O Verdadeiro Romance Entre Nós escrita por A Veggie Dreammer


Capítulo 52
Capítulo 52 - Tio


Notas iniciais do capítulo

Hoiiiii! Esse capítulo será revelador, creio que bem grande também. Espero que gostem!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/529485/chapter/52

POV Katrina

Meu aniversário de onze anos fora semana passada. Desde o último ano, em que Ethan preferiu passar nossa data trancafiado em seu quarto e depois falando rudemente comigo, eu me fechei mais ainda. Eu não gosto de me esconder, mas às vezes creio que seja o mais necessário. Quase nunca me pronunciava, se eles precisarem de minhas opiniões, estarei aqui, mas por enquanto, eu fico quieta. Depois de alguns meses, voltei a falar normalmente com Ethan. Eu poderia ser muitas coisas, e entre elas, rancorosa estava destacada de purpurina azul. Era muito fácil as pessoas me machucarem e mais fácil ainda eu sentir rancor por uma eternidade. Era preferível eu me manter calada e não me machucar a acontecer isso com frequência.

O desconforto de meus pais era evidente. Meu pai ficava o tempo todo passando a mão no cabelo para se acalmar, um hábito que eu nunca entenderei. Minha mãe ficava andando em círculos e tentando acalmar meu pai, inutilmente. Eu e meu irmão estávamos preocupados, eles nunca ficaram assim antes. Até que meu pai olhou ao horizonte pela janela de seu escritório por alguns segundos e depois se voltou a nós.

– Perdão. Estamos enlouquecendo vocês? – ele perguntou a ambos, ao qual respondemos afirmativamente com a cabeça.

– Desculpe crianças, mas a situação está incontrolável! – disse minha mãe, parando de andar também.

– O que houve? – Ethan perguntou. Papai pareceu hesitar, mas logo depois nos contou.

– Vocês sabem que desde a abolição das castas alguns focos de rebeldes começaram a ser criados, certo? – perguntou ele, ao qual afirmamos com nossas cabeças. – Pois bem, os focos se juntaram e agora já é algo preocupante. Eles destruíram uma pequena aldeia próxima à Carolina. Eu não sei como impedi-los! Mandar as tropas seria besteira, além de que não sabemos sua quantidade. – disse ele, me assustando. Esperei que Ethan dissesse algo mas ele parecia pensar. Até que uma ideia me veio a cabeça.

– Papai, antes do casamento de vocês, não haviam os anúncios semanais que o rei dava ao país? – disse, surpreendendo meu pai.

– Sim. Continue, por favor.

– Então, você poderia voltar com esses anúncios e poderia também pedir uma espécie de reunião com o líder dos sulistas! – falei animadamente.

– Poderia dar certo, mas não creio que ele vá se pronunciar. – disse papai, pensativo.

– Não custa tentar. – comentou minha mãe.

– Tudo bem, tentaremos. Só há um problema.

– Qual? – perguntamos, eu e Ethan.

– O antigo apresentador já está velho demais. Necessitaria de um novo, e eu não sei aonde encontrar. – disse meu pai, tristemente.

– Que tal algum funcionário? Você poderia fazer uma pesquisa, descobrir o mais carismático e transformá-lo no novo apresentador. – disse minha mãe.

– Boa ideia. Farei isso imediatamente. – disse meu pai, saindo apressado do escritório.

– Bom, vou retirar-me, estou com sono. – declarei, afinal já era bem tarde.

Quando estava na porta de meu quarto, fui impedida de entrar por braços que me agarraram fortemente pela cintura. Tentei me virar mas uma mão levou um pano de uma cor amarelado até minha boca. E apaguei.

Quando acordei, não reconheci o local onde estava. Parecia uma espécie de cabana de madeira. Eu estava deitada em uma cama baixa, com um colchão de couro e um travesseiro de espuma, ao lado da cama se encontrava uma pequena mesa, com uma bandeja de alimentos em cima. Observei mais o local mas não encontrei nenhuma forma para sair dali, apenas uma porta também de madeira, que eu já constatara estar trancada. Ao me aproximar mais da mesa finalmente pude notar o que eram os alimentos. Algumas fatias de pão, um copo de leite e uma maçã. Eu não me atrevia a comer, poderia estar envenenado ao estragado. Decidi voltar a cama e pensar um pouco sobre a situação. Tudo bem. Eu estava presa em um quarto com uma comida que não deveria comer, em uma localidade desconhecida e sozinha. No momento, a situação não era das melhores, mas eu sempre tentava ver o lado bom das coisas. Após refletir mais um pouco, notei que não havia ponto positivo.

Devo ter cochilado na cama pois quando voltei a acordar, uma menina ruiva estava recolhendo a bandeja de alimentos. Quando ela virou-se para ir em direção a porta, notou que eu já acordara.

– Veja quem acordou. – disse ela em um tom debochado.

– Onde estou? Quem é você? – perguntei meio sonolenta.

