The Guardian escrita por poseydn


Capítulo 10
Capitulo 9 - repost


Notas iniciais do capítulo

WHATSUP, GUYS!!!!!!!!!!!
olha quem está de volta? Pois é, euzinha. Bem, hoje eu não tenho exatamente um capitulo novo, para falar a verdade não é um capítulo, é só o Capítulo 9 reciclado.
A negócio é o seguinte, eu estava com uns probleminhas para ter inspiração e coisa e tal, o de sempre, só que dessa vez eu simplesmente não estava conseguindo dar continuidade na história, então minha bela e maravilhosa irmã disse que era melhor eu achar um ponto da minha própria história que eu pudesse mudar para ver se eu conseguia dar continuidade.
O "ponto" no caso foi o final do capítulo, só a parte depois do último "[...]" que muda, então não se sintam obrigados a ler o capítulo completo. A parte boa é que fazendo isso eu consegui minha inspiração de volta e o capitulo 10 vai começar já com muita ação, treta e coisa e tal, bem legal.
Bom, a minha notinha foi feita, então leiam.
Beijinhos, A.



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– Sua conta, Senhora. - uma outra garçonete sem ser Amy, aproximou-se da mesa com a conta e entregou-a na minha mão.

Sorri por educação e deslizei a mão para dentro do bolso do meu casaco, procurando a minha carteira e pegando de lá uma nota de 50 euros.

– Fique com o troco. - disse e a garota lançou me um sorriso gentil, então virou-se, levando a conta consigo.

Eu estava me sentindo um tanto atordoada e pensativa, querendo ou não se eu não sentia alguma por Anthony antes, agora eu não estava mais tão certa disso. E tudo por conta de um beijo – que por um acaso não deveria ter acontecido.

E foi esse pensamento que me fez levantar e começar a caminhar para fora do restaurante. Eu obviamente não iria atrás dele – eu não era corajosa a esse ponto – mas eu mandaria uma mensagem texto, pedindo desculpas ou dizendo que aquilo foi um erro e que eu não queria que se repetisse, não sabia ao certo ainda.

Mas uma coisa eu sabia e tinha certeza, eu gostei do beijo, só não da ideia de admitir isso.

– Onde você pensa que vai sem se despedir? - a voz de Amy soou um pouco desafiadora atrás de mim.

Girei sobre os calcanhares, parando de frente para a Thirlwell. Eu definitivamente estava evitando encontrá-la, porque Amy era uma das poucas além de Gaia que sabia perfeitamente quando eu estava mentindo, e isso em um momento em que eu estou me sentindo mais confusa e culpada que em qualquer outro encontrá-la não é tão bom assim.

Pensei por um momento no que diria a ela, e por fim optei por contar uma meia verdade.

– Desculpe, mas eu realmente tinha que falar com o Anth. - disse, dando ênfase no apelido dele e lançando lhe o meu melhor olhar de desculpas. - Não importa mais, ele já deve estar a caminho de Brighton agora.

Uma máscara de preocupação passou rapidamente pelo seu rosto, mas ela logo foi substituída por uma que parecia mais como curiosidade, e então ela me puxou para uma parte mais reservada do restaurante e disse:

– Laurie, eu sei que vocês estavam matando aula, porque ainda são 15:30 e vocês só são liberados às 18 da tarde. Eu sei também que você não vai voltar para casa agora e como o meu turno acaba em 3 minutos, eu me ofereço para ser sua parceira de crime e ouvinte, porque quero saber de tudo, começando por onde você encontrou esse deus grego que você chama de namorado. - Amy declarou de uma vez só.

E aí estava o motivo para eu não querer encontrá-la, eu não conseguiria mentir para ela. Então concordei, mesmo que a contragosto.

– Ok. Me espere do lado de fora do restaurante, encontro você em 5 minutos. - então foi embora.

[...]

– Então, vai me contar o por que dos dois estarem matando aula? - Amy perguntou assim que começamos a caminhar.

Respirei fundo, tomando coragem para contar.

