"Você era meio punk rock, eu cresci no hip hop."

– Cara, você tá escutando?! - Sinto Max jogar batatas em minha direção e olho em sua direção, fazendo o mesmo arregalar os olhos. - É a Mundial, deveria estar feliz, seu irmão tá na Mundial. Eu mostro pra esses caras como é que se dança no Sul.

– Estou te escutando. - Garanti. - E não quero mais acordar com o som daquela altura, garoto.

– Nem tava tão alto assim. - Murmurou enquanto colocava os fones de ouvido e os deixava tocando, desligando em seguida. - O que a gente tá fazendo na Califórnia mesmo?

– Você, veio para morar comigo. - Explico vendo-o revirar os olhos. - E o que eu estou fazendo aqui não importa. Satisfeito?

– Mano, se você me bancar eu estarei satisfeito até na China. - Ri ao vê-lo falar e começar a preparar seu café-da-manhã. - A gente tem visita, é? Você nem liga pra altura das minhas músicas.

– Suas aulas começam daqui duas horas. - Avisei, me levantando e o olhando. - Depois, procuraremos um treinador pra você.

– Vou adorar a escola. - Murmurou enquanto colocava os headphone novamente. - Não vou hoje! Nem amanhã!

Liguei para Nicholas, avisando que a Black estava comigo, frisando que ele deveria ficar de olho na Universidade. Subi as escadas lentamente, garantindo não fazer nenhum barulho ao entrar em meu quarto. Ainda estava um tanto escuro, por conta do horário e das cortinas negras em meu quarto.

Escutei um baque absurdo vindo do banheiro e andei rapidamente até a porta que estava aberta, encontrando Bárbara com as mãos cobrindo o rosto. Segurei em seus braços a levantando e vendo um corte profundo em sua testa, sangrando e passando para suas mãos. Coloquei a rapidamente na bancada, gritando para Max trazer o kit de primeiros socorros.

– Calma. - Sussurrei a olhando, tirando suas mãos e colocando uma toalha por cima do corte.

Max entrou rapidamente do banheiro, arregalando os olhos azuis ao ver a morena. Peguei a caixa e pedi que ele saísse, depois de escutar a porta do quarto ser fechada, encarei os olhos negros assustados em minha frente. Segurei sua mão, colocando-a em cima da toalha para que a segurasse firmemente. Abri a caixa, procurando rapidamente as coisas dentro da mesma. Peguei gaze na gaveta e joguei tudo em cima da bancada, tirando levemente a toalha do machucado da morena

Estanquei o sangramento, vendo um corte profundo descer da sua testa até suas bochechas. Limpei o ferimento, vendo a morena arfar com a ardência. Tentava mexer o mais levemente possível com a gaze.

– Apavorei por não saber onde eu estava. - Bárbara murmurou me olhando enquanto respirava profundo. - As cortinas estavam fechadas e achei que a porta estava trancada.

– Por que não gritou? - Perguntei calmamente, verificando se tinha feito tudo corretamente. - Teria vindo no mesmo momento, estava apenas conversando com Max.

– Quando levantei vi uma foto sua com um garoto mais jovem de frente para a Torre de Pisa, e percebi que era seu quarto. - Explicou, deixando visível as bochechas coradas. - Só queria tomar um banho. Desculpe.

– Poderia ter pegado em seus olhos, tome cuidado. - Acariciei seu rosto, sentindo-a morena paralisar, fazendo com que eu a soltasse em seguida. - Como você conseguiu cair?

– Sou desastrada, é normal. - Garantiu, sorrindo fraco.

Segurei em sua cintura, erguendo-a e a colocando no chão novamente. Os cabelos negros agora estavam totalmente desalinhados e ela passava as mãos rapidamente por todo ele, tentando colocar ordem o mais rápido possível. Os lábios agora estavam neutros, deixando-a totalmente natural. As roupas amassadas estavam fora do lugar e ela segurava, ainda, a toalha em mãos, jogando-a no cesto em seguida.

Os olhos negros captaram que eu a observava um tanto fixamente, e Bárbara desviou o olhar.

– Não a deixei em casa ontem porque não poderia simplesmente a entregar para Damon. - Expliquei, tendo surpresa em suas expressões.

– Poderia ter me acordado. - Murmurou dando de ombros.

– Sinta-se a vontade, Bárbara. - Caminhei até a porta, virando-me para dizer uma última coisa antes de fecha-lá e deixar a morena a sós. - Tenha cuidado.

**

Bárbara ainda continuava no quarto e já estava dando a hora de deixar Max no colégio, o qual estava furioso por ter que frequentar novamente uma escola totalmente diferente. Olhei novamente as horas, vendo que se Max não andasse logo, iríamos nos atrasar.

Abri o computador, pesquisando sobre Ravenna Black. A foto rapidamente apareceu no Banco de Dados Central. Sem nenhuma passagem pela polícia ou quaisquer indícios de criminalidade, senti o sofá afundar levemente e logo o doce aroma dos cabelos negros da morena me atingiu.

– Oi.

Um sorriso tímido brincou em seus lábios enquanto ela mexia no anel em sua mão, olhando para a tela do computador.

– Ela é suspeita? - Perguntou enquanto apontava para a mulher mais velha, que preenchia toda a tela do computador.

– Sim, já está sendo investigada. - Expliquei vendo-a consentir e colocar uma almofada em seu colo. - Deixarei Max no colégio e a levarei em casa.

– Tudo bem. - Levantei rapidamente, sentindo as mãos delicadas da Black me segurarem e me puxar levemente. - Se eu puder ajudar em algo.

– Eu a procurarei.

– E ai! Sou Max, você deve ter levado um belo tombo, hein?! - Max apareceu animado, me empurrando para o lado e cumprimentando Bárbara com um abraço.- Melhor?

– Estou sim. - Os olhos negros encararam Max confusos.

O silêncio predominou no carro entre mim e Bárbara, enquanto escutavamos Max falar a todo momento. Deixei-o na escola, dirigindo rapidamente em direção da casa da morena, vendo-a segurar com força a lateral da porta.

Passei por alguns faróis vermelhos, vendo-a morena arregalar os olhos.

– Você é da Polícia, deveria estar dentro da lei e seguir as regras. - Murmurou enquanto pegava seu celular.

Parei em sua casa, vendo Damon Black nos observar por dentro da Mansão. Desci do carro, propositalmente, andando até o outro lado e abrindo a porta para a morena. Bárbara tirou o cinto lentamente, observando em volta e arrumando os frios negros novamente.

Saiu do carro e no mesmo instante fechei a porta com força, fazendo-a sobressaltar e ficar próxima de mim. Os lábios a centímetros de distância e os olhos negros próximos o suficiente para que eu os observasse por alguns instantes. As mãos da morena me afastaram gentilmente, sorrindo fraco em seguida.

– Você é lembrado pelas regras que quebra.

– Então sempre serei lembrada por todos que estão em minha volta. - Um sorriso malicioso brincou nos lábios da mulher em minha frente enquanto ela dava de ombros e parava em minha frente novamente. - Me mantenha informada.

– Tenha cuidado. - Ignorei-a, vendo-a morder os lábios em relação ao aviso.

– Farei o possível. - Bárbara caminhou lentamente até a calçada, virando-se em seguida. - Me deixe segura, detetive.