Abri a porta, morrendo de medo de ouvir mais xingamentos ou de apanhar dele. E assim, que nosso olhares se pegaram. Eu vi tanta tristeza estampada em seu rosto. Ele, era um homem infeliz. Não muito diferente de mim, na realidade éramos iguais. Com vícios. Ele bebia e eu me cortava, fazíamos isso na esperança de que a dor que existia dentro de nós, sumisse, junto com a bebida ingerida e com o sangue perdido. Ficamos nos encarando, ele não disse nada, nem eu. Só nos olhando, mas aquele silencio, para mim era muita coisa. Um pedido de desculpa. Acenei com a cabeça para ele e entrei de volta para o quarto e ele seguiu para o dele. Me sentei na cama, e meu celular tocou, Alex, me ligando. Peguei o celular, olhei, pensei se devia ou não atender e enfim atendi.

– Alô?

– Anne? Posso ir ai?

– Para o que? - Fiquei surpresa com o pedido.-

– Preciso muito falar com você

– Talvez não seja uma boa ideia. As coisas aqui em casa não estão legais. Vamos se encontrar depois?

– Tudo bem, depois ti ligo.

Concordei e desliguei. O que será que ele queria falar comigo?