– Para falar a verdade nós não estamos matando aula. - aleguei, voltando meu olhar para ela. - Nós fomos, abre aspas, liberados pelo resto do dia para pensar no que fizemos , fecha aspas.

Amy franziu o cenho, instigando-me a continuar.

– É que o Anthony meio que se meteu em uma briga, por minha causa. - aleguei, dando de ombros. - Você lembra do Stephen? - ela assentiu. - Pois é, os dois não se dão muito bem e o Mcmurray decidiu provocá-lo hoje. - completei a informação. - Eu não posso dizer que não foi bem feito.

A Thirlwell arqueou as sobrancelhas e franziu o queixo, em sua careta pensativa.

– Então ele é do tipo protetor? - Amy perguntou, mas acabou saindo como uma afirmação.

– É, quer dizer, ele é um pouco ciumento, mesmo que ele não seja mais que... - interrompi-me ao perceber o que eu iria dizer.

Eu iria acabar soltando a pérola de que Anthony e eu não éramos mais que amigos e isso poderia complicar um pouco as coisas para mim, mas eu também não conseguiria mentir para Amy, caso ela percebesse a minha hesitação e questionasse o motivo dela.

E como se pudesse ouvir o que eu estava pensando, ela perguntou:

– Mesmo que ele não seja mais que, o quê?

Desviei o olhar para a rua e atravessei-a rapidamente, deixando Amy para trás por um breve momento. Eu não estava com um pingo de vontade de ficar explicando porque não tinha desmentido Anthony quando ele disse que nós éramos namorados – em parte era porque admitir aquilo era vergonhoso, principalmente quando você não o fez quando deveria. Entretanto o meu motivo mais forte era porque eu não esperava e não queria fazê-lo, porque lá no fundo eu havia gostado disso.

– Ei, vai me responder ou não? - Amy indagou, batendo seu ombro no meu.

Respirei fundo, antes de voltar a falar.

– Mesmo que ele não seja mais que um amigo. - dei ênfase na última palavra.

– O quê? - Amy quase gritou. - Mas você disse...

– Eu não disse nada, Anthony disse. - declarei, interrompendo-a. - Eu sei, eu sei, eu menti para você. Mas você acreditaria se eu dissesse que nós não éramos namorados? - questionei, desafiadora.

Ela negou.

– Exatamente. Foi por isso que nem eu nem ele ousamos em desmentir algo que você e todos que nos veem juntos já haviam constatado. - expliquei por fim.

– Faz sentido. - concordou. - Só que, pelo que eu vi, ele me parece se preocupar com você mais que como amigo, Laurie. E eu também vi como vocês se despediram.

– O que você quer dizer? - repliquei, franzindo o cenho.

– Quero dizer, que se vocês não são namorados ainda, logo serão. - a Thirlwell conjecturou, exibindo uma voz melodiosa e um sorriso meigo.

– Besteira. - disse, revirando os olhos e abrindo a porta da livraria, sendo seguida por Amy de perto.

Amy deu uma risada as minhas custas e entrou na livraria atrás de mim, passando o dedo por algumas revistas de fofoca que se estendiam pela entrada. Eu segui até mais um pouco adiante, parando perto de uma estante com alguns livros que chamaram minha atenção. Passei o dedo pela lateral de alguns deles até que parei na lateral de um em especial.

Vidas Trocadas ., era como o exemplar era intitulado. Puxei-o da estante e observei os detalhes da capa. O tom de azul da capa e o título parecendo ser feito do giz branco, a garota sentada sobre a cômoda também branca com os cabelos castanhos caindo sobre os próprios ombros.

Deslizei meus dedos pela capa e então o abri, lendo a sinopse na orelha de livro. Era interessante, eu diria, o enredo era curioso e um tanto romântico, por mais que não fosse o meu tipo de leitura eu resolvi arriscar.

– O que você está lendo? - Amy perguntou atrás de mim, apoiando seu queixo sobre o meu ombro esquerdo para ter alguma visão do que eu estava lendo.

Fechei o livro e o levantei um pouco, pairando com ele em seu campo de visão até que ela se afastou de mim e tomou o livro da minha mão, levando-o até perto do rosto e cheirando as páginas do mesmo.

