Always in my head escrita por Júlia Silvano


Capítulo 1
Always in my head


Notas iniciais do capítulo

Oooolá pessoas. Bom, é a primeira - de muitas que pretendo - One que posto. Espero que gostem :33



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Mais uma vez tinha acontecido. E eu não sabia como agir, o que falar. Palavras não são suficientes para explicar a dor que se alastra em meu peito. E nem posso imaginar pra ela. Já era o segundo bebê que perdia, que não conseguia segurar.

Desde que nos casamos planejamos ter dois filhos, mas perdemos os dois até agora. Eu não a culpava, de forma alguma, mas me preocupava o estado que ela se encontrava. Quando aconteceu, o médico deu alguns medicamentos a ela e disse que dali a dois meses poderíamos tentar novamente. A gravidez era de risco e... Aconteceu. E ela mudou. Sempre que eu chegava da empresa -da qual ela estava afastada por tempo indeterminado- eu a via pelos cantos, soluçando, agarrada aquele macacãozinho rosa. A primeira roupinha que compramos quando descobrimos a primeira gravidez. Eu me sentia inútil por ver minha esposa inconsolável, por eu não conseguir consolá-la. Me doía a ver assim e não... Não saber como apaziguar sua dor.

Procurei na Internet (com aquele mouse que já tinha caído mil vezes à bolinha) maneiras de tentar ajudá-la. Mas nada me parecia certo nada adequado ao momento. Nada que dissesse "ei, não se preocupe, eu estou com você. Eu te amo!", que era o que eu não conseguia dizer. Mas ela se afastou de tal maneira que nem o "boa noite, amor" que se repetia toda noite era escutado. E isso tudo estava me arrasando, me despedaçando. A dor que eu sinto é grande, mas não posso dizer que entendo o que ela sente. Ver o sonho de ser mãe ir embora sem que você consiga fazer algo. E eu sentia que ela se culpava. Por vezes a escutava dizer "se eu tivesse me cuidado...", como se ela pudesse ser mais cuidadosa do que já era. Por Deus! Tinha dias que ela nem saia da cama porque estava enjoada, ou me esperava chegar em casa para que eu pudesse lhe ajudar no banho.

Eu não via apenas a alegria daquela mulher que eu era apaixonado ir embora, eu via a esperança a abandonar de que seus sonhos de menina se realizassem. Já havia passado três meses do ocorrido e ela não se manifestou se queria ou não tentar novamente. Meu medo é que aquela mulher que era, e ainda é a razão de eu levantar todos os dias se perca na sua angústia a ponto de eu não conseguir trazê-la de volta. E eu não ia perdê-la, não depois de tudo o que passamos. Não depois de passar noites imaginando o que seria quando tivéssemos nossos filhos. E isso não aconteceria. Eu iria conversar com ela, afinal, nos casamos para que mesmo? Da mesma forma que ela sempre está do meu lado eu estou do dela e nada vai mudar isso.

XxxxXxxxX

Cheguei a casa no mesmo horário de sempre. A rotina prevaleceu, ela já tinha feito o jantar e provavelmente estava no quarto. Jantei, peguei minha toalha e fui para o banho. Nunca tive que poupar palavras com Raquel. Ela sempre respondeu na mesma moeda e ainda pior. Mas agora não. Eu tinha medo de falar qualquer coisa e a vê quebrar como vidro. Nesses cinco anos de casamento nunca ficamos mais de uma semana sem se falar (o que aconteceu por causa daquele gato dela).

E agora não passávamos dos cumprimentos normais. Não sei quanto tempo exatamente fiquei no chuveiro tentando encontrar palavras, só sei que de nada adiantou. Saí de lá e entrei em nosso quarto, para logo me arrepender. Ela estava deitada na cama com o robe branco, o que indicava que tinha deitado direto do banho. Os joelhos estavam curvados, em direção ao rosto, banhado por lágrimas. A medida que eu a ouvia soluçar seus braços se firmavam mais em torno daquele urso que um dia fez parte da decoração daquele quarto. Ela estava com os olhos fechados, não viu quando entrei no quarto. Cada fungada que dava era um nó que se formava em minha garganta.

Eu não precisei pensar para agir, por instinto subi na cama e a aninhei em meus braços. Toda aquela sensação de medo e de insegurança desapareceu assim que senti sua pele com a minha. Me encostei naquele amontoado de travesseiros enquanto a puxava para meu peito. Ela se agarrou a mim de tal maneira que podia sentir as batidas frenéticas do seu coração. Não fiz outra coisa senão abraçá-la, passando minha mão pelas suas costas, sentindo as fungadas se perdendo no silêncio. Mas não um silêncio constrangedor, só... Palavras que não foram necessárias no momento. Ficamos assim por um bom tempo, ela praticamente deitada sobre mim, minha blusa com suas lágrimas e eu, alisando suas costas e volta e meia enxugando uma lágrima que escorria por sua bochecha.

Quando pensei que tivesse dormido ela se solta de mim e me olha. Limpa o rosto e arruma o cabelo. Há tempos nem um batom ela passava naqueles lábios que eu tanto amava. A morena a minha frente não olhava diretamente em meus olhos, sinal de seu nervosismo. Estava ponderando se devia ou não falar algo. É agora ou nunca.

- Você não precisa ter vergonha de mim. -Digo para ela, que me fita com aqueles olhos castanhos que por anos me aquecem só com uma olhada. -E nem se sentir culpada.

O olhar que antes carregava dúvida, agora estava cheio de tristeza, de angústia.

