Aniversário do Uchiha – 23/07 escrita por JúhChan


Capítulo 1
Capítulo único - Meu presente.


Notas iniciais do capítulo

Olá! Espero que gostem da one-shot que deveria ter sido postada na quarta-feira, mas por falta de tempo, não consegui... Mas ontem a noite consegui concluir a one, e acabei de revisá-lo... Boa leitura!! ô/ E nos encontramos lá embaixo...



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21 de julho.

Era uma segunda-feira como qualquer outra, professores explicando matéria nova e passando exercícios aos montes no quadro enquanto os alunos estavam sonolentos e sem a menor vontade de acompanhar a aula, pelo contrário, eles pediam para que o sinal avisando que estava na hora do almoço tocasse para poderem respirar profundamente no pátio.

E isso não tardou a acontecer. O sinal tocou e como se o sono que sentiam momentos atrás desaparecesse, como foguetes saíram da sala.

–Anda logo Hina! – apressava a amiga.

–Um momento Ino-chan!

Ino contou até três mentalmente, mas a barriga pedia por comida.

–Rápido Hina, se não vamos ficar sem almoço. – apressou novamente.

–Espera. – contrapôs desesperada, o seu dinheiro deveria estar ali

–Qualquer coisa o Naruto paga para você.

–Nem pensar.

–Então o Neji.

–Eu juro que coloquei a minha carteira nesse bolso, hoje de manhã. – falou consigo mesma, ignorando a última fala da amiga que a apressava da porta. –Achei! – exclamou aliviada, quando colocou a mão debaixo da carteira.

–Ah! Finalmente! Agora vamos. - e disparou pelo corredor em direção da cantina deixando a amiga para trás.

–Ninguém consegue segurar a porquinha quando ela está com fome. – outra voz feminina comentou em tom de desaprovação. –Mas ao contrário dela, sou totalmente paciente e vou com você até a cantina. – completou com um sorriso convencido nos lábios.

–Mas por que sinto que você me esperou por outro motivo? – questionou Hyuuga Hinata, encarando a amiga com um olhar analítico.

–Que isso Hina, é só impressão sua! – sorriu amarelo.

–Então vai negar que a preocupação estampada em seu rosto é pelo Sasuke e pelo dia que passou? - perguntou, mas ela já sabia a resposta, então deixou um sorriso acolhedor tomar conta de seus lábios enquanto se sentava em sua cadeira e chamava a amiga, encostada a porta, a se sentar na outra de trás, o almoço que esperasse.

Deixou os ombros caírem e o sorriso se desfazer, começando a andar em direção de Hinata com uma expressão tristonha. Queria conversar com as quatro amigas, mas sabia que quem realmente a entenderia, era a que estava sentada a sua frente, pois Ino sugeriria uma coisa com alta conotação sexual, Tenten diria para esperar o tempo fazer o seu papel que era cicatrizar as feridas do coração e Temari apoiaria a ideia da segunda.

–Não vou negar, Hina. – respondeu com a voz baixa. –Ver o Sasuke triste me deixa com o coração muito apertado. Sinto que a qualquer hora ele pode chorar, mesmo que diga que está tudo bem. – desabafou encarando as mãos sobre a carteira.

–Sei como se sente Sáh, o Naruto também passa por isso e tenho noção do quanto é apreensivo ver a dor que ele está sentindo e não poder fazer nada para aliviá-la.

–Se ao menos o Sasuke-kun falasse como realmente está se sentindo, eu não ficaria tão perdida. – lamentou-se percebendo que a visão começou a embaçar por conta das lágrimas.

–Mas lembre-se, não se pode forçar se ele não quer falar. Quando o Sasuke se sentir confortável para tocar no assunto, tenho certeza que ele vai desabafar com você Sáh, até lá, fique ao lado dele, assim ele perceberá que não tem apenas o Itachi-san para socorrê-lo. – aconselhou apertando a mão da amiga, em um ato mudo de apoio.

Sem que percebesse duas lágrimas escorrem pelo seu rosto, deixando um rastro molhado por onde havia passado. Todo ano acontecia a mesma coisa com Uchiha Sasuke, quando o dia quinze de julho se aproximava, o mau humor se intensificava, o olhar desfocado tomava conta de seus olhos negros e uma expressão abatida se formava em seu rosto, e tudo isso porque há dez anos, no dia quinze de julho, os pais do Uchiha sofreram um acidente aéreo grave, onde perderam suas vidas. E quando o dia chegava parecia que ele entrava em um momento de luto, se recusando a ter qualquer contato com qualquer pessoa, e isso se seguia durante uma semana completa, entretanto, mesmo que os sete dias passassem, sobrava alguns resquícios do modo ‘’vegetativo’’ do Uchiha.

Respirou fundo tentando conter o choro que lhe subia pela garganta, não adiantaria nada se ela, Haruno Sakura, a namorada de Sasuke, chorar. Porém não podia negar que doía nela vê-lo tão abatido e sufocado pela falta de uma família completa, o amor que só os pais poderiam dar, o carinho de mãe e o orgulho de pai, sim, Sasuke era carente, mesmo que seu irmão mais velho ainda estivesse ali, mesmo que ele garantisse que estava tudo bem para não preocupá-la.

–Sabe o que mais me dói? – perguntou com a voz embargada, e Hinata apenas balançou a cabeça de um lado para o outro.

–O quê? – quis saber.

–É saber que o aniversário dele acontece depois de uma semana do acidente. – falou com pesar na voz. -Esse ano queria que a festa surpresa que montamos ano passado desse certo, mesmo que o Sasuke-kun se sinta incomodado, eu só queria que ele soubesse que não está mais sozinho.

–Ele sabe que não está mais sozinho, Sáh. Mas, momentos como esses, o quê podemos fazer é respeitar o silêncio dele e, nesse caso, esperar que o tempo faça seu papel, porque o Sasuke sempre volta ao normal. – falou com um sorriso doce nos lábios limpando as lágrimas da amiga.

–Acho que você tem razão Hina. Obrigada. – e a abraçou.

–Eu não, é a Tenten! – sussurrou em tom brincalhão, fazendo Sakura rir levemente em meio as fungadas. –Mas se você quer fazer algo para deixar o Sasuke feliz, e tirá-lo do modo robô, porque não o presenteia com a coisa que ele deseja muito ter. – sugeriu.

