Parecia o céu. A morte é tão bonita, tão calma. Se soubesse que era tão boa assim, teria feito antes. Meu corpo adormeceu e simplesmente não senti mais nada. Era uma calmaria, uma sensação de paz. Que me deixava feliz. Sentia o sangue pulsando em meu corpo, enquanto o resto dele ia parando. Meu braço perdeu os sentidos e não conseguia mais mexe-lo. Minha vista turva e minha boca seca. Meus sentidos perdem cada vez mais a sensibilidade. Senti um gosto doce na boca. Me lembrou minha infância. Um mouse de limão que comi uma vez, só não me recordo onde. E como dizem sua vida passa de pouco em pouco quando esta nos últimos minutos. Que endorfina maravilhosa. Que sensação gostosa. De repente me vem a mente, Jeremy. Morrerei sem nunca ter lhe dado um beijo se quer. Que tristeza. Meu peito gelou, um frio na barriga me tomou. Percebi que era o fim. Faltaria pouco minutos ou segundo. Minha respiração se tornou ofegante e por um segundo me arrependi, mas já era tarde e eu estava morrendo, sem ter feito tantas coisas que gosto. Morrendo, porque sou fraca de mais para suportar o mundo. Tarde de mais para se arrepender. Ninguém apareceria para me ajudar. Infelizmente é o fim. O fim de alguém que não viveu simplesmente nada. Adormeci em um sono profundo que nunca mais se acorda.

Abro os olhos, uma sala branca. Só pode ser o céu. Meu corpo estava mole e me sentia sonolenta. Olhei ao meu redor e me assustei. Alex, sentando ao meu lado, com a cabeça baixa. Me mexi ao vê-lo. Seu olhar perdido se virou a mim. Escorria lágrimas em seu rosto tão delicado. Ele não falou nada. Só segurou minha mão e beijou minha testa. Não entendia nada. Eu não morri então? Um alivio tomou conta de meu corpo. Poderia ainda conquista Jeremy, como Deus é bom. Eu supliquei isso nos últimos minutos e ele me atendeu.

Bem, por incrível que parece meu pai não sabia que eu estava lá. Alex, foi até minha casa para me contar algo que até agora não sei o que seria, e me viu morrendo naquele chão gelado. Me levou ao medico e por sorte sobrevivi. Ele disse que não contará a ninguém, mas terei que passar com um psicólogo e quando eu estiver triste, tenho a obrigação de contar a ele. Sim, ele é um anjo. Um ótimo amigo, quase um irmão que nunca terei. Meu pai foi viajar de ultima hora e só me deixou um sms avisando. Dois dias no hospital e levei alta. Alex foi para casa comigo, ficou a tarde inteira ao meu lado, cuidou de mim. Quanto amor. Então quando começou a anoitecer, pedi para ele dormir comigo e ele ficou. Deitei em seu peito e logo adormeci. Senti seus lábios molhados tocarem minha testa, em um quase dizendo “Irei cuidar de você”, sua mão passava gentilmente sobre meus cabelos. Senti seu coração acelerado. E por um momento pensei que talvez ele me amasse, mas é bobeira. Ele é só um grande amigo. Ele foi um anjo e me ajudou de todas as formas. Dormimos.