“Alguma coisa tem acontecido no hemisfério sul, mais precisamente, Rio de Janeiro, Brasil. Foram detectados vários alunos excepcionais neste lugar o que, até então, era raro. Remotamente surgia uma ou duas crianças de habilidades quase nulas, que não eram capazes o suficiente para estudarem em Woodhand. Este ano quatro foram localizados em uma mesma cidade e são plenamente habilitados a ocuparem vagas na Academia Woodhand para jovens excepcionais.

Uma delas conhece os poderes, pois vem de uma longa linhagem de Humanos e Caçadores. Outra, esta com 12 anos, usa as habilidades de Metamorfo desde nascida para levar vantagem sobre outras crianças com quem convive. Raros Metamorfos têm poder desde que nascem e por sorte essa criança não tem conhecimento completo e por mais sorte ainda nunca contou a ninguém. A jovem Metamorfa terá de ser advertida a não usar mais os poderes até que atinja a idade necessária para frequentar a escola, a menos que decida começar a frequentar Woodhand esse ano. Os três restantes não conhecem os dons de suas respectivas Classes e usam ao acaso sem se darem conta do que estão fazendo. Enviei Detectores a cada um dos alunos encontrados, e descobri que todos eles se conhecem e convivem uns com os outros. Só resta detectar a menina Metamorfa. Ao contrário dos outros, ela pode apresentar um desafio, todos responderam bem ao convite. A Metamorfa chama-se Letícia Melo, é prima do Herói recém detectado Guilherme Melo e, como já disse, amiga dos outros.

Inicialmente o plano era esperar e convocá-la só no ano que vem quando ela já terá atingido 13 anos de idade e poderá ser admitida e estudar normalmente. Contudo os avanços dela são surpreendentes e não podemos nos dar ao luxo de deixá-la expor sua Classe. Por isso escrevi esta carta, estou escolhendo você, Leonardo Medeiros, para ir detectar a menina e trazê-la pessoalmente até Woodhand no inicio do ano letivo, ou convencê-la a não usar os poderes até que venha para a escola no ano que vem. Não deixe que ela negue e continue a usar a metamorfose livremente. Se não tiver alternativa faça algum acordo cabível e explique para a mãe dela toda a situação. Mostre a menina os seus plenos poderes de Metamorfo caso ela recuse, diga que ela pode aprender a fazer igual em Woodhand. Conto com você, boa sorte. –Ichabod Woodhand"

É o aluno mais distante que eu já detectei até agora. A carta do diretor Ichabod não tinha endereço, isso ele me passou pessoalmente. Agora estou encarando o portão sob do sol de 14h pensando em como vou falar com a menina e com a mãe. Decidi ir no improviso mesmo, sei falar a língua daqui não haverá problema.

Toquei a campainha e em seguida ouvi um latido rouco de cachorro pequeno do outro lado do portão. Alguns instantes depois alguém abriu o portão.

–Oi o que deseja? –Perguntou a mulher. Ela era magra e de pele bem clara, tinha cabelos pretos lisos que chegavam quase à cintura e olhos verdes.

–Boa tarde, eu sou Leonardo Medeiros e gostaria de falar com a Letícia e com a mãe dela. Elas se encontram?

–A mãe da Lê, Lívia, está em casa, mas a Letícia foi para a escola.

–Tudo bem, eu falo com a Lívia e depois que a Letícia chegar eu converso com ela.

–Eu sou Sandra, tia da Letícia. É por aqui. –Disse Sandra abrindo o portão e guiando-me até os fundos do terreno onde havia outra casa.

Subimos as escadas e Sandra chamou a irmã. -Lívia esse rapaz, Leonardo, quer conversar com você e com a Letícia.

–Oi, boa tarde, a Lê está na escola agora, entre e me diz o que quer falar conosco. -

–Então... Eu trabalho em um colégio em Ohio, ele se chama Academia Woodhand para jovens excepcionais. Os alunos admitidos têm habilidades incomuns... poderes. Sua filha foi selecionada para estudar lá porque pertence à Classe Metamorfo. Ela pode mudar de forma, não inteiramente, pois ainda não tem o treinamento necessário.

[Silêncio]

–Ah... Ela tem poderes um pouco acima da média, eles se manifestam aos treze anos, no caso da Letícia eu não sei como, mas as informações que me passaram dizem que ela sempre teve as habilidades e tem aprimorado aos poucos praticando sozinha.