As palavras da Hyuuga deixaram a Haruno um pouco confusa, o que ela queria dizer com presenteá-lo com a coisa que ele deseja muito ter? Seu cenho se franziu ao mesmo tempo em que a fixa caia, deixou a surpresa tomar conta de seu rosto com a sugestão por trás das palavras da amiga. A soltou de supetão e a encarou de olhos arregalados.

–Hinata, somos muito novos para ter um bebê! – falou histérica, segurando a Hyuuga pelos ombros, a chacoalhando levemente, como se pedia à amiga para acordar de um devaneio.

A aflição evidente na voz e a coloração vermelha que tomou conta das bochechas da amiga foram o suficiente para que Hinata risse da situação que ela mesma acabou criando ao soltar palavras com uma ambiguidade que não deveria ter. Os movimentos leves cessaram, porém os risos da amiga não.

–Desculpe Sáh, não era para ter soado assim. – pediu entre rios. –Aliás, que mente fértil você tem. – alfinetou, deixando a Haruno sem graça.

–A culpa é sua Hina! Ninguém mandou você dizer uma frase com duplo sentido.

–Certo Sáh, desculpe por isso. Mas espero que você tenha captado a mensagem, pois você só tem hoje para pensar o quê exatamente vai fazer!

–Já faço ideia. – e o som da barriga de ambas soou. –Mas acho que antes temos que almoçar. – levantou-se sendo imitada pela Hyuuga.

Entrelaçaram os braços e saíram da sala andando em direção da cantina, torcendo para que ainda tivesse algo para acobertar a fome que sentiam.

Prometo que esse aniversário você vai gostar Sasuke-kun!

~~*~~*~~*~~

O sinal avisando que as aulas daquela segunda – feira havia terminada soou por toda estrutura da escola, alguns comemoravam pelo fim e outros corriam para suas atividades extracurriculares em clubes de esportes ou raciocínio, ou até mesmo indo à sala do conselho estudantil.

–Sasuke-kun! – chamou pelo namorado que já estava saindo do prédio escolar.

Sasuke virou sobre os calcanhares e esperou por Sakura que corria em sua direção com um sorriso caloroso nos lábios, a sensação acolhedora que sentia toda vez que era envolvido pelos braços finos da namorada o preencheu em formas de ondas e não teve como não corresponder ao abraço.

–Quantas cestas irá marcar hoje? – perguntou contra o peitoral dele, no intuito de começar uma conversa.

–Não sei. – respondeu automaticamente a apertando ainda mais contra si.

–Já eu sei quantas cortadas vou dar hoje no treino de vôlei. – levantou a cabeça para poder encarar os olhos do namorado. –Vou fechar um set com cortadas, o que acha?

–Tome cuidado para não se machucar.

–Você também Sasuke-kun! – se desfez do abraço, ganhando uma careta desgostosa do namorado. –Agora vamos, já estamos atrasados!

E como resposta recebeu um acenar de cabeça, deixou um sorriso se formar em seus lábios, mesmo não sendo uma conversar normal que flui naturalmente, ela estava feliz, pois pelo menos conseguiu trocar algumas palavras com o Uchiha que não havia dito nada nos últimos dias.

Sasuke sabia que estava sendo um completo chato com todos, até mesmo com a namorada, mas ele não podia evitar, isso sempre acontecia naquela época do ano, simplesmente não conseguia ser o Sasuke de sempre quando o dia em que havia perdido os pais chegava e acabava ficando mau humorado e antipático a semana inteira, evitando ao máximo conversar com todos. E mesmo tendo consciência que o quê estava fazendo era ridículo, ele vinha fazendo durante os oito anos da partida de seus progenitores. Uma parte de si já havia superado a morte deles, porém a parte emocional não, pois era nesse dia que se recordava com mais intensidade que seus pais não estão mais ali para ser uma família completa.

Sentiu ser puxado pelo braço, e sem pensar duas vezes trouxe seu braço de volta e consequentemente sua namorada veio junto, o seu braço livre envolveu a fina cintura dela possessivamente, a trazendo para si e colando os seus lábios nos dela, iniciando um beijo intenso e cheio de sentimentos, mas principalmente amor e tristeza. Uma mistura diferente, porém deliciosa na opinião do Uchiha que enroscava sua língua na dela com tamanha força, assustando a Haruno.

O oxigênio em seus pulmões fez falta e se distanciaram o suficiente para poderem respirar.

–Desculpe se te assustei com o beijo. – pediu com a sua testa colada na dela. –Mas eu tive que fazer isso. – completou reparando que a garota ofegava e as bochechas estavam carmim.

–Não precisa pedir desculpas Sasuke-kun. – e sorriu docemente.

~~*~~*~~*~~

–Olá cunhadinha!

–Oi Itachi-san. – o cumprimentou de volta um pouco insegura, conversar com o irmão de seu namorado era estanho, mesmo que o conhecesse desde que se entendi por gente.

–Já disse que não precisa do SAN no final Saky. – fingiu estar chateado.

–Desculpe, mas é um hábito.

–Que você não terá mais. – falou convencido.

–O que você e Sasuke farão no aniversário dele? – foi direto ao ponto.

–Bem, deixe-me pensar. – fez um som como se estivesse pensando. –Acho que vamos visitar nossos pais e depois lanchar no Mcdonald, como fazemos todos os anos. Por quê?

Por um momento hesitou de contar o seu plano formulado pela metade ao cunhado. E isso custou alguns segundos de silêncio que fez Itachi tirar suas próprias conclusões.

–Vocês não estão planejando uma festa surpresa como ano passado né?

–Fique tranquilo, não vamos fazer nenhuma festa surpresa, porque corremos o risco do Sasuke-kun descobrir e recusá-la, como fez ano passado.

–Mas vai ter bolo na hora do almoço no dia vinte e três, não vai? – perguntou com expectativa, nada como comer um bolo delicioso feito pelas cinco garotas.

–Acho que não, dá muito trabalho. Ou você vai querer nos ajudar? – disse com um sorriso travesso.

–Sai fora Saky! Não quero sujar minhas mãos de farinha e muito menos ficar cheirando a ovos. – falou em tom sério, caindo na risada logo em seguida.

–Ah, que pena! Só porque eu queria experimentar algo que você cozinhou. – soou desapontada.

–Ei, o seu namorado é meu irmão, então peça a ele que cozinha para você.

