Olhar pela janela a chuva que caia deixava o dia ainda mais melancólico. Era totalmente inútil esperar por alguém que tão cedo não voltaria. No começo era tudo um acordo, o casamento entre uma Uzumaki com um Senju. A junção da Jinchuuriki da Kyuubi com o Shodaime, mas as coisas haviam mudado. Não sentir algo por Hashirama foi algo que inevitável. Ela o amava, Hashirama era o tipo de marido ideal. Era carinhoso, gentil, e educado, porém não a amava.

— Esperando por ele de novo? – Ela conhecia muito bem essa voz irônica. Tobirama, sim, o irmão mais novo de seu marido.

— Isso não é da sua conta. – Ela retrucou. Não gostava dos comentários maldosos de Tobirama, muito menos de seu sarcasmo.

Tobirama entrou por completo em seu quarto. Não era o lugar ideal para ele estar, até porque só tinha ela no aposento, mas ela permitiu sua entrada mesmo que aquilo a irritasse profundamente.

— Não me lembro de ter permitido você entrar. – Ele adorava a forma como ela era diferente de todas as outras. Sempre com uma resposta na ponta da língua, e não tinha o maior medo de falar o que pensava.

— Incrível como você sempre tem uma resposta afiada na ponta da língua. – Mito apenas ignorou e revirou os olhos com o comentário do irmão mais novo de seu marido.

— É sério, você não cansa de esperar por alguém sabendo que não vai voltar tão cedo? E não é a primeira vez que você faz isso. Até quanto tempo para essa sua chama de esperança apagar? – Tobirama não era muito de falar. Sempre fora muito sério e frio.

Aquilo mexeu com ela, porque tais palavras eram verdadeiras. Sua “chama de esperança” ainda continuava acesa, por pouco, mas ainda continuava queimando, e logo se apagaria.

— Você sabe... Os rumores estão ficando cada vez mais forte, as pessoas falam, comentam... – Seu tom de voz agora era mais baixo do que o normal e não possuía tanta firmeza como normalmente ele costumava falar.

— Eu sei. – O tom de voz dela o surpreendeu, nunca havia escutado ela falar baixo de forma calma. – Sinceramente... Não sei o que fazer.

— Hashirama deveria ter um futuro herdeiro. Você sabe, deviam providenciar logo essa situação. – Esse comentário fez Mito corar dos pés a cabeça. A cor de seu rosto neste momento era quase da mesma de seus fios vermelhos. – Isso com certeza ajudaria a diminuir os comentários.

Só ao olhar para o rosto de Mito que Tobirama notou o desconforto da garota ao falar sobre isso. O que ele tinha falado de errado? Seria a persistência em tocar no assunto dos rumores?

— Acho que deve ser uma boa ideia... – Ela disse baixo. Agora sim, tudo fazia sentido pra ele. Talvez ela e Hashirama nunca tivessem... Não era possível, todo casamento tinha que ter a noite de núpcias.

— Você e ele nunca...? – Ele tentou falar e ao mesmo tempo gesticular. Céus... Mito era uma mulher bonita. Muito bonita por sinal, seus longos cabelos vermelhos só a deixava mais bonita.

Notando que aquilo deixou ela ainda mais desconfortável, ele resolveu continuar. Aquilo até que estava sendo um pouco divertido. Ver a reação dela ao tocar nesse assunto era totalmente precioso.

— E a noite de núpcias? Vocês fizeram o que? Se sentaram e jogaram conversa fora a noite inteira? – Ele tentou conseguir ao mínimo alguma resposta da Uzumaki.

— Bem, isso definitivamente não é da sua conta o que acontece entre a gente. – Mito já estava irritada novamente. Era basicamente o dom de Tobirama, ele a irritava tão fácil.

— Eu sinto muito, me desculpe. – Ela sabia que era mentira. Ele não sentia nada. – Parece que você voltou ao normal, já está a dar suas respostas afiadas de novo como o normal.

— Porque você merece. Se não fosse tão idiota não soltava esses comentários estúpidos.

— Tsk, tsk. – Ele se voltou para as coisas dela, e começou a mexer.

— Enlouqueceu? – Mito o repreendeu dando lhe um tapa no braço. – Pare de mexer nas minhas coisas.

— Eu estou entediado. Não tem nada para fazer. – Ele bufou como uma criança mimada.

— E desde quando aqui virou um parque de diversões? Não vai encontrar nada aqui que tire seu tédio. – Ela nem percebeu que esse comentário fez que Tobirama soltasse um pequeno sorriso malicioso.

— Eu acho que pode haver alguma coisa aqui sim que talvez me tire desse tédio. – Ele a encarou profundamente. – Mas não sei se você daria conta.

— Ata, eu prefiro morrer do que fazer o que está pensando. – A Uzumaki disse revirando os olhos.

— Te garanto que você não iria se arrepender se tentasse. – Tobirama piscou para ela.

— Você não sabe o quão estupido você soa falando essas coisas? Não consigo imaginar você dizendo isso à outra garota de forma séria.

Foi a voz dele ignorar o que ela falava. Podia até ter sido uma brincadeira, mas no fundo ele estivesse falando sério. Não via nenhum problema de aquilo ser sério diante da mulher que o encarava com o semblante divertido.

— Uau! É sério isso? Eu te deixei sem palavras? – Mito disse contente.

— Eu apenas perdi o interesse de continuar essa conversa besta. – Tobirama falou sério.

— Quem começou essa “conversa” besta foi você.

De longe vinha alguém andando nos corredores de forma silenciosa. Essa pessoa sabia muito bem de onde vinham essas duas vozes que conversavam de forma distraída e não se preocupou em abrir a porta sem nenhuma cerimonia.

— Hashirama! – Mito falou de forma saudosa e alegre. – Pensei que chegaria mais tarde.

O Senju mais velho deu um sorriso e voltou o olhar para seu irmão mais novo que observava tudo aquilo sem nenhum interesse.

— Tobi, o que faz aqui? Você não costuma vim aqui.

— Estava te procurando, mas só encontrei ela. Então resolvi ficar conversando até você chegar.

Ela sabia muito bem que aquilo era uma mentira. Ele não tinha vindo para procurar ele coisa nenhuma, já que o mesmo sabia que Hashirama não voltaria para casa tão cedo.

— Aqui estou! – Hashirama respondeu com um de seus sorrisos que poderiam iluminar uma cidade inteira. – Pode me dizer o que quer, Tobi! – Ele falou animado.

— Receio que não seja a hora, que tal você dar atenção para sua noiva, ela está te esperando a um tempo. – Tobirama falou se retirando do quarto.

— Tobi sempre tão sério. Sinceramente eu não o entendendo. – Hashirama disse indo em direção ao banheiro.