POV Maxon

Eu me sentia muito feliz. Meu terceiro filho completou cinco anos ontem. Eu era extremamente dócil com ele, e fazia o possível para deixá-lo feliz. Malcolm cresceu como os irmãos, rodeado de amor e muita sabedoria. Ele já era capaz de falar grandes frases, assim como Ethan e Katrina na mesma época. Após o incidente no jardim com os gêmeos e Harry eles se separaram um pouco. Era perceptível a reclusão de Katrina, tanto com o irmão quanto na própria família. Isso era um de meus medos, que os meus filhos não tivessem voz ativa, que não soubesse o que querem e como batalhar por aquele desejo. Em breve eles já teriam dez anos, e felizmente seus destinos seriam diferentes do meu. Graças a abolição das castas, eles não seriam obrigados a ter uma Seleção. Apenas se houvesse a ameaça de uma guerra. Essa ideia já passou pela minha cabeça. Caso os rebeldes se tornassem incrivelmente fortes, a ideia de uma Seleção não me parecia tão ruim, apenas mais um sacrifício da família real ao seu país.

America decidiu convidar Nicoletta e sua família um pouco mais cedo que de costume, e ela aceitou imediatamente, claro. Eles chegariam amanhã e iriam partir em duas semanas. Eu e America voltamos a nos entender, até voltamos a “brincar” a noite. Eu adorava saber que minha família estava bem, Ethan e Katrina teriam que se entender, não queria mais desavenças dentro de minha casa. Como havíamos sugerido, Ethan começou a frequentar as aulas de esgrima, vezes dada por um instrutor e outras por mim. Ele já estava se tornara um excelente espadachim, e com mais alguns anos de prática, talvez ele superasse o seu velho aqui.

Eu estava no meu escritório, agora não tão mais meu já que Ethan e Malcolm passavam suas horas aqui também, até que America chegou com uma expressão exasperada no rosto e Katrina logo atrás sorridente.

– O que foi querida? – perguntei temeroso.

– Ela se casou. – disse ela, como um sussurro.

– Desculpe, quem? – perguntei desentendido. Ela bufou e me respondeu.

– May, minha irmãzinha. – disse ela.

– Bem, agora não tão irmãzinha, certo? – eu lhe disse, com um sorriso safado no rosto, fazendo Katrina e Ethan rirem.

– Maxon! – America me repreendeu.

– O que? Acha que sua mãe ainda pensa em você como “sua menininha” depois que você se casou?

– Bem....não.

– Ra! Ganhei. – eu disse, fazendo todos da sala rirem.

Elas entraram e ficaram lendo livros em uma poltrona enquanto trabalhávamos. Passamos a tarde assim, em completa harmonia e depois jantamos e fomos dormir.

No dia seguinte, como já estava planejado, Nicoletta chegou com Alissio, Adelaide e Pietro. Agora já era perceptível que Pietro havia puxado o pai, sendo portador de lindos cabelos amorenados. Adelaide e Katrina deram um gritinho no mesmo momento e correram para se abraçar, fazendo todos rirmos. America se aproximou de Nicoletta e a abraçou de mau jeito, pois ambas estavam segurando seus filhos mais novos pelas mãos. America apresentou Malcolm a Pietro e Nicoletta fez vice-versa. Quando Adelaide se aproximou de Ethan, ele corou violentamente. Ela sorriu, o abraçou e depois o beijou rapidamente na bochecha. Ele começou a gaguejar e saiu correndo em direção ao palácio. Rimos todos da situação, principalmente Nicoletta e America. Katrina sorriu e voltou a abraçar Adelaide. Fomos todos em direção ao palácio, porém Nicoletta fez uma careta, contorceu-se um pouco e saiu correndo pelos corredores, com Alissio correndo logo atrás. Adelaide se assustou, mas America a segurou pela cintura juntamente com Pietro e assegurou-lhes que tudo estava bem. Nós nos preocupamos um pouco e fomos à mesma direção que Nicoletta e Alissio mais cedo. Estranhei ao notar que ambos estavam no banheiro, e ela provavelmente estava vomitando. America olhou para mim e arriscou me lançar um sorriso.

Quando eles saíram correram até seus filhos e os abraçaram. Nicoletta ergueu o olhar a America e ela colocou uma mão em sua barriga. Além de teimosa, America também era escandalosa, então ela deu um gritinho e foi abraçar Nicoletta instantaneamente. Alissio, Pietro e Adelaide estranharam e começaram a questionar a mãe sobre o que estava acontecendo. Nicoletta começou a morder seu lábio inferior de ansiedade.