–O problema é que eu já provei a comida dele, e arrisco dizer que é melhor do que a da Hinata. – e riram.

–Não precisa falar até aí cunhadinha. Nós dois sabemos que o meu irmão não cozinha algo comestível.

–A panqueca que ele fez da última vez que fui aí, estava comestível.

–É claro que estava, porque o bonitão aqui o ajudou a fazer. – revidou em tom convencido.

–Aham sei, a sua ajuda quer dizer zoá-lo?

–É pura aí Saky. Mas me diga, por que você me ligou mesmo? – quis saber, pois não era todo dia que a namorada de seu irmão mais novo ligava para ele.

–Ah, é mesmo. O motivo da ligação. Quarta-feira é o aniversário do Sasuke-kun, e nesses últimos dias estava pensando no presente ideal para dar a ele. Uma camiseta personalizada, o perfume que ele usa, algo feito a mão, foi o que consegui pensar, mas acho que isso posso dar no Natal.

–Você quer uma sugestão, é isso? – não esperou uma resposta. –Uma coisa que deixaria o meu irmão feliz, seria a sua virgindade, o que acha? Ele já está subindo pelas paredes aqui em casa, se é que me entende.

Pelo susto que levou, começou a tossir sentindo suas bochechas quentes e possivelmente vermelhas, do outro lado da linha Itachi ria da reação da garota.

–Vai se catar Itachi. Além do mais, eu não preciso de sugestão, pois já tenho certa ideia do que quero dar a ele neste aniversário, só que vou precisar de ajuda, será que posso contar com você? – esbravejou.

–É claro que pode cunhadinha, mas me diga, o que você vai dar ao Sasuke é a sua virgindade? Quer que eu o leve para o hotel? Pode deixar que o quarto é por minha conta!

–Urg! – grunhiu irritada pelas provocações de Itachi. –Não é nada isso! Eu só quero que você e ele venham jantar no restaurante do meu pai na noite do aniversário do Sasuke-kun. – soltou de uma vez, não suportaria ouvir insinuações desnecessárias.

–Você quer que eu atrapalhe o jantar romântico de vocês?

–Não vai ser um jantar romântico. Vai ser um jantar em família.

Ouviu um suspiro pesado do outro lado, e ela sabia que aquele assunto era também desconfortável para o mais velho.

–Eu não sei Saky. O que você está tentando fazer por nós dois é lindo, mas... – o receio em terminar a frase era grande.

–Eu já falei com os meus pais e eles entenderam afinal seus pais adoravam o sushi do senhor Hizashi. Por favor, Itachi, minha mãe está louca para vê-los e meu pai está empolgado para fazer isso. – pediu fazendo uma cara pidona, apesar do cunhado não conseguir vê-la, e a falta de resposta por parte do mesmo a deixava inquieta. -Se não conseguir aceitar dessa forma, pense que é apenas um jantar com a família da namorada de seu irmão mais novo. – tentou uma última tentativa de convencê-lo.

–Mas acho que vamos incomodá-los. São nossas dores e como tal devemos nos curar sozinhos.

–Não viaja Itachi, vocês não vão nos incomodar de forma alguma, além do mais, só queremos ajudá-los a superar essa perda enorme. – insistiu, mas se arrependeu logo em seguida, temendo ser chamada de intrometida.

Um silêncio entre ambos se instalou. Itachi não via problema algum em desfrutar de um delicioso jantar em um ambiente caloroso e aconchegante com pessoas gentis e receptivas, por outro lado tinha Sasuke que não pensava da mesma forma que ele, poderia interpretar mal a ação de Sakura e acabar chamando-a de intrometida e na pior das hipóteses, romper o namoro.

–Vou conversar com o Sasuke e amanhã te dou a resposta, pode ser? – quebrou o silêncio que para a Haruno estava sendo desconfortável.

–Pode. – respondeu depois de processar as palavras e não identificar nenhuma grosseria. –Mas não comenta com ele sobre o que acabamos de conversar. Do jeito que ele está, é bem provável que ele me peça para não me meter aonde não sou chamada, por favor.

–Ok. Até amanhã e obrigado.

–De nada. Até mais! – e desligou.

Só esperava que seu plano desse certo e no final, Sasuke voltasse a ser o mesmo de antes.

~~*~~*~~*~~

23 de julho.

O sinal avisando que era hora do almoço soou por toda escola, e na sala 3 – 3 uma agitação estanha chamava a atenção dos alunos que passavam pelo corredor.

–Naruto-senpai, o Sasuke-senpai está aí?

–Neji-senpai, chame o Sasuke-senpai, por favor.

–Sasuke-senpai!

Perguntava as estudantes das outras salas, fazendo uma verdadeira confusão nas duas portas que davam acesso à sala, e, querendo ou não aquilo sempre acontecia quando dia vinte e três de julho chegava, era um verdadeiro alvoroço para entregar o presente de aniversário à Uchiha Sasuke.

–Foi mal meninas, mas o Sasuke-senpai de vocês não veio hoje. – Uzumaki Naruto falou alto e em bom som coçando a nuca como se pedisse desculpas pela falta do melhor amigo.

As estudantes gritaram em indignação, e várias perguntas do tipo: o que aconteceu?, será que ele está bem?, por que faltou? – ecoavam em meio a tantas outras, incomodando os alunos que estavam dentro da sala e os que estavam no corredor.

–Ok, parem com essa bagunça. Aceitem que o precioso Sasuke-senpai de vocês não apareceu na aula hoje e nos deixem em paz! – exclamou Temari irritada pelo barulho que as estudantes estavam fazendo.

O silêncio se instalou logo em seguida, deixando alguns alunos agradecidos pelo momento de paz.

–A Sakura deve saber o que aconteceu com ele, vamos falar com ela. – falou uma estudante entre muitas que se espremiam na multidão formada nas portas, uma onda de afirmação passou pelo grupo feminino e no segundo seguinte o som de passos apressados ecoavam.

Quatro suspiros foram soltos dentro da sala 3-3.

–Só tenho dó de você, Sakura. Quando elas descobrirem que você está aqui. - Temari tornou a falar.

A Haruno apenas deu de ombros, as possíveis perguntas das fãs girls do namorado era o de menos, o que a mais preocupava era o motivo do dito cujo ter faltado aquele dia, e não, não era por causa de um resfriado ou coisa do gênero, mas sim pelo simples fato do Uchiha ter dormido mais do que devia, e mesmo sabendo que poderia entrar no segundo período, ele preferiu perder um dia de aula. Respirou fundo, não querendo supor coisas, já bastava a preocupação crescente pelo estado emocional dele.

