O Teste da Deusa escrita por Risurn


Capítulo 22
Capítulo Vinte e Um – Abrigo um inimigo


Notas iniciais do capítulo

Oi gente!
Bom, eu só queria dizer que os reviews cairam um pouco no cap passado, e eu queria saber se é porque não estão gostando, ou sei lá.
Bom, amanhã vou responder os que eu recebi (muito amor por eles) e atualizar as minhas leituras, não tá facil *risos*
E, minha gente, caso alguém ai queira ler uma fic no universo mitológico com foco Thalico, eu conheço Eu, Meu Noivo & Seu Crush, ela tem um foco mais comédia, vou deixar o link no inicio do cap caso se interessem, espero que gostem!
[ATUALIZADO 01/02/2017]



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Link para Eu, Meu Noivo & Seu Crush aqui.

***

Encarei a caixa de pizza sem tirar nenhuma fatia.

— E agora, eu não faço a menor ideia de onde eles estão.

Nico e Annabeth simplesmente sumiram. Evaporaram no ar. Ninguém sabe como, nem para onde ou porque.

— E eles não te avisaram qual era o destino da missão deles? Digo, para onde eles iriam?

— Eles não me disseram, a gente ia combinar os detalhes hoje e...

Praguejei na minha cabeça. Nêmesis havia me pedido há alguns dias para sempre me informar da localização de Annabeth, para que pudesse vigiá-la de perto.

— Você tem certeza que ninguém sabe mesmo?

Pude imaginar Percy assentindo do outro lado da linha enquanto respirava fundo.

— Tenho. O chalé de Hades está completamente destruído. Jason chegou mais cedo com a Piper e avisou que Reyna os acompanhou até aqui para uma reunião no Olimpo. Os deuses gregos não costumam fazer convenção com os romanos, acho que a missão deles é maior do que me contaram.

Engoli em seco.

— Destruído? Vocês já checaram o lugar? Eu não sei, eles podem... podem estar no chalé de Atena.

— Eu bem que gostaria, foi o primeiro lugar em que olhamos. Enviamos grupos de busca para todos os lugares. Estou começando a imaginar o pior.

Se eu não estivesse no sofá, talvez tivesse caído. Senti todo o sangue do meu rosto sumir.

— Você acha que eles... eles...

— Eu não sei. Mas é uma possibilidade. Agora estou preso aqui, o acampamento precisa de mim. Acha que pode continuar organizando o casamento sem mim?

Respirei fundo e percebi que precisava responder depois que ele ficou em silêncio. Por que a deusa se daria o trabalho de querer que eu conseguisse a localização de Annabeth se ela ia fazer isso?

— Sim, sim, claro. Eu só... não esperava isso agora. Seu acampamento precisa de você. Eu vou me virar. A gente se vê logo?

— O mais rápido possível, querida. A gente podia...

Eu tinha plena consciência que não estava mais prestando atenção a nada que Percy dizia, e só queria desligar o telefone.

— Sim, claro. Beijo.

Levantei e fui até o banheiro, lavando meu rosto com a água gelada da pia.

Encarei meu reflexo no espelho.

— Calma Rach. Calma. Eles não estão mortos. Isso não fazia parte do seu acordo. Eles estão bem, eles estão bem, eles estão...

Respirei fundo enquanto via meus olhos se encherem d’água na versão que me encarava do espelho.

Não pude controlar os espasmos involuntários do meu corpo enquanto me arrastava em direção ao chão.

Meus ombros tremiam, bem como as minhas mãos e as lágrimas corriam sem qualquer gentileza pelo meu rosto.

— O que foi que eu fiz? Eu matei alguém? O que foi que eu fiz?

Minha consciência gritava comigo.

Eu nunca quis isso.

— Eu não quis... Eu não queria...

Não conseguia mais falar, os soluços irromperam do meu peito sem nenhuma permissão.

Quando aceitei aquele acordo não era para ser assim. Percy deveria ficar comigo. Mas Annabeth não precisava... Morrer. Eu nunca quis a morte dela, por mais ressentida que estivesse.