- Não tem como eu não me sentir culpada, Fellipe. Eu que carregava aquele... Bebê. -Ela diz com os olhos marejados. A puxei novamente para mim. Raquel sempre foi forte por nós dois, e encontrá-la agora assim me fazia querer a proteger mais, como se ela fosse se quebrar com um descuido meu.

- Você sabe que não precisa se sentir culpada, meu amor. Eu não te culpo por isso. Acontece com várias pessoas. -Respondi a ela mexendo em seu cabelo, que pendiam até a cintura com lindos cachos.

- Você não me culpa? -Ela pergunta, se virando pra mim para ter certeza de que eu não estava mentindo.

- Claro que não, não foi culpa sua. É uma dificuldade que nós dois passamos. - Digo frisando bem "nós dois". - Você tem que parar com isso Quel, parece que não confia em mim. Acima de sermos casados, somos amigos. Não lembra como foi que começamos a nos falar? - Disse, arrancando um riso fraco da morena. O som da sua risada era bom. Muito bom. - Desastrada como você é deixou cair todas as coisas que estava segurando. Eu não pude não te ajudar, e acabou que encontrei a mulher da minha vida em um ônibus. - Digo puxando sua mão, para senti-las entrelaçadas.

- Bobo. -Ela diz, deitando novamente em meu peito, com nossas mãos ainda juntas. Ficamos em silêncio de novo, apreciando a companhia um do outro como há tempos não acontecia. Eu sentia tudo voltando ao normal, menos uma coisa.

- Você quer tentar de novo? - Eu pergunto, sentindo-a parar com o carinho na minha mão. Sinto suas costas enrijecerem. Beijo o topo de sua cabeça, começando a fazer carinho em sua mão, onde ficava sua aliança. Lembro exatamente como foi comprar ela, decisão difícil. Não gostava de nada grande e nem muito brilhoso. Achei a joia perfeita numa loja pertinho do seu trabalho, uma revista da qual ela tinha uma coluna juntamente com duas amigas.

- Se você não quiser, podemos adotar. - Digo a ela, não tendo mais certeza se ela queria. Eu não sabia ao certo o que fazer se ela não quisesse nem adotar. O medo de que nem adotar mais ela quisesse já começava a me assombrar.

- Eu tenho medo. Medo de perder de novo. Perder nosso bebê. -Ela responde, já com a voz embargada. -Tenho medo de não conseguir segurar de novo, de perdê-lo novamente.

- Vou estar com você sempre, Raquel. Independente se conseguir ou não segurar essa criança que eu sei que você pode. Só quero que saiba, que tenha certeza que vamos tentar quantas vezes você quiser. Além do que, também quero tanto quanto você. - Respondo olhando para ela, que sorria genuinamente. Como sentia falta daquele sorriso.

Mas eu não podia esperar algo diferente de Raquel. Logo ela estava com outro sorriso no rosto, que não via a tempo, um sorriso malicioso. Como não entendi imediatamente minha expressão deve ter sido de incompreensão. Como ela estava na minha frente foi fácil ela colocar cada braço ao lado do meu corpo, para sentir seus lábios beijarem meu pescoço delicadamente.

- Sabe, faz tempo que não tomo minhas pílulas e, espero que seja verdade, te deixei na "seca" por três meses. - Ela diz, num sussurro, em meu ouvido. Comecei a entender o que ela queria, para logo sentir todos aqueles sonhos voltarem. Gargalhei com sua fala, colocando minhas mãos em sua cintura para jogá-la deitada na cama.

- Como pode duvidar de mim? Você sabe que é a única. - Digo, e coloco minha mão sobre sua barriga. - Mas claro, até eu ter uma míni você.

- Claro que não Fellipe, quero um menino! - Ela diz, colocando sua mão sob a minha.

- Mas ela vai ser tão linda. - Digo, ela estava pronta para revidar quando a calo com um selinho. - Não discuta, o que importa é que vai vir e vai ser cheio de saúde. - Exclamo a olhando. Ela passa a mão pelo meu rosto e o puxa, para um beijo calmo.

-Eu te amo. - Ela diz, com os olhos cheios de felicidade, aquela esperança não tinha a abandonado.

- Eu te amo mais. - Respondo, selando nossos lábios novamente. Não sei como ela consegue, e nem questiono porque eu gosto, mas ela conseguiu me virar, ficando encima de mim, com as mãos espalmadas sobre meu peito. Com minha ajuda ela tirou minha blusa, para logo me jogar na cama de novo e começar a arranhar meu peito.

- Você pode me amar sim e ser o homem da nossa relação, mas... Bem, sou eu que mando. -Ela diz, passando a unha por todo o meu peitoral. Não tem como não admitir que ela me excita de uma maneira avassaladora. Dessa vez eu a joguei de novo na cama, ouvindo sua gargalhada e tendo certeza que ela sabia que eu não estava gostando daquele joguinho e que queria ir direto ao ponto.

- Hoje, amor, nós vamos revesar. -Respondo, para logo em seguida atacar seu pescoço. Minhas mãos já conheciam o corpo, as curvas todas memorizadas pela minha mente.

Aquela noite foi a melhor, para nós dois. Tanto quanto nossa primeira vez em nossa lua de mel. Nada nos separou as pequenas brigas só ajudaram a fortalecer nossa relação. Não podíamos ser mais felizes. Claro, a não ser quando descobrimos que nossa pequena, ou pequeno -finalmente- estava a caminho. E sabe qual foi a maior surpresa? Descobrir que não viria apenas um.


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Notas finais do capítulo

Bom, é isso gente. Se quiserem, comentem se gostaram ou não, ou se essa carreira está vetada para mim haha. Obrigado, beijokas :33



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