–E você está dizendo que minha filha se transforma em outras pessoas, bichos talvez? E eu em doze anos nunca notei. É isso? –Perguntou Lívia sorrindo como se eu estivesse louco.

–Exatamente, ela é esperta e nunca contou nada porque usa os poderes pra ter vantagens injustas sobre os outros. Ela é um caso especial já que sempre manipulou a metamorfose, então ela pode ir comigo para a Academia Woodhand em Ohio e lá aprimorar os poderes mesmo tendo só doze anos.

–Hmm, e se tudo isso é verdade, como você poderia provar o que diz? –Questionou Lívia

–Assim. –Falei mudando a cor da minha pele, passando por várias cores antes de voltar ao tom normal.

–Isso é real!? Letícia pode fazer essas coisas então?!

–E muito mais desde que estude, ela tem potencial para ser uma Metamorfa muito poderosa.

–Certo... mas ainda não sei se vou deixá-la estudar tão longe. Não sei se ela vai querer estudar tão longe.

–Vamos esperar ela chegar e aí passamos as informações. Enquanto isso se tiver alguma dúvida sobre a escola ou as habilidades da Letícia, pode perguntar.

Respondi as perguntas até que a jovem Metamorfa chegou. Ela é muito parecida com a mãe, Magra, olhos castanhos, pele clara um pouco mais escura que a da tia, e cabelos de tamanho médio cacheados.

–Oi mãe. Oi. –Disse ela falando com Lívia e depois comigo.

–Oi Letícia, eu me chamo Leonardo e vim até aqui para te oferecer uma vaga para estudar e controlar seus dons. –Falei colocando ênfase na última palavra. Achei que iria causar algum choque, porém ela continuou com a mesma expressão.

–Lê, ele me contou que você tem poderes de metamorfose e que pode mudar pequenas coisas no corpo. É verdade? –Perguntou Lívia

–O quê? Puxa vocês me pegaram! Espera só um minuto que eu vou à Nárnia e já volto. -Ironizou indo para o quarto com tanta convicção que se eu não estivesse certo teria desistido da ideia de que ela era mais uma aluna excepcional.

–Letícia eu sei que o que você faz. Por que não mostra os poderes? -Pressionei

–Esqueci meu amuleto mágico na casa de uma amiga. –Respondeu ela voltando do quarto depois de trocar o uniforme por uma roupa simples, encarando eu e Lívia.

Resolvi mostrar meus poderes, talvez assim ela largasse a couraça.

–Esqueci meu amuleto mágico na casa de uma amiga. –Eu disse em uma transformação completa da menina (voz e tudo), mostrando a língua só pra provocar.

Ela então olhou para a mãe aceitando a derrota.

–Eu não quero e não preciso ir. Eu aprendo sozinha a dominar meus poderes. –Falou a Metamorfa teimosa.

–Ok me mostra uma transformação completa. –Pedi

–Ainda não consigo, mas não vou demorar a aprender.

–Você tem poderes precoces Lê! O Leonardo explicou que é raro antes dos treze anos os Metamorfos manifestarem as habilidades, e você além de ter manifestado, tem certo controle pelo que ele me disse. Me mostra o que pode fazer. –Pediu Lívia.

–Arrg, ta bom. –Disse Letícia deixando os cabelos lisos, curtos e azuis, crescendo alguns centímetros e mudando a cor dos olhos de castanho para roxo.

–Então, o que acha de se juntar a nós da Academia Woodhand? Dá para fazer muito mais que isso. Ah! Quase esqueci, seu primo vai estudar lá também. Mas ele pertence à outra Classe. –Disse as últimas parte só para dar mais incentivo.

–O Gui? E por que ele não está aqui, nesta sala, conversando sobre isso também?

–Ele já foi detectado por outra pessoa e já aceitou o convite pelo que o diretor Ichabod me disse. Ele já foi informado de tudo, mas ainda não sabe que você também irá para Woodhand. Você quer aprender mais, não quer?

–Eu Quero!

–Tem certeza Letícia? Não quero que seja forçada a ir. –Disse Lívia.

–Eu tenho certeza, se eu sou tudo isso mesmo, vou ser a melhor entre todos em pouco tempo!

–É assim que se fala. –Incentivei dando risada da confiança que ela tem. –Você só tem obrigação de estudar na Academia Woodhand a partir do ano que vem, mas por já mostrar poderes pode começar logo esse ano se preferir. É uma exceção.

–E então? –Pressionou a mãe da menina.

–Eu vou esse ano mesmo! –Respondeu a Metamorfa.