— Nêmesis! – Consegui juntas forças para gritar – Onde você está agora? Onde você está?

Os minutos seguintes se arrastaram pelo que pareceu ser uma eternidade sem nenhuma resposta. Se Nêmesis está me observando, ela não quer falar comigo agora.

Ouvi o som da campainha, mas não quis sair do lugar. Quero ficar aqui para sempre, no chão.

Logo, a campainha voltou a soar repetidas vezes e fui obrigada a ir ver quem era. Coloquei meu roupão branco e dei um nó na frente com seu próprio cinto.

— Tudo bem Rachel, respira fundo. – Sequei o restante das lágrimas do meu rosto enquanto caminhava e abri a porta.

Mas nada poderia ter me preparado para aquilo.

— Eu sei que nós talvez não nos damos bem, mas, sabe, eu realmente não me lembro de nada. Então, sabe, você poderia fazer o enorme favor de nos deixar passar a noite aqui?

Encarei Nico ao lado dela e não conseguir esboçar reação nenhuma.

— Não olhe para mim. Foi ideia dela.

— Então... Podemos entrar? – A loira tentou de novo, dessa vez mais devagar, forçando um sorriso.

Pisquei, saindo do meu torpor.

— Oh meu Deus! – Me joguei em cima de Annabeth e Nico, abraçando-os – Vocês estão vivos! Inteiros! Eu não... – Me afastei, indo em direção ao meu celular, eu preciso ligar para Percy. Eu preciso...

Parei de me mexer, e encarei os dois, atônitos na porta, me esperando. Respirei fundo.

— Que grosseria a minha, entrem, claro.

Passei a mão pelo meu rosto enquanto ia fechar a porta e os via entrar timidamente no meu apartamento.

Encare-os enquanto tiravam a mochila e deixaram ao seu lado, sentando-se no meu sofá.

— O apartamento não é muito grande, mas acho que vai dar. Eu tenho um quarto de hóspedes, mas lá só tem uma cama, então vocês podem dividir, se quiserem, ou alguém pode ficar na sala... Ah, tem pizza, estão com fome? Podem pegar um pedaço. Eu já volto.

Corri até o pequeno banheiro e me olhei no espelho.

Meu robe branco estava decentemente fechado, juntei meu cabelo no alto da cabeça e tentei prender da melhor forma possível.

— São só eles. Mantenha a calma Rach. Não estrague tudo. Mantenha a calma.

Voltei sorridente para a sala e os encontrei no mesmo lugar, Annabeth se levantou.

— Olha, desculpe invadir assim. Mas não queremos dar trabalho. Talvez um banho e dormir. Só isso mesmo. Partiremos pela manhã, talvez antes que você acorde. O lugar onde nós estávamos... Bom, não tinha água encanada.

— Oh. Um banho? Claro. O banheiro é a primeira porta à esquerda, indo por ali. – Apontei. Nico levantou e me lançou um aceno de cabeça.

— Não vou demorar.

Rapidamente, só eu e Annabeth estávamos na sala. A última vez que isso aconteceu... Anos demais para que eu lembrasse.

— Então... Annabeth. Como... como vieram pra cá? Como me encontrou?

Ela desviou o olhar da pizza na minha mesa de centro e olhou nos meus olhos. Cinza como as tempestades. O cabelo loiro ondulado estava preso em um coque acima da cabeça. Ela segurava alguns casacos na mão e aos seus pés estava a pesada mochila. Logo que Nico saiu toda a sua pose de alto astral a alegria se esvaiu. Ela parecia cansada. E perdida. Muito perdida.

— Bom, Percy me disse onde você morava enquanto treinávamos, para uma emergência, sabe? Ele disse que talvez precisasse te proteger. E, bom, – Ela parecia apreensiva quando olhou para os lados e torceu o casaco entre as mãos – eu e Nico estamos fugindo de alguma coisa que quer nos matar. Precisamos nos esconder e ainda estamos no meio de uma missão. Sabe, eu estou cansada. Ah, você não precisa se preocupar. Ninguém nos seguiu, você está segura. E em alguma emergência Nico pode... pode te levar para longe.