–O que vocês vão dar de presente ao Sasuke-kun? – perguntou interessada, se puxasse algum assunto poderia distrair seus pensamentos.

–Sua virgindade! – respondeu Tenten prontamente, fazendo os outros rirem.

–Engraçadinha! – contrapôs com as bochechas coradas. –É sério. – lançou um olhar bravo à amiga.

–Estamos na dúvida se fazemos um bolo de aniversário ou parque aquático nas férias. – respondeu Neji que mexia freneticamente em seu celular.

–Parque aquático. – disse Naruto.

–Parque aquático. – disse Tenten.

–Parque aquático. – disseram Ino e Gaara juntos, Temari e Hinata apenas balançaram a cabeça, apoiando os demais.

Sakura deu de ombros, porque já fazia ideia da escolha dos amigos.

–E você Sáh, pensou no presente dele?

–Já está tudo pronto. – respondeu animada. –Só espero que ele goste. – fez mistério, não queria contar aos amigos o que estava planejando, pois tinha certeza que todos apareceriam afinal ninguém recusa comida de graça.

–O que é? – perguntou Tenten interessada.

–É uma surpresa Ten. – sorriu.

Um grito fino vindo de Ino, rompeu a sala, desviando toda a atenção para a mesma.

–Não acredito, finalmente você vai tirar a calcinha! – pegou as mãos da Haruno entre as suas e começou a pular soltando gritos agudos. –Ele vai ficar muito feliz, que presente perfeito!

Sentindo os olhares interrogativos e surpresos cravados em si, Sakura abaixou a cabeça, no intuito de esconder seu constrangimento com a franja e ao mesmo tempo, uma irritação crescia dentro dela que ia aumentando a medida que os gritos agudos de alegrias de Ino e comentários maliciosos de Temari e Tenten chegavam em seus ouvidos. Num movimento brusco, livrou-se das mãos da amiga e levantou-se com o rosto vermelho, porém não era de vergonha.

–Por que diabos vocês relacionam tudo que vou fazer para o meu namorado a sexo? –explodiu. –Não existe só sexo em um namoro! – e saiu pisando duro da sala, deixando as amigas assustadas pela sua explosão repentina.

Eles não terem transando ainda era um grande problema? Não custava nada suas amigas entenderem que ela estava esperando o momento certo e a coragem aparecer para poder subir de nível em seu namoro. Parou de andar e constatou que estava no último conjunto de degraus para chegar ao térreo, sentou-se ali mesmo e puxou lentamente o ar para seus pulmões, irritar-se com as amigas era a mesma coisa que ficar paranóica durante as provas semestrais.

Afundou a cabeça entre seus joelhos, até a vontade de comer algo havia sumido.

Ótimo! Além de estar preocupada com o meu namorado emo, estou irritada com as minhas amigas! Só espero que a noite não aconteça nada de errado e que o Sasuke-kun apareça com o Itachi-san. – pediu mentalmente. Deixou um suspiro escapar por entre seus lábios, a resposta que o cunhado havia prometido que mandaria ontem, não veio, apenas um SÓ AMANHÃ SABEREMOS, uma coisa tão vaga que por um momento ela pensou em cancelar seus planos e ir atrás de um presente decente. Porém, foi impedida de sair do quarto para avisar o pai e a mãe que nada aconteceria mais por sua consciência que falava: PARA LIVRÁ-LO DA DOR, NEM QUE SEJA POUCO.

O impacto de algo macio contra sua cabeça a despertou de seus devaneios. Mesmo não querendo saber quem era o ser que a cutucava com pão, deduziu ela pelo barulho do plástico sendo amassado e a maciez do objeto, levantou a cabeça com a expressão de poucos amigos, porém foi substituída pela expressão de incredulidade.

–Sasuke-kun? – piscou os olhos para confirmar que não era uma miragem.

O pacotinho contendo três pães de melão, o favorito dela, foi jogado em sua direção, por reflexo o pegou sem entender muito bem o que estava acontecendo. Seu namorado emo não deveria estar em casa? Então por que ele estava parado em sua frente vestido com o uniforme da escola e com uma expressão entediada?

–Você deveria estar em sua casa, quando foi que chegou aqui? – perguntou abismada, assistindo o Uchiha subindo as escadas, até parar um degrau acima do seu e sentar-se atrás de si.

–Eu estava aqui desde o segundo período. – respondeu com a voz baixa, pondo seu queixo no ombro da namorada enquanto a abraçava pela cintura, Sakura basicamente estava entre as pernas de Sasuke.

Suas bochechas coraram ao se dar conta da posição em que encontrava. O aperto em volta de si ficou mais forte e não teve alternativa se não se apoiasse no Uchiha.

–Então por que não apareceu na aula? – perguntou com o tom de voz calmo, aproveitado ao máximo o abraço repentino do Uchiha.

–Porque não queria assistir, fui para o telhado e dormi até a hora do almoço.

–Você é mais preguiçoso do que o Shika. – comentou com um sorriso balançando a cabeça de um lado para o outro, reprovando o que o namorado havia feito. –Mas só para você ficar sabendo, tem um monte de fãs girls procurando por você, e o Naruto falou que você não veio hoje, então se elas te encontrarem, é bom pensar em uma desculpa. – avisou com o cenho franzido, pois não gostava nenhum pouco da liberdade que as outras garotas tinham para com o namorado, se fosse apenas presenteá-lo estava bom, mas Sakura sabia que as abusadas aproveitariam para abraçá-lo e até mesmo depositar um beijo demorado na bochecha de Sasuke. Entretanto, estava feliz, pois comparado há dois dias, o namorado estava com o humor melhor e mais comunicativo, sinais de que o momento de luto do mesmo estava acabando e logo, logo, ele voltaria ao normal.

Menos mal! – pensou com um sorriso moldando seus lábios.

–Me preocupo com isso depois. – fez pouco caso. –Pois quero saber o que aconteceu com você.

–Como assim? – questionou sem entender aonde ele queria chegar com aquela frase.

Sasuke suspirou ao ver pontos de interrogações flutuando nos olhos verdes da namorada.