– Creio que esses sejam o menor de seus problemas. Chamarei o líder para recebê-la adequadamente, princesa. – disse ela, enfatizando o “princesa”, pegando a bandeja novamente saindo do quarto, trancando-o logo em seguida.

Ela parecia ter a minha idade, talvez mais nova. Ao lembrar-me de suas palavras, senti um calafrio por todo o corpo. O líder. O homem que estava causando grandes problemas ao povo e a minha família. Mesmo sem conhecê-lo, eu já o odiava. Alguns minutos depois, ouvi o som da porta sendo destrancada e me endireitei na cama. Por trás dela, um homem ruivo, provavelmente com uns trinta anos, saiu. Ele me olhou cautelosamente e depois me lançou um sorriso maléfico.

– É uma honra estar em sua presença, princesa. – disse ele, com uma voz grossa.

– Onde estou? Quem é você? – perguntei mais desesperada do que queria.

– Venha. Venha ver nosso local – disse ele me oferecendo uma mão. Não peguei sua mão, mas me levantei e me dirigi até a porta. Ele passou em minha frente e abriu a porta para mim.

Sai cautelosamente do local. Parecia com uma pequena vila de campo, com crianças correndo, mulheres colhendo frutos e homens falando alto. De repente, tudo cessou. O homem, que agora estava a minha frente, levantou a mão pedindo silêncio. A cabana onde eu estava se localizava bem no meio da vila. Quando todos finalmente se calaram, ele começou a falar.

– Caros habitantes, é com grande honra que lhe apresento, a princesa Katrina de Illéa. – disse ele, praticamente gritando. Após ele me apresentar, uma grande onda de vaias começou. Eu me senti assustada. – Ela, a filha do homem que acabou com nossas vidas! Ela, que será castigada pelos erros de sua família! – disse o homem novamente. Berros de todos os lados concordavam com suas palavras. Congelei instantaneamente. O que eles fariam comigo?

O homem me pegou pelo pescoço com uma de suas mãos e me conduziu até outra parte da vila, uma clareira escondida na floresta. Eu não sabia onde estava, mal sabia o que estava fazendo ali, e não tinha a quem eu indagar. Quando notei uma forca a alguns metros de nós, senti o pânico subindo a minha cabeça. Comecei a soluçar. Eu seria morta! Não. Não tão jovem e de uma maneira tão brutal! Nas poucas vezes que me permiti pensar na morte, eu sempre me imaginava deitada em uma cama, bem idosa. Isto aqui não fazia parte nem dos meus piores pesadelos. Quando pisei na base de madeira da forca, alguém se pronunciou.

– Espere! – gritou alguém, que eu supus ser jovem.

De trás da multidão, que eu nem percebera que me acompanhara, surgiu um menino. Seus cabelos eram negros, ele também deveria ter minha idade, seus olhos azuis eram parecidos com os meus e parecidos com os olhos do homem ruivo que me segurava. Espere. Por que meus olhos eram semelhantes aos do homem e do menino?

– Pai, deixe-a viver por um tempo. Você pode requisitar um resgate ao algo parecido, e lucrar com isso. – disse o menino, que agora estava ofegante, ao homem ruivo.

– Certo, você tem razão. – disse o homem, me soltando e me jogando para frente bruscamente. – Leve-a até o seu quarto. Imediatamente.

O menino tocou em minha mão, que me fez sentir um choque quando ele o fez. Ele me conduziu pelo mesmo caminho que antes me levou próximo a morte. Me impressionava que o homem tenha seguido a sugestão do filho tão rapidamente, mas decidi não comentar. Ele me levou até a cabana de madeira onde eu estava mais cedo e me empurrou para dentro. Trancou a porta novamente me deixou sozinha. Eu não aguentava mais segurar minhas lágrimas. Desabei a chorar, e não parei até dormir.

Acordei com o som de algo se chocando. A mesma garota ruiva de ontem estava colocando uma nova bandeja com comida. Me levantei calmamente, porém ela notou uma agitação e virou-se em minha direção.

– Você está bem? – ela me perguntou.

– Creio que sim. Apenas com fome. – respondi.

– Bem, eu trouxe um pouco de comida.

– Por que estou aqui? Quem é você? – perguntei em um tom insistente. Ela pareceu hesitar, mas se aproximou e sentou na beirada da cama.

– Meu nome é Mackenzie. Eu sou filha daquele homem que lhe levou a forca. Você está na base rebelde.

– Base rebelde? – perguntei desentendida.

– Sim. Provavelmente o rei já lhe falara sobre os rebeldes. Bem, você está na base deles. Ou melhor, nossa base. – disse ela.

– E quem era aquele menino que me ajudou? O moreno.

– Ele é meu irmão, Madison. Ah, eu tenho dez anos e ele doze. – completou ela timidamente.

– Obrigado por me esclarecer alguma coisa. – disse tristemente.

– Tudo bem. Agora tenho que ir antes que eles notem que eu estou demorando muito. – disse ela, se levantando e logo em seguida passando pela porta.