– Por favor, parem de me azucrinar. Se vocês pararem de falar eu explico. – disse ela, fazendo todos se calarem. – Eu- estou- grávida. – disse ela pausadamente.

Alissio foi rapidamente até ela e a encheu de beijos e abraços. Em seguida foi a vez de seus filhos, que a abraçaram bem apertado. Katrina, Ethan e Malcolm a parabenizaram e depois a abraçaram também. Por fim, eu e America parabenizamos Nicoletta e Alissio. Agora Nicoletta estava a nosso páreo. Três filhos não são para qualquer um! Além das alegrias, claro que vinham as responsabilidades, e o pior ainda era organizar e dividir o seu tempo com os três. Naquela noite, jantamos em grande alegria pela notícia da gravidez de Nicoletta, e em momento algum o som de conversas cessou.

No penúltimo dia da visita da família real da Itália, o clima já era de despedida. Katrina, Ethan, Adelaide, Pietro e Malcolm aproveitavam os últimos momentos de brincadeiras juntos, pois sabiam que logo eles teriam que dizer adeus. Harry aproveitou e juntou-se a brincadeira. Enquanto eu e Alissio cuidamos das crianças, America e Nicoletta estavam no quarto conversando. Após algum tempo, eu pedi para me retirar um pouco para Alissio e fui em direção ao quarto de Nicoletta. Quando entrei, ela, America, Carter e Marlee conversavam animadamente.

– Ah, então vocês vêm aqui para ficarem conversando e deixam os anjos de seus filhos comigo e com Alissio? – eu disse, tentando parecer bravo, mas claro que arranquei muitas risadas de todos.

– Acalme-se, já estávamos indo para ficar com vocês. – disse America.

– Então vamos? – perguntou Nicoletta animadamente, e todos concordaram. – Mas antes, Meri, poderia pegar o meu frasco de perfume ali em cima da mesinha de cabeceira?

– Claro Nic! – respondeu America.

Porém, quando Nicoletta tocou no frasco e borrifou um pouco do produto perto das duas, America fez uma careta e saiu correndo pelos corredores. Eu fui atrás, claro, e a encontrei no banheiro, vomitando. Eu fui mais ao seu lado e tentei acalmá-la. Quando ela terminou, lavou sua boca e saiu.

– Não acha estranho eu...- ela disse, mas interrompeu a si mesma. – Que dia é hoje? – ela perguntou.

– Dia vinte e um de janeiro, por que? – perguntei-lhe curioso.

– Eu deveria estar naqueles dias. Será que...

– Você estava em período fértil na última vez? – ela pareceu pensar por um tempo e depois se assustou.

– Estava. E eu estou me sentindo diferente, como...medo, apreensão, felicidade, tudo ao mesmo tempo!

– Hormônios?

– Talvez. – ela disse e depois olhou fixamente para mim. – Quatro filhos? – ela me perguntou, incerta.

– Por que não? Eu sempre quis uma família grande! – eu disse sorrindo.

– Mas os três pestinhas que temos já não são o suficiente?

– E o que vai fazer? Abortar? – a perguntei, tenso.

– Nunca. – ela disse e após longos segundos de silêncio voltou a falar. – É mesmo, por que não? Minha mãe teve cinco filhos e não morreu com isso. – ela disse sorrindo.

– Está sugerindo que tenhamos cinco filhos? – eu lhe perguntei, com um sorriso safado.

– Maxon! – disse ela, me dando um tapa no braço de brincadeira. – Agora, vamos avisar a todos. Quer saber? Agora estou animada! Será mais um menino ou menina? – disse ela, dando pulinhos, me fazendo rir.

– Que tal surpresa?

– Fechado! – disse ela, me conduzindo até o jardim, aonde as crianças e provavelmente os adultos estavam.

Quando chegamos, Marlee e Nicoletta se levantaram assustadas.

– O que aconteceu? – perguntou Nicoletta.

– Você está bem? – perguntou Marlee.

– Não. – disse America, assustando mais ainda as meninas. – Nós estamos bem!

Depois de dizer isso, foi um verdadeiro alvoroço. Beijos, abraços, gritinhos femininos. Katrina e Ethan pulavam de alegria, eles amavam ter com quem brincar. Malcolm não entendeu o significado da frase de Meri.

– Seu bobo, a mamãe vai nos dar um irmãozinho! – disse Katrina.

Ele sorriu e abraçou America.

Pai. Pela quarta vez. Passamos vocês de novo caros amigos. Ainda teríamos muitas aventuras pela frente.

Adelaide e Pietro