Memórias escrita por Calis


Capítulo 1
Capítulo Único.




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/529145/chapter/1

“Todos julgam segundo a aparência, ninguém segundo a essência.”

— Friedrich Schiller.

Kaya.

“Apenas viva a sua vida” esse fora seu lema por uma vida inteira.

Apenas batucou sobre a superfície lisa da mesa com impaciência. Tinha um relatório para terminar assim como a correção de deveres de casa de literatura para o seu mentor, e algumas planilhas para deixar pronta. Fazia pouco tempo que estava naquele trabalho, mas era gratificante ocupa-se, mas havia Futaba para cuidar, e não podia descansar como queria. Logo sua irmã iria entrar no ensino médio, e o que faria? Sabia das dificuldades da irmã com as garotas, e sofreram isso na época de seu fundamental assim como no médio, e entendia bem como sua irmã deve está se sentindo agora, mas Kaya sabia que ela teria que enfrentar sozinha todos aqueles obstáculos, e crescer sozinha.

Mas tinha medo, medo do que veria na vida da irmã mais nova. Afinal, acabara de volta e estava retirando as cicatrizes da irmã, e concertado erros de um passado que as perseguiam.

Yoshioka Kaya já havia escolhido a colégio ao qual a irmã ficaria – conversara com o diretor para pode coloca-la no mesmo local de trabalho para ficar mais fácil de tentar ajudar, e claro que o velho senhor ficara meio receoso, mas Kaya garantira que iria ter um relacionamento puramente profissional com a irmã, e nada mais que isso, sorriu ao pensar que sua irmã faria o médio no mesmo local que ela fez o seu, era uma tradição de sua família, mas Futaba teria que passar pelos exames normais, e esperava que a jovem se saísse bem.

-Yoshioka-sensei, muito trabalho não é?

Levantou os olhos para o homem que era alguns anos mais velhos que ela, talvez cinco anos, e sempre vinha com um sorriso simpático e charmoso que dava para a maioria das professoras, mas não para Kaya, um sorriso que fazia Kaya ver através de seus verdadeiros valores – era um homem alto, e professor de educação física da escola, e ela era coordenadora do time de baseball, basquete e vôlei, e cuidava de três clubes para ocupar a sua mente, e o professor vinha com gracinhas e piadinhas idiotas para cima de si – Makishima não lhe interessa como ele tinha interesse nela, ela deu um sorriso educado.

-Sim, um pouco mais do que o necessário, Makishima-sensei.

-Oh, você é uma pessoa muito dedicada, Yoshioka-sensei – ele elogiou com um sorriso, os olhos negros fixos nos dela – Hashimoto-sensei disse que não devia se dedicar tanto, senão pode adoecer.

-Agradeço por sua preocupação, eu tenho que ir.

Levantou-se, o que surpreendeu o professor – pegou os relatórios de desenvolvimento dos times, mesmo sendo uma, gostava de ajudar principalmente aqueles alunos – ele podem ir para os intercolegial, apenas observou alguns nomes promissores, e dedicou um tempo para fazer o plano de treino para cada time. Hashimoto-sensei lhe dera aquela tarefa quando entrará na escola, sei de sua capacidade, Yoshioka-chan, você foi bem promissora como assistente dos times na época que estudou aqui. Ela lembrava bem disso, na época não tinha como jogar com as garotas do vôlei e muito menos elas a queriam no time, o jeito fora mudar tudo para pode fazer aquilo que gostava.

Tornara-se assistente do time de vôlei, mas não era o suficiente para si – logo depois engajou em ajudar seu melhor amigo, Sawamura, com a assistência do time de baseball ao qual ele ajudava e depois o time de basquete com o técnico que estava tento de dificuldades, fora os três anos mais árduos da sua vida, mas foram os três anos que se sentiram mais feliz.