–Me refiro ao o que aconteceu para te encontrar irritada aqui. – disse estreitando os olhos, mesmo que estivesse em um momento vegetativo, o zelo para com a namorada ainda estava com ele.

–Ah! Foi só a Ino dizendo coisas desnecessárias. – deu de ombros.

–Tipo o quê? – quis saber.

–Coisa que só a Ino diria sem medir a vergonha que nos fará passar.

–Ainda quero saber. – falou contra o pescoço fino dela causando uma onda de arrepios na Haruno que tentou esconder isso rindo.

–Te garanto que não é nada demais.

–Ainda assim, me diga. – pediu apertando-a mais ainda contra si enquanto depositava um beijo molhado na área sensível do pescoço de Sakura.

–Sasuke-kun! – protestou sentindo seus pelos se eriçarem. –Pare! Você não vai conseguir nada de mim fazendo isso. – graças a uma força divina, ninguém andava por ali.

–Eu sei que não, por isso você deve me beijar. – Sasuke falou com a voz leve e travessa.

Rindo levemente, a Haruno suspendeu o corpo para trás, até ficar quase deitada, apoiada no namorado, sentiu as borboletas voarem em seu estomago quando reparou que o Uchiha se curvava para frente, se aproximando cada vez e invadido seu espaço.

–Feliz aniversário Sasuke-kun! – murmurou já sentindo os lábios finos cobrindo os seus em um beijo apaixonado.

~~*~~*~~*~~

Era a quarta mordida que dava em seu primeiro pão de melão, ainda faltava muito para terminá-lo, se não estava dando conta daquele, imagina comer os outros dois que ainda estavam intactos dentro do pacotinho. Desviou o olhar para saquinho plástico e o sorriso de orelha a orelha que estampou seu rosto foi automático, mesmo que não tivesse almoçado e ao invés disso ter aproveitado a uma hora que tinha de descanso para desfrutar dos beijos e carícias do namorado, não havia sentido fome até aquele momento.

Havia avisado um dia antes que não poderia treinar hoje e mesmo não falando o motivo foi liberada. Os momentos de puro amor que passou ao lado do Uchiha iam e viam em sua mente enquanto comia o restando de seu pão de melão. Quando chegasse a sua casa, trocaria de roupa e iria ajudar o senhor Hizashi que já deveria estar preparando a janta do genro no restaurante. Engoliu o pão e apertou o passo.

~~*~~*~~*~~

Depois de ter um momento com Sakura e ter saboreado os beijos que trocaram, ele voltou ao telhado apenas para pegar sua mochila e ir embora, depois copiaria os conteúdos perdidos de seus amigos e justificaria a falta no clube de basquete. Trocou de sapatos e começou a andar em direção do portão, pela sorte enorme que teve, o pedaço retangular de metal estava entreaberto, um espaço suficiente para ele passar sem esforço.

No caminho para casa, passou na padaria onde pegou os quatro cupcakes encomendados, levá-los para os pais em seu aniversário havia se tornado um hábito, o realizava todo o ano, pois ao invés de uma festa tradicional em celebração de mais um ano de vida, ele preferia comemorar de forma silenciosa e reservada, apenas com o irmão em frente do túmulo dos pais, parece esquisito sim, mas ele não ligava.

E só de pensar em seus pais, seu coração se apertava de saudade e a sensação de estar sozinho o atingia em cheio, o fazendo esquecer-se dos momentos cheio de amor que havia passado com a namorada.

Mesmo que você esteja do meu lado, preenchendo um vazio enorme dentro de mim, ainda sinto-me estranho. E eu sei que é a falta de Fugaku e Mikoto. – pensou enquanto se jogava de qualquer jeito no sofá da sala de sua casa.

~~*~~*~~*~~

–Hoje, o filho caçula de vocês, que também é o meu irmãozinho completa dezoito anos. Mãe, pai, espero que estejam felizes por isso, porque estamos levando a vida, mesmos sabendo que não é fácil quando vocês não estão entre a gente! – discursou Itachi num misto de felicidade e tristeza na voz.

–Não cometemos nenhuma besteira e continuaremos assim. – completou Sasuke colocando os dois cupcakes sobre o lugar de descanso dos progenitores. Já Itachi acendia dois incensos, um ficou com ele e o outro entregou para o caçula, e ambos, ao mesmo tempo enfiaram uma pequena parte do incenso sob as cinzas de outros incensos postos ali. Cada um juntou as suas palmas das mãos e fecharam os olhos, começando assim um silêncio de respeito, em suas mentes faziam uma pequena oração.

De repente os flashes dos primeiros oitos de sua vida passaram pela sua cabeça como um filme, Uchiha Fugaku,seu pai de expressão dura e admirador de bom comportamento, o ensinando a andar de bicicleta sem as rodinhas auxiliares quando Sasuke apenas tinha cinco anos, Uchiha Mikoto, sua mãe de personalidade gentil e ótima pintora, o ninando depois de um pesadelo quando tinha apenas três anos de vida, seu pai, ele e Itachi fazendo um bolo na manhã do dia internacional da mulher, outra lembrança era dos três brincando de futebol e logo em seguida sua mãe fazendo vários curativos nos ralados de todos ao final da tarde, e por último, o último abraço que deu em seus progenitores antes deles partirem para sempre.

Um bolo se formou em sua garganta, diferente dos anos anteriores, a vontade de chorar apareceu. A falta que seus pais faziam em sua vida e do irmão mais velho era enorme.

–Sinto falta de vocês. – ouviu Itachi balbuciar, contou até dez mentalmente para conter as lágrimas que ameaçavam escorrer. Respiraram fundo e em uma sincronia perfeita disseram:

–Porque amamos vocês!

Saíram do cemitério sem trocar nenhuma palavra, ambos sabiam que o silêncio era o melhor remédio para amenizar a dor que tomava conta de seus corações. Pois acontecia a mesma coisa quando vinham visitar seus pais em seus aniversários.

~~*~~*~~*~~

Uma musica qualquer tocava no rádio do carro, o Uchiha mais velho se concentrava na avenida movimenta enquanto o menor encarava um ponto cego dentro do automóvel com a cabeça encostada ao vidro, ainda doía o coração.

O outdoor brilhante do Mcdonald entrou em seu campo de visão, desejando internamente que o irmão virasse para a área de driver-thru, porém nada disso aconteceu quando o gigantesco M brilhante passou como um borrão por seus olhos.

