A Chegada escrita por EuSemideus


Capítulo 1
Único


Notas iniciais do capítulo

Bem, espero q gostem.



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A Chegada

Soluço se encolheu ao ouvir mais um grito de Astrid. Ele levou as mãos aos cabelos, agarrando-os com força. Aquilo era uma verdadeira tortura. Ele queria estar lá, ao lado dela, segurando sua mão. Mas não, de acordo com aquela estúpida tradição homens não podiam estar presentes naquele momento. Era seu filho que estava nascendo! Por que raios ele não podia estar lá?

Soluço suspirou tentando manter a calma. E pensar que aquele dia tinha começado tão bem...

Flashback on

Soluço acordou com o sol em seu rosto. Quase que inconscientemente puxou a esposa para junto de si. O corpo dela estava quente e espantava o frio trazido pela ensolarada, porém fria manhã.

O moreno posicionou a mão sobre a barriga inchada da esposa. Pelas suas contas ela já estava com nove meses de gestação, ou seja, seu filho estava prestes a nascer.

Sim, filho. Aquela certeza de que seria menino não tinha vindo de uma profecia do oráculo, ou mesmo de um sonho. Astrid simplesmente acordara um dia certa de que esperava um menino. Soluço nem pode discordar, ela estava decidida.

Ele acariciou cuidadosamente a barriga da esposa, fazendo movimentos circulares. Quase pode ouvi-la suspirar. O humor de Astrid ficara muito instável durante a gravidez. Ela ficara extremamente emotiva, porém sem deixar de ser a Astrid de sempre. O rapaz precisou se desdobrar muitas vezes para entender o que ela queria, ou mesmo o que estava sentindo. Sua sorte foi que Banguela parecia entender sua mulher mais do que ele mesmo.

Soluço cessou os carinhos, pensando se já não era hora de levantar. Imediatamente ouviu um gemido de protesto e sentiu uma pequena mão puxar a sua para o lugar onde estava.

- Eu não disse que podia parar - reclamou Astrid sonolenta.

Soluço voltou a acariciar a barriga da esposa e a ouviu suspirar.

- Desculpe - ele disse em seu ouvido - Não queria te acordar.

Astrid se virou na cama, ficando de frente para o marido. Este, com a mão livre acariciou sua bochecha.

- Não acordou - ela revelou - Nosso filho me acordou há horas, ele não para de se mexer.

Soluço suspirou cansado. O pequeno estava inquieto há dias, parecia ansioso para sair do ventre da mãe.

- Sentiu alguma dor? - perguntou preocupado.

- Muito pouca - ela admitiu - Mas isso não é importante, agora já está tudo bem.

Astrid sentou-se na cama, fazendo menção a se levantar. Soluço segurou seu braço e a puxou para o abraço novamente.

- Você devia ter me chamado - ele disse com o rosto entre seus cabelos loiros, que estavam ineditamente soltos.

- Ah é? - ela perguntou sarcasticamente se afastando um pouco - Como você ia faze-lo parar?

Soluço abriu a boca para falar algumas vezes, mas sempre acabava fechando-a. Odiava quando ela o deixa sem argumentos.

Astrid sorriu e beijou-o, para logo depois se levantar e trocar de roupa. Soluço suspirou e seguiu o exemplo da esposa, assim minutos depois os dois desciam as escadas.

Ele amparava a garota, que tinha um pouco de dificuldade por conta da grande barriga. Assim que chegaram ao térreo, Tempestade se esfregou em Astrid como um gato, recebendo carinho da dona. Logo depois ela se aproximou de Soluço que também a acariciou.

Quando Banguela se aproximou, com um grande sorriso, o garoto imaginou que receberia um cumprimento primeiro. Como estava enganado.

O Fúria da Noite lambeu carinhosamente a mão de Astrid, recebendo em resposta um carinho no pescoço. Então esfregou o focinho levemente contra a barriga da garota, que coçou atrás de suas orelhas.

- Então agora é assim? - perguntou Soluço indignado - Você fala com eles antes de falar comigo?

Banguela bufou, revirando os olhos. Ele fitou Astrid como se perguntasse "Por que se casou com esse idiota?", fazendo a loira rir.

- Ei! - reclamou Soluço.

Banguela se aproximou do amigo, que estava de braços cruzados e o rosto virado, e lhe deu um empurrão. Soluço se firmou e não olhou para o dragão. Dessa vez o Fúria da Noite o empurrou mais forte, fazendo com que o rapaz se desequilibrasse e consequentemente olhasse para ele. Banguela lhe lançou um olhar pidão. Soluço suspirou e fez um carinho em sua cabeça.

- Tudo bem - ele cedeu - Eu te desculpo.

Banguela abriu um sorriso e lhe deu uma grande lambida.

- Banguela! - reclamou Soluço.

Astrid riu, enquanto arrumava a mesa do café. Soluço a ajudou a se sentar e pegou uma maçã da fruteira.