“Você tem potencial como treinadora, Yoshioka” ela sabia bem disso, afinal fora seu pai que ensinara tudo aquilo para ela – seu pai era um treinador durão, como Futaba era pequena não devia se lembrar dela treinando arduamente, estava querendo se encontrar. Aprendera os mais variados truques para ajudar uns atletas e os times, seu pai fora treinador antes de falece, mas tinha responsabilidades com Futaba assim como com o pequeno centro de treinamento que estava desenvolvendo para sua diversão. Seu hobby preferido era aquele.

Havia o amor por sua família, que era a única coisa que importava – seu pai morrera alguns anos atrás quando ainda estava no fundamental, e sua mãe adoecera assim que se formara na faculdade. Sua única família era sua irmã mais nova, Futaba.

Aprendera que devia ser responsável.

-Yoshioka-sensei.

A voz a chamara era de longe tímida, e parecia encabulado. Ela virou para o jovem homem a sua frente, ela lembrava bem dele, afinal eles entraram juntos naquele colégio. Os cabelos negros bagunçados, e os olhos extremamente negros fixos em si, ele usava uma roupa com algum símbolo infantil, e era por isso que Kaya gostava dele, ele tinha alguns relatórios na mão assim como ela.

-Tanaka-sensei, algum problema?

Tanaka era um homem alto, mais alto que ela – e levemente tímido, ou ao que parecia, jovial demais para a idade. Kaya sabia do pequeno fã-clube que o homem tinha, e muitas das alunas que estava aconselhando confessaram que tinha algum tipo de interesse por ele assim como por Makishima, ria da ironia de dizer que era um romance próximo do impossível, o professor a sua frente lhe deu um sorriso seguro.

-Hashimoto-sensei mandou trazer isso para você.

-Oh, sim – pegou o relatório, e percebeu que era o pedido para a excursão do time de basquete para o treinamento que eles iriam fazer para melhoramento físico, possivelmente teria que sair por alguns dias de casa, e deixar Futaba sozinha – Obrigado, Tanaka-sensei, muito mesmo.

-Yoshioka-sensei, o Makishima-sensei disse que iria convida-la para sair, e verdade? – ele parecia nervoso, mas do que isso, Kaya percebia isso, mas parou no lugar e pensou, Makishima deveria parar com isso – Não precisar responder, sensei, e apenas curiosidade.

-Se Makishima me convidar, eu recusarei como sempre – ditou séria, então riu – Não precisar se preocupar, conheço o bastante do Makishima para perceber tais atos dele, e sinceramente, não irei sair com ele. Tenho muita coisa a fazer agora, sensei, sinto muito por deixa-lo.

Ignorar o Makishima é o melhor a se fazer, pensou mais para si mesma, enquanto apenas andou de volta pelo corredor. O dia estava no seu fim, e os capitães do times que ajudavam estavam cientes de suas responsabilidades, e esperava que assim continuassem.

Ela tinha uma vida para constituir ao lado de sua irmã.

x

Futaba.

O mural estava quase pronto.

As fotos contavam a trajetória de vida das irmãs Yoshioka.

Eram variantes os lugares, as emoções, as dores, os sentimentos e as expressões que compunham aquele mural – Futaba apenas via as emoções que muitas vezes tentava sua irmã tentava esconder atrás de uma máscara de pura indiferença. Lembrasse bem do dia em que chegou naquele lugar.

O apartamento estava ainda desarrumado, havia caixas e mais caixas espalhadas pelo corredor assim como poucas coisas em seu devido lugar – não havia muitos moveis apenas um santuário dedicado ao pai, e algumas fotos espalhadas. Futaba percebeu que pela primeira vez, que nunca conhecera realmente a irmã mais nova.

Apertou os lábios com isso. Não a conhecia de verdade? Era real aquela afirmação. Sua irmã sempre fora muito reservada, e pouco se falava, mas era animada, e sempre vinha com um sorriso gentil em seu rosto, mas Futaba percebia as mudanças raríssimas de humor, principalmente quando seus tios vinham visita-la com regularidade no começo, ao qual sua irmã não concordava.

