A Beira Da Loucura escrita por Guilherme


Capítulo 9
Segunda chance




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/529446/chapter/9

Andei até a secretaria vagarosamente, meu coração estava palpitando tão forte que fiquei com medo do inspetor poder ouvi-lo, minhas pernas estavam tremulas e minhas mãos soando frio, com certeza eu iria enfartar antes de chegar até a sala da diretora Amélia – mais conhecida como Srta. Danged –, ela não era um ser muito doce e nem tão amargo, eu diria que ela é uma junção bem calculada dos dois, apesar de não ter conversado muito com ela percebi que a mesma não era má pessoa e confiando cegamente na minha teoria de ela ser uma pessoa até que amigável e compreensiva eu adentrei a secretaria. Ao entrar no local escutei um grito e reconheci como a voz da Srta. Danged o que me fez arregalar os olhos, era agora que eu ia me ferrar lindamente.

– Srta. Dawnson creio que você pode entrar na sala ao invés de ficar ai parada com cara de espanto. – Falou o inspetor mal encarado e eu apenas revirei os olhos dando um passo sem confiança alguma em direção a porta.

Bati gentilmente três vezes e entrei encontrando a diretora com a mão na cabeça falando ao telefone com um tal de Josh – foi o nome que ouvi ela pronunciar –, seu olhar pousou sobre mim e ela se despediu da pessoa do outro lado da linha.

– Desculpe-me por isso era meu filho no telefone, ele havia perdido o boneco dele e estava irritado dando trabalho para a babá, coisas de crianças. – Disse ela dando um sorriso de lado. – Mas a senhorita não está aqui para saber sobre minha vida pessoal, certo? Então vamos ao que interessa, sente-se – Senti meu corpo todo estremecer e praticamente desabei em cima da pobre cadeira. – Por que a senhorita trouxe aquele modem consigo sendo que eu fui bem clara sobre as restrições da clínica? E o que você estava fazendo naquele local?

– Bom, é, eu... Eu acho que lhe devo muitas desculpas, na verdade eu nem sei por onde começar.

– Pule a parte do blá blá blá e vamos para as explicações.

– Eu tive a necessidade de dar notícias para algumas pessoas, avisar que eu estou bem e essas coisas, mas, como aqui não é permitido tive que fazer isso escondido e eu não me orgulho disso, porém, era minha única saída. Eu estava voltando do local em que eu usava o modem e acabei escutando uma conversa de dois inspetores e fiquei curiosa sobre o que estava acontecendo no segundo andar e por isso o inspetor mal enc- quer dizer, ahn, me encontrou lá.

– A senhorita sabia muito bem das restrições desse lugar e isso incluía ficar sem falar com o mundo exterior e mesmo assim aceitou a vir para cá, enquanto ao modem eu ficarei com ele e quando você for embora eu lhe devolvo. – Fiz uma careta em desagrado. – Srta. Dawnson você deveria me agradecer por te deixar permanecer aqui mesmo depois de ter quebrado uma regra importante, então nada de caretas para mim. – Assenti. – E amanhã as cinco e meia da tarde quero você na minha sala para ouvir as restrições do local novamente, porque pelo visto você não entendeu muito bem. – Pensei em avisar para ela que as cinco e meia eu tenho que ir até o quarto do Adair, mas, lembrei que ele ainda deve estar bravo comigo.

– Posso me retirar agora?

– Claro, Jeniffer não haverá terceira chance na próxima vez é a porta da rua.

Voltei para o meu quarto e fiquei pensando em uma maneira de avisar para minha mãe e para Emma que eu não daria mais notícias e nada me vinha cabeça, elas iriam surtar e ficar preocupadas e eu simplesmente não posso fazer nada, maldito seja aquele inspetor de merda!

Depois de mais de uma hora bolando planos eu desisti, deitei minha cabeça no travesseiro e senti vontade chorar de frustração, juro que se visse aquele inspetor maldito na minha frente eu o mataria sem dó nem piedade, ótimo agora estou virando uma assassina. Meu quarto se encheu pelo som de batidas na porta e eu me levantei emburrada esperando ver aquele inspetor maldito de novo.

– Por que a Srta. Danged chamou você na sala dela? Você vai embora?

– Oi para você também Adair e como você sabe disso?

– A clínica inteira sabe. – Ah, eu esqueci da existência dos inspetores fofoqueiros...

– Não, eu não vou embora, ela só descobriu que eu usava um modem e quis ter uma conversa... Eu pensei que você não fosse mais falar comigo.

– Talvez isso seja uma segunda chance, mas, escute bem não haverá terceira.

– Por que todo mundo resolveu dizer isso para mim hoje?! – Sorri. – Adair desculpa de verdade.

– Está tudo bem. – Ele sorriu de lado.

– Seu sorriso é tão bonito. – Deixei que meu pensamento escapasse pelos meus lábios e senti meu rosto queimar logo depois que eu percebi o que havia feito. – Me desculpa!

– Acho que você já se desculpou demais por hoje. – Assenti e meus olhos repousaram sobre os lábios dele, eles eram tão bonitos, acho que tudo nele era bonito, eu queria tanto poder beija-los agora, o que está acontecendo comigo? – Jeniffer você está ai?

– Ahn, sim. – Ele entortou um pouco os lábios. – A-adair eu posso, ahn, te pedir uma co-coisa? – O que você está fazendo Jeniffer?!

– Pode.

– Deixa, ahn, e-eu posso tocar. – Falei apontando para seus lábios. O QUE VOCÊ FEZ?!

– Hum, acho que sim. – Eu estiquei minha mão que agora estava tremula até os lábios dele e os toquei levemente fazendo um contorno levemente, Adair parecia estar calmo e eu me perguntava por que ele havia aceitado meu pedido. Ele beijou meu dedo que estava tocando seus lábios e segurou meu pulso afastando minha mão dali, estávamos tão perto um do outro que eu podia sentir sua respiração acariciar meu rosto, ele não se moveu de onde estava apenas ficou ali centímetros de distância de mim e por um impulso eu encostei nossos lábios, não foi um beijo, nossos lábios estavam apenas sentindo um ao outro e eu não precisava que passasse disso porquê só aquele toque estava realmente bom. Ele se afastou e eu o encarei com medo dele ter a mesma reação da última vez, mas, ele apenas deu um pequeno sorriso e se afastou. – Eu tenho que voltar para o meu quarto, amanhã você vai lá?

– Eu não posso a Srta. Danged me quer as cinco e meia na sala para mim ouvir novamente as restrições da clínica.

– Então mais tarde eu passo aqui. – Eu assenti um pouco surpresa. – Boa sorte lá, aquelas restrições parecem não ter fim. – Eu ri rapidamente e assenti.

– Eu já encarei essas restrições uma vez acho que eu vou suportar mais uma.

– Eu preciso ir, tchau.

– Tchau.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!