Everything Is Wrong escrita por Miranda Thompson
Por volta do sexto dia Nicolas veio me visitar. Tobias estava aqui.
Nicolas cruza a porta e eu o vejo. Tobias está sentado na cama à minha frente, de costas para a porta, portanto não o vê.
– Oi. – Diz ele, mas eu não respondo. Só consigo pensar no quão idiota ele é por achar que pode aparecer aqui depois de quase uma semana. Depois do que ele fez comigo.
Não, ele não pode. E deveria saber disso.
Tobias se vira e o encara por um tempo.
– O que te faz pensar que tem o direito de vir aqui? – Ele diz.
– O que faz você pensar que pode ficar em um quarto sozinho com minha namorada?
– Desculpe, mas ela não é mais sua namorada. – Diz Tobias a voz um pouco exaltada.
Percebo que preciso interromper, ou o que acontecerá a seguir não será nada bom. Não posso deixar que eles briguem aqui. E além de tudo o que está acontecendo comigo e com Tobias agora, sou eu quem devo resolver as coisas com Nicolas.
– Tobias... Você pode nos deixar sozinhos por um tempo? – Digo segurando seu braço.
– Você quer ficar sozinha com ele? – Ele pergunta com desprezo na voz. Apesar disso, não me exalto com ele.
– Por favor... – Digo com calma.
Ele me olha e balança a cabeça, como se não pudesse acreditar. Ele não entende, mas preciso fazer isso sozinha.
Ele levanta e começa a caminhar, esbarrando em Nicolas, que solta uma risada de deboche direcionada a ele.
– Isso é para aprender a não me subestimar. Mais tarde tenho outra coisa para você, pra aprender a não se meter com a namorada dos outros. – Diz Nicolas.
Surpreendentemente, Tobias sai sem dizer uma palavra. É melhor assim.
– Como você está? – Ele pergunta se aproximando da cama.
Solto uma risada.
– Como se você se importasse. – Digo com rispidez.
– Se não me importasse não teria vindo aqui.
– Se você se importasse, Nicolas, teria vindo antes. Sabe? Estou aqui a mais de uma semana e você nem se deu ao trabalho de vir me visitar. Mas se você realmente quer saber, não. Eu não estou nada bem. Vi meu namorado me traindo com outra a pouco mais de uma semana. – Paro de falar, minha voz já está um pouco exaltada e não vou deixar que ele me veja chorar.
– O que?
– Não finja que não sabe do que estou falando. Eu o vi com aquela garota.
– Está falando de Alice? Isso é ridículo! Nós somos apenas amigos.
– Você beija todas as suas amigas?
Sua expressão muda. Ele não parece mais tão confuso agora.
– Você... Você viu? Pensei que já tivesse ido embora naquela hora.
– É claro que pensou.
Viro o rosto. Não sou capaz de aguentar mais um segundo disso. Estou prestes a explodir.
– Savannah... – Ele diz se aproximando e passando os dedos delicadamente em meu rosto. Eu quase posso acreditar que ele está arrependido. Uma pequena parte de mim chega a querer isso.
– Não toque em mim! Nunca mais chegue perto de mim ou tente alguma coisa novamente, ou eu juro que te mato. Agora você já pode ir embora, não acha? – Digo e ele sai. O garoto que saiu por aquela porta não se parece em nada com o garoto arrependido que estava aqui a cinco minutos. Ele se parece mais com um idiota que ilude garotas burras por diversão.
Tobias entra no quarto e eu limpo algumas lágrimas teimosas que insistem em cair com as costas da mão.
– Você está bem? – Ele diz se sentando ao meu lado. Assinto.
Mas eu não estou bem. Eu não estou nada bem e eu estou cansada de fingir, então faço a única coisa que me vêm a cabeça. Eu o abraço, deixando todas as lágrimas caírem, porque sei que ele me apoiará sempre que eu precisar. Sei que ele nunca me abandonaria. E ele me abraça de volta. Sei que posso contar com ele sempre e nesse momento... Nesse momento todas as dúvidas se esvaem e eu tenho certeza.
– Te amo. – Sussurro baixo demais, apenas para mim, como se tivesse medo de admitir e me arrepender mais tarde. Mas eu tenho certeza, e quero que ele saiba. – Eu te amo. – Digo mais alto, para ele ouvir.
Ele acaricia minha bochecha com o indicador, sorri e beija minha testa.
– Eu também te amo.
E nós ficamos ali. Não dissemos nada e nem nos beijamos. Nós não precisamos. Apenas ficamos abraçados. Apenas fico quieta, sentindo sua respiração em meu cabelo e o som de seu coração em meu rosto. Apenas fico em silêncio, segurando meu pequeno mundinho nos braços. E ele faz o mesmo.
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