Ela segurava com firmeza uma fotografia, enquanto a irmã sorria – um sorriso genuíno que apenas Futaba conhecia, e ninguém mais, nem mesmo sua mãe conhecia aquele sorriso, e só o conheceu quando estava nos últimos dias de sua vida. “Você foi abençoada com esse sorriso, Fuu-chan”, era verdade? Talvez fosse mesmo abençoada, mas era real, mas ao mesmo tempo tão irreal.

“Um senhor me disse que só encontramos o amor verdadeiro quando começamos a vasculhar dentro de nós mesmos”, a frase era clássica do repertorio de sua irmã que sempre vinha com aqueles tipos de ensinamentos para ela. Futaba riu consigo mesma quando percebeu quantas coisas sua irmã dizia, e que muitas vezes nem ela mesma entendia.

O caderno de desenho fora a sua base – as pinturas que sua irmã pintava estavam escondidas num pequeno quarto naquele apartamento, e Yoshioka não acreditava que sua irmã nunca iria mostrar o trabalho de uma vida, havia coisas maravilhosas e sua arte se mostrava cada vez mais original do que nunca – havia folhas rabiscadas com fotos, e mais fotos que ela mesma havia separado e começado o pequeno mural.

Havia fotos espalhadas da irmã com ela, e uma delas no hospital ao lado da mãe. Outra vestida um belíssimo kimono azul com flores. Yoshioka apenas observou uma em especial, onde estavam na praça ao lado da mãe enferma que sorria. “Bem. A vida segue, não sei como, mas é confortável pensar assim”, aquela frase soou em sua mente enquanto pensou no significado dela.

“Kaya-nee-san está atrasada”, olhou o relógio da parede da sala enquanto as tintas, os adesivos e matérias variados de trabalho que estavam espalhados pelo chão. Estava um caos, mas era o caos que Yoshioka entendia assim como sua irmã que apenas se divertiria com as escolhas de fotos da menor assim como os rabiscos roubados do escritório dela ao qual Futaba sabia que a irmã nunca usaria para algum trabalho, mas parou de pensar nisso por um momento, e voltou atenção ao mural inacabado.

Pensou, e pensou, como terminaria este mural? Havia muitas fotos, e cada uma delas com memórias que Futaba não queria lembrar.

As fotos se misturavam entre a infância e a adolescência, assim como a fase adulta de sua irmã o que não fazia diferença – o pequeno apartamento que dividia com a irmã a exatos três anos, não reclamava, tinha seu próprio quarto assim como banheiro no apartamento, mas sentia falta de sua casa, sua antiga casa ao qual sua irmã se recusava a viver, porque a casa era dela, e não de sua irmã, e ao qual Futaba sabia que tinha lembranças que sua irmã queria esquecer, e essas lembranças destruíam o que era bom em sua irmã. Ela entendia aquela situação, Futaba sempre entendia o lado mais sombrio de sua irmã e de como ela preferia fugir daquele passado, e viver apenas o presente que foi lhe dado que era a sua vida pacata como professora – ela suspirou, enquanto apenas recomeçou o trabalho. O mural deveria ficar pronto antes de a irmã chegar do trabalho, e assim poderia mostrar todo o seu talento com as cores. “Só espero que ela não demore”, Yoshioka Futaba nunca entenderia Yoshioka Kaya.

Pegou uma foto, uma que sua irmã estava com ela no colo – a expressão emburrada estava presente em suas feições, enquanto a irmã com os belíssimos olhos castanhos cor de mel que brilhavam, e as mesmas feições que moldava a expressão de Yoshioka, e com as mesmas características – e colou ao lado de um dos festivais que sua irmã a levou quando pequena, enquanto a mesma se lambuzava com um doce.