Decidi comer a comida. A mesma refeição de antes. Até que não estava tão ruim, somente o leite que estava muito frio. Depois que comi decidi olhar o quarto novamente. Ele possuía apenas quatro móveis, uma cama, uma mesa de cabeceira, uma mesa de jantar pequena e uma cadeira. Nada mais. Decidi voltar a cama e tentar adormecer novamente, eu já não aguentava mais pensar sobre a situação.

A noite, Mackenzie voltou, retirou a bandeja e me trouxe outra. Dois dias se passaram assim, minha rotina era basicamente acordar, encontrar a bandeja matinal de Mackenzie, comer, voltar a dormir ou pensar um pouco e só acordar mais a noite, encontrar a bandeja noturna de Mackenzie, comer novamente e dormir novamente. Ninguém me visitava além dela. Até que no terceiro ou quarto dia, eu não suportava contar, o homem ruivo veio ao meu encontro.

– Sua família marcou uma reunião conosco. Vamos negociar sua liberdade. – disse ele, friamente.

– Onde será a reunião?

– No palácio. – disse ele.

– Voltarei para casa? – perguntei esperançosa.

– Apenas se seus pais forem bons negociadores.

Assenti e o segui cabana a afora. Ele disse que eu não poderia descobrir onde era sua base e me dopou novamente, contra minha vontade. Dormir já perdera toda a graça para mim.

Assim que acordei, estava deitada em dois acentos de um avião. Me levantei rapidamente e olhei ao redor. Eu estava em um canto em uma espécie de jato e no outro canto o homem ruivo, Mackenzie, Madison e uma mulher que eu ainda não tinha visto estavam. Voltei-me para Mackenzie e ela me lançou um sorriso fraco.

– Não se preocupe, princesa. Já está perto de casa. – disse o homem ruivo.

Assenti e fiquei observando as nuvens pela pequena janela a alguns metros de mim. Me entusiasmei quando notei a figura do palácio ao que parecia poucos metros de distância. O avião foi pousado alguns quilômetros do palácio, o que significa que teria que andar.

Eu não estava acostumada a exercícios, apenas a minha boa e velha esgrima. Depois de um tempo, eu já estava ofegante e extremamente suada. Forcei-me ao máximo, desejava muito chegar logo ao palácio. Eu ficava na frente do grupo, dois guardas me acompanhavam, e eu não sabia de onde eles tinham surgido, enquanto o homem ruivo observava atentamente cada passo dado por mim.

Depois de quase uma eternidade, finalmente alcançamos os muros de pedra do palácio. Estranhei o fato de o portão principal estar aberto, mas creio que seja por causa de nossas “visitas”. Adentrei cautelosamente o local, e de repente, o grupo atrás de mim parou.

– Você vá lá e fale com sua família. Entraremos em breve. – disse o homem ruivo.

Corri até a entrada do palácio com os dois guardas em meu calcanhar. Minha mãe, meu pai e Ethan estavam lá, me aguardando. Minha mãe parecia ter chorado rios de lágrimas, meu pai tinha uma expressão de preocupado na face, e meu irmão parecia desesperado. Corri até minha mãe e a abracei. Ela chorou ao tocar em meus cabelos, ao sentir o meu perfume.

– Sentimos sua falta. – disse ela, com a voz embargada.

– Eu nem sei o que aconteceu. – eu disse com a voz chorosa. – Nem sei o por que de terem me levado. – eu disse, e me minha me soltou. Em seguida, meu pai me abraçou.

– Desculpe, filha. Uma grande falha minha. – disse ele, com a culpa na voz.

– Não foi, papai. – eu disse. Logo depois ele me soltou e Ethan me abraçou.

– Maninha. – ele disse, afagando meus cabelos.

– Ah, mano. – eu disse, suspirando.

– Onde estão... – começou meu pai, mas logo foi cortado.

– Ora, ora! Se não é o meu casal real favorito! – disse o homem ruivo, entrando no hall onde estávamos.

A cor se esvaziou totalmente do rosto de minha mãe. Ela parecia gaguejar alguma coisa. Meu pai ficou extremamente surpreso, gaguejando também. Em um reflexo, minha mãe desembainhou a espada do cinto de meu pai e foi ao ataque do homem. Meu pai correu até ela e a impediu. Lágrimas de raiva desciam os olhos de minha mãe. Eu fui até ela e tentei acalmá-la.

– Mamãe, está tudo bem? – eu lhe perguntei inocentemente, porém ela me ignorou.

– Saia já de minha casa! – berrou ela, apontando para o homem ruivo.

– Primeiro, negociamos a liberdade de sua filha. Se não...- disse ele, e estalou os dedos. Automaticamente os dois guardas me ergueram do chão e me levaram próximo a ele.

– O que você quer? – perguntou meu pai enraivecido.

– Primeiramente, por que não diz quem eu sou, America. – disse o homem ruivo, que me impressionou ao chamar minha mãe pelo nome. Ela estava vermelha de raiva, mas mesmo assim falo.

– Crianças, esse é Kota Singer, o tio de vocês.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Tumtumtum! Não vou dizer nada porque sei que vou acabar dando spoilers! Até semana que vem! Bjs