Mordi a parte interna da minha boca. Antes Nêmesis me pedira para sempre avisá-la caso eu tivesse qualquer notícia do paradeiro de Annabeth e Nico, para que ela pudesse encontra-los.

 — Para onde vocês estão indo? Quero dizer, a missão de vocês é sobre o que? Aliás, pega um pedaço, sério. Estou sem fome.

Ela sorriu e pegou uma fatia e deu uma mordida.

— Nós estamos... procurando algo perdido. Ainda não sabemos exatamente para onde ir. Acho que essas coisas aparecem no nada, né? Eu não me lembro com muitos detalhes das minhas missões anteriores.

Ela não parecia estar sendo totalmente honesta, mas eu não sei o que ela encarou nos últimos dias. Talvez eu também não fosse honesta no lugar dela.

— Eu entendo. Você e Nico, – Encarei o banheiro enquanto ouvia o barulho do chuveiro – estão bem?

Ela suspirou e mordeu mais um pedaço da pizza antes de responder. Nessa realidade, pelo que consigo imaginar, ela e Nico namoram há anos. Não sei exatamente quando isso começou.

— É complicado. Eu ainda não lembro bem de... nós. Entende? Não parece certo iludi-lo. – Ela encarou a porta e respirou fundo, mas havia um sorriso triste em seus lábios. – Ele tem sido ótimo para mim, mais compreensivo do que eu talvez mereça. – Pode apostar, consegui pensar – Mas ainda não é certo. Sabe, eu só queria lembrar e organizar toda essa bagunça. Como vão os preparativos do casamento? Percy está muito ansioso.

Não pude evitar sorrir, por mais estranho que fosse falar disso com ela.

— Está uma correria, você sabe... O tempo voa. Mas eu estou dando meu jeito. Sabe, Percy está que nem um louco atrás de vocês. Na verdade, todo o acampamento está. Eles acham que vocês... vocês...

Não consegui completar, mas Annabeth estava séria.

— Morremos?

— Sim. Mas, olha... eu falo com o Percy e explico tudo pra ele.

Ela passou o dedo entre os fios loiros que estavam presos no coque e respirou fundo, parecendo ainda mais perdida e mais cansada. Tive que segurar meu impulso de me desculpar.

— Não. Não faz isso. – Ela murmurou depois de suspirar – Deixa. Deixa eles pensarem... pensarem o que quiserem. Assim o que quer que esteja caçando a gente pode pensar que morremos mesmo, apesar da criatura saber que não, porque não nos pegou. Bom. E assim eles ficam mais seguros também. Principalmente o Percy. – Ela me encarou nos olhos – Me desculpe, eu não achei que ele realmente ia querer ir na missão comigo e com o Nico, mas ele estava irredutível. Não queria colocar ele em perigo. – A mão de Annabeth estava sobre a minha, e eu não pude olhá-la nos olhos – Por favor, se você gosta do Percy, não conta pra ele. Ele pode querer ir atrás da gente e algo dar muito errado. Não quero que ele se machuque.

Apertei meus lábios em uma linha fina. Será possível que mesmo sem se lembrar, eles ainda tenham algum tipo de laço? Porque todo esse... Desespero em tentar manter um ao outro a salvo? Essa preocupação toda com a segurança um do outro mesmo sendo do grupo dos semideuses mais poderosos que se tem registro? Mesmo que eles devessem se odiar? Porque eles são assim?

Respirei fundo.

— Tudo bem. Eu não vou dizer nada.

Ela soltou o ar e tentou sorrir, enquanto se afastava.

— Obrigada. Sabe, tudo tem estado uma loucura ultimamente, e eu não estou sabendo lidar direito com tudo o que tem acontecido. Perder a memória e acordar no meio de um furacão de problemas... tem acabado comigo. Eu preciso de férias. Estava tão bom ficar lá no acampamento, as vezes só encarando o teto de chalé de Nico...