- Não vai comer? - ela perguntou.

- Não, vou ir até a forja e volto logo - ele explicou - Prometo que não demoro.

- Tudo bem - disse Astrid - Posso cuidar de nós dois.

Soluço sorriu e lhe deu um selinho. Em seguida se ajoelhou e beijou sua barriga. Astrid revirou os olhos, mas ele não se importou.

Ele entrou na sala, fez um carinho rápido em Tempestade e saiu pela porta da frente. O rapaz parou de andar ao perceber que seu dragão não o seguia. Ele se virou e viu Banguela parado na batente da porta.

- Ei, vamos! - ele chamou.

Banguela bateu com a pata no chão e negou com a cabeça. Soluço se aproximou e o puxou pela cela.

- Vamos!

Banguela não mexeu um músculo. Soluço o fitou sem entender. Banguela voltou a cabeça para dentro da casa.

- Ela não vai ficar sozinha, Tempestade está aqui - disse o rapaz ao entender o por quê de tudo aquilo - Além do mais nós não vamos demorar.

Banguela pareceu confuso. Ele olhava para Soluço e para o interior da casa. O moreno estava prestes a chama-lo novamente quando ouviu:

- Soluço!

Oh não!

Ele correu para dentro e encontrou Astrid caída no sofá. A barra do vestido estava molhada, as mãos sobre o ventre e a expressão de pura dor. Tudo o que Soluço pode pensar foi "Deuses".

Flashback off

Daquele momento até ali, tudo tinha sido um borrão para o rapaz. A única coisa que ele sabia era que sua esposa estava gritando no quarto deles prestes a ter seu filho, em companhia apenas das mães de ambos, de uma parteira e da anciã.

- Ei, se acalme! - disse Melequento batendo em seu ombro - Não tem porque ficar nervoso.

Soluço levantou os olhos e o fitou.

- Está dizendo isso porque não é a sua esposa lá em cima! - ele exclamou irritado.

- Mas logo vai ser - disse Melequento convencido, encostando-se no sofá - Assim que a Cabeça-Quente aceitar o meu pedido.

- E que te garante que ela não vai aceitar o meu?! - indagou Perna-de-Peixe se levantando.

Soluço se desligou da conversa e tentou manter a calma. Era para aqueles dois estarem lá lhe dando apoio, o que não exatamente o que estava acontecendo. Banguela se aproximou e esfregou o focinho em sua mão. Soluço deu um sorriso fraco e coçou cabeça do dragão.

- Obrigado, amigo.

Não se passaram trinta segundos um grito estridente ecoou pela casa. Soluço se encolheu. "Por Odin, isso tem que acabar!", ele pensou.

Suas preces foram atendidas. No segundo seguinte outro barulho estridente ecoou, porém dessa vez não era um grito, mas um choro, um choro de criança.

Ele nem mesmo esperou que lhe dessem permissão, subiu as escadas de sua casa em disparada e entrou em seu quarto, escancarando a porta.

As cortinas estavam fechadas, fazendo com que o quarto só ficasse iluminado pelas luminárias. O quarto estava abafado e cheirava a sangue. Os lençóis brancos da cama estavam vermelhos. O rapaz se assustou, era muito sangue. Ele correu os olhos pelo quarto e encontrou Astrid deitada entre os lençóis ensanguentados. Os olhos azuis estavam fechados e seu peito subia e descia rapidamente. Soluço se aproximou e ajoelhou ao seu lado. Com carinho retirou os cabelos que grudaram no rosto da esposa com o suor, e lhe deu um beijo na testa. Astrid abriu os olhos e sorriu.

- Nosso filho - ela pediu com voz fraca.

Soluço assentiu e se virou. Logo sua mãe se aproximou com um pequeno embrulho nos braços e cuidadosamente entregou ao rapaz. O moreno pegou o bebê com cuidado e o fitou. Ele era tão pequeno, tão frágil, parecia que poderia quebrar em seus braços. Os poucos cabelos que tinha eram castanhos bem escuros como os dele e a pele branca como a de Astrid. "Meu filho" ele pensou "Meu filho".

Com todo cuidado que pode reunir estendeu o bebê na direção de sua esposa, que o segurou como se já tivesse feito isso milhões de vezes e o trouxe para junto de seu peito. Ela acariciou a bochecha do pequeno e sorriu, deixando uma lágrima solitária escapar de seus olhos.

- É um menino - ele disse assim que recebeu a notícia da parteira.

Astrid sorriu e passou os dedos pelo rosto do filho. Ela fitou o marido feliz e disse:

- Você ainda duvidava?


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Notas finais do capítulo

E aí? Gostaram? Eu acho q a outra ficou melhor, mas ta aí!
Queria avisar q vcs me convenceram a fazer uma série de ones. Vão ser três , ou seja, tem mais uma. Elas se completam, mas são independentes (podem ser lidas separadamente)
Deixem reviews,ok? Se gostarem favoritem.
Bjs, até!
EuSemideus