–Itachi, já passou. - encarou o irmão com o cenho franzido.

–Mudanças de planos Sasuke.

–Mas... – tentou argumentar.

–Só estou com vontade de comer sushi. – deu de ombros.

Sasuke apenas bufou e voltou a encarar o ponto cego que antes tanto lhe prendeu a atenção.

Os quinze minutos que duraram para fazer todo o percurso até o restaurante foi em total silêncio, nem Itachi e muito menos Sasuke se atrevia a cortá-lo. Mas quando o carro parou e o Uchiha menor passou os olhos a sua volta para se localizar, tomou um susto ao se dar conta de onde estava.

–Itachi! – o chamou abrindo a porta em um rompante. –O que estamos fazendo aqui? Tanto lugar para comer sushi e você escolhe justo este?

–Não seja medroso Sasuke, é só o pai da sua namorada. Então vem logo, o sushi nos aguarda! – respondeu com a expressão risonha.

–Não podemos entrar hoje o restaurante está reservado. – apontou para a plaquinha que indicava isso.

O mais velho suspirou pesadamente e se aproximou do menor.

–Anda logo Sasuke, pare de arrumar desculpas, afinal, nós somos os convidados especiais.

–Você reservou? Eu já falei que não quero festas!

–Diga isso à Sakura, agora vamos, já estamos atrasados! – pegou o irmão pelo braço, o tirando do carro.

Sasuke franziu o cenho em confusão, o que Sakura tinha a ver com aquilo tudo? Bufou em irritação, o que mais queria naquele momento era se trancar em seu quarto com seu precioso fast food, mas via que seu desejo não seria realizado, pois estava sendo puxado, contra a sua vontade, em direção da entrada do restaurante. Sua expressão se contorceu em uma careta desgostosa demonstrando toda a sua vontade inexistente de jantar ali naquela noite.

–Você come sushi outro dia! É meu aniversário e quero um lanche! – reclamou assistindo a porta sendo deslizada para o lado.

–Boa noite Haruno-san. – desejou Itachi ignorando os protestos de Sasuke.

O pai de sua namorada levantou o olhar com um sorriso singelo.

–Olá garotos! – cumprimentou de volta moldando o arroz.

–Boa noite meninos. E sintam-se a vontade! – Mebuki os convidou com outro sorriso. –A Sakura já vem, então subam aqui. - indicando os assentos sobre o zashiki*.

Itachi sorriu de volta e andou até o degrau de altura anormal, sentando-se ali para em seguida tirar os sapatos.

–Como está a faculdade Itachi? – o Haruno mais velho puxou assunto.

–Tenho bastante livro para ler e entregar os relatórios dos mesmos, mas tirando isso está indo bem.

–Está fazendo o que mesmo? – questionou a mulher depositando um copo de chá a frente do rapaz.

–Obrigado. E estou fazendo direito.

–Está gostando do curso?

–Sim, nunca pensei que iria gostar tanto. – disse com o orgulho evidente em sua voz.

–Oh! Então se esforce para se tornar um ótimo advogado. – apoiou Mebuki, mas logo seus olhos se desviaram para o Uchiha menor que ainda estava parado perto da entrada. –Ei, Sasuke! Até quando pretende ficar aí? Venha para cá, rapaz! – pediu fazendo um sinal com a mão para ele se aproximar.

–Sakura quanto tempo pretende demorar em montar o prato de sushi? Eles já chegaram! – gritou Hizashi.

Enquanto o Haruno chamava pela filha, Itachi aproveitou o momento para virar a cabeça em direção do caçula lançando um olhar significativo, dizendo a ele que era para se mexer.

Nem pensar! Não me lembro de ter pedido nada disso! – falou em pensamento enquanto revirava os olhos e suspirava, mostrando claramente seu descaso diante da situação. Porém ele conseguiu acompanhar os movimentos dos lábios do irmão e um VEM LOGO ele proferia silenciosamente.

Novamente, Sasuke revirou os olhos e suspirou.

Quero ir embora! Meu quarto tem um clima mais confortável! – pensou irritando-se com a insistência do irmão.

–Sakura! – foi tirado de seus devaneios ao ouvir a voz da mãe da namorada, e dez segundos depois a mesma aparece carregando um grande prato de sushi e sashimi colocados de maneira harmoniosa.

–Que demora hein Saky, já estava pensando que você comeu todo o sushi! – comentou Itachi em tom brincalhão, depois de ter mandado um último olhar ao caçula.

–Não sou você Itachi-san! – fez bico.

–Não discuta filha e sirva os convidados! – bronqueou o Haruno e desviou a sua atenção para o Uchiha mais novo que continuava no mesmo lugar. –Sem cerimônias rapaz. Fiz uns hosomakis especialmente para você, então coma bastante. – sorriu.

Hesitante, assentiu com a cabeça levemente depois de digerir as palavras de Hizashi. Apesar de estar incomodado com tudo aquilo, fazer uma desfeita do convite do sogro não seria muito legal, mas estava sendo tentador, pois assistir o pai e a mãe da namorada fazendo seus papeis nas próximas duas horas, seria um tanto quanto desconfortável, mesmo que eles estejam celebrando o aniversário dele. Seria impossível não se sentir deslocado ao sentir um calor irradiando por Hizashi e Mebuki, que ele sentia falta. Certamente o desconforto e a sensação de ser um intruso ali, o deixaria irritado.

–Sasuke-kun. – uma voz conhecida o chamou. –Sasuke-kun!

–Oi? – respondeu perdido, e ouviu Sakura rir.

–Pretende ficar aí até o final da noite? – a viu andando em sua direção com os lábios curvados em um sorriso. –Venha, está na hora de comer.

O toque da mão da Haruno na sua, o fez voltar totalmente ao mundo real, e mesmo a contragosto deixou ser levado pela namorada.

~~*~~*~~*~~

Deixou seu décimo suspirou escapar discretamente, seu irmão terminava com o segundo grande prato de sushi e provavelmente o terceiro estava sendo montado pelo sogro, sua namorada conversava sobre algo interessante com a mãe, pois ambas estavam rindo, ora ou outra uma das Harunos tentavam incluí-lo na conversa, onde ele acabava dando respostas curtas que chegam a soar rudes pelos olhares que recebia do mais velho.