— Ah, sobre isso, me lembrei de algo. Percy me falou que o chalé de Nico havia sido destruído. – Annabeth levou a mão a boca, em espanto, e negou com a cabeça. – Mas não se preocupe, ninguém se machucou.

Ela encarou a porta do banheiro, ainda negando com a cabeça.

— Pobre Nico. Acho que aquele é o único lugar que ele tem para chamar de lar. Por favor, não conte isso para ele ainda. Eu não acredito. – Ela esfregou os dedos na testa e sua expressão de decepção era tão grande que eu mal podia encarar. Apesar de manter sempre uma expressão sonhadora e leve, Annabeth estava acabada. – Isso é tudo culpa minha.

Ela apoiou a cabeça nas mãos e pendeu o corpo entre as pernas.

O que Annabeth vinha passando nos últimos dias? O quão cansativo era viver entre as realidades para ela? Porque Nêmesis não a deu simplesmente uma vida nova e feliz? Porque fazê-la sofrer desse jeito? Não foi isso que eu pedi. Ou será que foi?

— Mantenha a calma... Provavelmente eles vão conseguir reformar tudo antes de vocês voltarem. Nico nem vai reparar a diferença.

— Isso se nós conseguirmos voltar, não é mesmo? Nesse ritmo, não sei nem se estaremos vivos semana que vem.

— Claro que vão estar. Você é a semideusa mais inteligente de todas, fez coisas inimagináveis, sobreviveu até ao Tártaro, você vai conseguir.

Ela concordou comigo, mas não parecia convencida. Continuava com os olhos fixos na direção que Nico estava.

— Eu estou tão cansada. Preciso fingir que lembro várias coisas. Preciso manter uma postura firme para que eles não fiquem preocupados demais. Preciso aprender a me cuidar novamente para ninguém sair ferido. Preciso cumprir uma missão que não faz o menor sentido. Eu só queria... – Ela suspirou, encarando as próprias mãos. – Eu só queria uma vida normal. Ir para casa após sair do meu emprego, ter alguém para amar, quem sabe ter uma família, paz, segurança. Mas tudo isso... Parece um sonho muito distante, vindo de outra Terra.

A porta do banheiro foi aberta, com Nico saindo de lá. Annabeth rapidamente ajeitou a postura e tratou de manter uma expressão mais serena e talvez até mesmo feliz.

— Obrigada. Eu posso ir tomar água primeiro?

Eu ainda estava meio paralisada, por isso levei um tempo para perceber que Annabeth estava falando comigo e responde-la.

— Claro que sim, pode deixar suas coisas aqui. A cozinha é ali.

Ela se levantou e foi até a cozinha, deixando-me com Nico.

— Eu posso pegar um pedaço de pizza? Estou faminto. Você não faz ideia.

— Claro, pode comer o quanto quiser.

— Muito obrigado por isso Rach. Sei que vocês duas nunca se deram bem, mas é legal da sua parte ajudá-la tanto assim. Obrigado mesmo.

Você não me agradeceria se soubesse de toda a verdade, foi o que quis dizer, mas ao invés disso, apenas sorri e assenti.

Eu não sabia porque havia dito aquelas coisas à Annabeth antes.

Esfreguei meu cabelo e peguei meu telefone. Nêmesis havia me dado um número para enviar mensagens, sempre que tivesse alguma informação nova.

Annabeth voltou até onde estávamos, Nico lhe entregou sua mochila e ela entrou no banheiro.

Observei a forma como Nico a encarava e sorria. Naquela realidade, Nico era perdidamente apaixonado por Annabeth.

Deixei meu telefone de lado.

Se eu ia ter meu final feliz, talvez Annabeth também pudesse ter uma chance de construir um novo. E vou ajudá-la com isso.


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Notas finais do capítulo

Tivemos uma narradora diferente hoje! Espero que tenham gostado e me diigam suas opiniões! Beijoooooox



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