Letters of a Traveller - Single Chapter escrita por Sweet Mari


Capítulo 1
Earth.




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Então, eu segui por toda a vastidão escura coberta com pequenos e brilhantíssimos focos de luz, dançando entre cometas e asteroides, até chegar á Via Láctea. Estou em expedição até Marte, preciso de água que existe naquele planeta, mesmo que seja insuficiente. É uma viagem de cem anos luz, minha nave rasga o céu em uma velocidade impressionante até chocar-se com alguma coisa que muda meu curso. Tarde demais, necessito de um pouso forçado. Faço vista em um planeta azul com pequenas mesclas verdes e marrons a alterar seu biótipo, creio que seja minha última saída. E assim, meu senhor, chego ao planeta qual chamam de Terra.

Certo de que já estou seguro em terra, desço do meu veículo e deparo-me com este pitoresco local. Esta terra, meu senhor, é tão vasta quanto o infinito e tão bela como a mais pura virgem. Coberta por um reluzente e macio tapete verde, com diversos arvoredos que compõem a heterogênea flora e os mais diversos animais componentes da diversificada fauna. O céu azul é cativante, nele as aves dão seus rasantes junto de aeroplanos de metal, que perturbam a paisagem. Sigo em frente, motivado a explorar cada ponto adjacente do lugar e decifrar qualquer incógnita. O vasto verde foi tomado pelo preto com variantes em cinza, é áspero retêm o calor do sol – que é muito forte aqui-, eles o chamam de asfalto. Onde os jaguares e as cotovias reinavam livres há carruagens de ferro que giram sobre quatro eixos circulares, eu poderia compará-las aos nossos veículos, mas não o farei, pois posso parecer-lhe prolixo e além do mais, tais carruagens não atendem aos requisitos básicos de uma condução: de suas traseiras sai um gás tóxico que danifica o céu límpido com manchas grotescas e escuras, sem mencionar o ruído ensurdecedor dos motores e estes causam grande poluição sonora. Este solo é fértil, meu senhor, além de flores e frutos, brota do solo monumentos exorbitantes que se atrevem a tocar a vértice celestial. Como bem sabe, sou um ser ávido por sabedoria e intrigo-me facilmente com o novo, então sei que Vossa Magnificência não ficará surpreendido se eu continuar a explorar. Desdobro-me para passar rente ao asfalto, os veículos e os monumentos e sem contar o calor, este me deixa mal. Olho em relance para o céu, certo de que foi uma péssima ideia, pois a luz ardente toca-me os olhos, deixando-me desnorteado por dentre tantas vielas desconhecidas. Meu senhor, sinto que seria detestável receber a notícia de que seu viajante desfaleceu em solo estranho, mas alegra-te pois não será hoje que recebera tal má-ventura. Não nego que me perdi em temor quando ouvi um guinchado e vi o par de lanternas brilhantes vindo em minha direção, por sorte saí a tempo ou seria esmagado por um dos eixos circulares de uma locomoção – esta era maior que as outras -. Enfio-me em uma das vielas, primeiramente solitário, mas a solidão não dura muito, pois ao longo se pode ver um grupo se aproximando, parecem-me atentos. São todos da mesma espécie, meu senhor, mas nada parecidos. Posso contar nos dedos de uma mão, são cinco ao todo. Um deles me parece pouco abastado, tem os pés no chão e uma aparência suja; outro pouco formoso e de corpo maltratado por desenhos invulgares, que parecem contar uma história, será ele um escriba deste planeta? Há também duas fêmeas, uma delas tem a pele escura como breu, outra é pálida e tem pequeninos olhos puxados que parecem estar constantemente fechados; o último macho é o que mais me intriga, é tão pálido quanto à fêmea, seu rosto coberto de sardas e seu cabelo é como tocha acessa, ardente como lume. Pergunto-lhes o que são, e caridosamente me respondem: Seres-humanos, em seu dialeto lânguido. Pergunte-lhes outra vez se existe água por estas bandas e após risadas sonoramente debochadas ouso um sim. Meu senhor, vou ver a praia. Estou indo com o grupo para o local onde está a água, e por onde passo faço vista de mais carros, prédios e pessoas – agora sei do que se trata e logo o senhor também saberá - ,muitas dessas pessoas olham com desdém para o grupo que me escolta, pois eles não atendem aos requisitos da sociedade terrestre. São descriminados, meu caro. É neste ponto que paro para pensar, como um povo que se julga tão civilizado, instruído e evoluído pode ter pensamentos tão grotescos e primitivos contra o próximo. Preste atenção no que digo, meu senhor, esta terra ainda será destruída pelos que vivem.

Finalmente chego ao meu destino, sendo consumido por uma sensação indescritível. É de norte à sul regada por areia, onde muitas pessoas seminuas – que escondem apenas suas vergonhas – estão aproveitando o dia ensolarado. Água há em abastança, livre a correr pelos extremos do planeta. E de maneira tão formosa, que temos de nos entregar inteiramente á ela, como uma deusa louca assim age a água sobre nós. Estamos salvos, meu senhor. Nossas terras se tornarão tão frutíferas quanto essas e viveremos a mercê deste bem divino.

Diga ao povo que se alegre, pois agora, estou total e inteiramente em serviço para o nosso bem comum. Nos veremos em breve.

Beijo a mão do meu senhor.

Desta terra abençoada, hoje, dia primeiro da expedição.

O viajante.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado ;)