Ergueu-se em pegar as folhas de desenhos – e as colou, uma atrás da outra – havia do rosto de sua mãe assim como dela mesma quando criança, assim como de seus pais, uma foto antiga, que sua irmã retratou com exatidão que impressionava. Havia o amor, mas também a saudade mesclada àquelas sensações.

Era uma viagem ao seu passado. Um passado ao qual ela também queria esquecer. Sua mãe era um paciente terminal que não tinha mais salvação, e ainda que por um milagre da medicina, ela pudera viver mais alguns anos ao lado das filhas, o ultimo capitulo da historia dela fora escrito no momento do diagnostico, e ao qual nem mesmo as irmãs poderiam mudar, e então Futaba viu sua irmã preencher o pequeno infinito de páginas em branco da vida de sua mãe e dela mesma, Kaya lhe dera lembranças inesquecíveis, mas sua mãe morrera e sua irmã estava na faculdade, prestes a prestar um exame para o seu novo emprego, e aquilo abalou a sua estrutura.

“Ela ficou mais do que abalada”, Futaba nunca pensou em ver sua irmã ficar tão abalada e sem chão quanto naqueles dias, mas ela fora mais forte que ela. Futaba admirava isso em sua irmã, a força de vontade aliada a sua teimosia fazia de Kaya, a pessoa mais extraordinária do mundo para Futaba. As duas irmãs estavam sós, tinham uns tios, mas Kaya se recusava a pedir ajudar, e fez de tudo para manter a irmã ao seu lado, e foi contra o pedido da tia que sempre estava tentando levar Futaba para morar com ela.

“Ela podia muito bem ter me mandado ir embora”, mas Futaba sabia que Kaya nunca faria isso – era de sua natureza ajudar a família, e principalmente promessa que fez a mãe dela partir. “Cuide bem de sua irmã, Kaya-chan, você agora é a família dela”, Yoshioka apenas terminou com última foto ao lado de sua mãe e a irmã num pequeno piquenique.

As fotos, as lembranças, as memórias, os sentimentos e as emoções estavam naquelas fotografias que foram escolhidas. Yoshioka começou a juntar os objetos de chão, e limpou tudo, afinal seu trabalho tinha chegado ao fim, enquanto apenas sentiu aquela melancolia que vinha junto com as emoções que reviveram, a porta foi aberta.

Os sapatos soaram pelo pequeno corredor.

-Cheguei!

A voz soou cansada, mas ainda animada. Yoshioka apenas viu a irmã surgir no corredor, vestido com um grosso casaco de inverno e a ponta do nariz vermelha pela chuva que caia lá fora, estava com uma sobrinha na mão que fora colocada em seu devido lugar.

-Bem-vinda de volta, nee-san – cumprimentou com um sorriso – Como foi o seu dia?

Kaya tinha os cabelos castanhos idênticos aos de Futaba, os olhos caramelos com tom esverdeado que encantavam a todos – e o sorriso mais generoso e discreto que todos já viram, e ao menos que Futaba imaginava que alguém conhecesse o sorriso de sua irmã que apenas olhou o mural montado pela irmã mais nova. Ela passou os olhos por cada foto existente ali, enquanto um sorriso surgiu em seus lábios.

-Ficou lindo, Fuu-chan, mas acho que falta algo?

-Algo? O que? Esqueci-me de algo?

Kaya riu, um sorriso frouxo e gracioso, enquanto apenas aproximou-se e pegou uma foto do chão – era uma foto antiga, mas bem conhecida da Yoshioka mais nova, não acreditava que ela fosse coloca-la, enquanto as duas irmãs olharam o trabalho final.

-E um belo quadro.

-Não é um quadro, nee-san.

Kaya apenas passou as mãos pelos cabelos de Futaba, e retirou-se para a cozinha, Futaba olhou novamente. Aquela era apenas a vida delas, e as suas memorias, sejam boas ou ruins.

Havia memórias que nunca iriam se apagar.

Fim¹.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

¹Continuação de "Canção de Ninar".



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Memórias" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.