–Então Sasuke, já decidiu que curso fará? – olhou em direção do Haruno que acabava de colocar mais outro prato.

–Estou entre administração e economia. – respondeu automaticamente.

–Está pensando em dar continuidade ao patrimônio de Fugaku? – perguntou interessado.

–É. – soou nervoso ao falar.

–Que lindo! Seus pais devem estar orgulhosos de vocês! – vibrou Mebuki, o que fez Sasuke contorcer o cenho incomodado pelo assunto, e Itachi travar por um momento.

~~*~~*~~*~~

Já havia se passado uma hora, Itachi e Hizashi iniciaram uma conversa e Mebuki comentava vez ou outra enquanto Sakura recolhia a mesa e Sasuke sentado encarando algum ponto na mesa, dentro dele a vontade de ir embora era grande.

Acompanhou com os olhos as costas da namorada sumir para dentro da cozinha dos fundos e logo em seguida a sogra fazendo o mesmo caminho. Um minuto depois, as luzes se apagaram, assustando os três homens sentados.

–Acabou a energia? – a voz de Itachi soou.

Os sons de passos junto com uma luz se fizeram presente.

–Eu acho que não. – Haruno respondeu com um sorriso misterioso, já sabia o que aconteceria.

Logo a luz fez aparecer a forma de pequeno circulo coberto de glacê, sendo segurado pela Haruno que sorria docemente e ao seu lado a outra Haruno segurava dois embrulhos consideráveis, ambas em pé de frente para a mesa onde jantaram.

Quando as peças foram se juntando em sua cabeça, a incredulidade tomou conta nas expressões do Uchiha menor. Não podia acreditar no que sua namorada planejou, sim foi Sakura que fez tudo, segundo Itachi que havia acusado quando chegaram.

–Acho que todos nós sabemos que hoje é o aniversário do Sasuke, certo? – começou Mebuki. –E por isso, a Sakura resolveu preparar essa pequena festa. – respirou fundo, procurando as próximas palavras. –Sasuke, apesar do que você e Itachi passaram, e depois o enorme esforço que teve que dar para ser aceito pelo meu marido, quero que saiba que você é muito especial para mim.

–E para mim também, rapaz. – o Haruno completou com um olhar sereno, ao mesmo tempo em que a sogra se aproximava de si.

–Espero que goste. Esse foi feito por mim e o outro é uma coisa que Hizashi sempre quis dar se tivéssemos um garoto. Os aceite. – e estendeu os dois presentes em direção do Uchiha, que piscou os olhos, processando as palavras de Mebuki, porém foi interrompido pelo leve empurrão nas costas dado pelo irmão, dizendo mudamente para levantar e aceitar os presentes.

Ainda confuso, levantou-se e antes que desse conta era abraçado pela Haruno mais velha carinhosamente, por um momento, o calor maternal, semelhante ao da sua mãe, o aqueceu.

–Sei que é estranho falar isso, mas eu já o considero um filho, e tenho certeza que Hizashi também. – murmurou apenas para ele ouvir. –Feliz aniversário!

Seu coração se apertou, e ele concluiu que era a hora desfazer o abraço, pois sabia que de alguma forma, as palavras da sogra causaram um incomodo dentro de si que o deixou irritado.

–Bem... – a voz da namorada rompeu o cômodo. –Minha vez?

Itachi assentiu, dizendo que sim. Então ela engoliu em seco, ouvindo seu coração batendo em um ritmo acelerado. Respirou fundo enquanto dava os três passos restantes para ficar mais próxima do namorado.

–Três dias atrás, eu não sabia o que lhe dar de aniversário, pensei em tudo que poderia lhe agradar, mas no estado de espírito em que você se encontrava por causa da morte de seus pais, já sentia que até um simples cartão feito a mão o deixaria pior. – tomou o ar novamente. –Então, com a ajuda da Hinata uma ideia apareceu na minha cabeça. Eu queria vê-lo agindo como o Sasuke-kun de sempre e sabia que você estava mal pelos seus pais, mas também queria presenteá-lo em seu aniversário. Apenas juntei o útil ao agradável. – e aquilo foi o estopim para Sasuke.

Em um piscar de olhos, se pôs de pé calçando o tênis. Andou a passou largos até a entrada e antes de deslizar a porta para o lado, olhou por sobre o ombro, lançando um olhar bravo à Sakura e saiu dali.

Ele ficou chateado? – pensou assustada. Ela não via aonde havia errado, o que teria feito para deixá-lo bravo? Era apenas uma pequena festa com suas famílias. Será que foi levada pela preocupação excessiva e acabou invadindo o espaço dele? Ela não sabia, o sentimento de culpa e a confusão que estava sentindo já era o bastante.

–Desculpe pelo Sasuke. Eu não sabia que ele agiria daquela forma ao receber o amor que tanto nos faz falta. – foi desperta pela voz carregada de culpa do Uchiha mais velho. -Sinto muito. – curvou-se para frente.

–Não precisa de tudo isso Itachi. – retrucava de volta seu pai assustado pela ação do outro. –Não estamos bravos, então levante a cabeça, rapaz. – pedia desesperado.

Passou os olhos pelos três presentes, vendo arrependimento, desespero, susto e também a conhecida a expressão sem graça, nas feições deles, se não tivesse planejado aquilo, nada disso teria acontecido.

–Eu que paço desculpas. – falou sentindo um bolo se formando em sua garganta, curvando-se também. –A culpa foi toda minha por imaginar que poderia fazer algo para aumentar seu astral.

–Filha, pare com isso. O Sasuke só está estranhando as coisas, ninguém tem culpa aqui! – contrapôs sua mãe.

–Sua mãe tem razão, então levante a cabeça, você também Itachi. – completou seu pai, mas ainda sentia-se responsável por aquela noite. –Vamos, levante. – o Haruno insistiu.

Foi aos poucos voltando a posição vertical e quando seus olhos se encontraram com os três pares ali, sua visão embaçou.

–Vou concertar isso. – falou em um impulso, mesmo que seus pais não estivessem indignados pela falta de educação do namorado, era obrigação dela se desculpar com Sasuke por ser uma intrometida.

Saiu do restaurante do progenitor correndo, deixando seus pais e o cunhado sem reação, pedia do fundo do coração que ele não estivesse ido muito longe. Qual foi o susto que tomou ao encontrá-lo a dois metros de si.

