock e Mary, e mais um rapaz que eu não sabia quem era, eu mal falei com ele. Entreguei-lhe o pote, sem dirigir uma única palavra. Ele pegou o pote hesitante, mas voltou alguns minutos depois com o líquido que eu precisava dentro. Fiz todos os testes, e já sabia o resultado, antes mesmos que ele ficasse pronto. Olhei para Sherlock, e os olhos deles abaixaram em culpa e resignação. Ele sabia o que havia feito, e estava evitando me encarar. Quando o resultado ficou pronto, e eu comprovei minhas suspeitas, não me contive. Dei-lhe três tapas com toda a força que possuía. Um era por Mycroft, o outro por John,e o outro era por mim.

– Como se atreve a jogar fora os dons maravilhosos com os quais você nasceu? Como se atreve a trair a confiança dos seus amigos? Peça desculpas!

Sherlock sabia o motivo da minha reação exagerada. Ele era o único daquela sala, e de toda a Inglaterra, que sabia que meu irmão mais velho havia falecido de overdose. Ele sabia que Mycroft me contara da overdose que ele, Sherlock, quase sofreu, e ele sabia o que significava pra mim, perder outra pessoa que eu amava dessa forma.

– Sinto muito que seu noivado tenha terminado, se bem que é bom não ter um anel!

Como ele podia brincar dessa forma?

– Pare! Apenas pare! – ordenei, não me referindo somente as drogas.

Mais uma vez, ele fez menção de que se importava se eu estava solteira ou não, e isso já não tinha mais graça.

Quando Sherlock saiu da sala para atender a uma ligação, Mary veio falar comigo.

– Você está bem?! O esbofeteou muito forte!

– Não o tanto quanto merecia!- respondi enquanto arrumava os acessórios que utilizei para as análises.

– O que Sherlock disse era verdade, seu noivado acabou?

Assenti, e Mary colocou a mão sob meus ombros.

– Sinto muito, Molly!

– Está tudo bem, Mary! A faca de carne foi demais pra mim! – brinquei, e nós duas rimos.

Sherlock entrou novamente na sala, dessa vez com a sua arrogância habitual.

– Será que podemos ir? Alguns de nós tem coisas importantes pra fazer!

John e Mary se entreolharam.

– Eu deixo Billy na casa dele, você leva Sherlock? – falou Mary e John concordou.

– Ótimo! – falou Sherlock – John, vá descendo e chamando o táxi, eu estarei com você em um minuto!

John, Mary e Billy desceram, me deixando sozinha na sala com Sherlock. Eu continuava lavando os recipientes que havia utilizado, e tentei ignorar o fato de que Sherlock e eu estávamos sozinhos no laboratório.

– Sinto muito, Molly! – ele falou.

– Por qual das coisas? – perguntei, sem olhar pra ele.

– Os dois!

– Apenas não faça de novo! – respondi terminando de colocar os tubos pra secar e passando diretamente por ele. Ele me segurou pelo braço.

– Não importa o que você ouvir sobre mim agora, nada é verdade!

– Está falando sobre o seu vício que chegou aos jornais?

– Não! Você sabe que isso é verdade! A partir desse momento, nada mais do que você ouvir a meu respeito, seja da boca de John, Mary ou Mycroft, é verdade, até que eu mesmo confirme!

– Do que está falando, Sherlock?!

O celular dele tocou.

– É John! – me informou, desligando-o logo em seguida – Preciso ir!

Duas horas depois que ele foi embora, recebi uma mensagem de John. Não era diretamente para mim, ele enviou em um grupo de conversa no qual eu, Mary e Greg fazíamos parte.

“Sherlock está namorando! Com Janine!”

Logo em seguida, surgiu um comentário de Mary.

“Minha madrinha de casamento?”

Seguido por um de Greg.

“Sherlock namora?!”

Silenciei a conversa e coloquei meu celular de lado. Sherlock estava namorando Janine! A imagem dele correndo atrás dela durante o casamento de John retornou à minha mente, e eu fiquei triste. Ele não tinha decidido ficar sozinho? Não foi isso que ele me disse há dois anos atrás? “Não importa o que você ouvir sobre mim agora, nada é verdade!”, essa frase me voltou à cabeça. Será que era sobre isso que Sherlock estava se referindo?!

Mande-lhe uma mensagem de texto.

“Estava falando do seu namoro com Janine?! MH”.

Por favor, confirme. Essa era a única coisa que eu pensava naquela hora, e que pensei o dia inteiro. Não consegui me concentrar em nada, e evitava olhar a conversa em grupo, que cada vez ganhava mais mensagens. O dia acabou e Sherlock não me respondeu. Voltei pra casa, pronta para preparar um bolo de caneca e distrair minha cabeça com algum seriado, quando John me liga.

– Molly, você sabe onde está, Sherlock?! – sua voz estava desesperada.

– Não, por que? O que houve? – perguntei já preocupada.

– Ele levou um tiro! Fugiu do hospital e ninguém sabe onde ele está!

Desliguei meu celular na hora. Com as compras na mão, corri para casa, rezando para que ele a tivesse feito do refúgio, como fez inúmeras vezes. Abri a porta com dificuldade, minhas mãos estavam tremendo. Entrei, acendi as luzes e gritei pelo seu nome. Nada. Joguei as compras no chão e vasculhei a casa inteira. Nem sinal de que alguém esteve lá. Sai, tranquei a porta e corri cidade afora. Sherlock havia levado um tiro e havia fugido do hospital, isso não fazia sentido. Liguei para Greg.

– Molly! Já soube o que aconteceu?

– Já sim! Já tem notícias dele?

– Nada ainda! John e Mycroft foram procurar no centro, Mary foi até o subúrbio e eu estou tentando mobilizar alguns policiais!

– Se tiver alguma notícia, me avise, por favor, Greg!

– Pode deixar, Molly!

Desliguei. Tentei ligar pra Sherlock e não consegui nada além da caixa postal. Tentei mais uma vez e mais uma vez. O desespero estava crescendo dentro de mim e eu não aguentava mais.

– Sherlock, por favor, me atende! – disse chorando para a caixa postal – Por favor, por favor! Não me deixe viver num mundo sem você!

Desliguei em prantos. Acenei para um táxi, mesmo não sabendo para onde deveria ir. Acabei por falar o endereço da Baker Street. No caminho, olhava atentamente as ruas, procurando ver qualquer forma que se assemelha-se a de Sherlock, foi quando meu celular apitou. Sherlock respondera minha mensagem.

“Estou bem, Molly! Me espere no hospital! SH”.

Pedi para o táxi mudar o destino, logo que terminei de ler a mensagem. Graças a Deus, ele estava vivo. E eu iria mata-lo se algo acontecesse com ele, por conta da fuga.


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Notas finais do capítulo

a imagem final (e de capa) foram retiradas do tumblr da umeko...^__^



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