–Sasuke-kun! – gritou a plenos pulmões, pelo horário, poucas pessoas circulavam pelas ruas. -Sasuke-kun espera! – apertou os passos ao ver que seu pedido foi atendido. O alcançou, porém não se atreveu a parar em sua frente, permanecendo atrás dele. -Gomen né, eu não queria deixá-lo bravo, pelo contrário, planejei tudo aquilo para ajudá-lo a tirar, pelo menos um pouco, essa solidão que você sente.

O Uchiha apenas ouvia atentamente as palavras ditas por ela, e sem que percebessem um silêncio acabou se instalando entre os dois, deixando Sakura nervosa pelo o quê ele poderia responder. Os segundos de silêncios foram cortados pelo suspiro cansado dele.

–Eu não pedi ajuda, Sakura. Essa solidão é minha e sou eu quem vai superá-la.

–Eu sei, mas ver você mal, me dói o coração, eu sinto que preciso te ajudar de alguma forma.

–Se não percebeu, essa ajuda que você está tentando me dar só piorou ainda mais a situação. Além do mais, eu não preciso da sua pena. – proferiu em tom de voz cortante e carregada de sarcasmo, e ele sabia que a magoaria pelo jeito que estava a tratando, porém não estava com a cabeça para pensar nisso.

–Não é pena. – murmurou com a voz embargada.

–Se não é, então me diga o que é! – nenhuma resposta veio. –Me diga Sakura, por que você está fazendo tudo isso? Mesmo você dizendo que não tem pena de mim, eu sei que é mentira. – admitia que estava descontando sua irritação e frustração na namorada.

Mas o ato seguinte o pegou desprevenido. Num impulso, a Haruno circulou a cintura do Uchiha com seus braços, o envolvendo em um forte abraço. Não conseguia explicar o motivo de ter abraçá-lo e quando caiu em si, já estava com os braços finos em volta dele, no intuito de nunca mais o soltar.

–É porque eu amo você e gostaria de sempre vê-lo sorrir. – declarou entre soluços.

Os olhos negros se arregalaram levemente.

–Você, mais do que ninguém, deve saber que ver a pessoa amada sofrer ou triste, dói como uma dor física na outra, e se quer fazer de tudo para ver essa pessoa feliz, mesmo que isso acabe transformando a outra em uma intrometida preocupada.

O calor do abraço apertado e a sua camiseta molhada na parte de trás por conta das lágrimas dela faziam uma combinação perfeita naquele momento.

–O meu presente para você era fazê-lo sentir novamente a presença de um pai e uma mãe em sua vida. E escolhi meus pais, porque eles têm muito amor para dar e porque eles já o consideram como parte da família. Pensei que se você sentisse isso, os sentimentos negativos que ainda estão em seu coração, poderiam lhe dar uma trégua. – e pôs a mão na região onde ficava o coração dele.

E Sasuke acabou concluindo que estava sendo um ignorante e muito tapado, pois recusar uma coisa que ele tanta sente falta e estava bem na sua frente, com certeza seu raciocínio estava com algum defeito.

–Sei que fui uma intrometida, mas eu só queria o seu bem. Vou entender se ficar bravo comigo, afinal eu mereço de certa forma. – apertou ainda mais os braços em volta da cintura do namorado.

–Sua irritante. – suspirou pesadamente, enquanto virava sobre os calcanhares e ao mesmo tempo em que a trazia para mais perto de si, em um abraço normal. –Estou bravo sim, mas não quero que você saia do meu lado. Já perdi duas pessoas importantes, e uma terceira está fora de cogitação. Afinal eu preciso de você, Sakura, para viver plenamente. – declarou em voz baixa bem próximo ao ouvido da namorada. –E outra, só me ajude a te amar ainda mais, nada mais que isso!

Pegou o rosto dela entre suas mãos, aproximando-se aos poucos, até faltar dez centímetros para provar de seus lábios, mas antes, Sasuke cruzou seu olhar com o dela, podendo ver o amor reluzir em nos obres verdes. Seu coração oscilou, e seus olhos negros acompanharam as lágrimas escorrem até entrarem em contato com suas mãos, sem pensar duas vezes, encaixou os seus lábios nos dela, a beijando intensamente.

~~*~~* ~~*~~

14 de agosto.

Abriu seu armário onde seu sapato, que parecia mais uma sapatilha, o que deveria ser usado dentro da escola, e seu cenho se franziu em puro desentendimento ao perceber que seu sapato compartilhava espaço com um envelopo branco. Ainda de meia, esticou o braço para alcançá-lo e pensou seriamente se abriria ou não, pois poderia ser alguma brincadeira de mal gosto de alguma fã girl do namorado ou um recado do mesmo. Com um sorriso moldado em seus lábios, abriu o envelope com a expectativa de que poderia ser algo vindo de Sasuke.

Tamanha foi a sua surpresa quando seus olhos vislumbraram o que tinha dentro naquele pedaço de papel. A foto que deveria estar no celular do Uchiha, estava em suas mãos revelada, nela, ele estava beijando demoradamente a sua bochecha esquerda enquanto ela sorria em alegria pela demonstração de afeto vindo por parte dele.

A foto foi tirada no dia vinte e três de julho. Depois que trocaram um beijo, ela conseguiu convencê-lo a voltar, mas se surpreenderam quando se deparam com os três adultos mexendo em fogos de artifícios de porte pequeno, e ao avistarem o casal, convidaram a participar do acendimento daqueles fogos depois de cantarem a música tradicional de aniversários, salvando então, o aniversário do namorado. Porém antes de Sasuke se juntar a eles, desculpou-se com os pais da namorada e com o irmão.

Virou a foto e se surpreendeu pelas seguintes palavras:

Sakura, obrigado.

Escritas bem no centro, com a caligrafia dele. Desceu o olhar se deparando com outras palavras, que fez com que um sorriso de orelha a orelha se moldasse em seus lábios.

P.S. estou do seu lado...


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Notas finais do capítulo

Então, o que acharam do presente nada convencional da Sakura? Aposto que 75% das leitoras acharam que a Sakura daria a virgindade para o Sasuke né... xD Mas resolvi deixar esse assunto de lado e escrever algo sentimental... (adoro!)Enfim gente, esse foi o aniversário do Sasuke que imaginei... Espero que tenham gostado, e esperando os reviews... Beijos! ;D P.S. Feliz aniversário atrasado Sasuke! =D