– Amo o cheiro de livro novo. - ela declarou abertamente, entregando-o a mim novamente.

– Percebe-se. - disse e dei mais uma volta pelo local, procurando por algum livro que chama-se minha atenção.

Amy me seguiu, olhando as capas dos livros sem interesse algum, o que era engraçado já que ela amava o cheiro dos mesmos, mas sempre que comprava algum nunca os lia, alegando que estava ocupada demais, só que eu sabia que era porque ela simplesmente odiava lê-los.

Por fim eu acabei levando o tal de Vidas Trocadas e um exemplar de Assassinato no Expresso Oriente, de Agatha Christie. Saí da livraria carregando a sacola com os livros e Amy seguindo-me piamente, ela havia se mantido calada pela maior parte do tempo, mas eu não estava criando expectativas de que ela ficaria desse jeito por muito tempo.

Eu conhecia Amy desde que eu era pequena, já que ela era filha da dona do The Regency e trabalhava lá desde os seus 15 anos, agora ela tem 22 anos, mas ainda assim age como se tivesse a minha idade e isso inclui uma curiosidade aka Caitlin Morgan – talvez até pior. Eu nunca me deixei enganar por aqueles olhinhos castanhos e a carinha de "gatinho do Shrek" que ela fazia quando queria algo, mas eu sempre acabava cedendo ao caprichos tanto dela quanto de Caitlin, o que de certa forma diminuía um pouco a minha moral com essas pestes.

– Eu estou com fome. - Amy reclamou, virando na esquina para a esquerda e puxando-me pelo pulso junto a ela.

Ela me arrastou apressadamente por pelo menos uns 6 metros até entrar em uma cafeteria pequena e eu não tive nem tempo para ler o que estava escrito no letreiro cursivo acima da entrada. O lugar estava vazio a não ser pelos funcionários do próprio estabelecimento quando entramos, Amy não disse nada somente arrastou-me até uma mesa próxima e acenou para um carinha que parecia ser o garçom, mas que não estava uniformizado.

Ele não parecia ser muito mais velho que eu, o que me fez cogitar a possibilidade de ele ser um estudante fazendo meio expediente. O "carinha que deveria ser o garçom" veio até a nossa mesa e abriu um sorriso para Amy assim que parou ao seu lado, exibindo covinhas em ambas as bochechas.

– Amy Thirlwell, é bom vê-la aqui de novo. - ele disse em um tom mais que cordial, então virou-se para mim. - E vejo que trouxe uma amiga. - completou, avaliando-me de cima a baixo.

Ele era alto de mais e isso me fez sentir um pouco vulnerável, mas não era só isso, ele me parecia... Diferente, era isso, havia um brilho diferente em seu olhar, algo parecido com o brilho obscuro que eu vi somente em Anthony – em sua versão não humana.

Para falar a verdade os dois eram bem parecidos, os olhos eram do mesmo verde intenso, a linha marcada do maxilar era a mesma assim como o formato dos lábios e o seu tom rosado, o tom de cabelo também era o mesmo a não ser por uma pequena mudança, ao invés de cachos ele tinha os cabelos lisos arrumados em um topete.

– Oh, essa é a... - o "carinha que deveria ser o garçom" a interrompeu.

– Laurel Redmerski, a garota do Anthony. - declarou, lançando-me um sorriso de lado e arqueando as sobrancelhas, como se me desafiasse a desmentir.

– Desculpe, o que disse? - repliquei, um tanto exaltada ao ouvi-lo dizer aquilo. - Você conhece o Anthony?

O carinha sorriu e esticou a mão para ajeitar uma mecha do meu cabelo que estava fora do lugar, mas eu recuei, sustentando o seu olhar.

– Sim, eu o conheço. - ele declarou, afastando-se um pouco. - A propósito, meu nome é Christian Cole e sou o irmão do Anthony.

O tal de Christian lançou me um sorriso torto e arqueou as sobrancelhas exatamente igual à como Anthony fazia quando queria testar a minha paciência.

Agora faz sentido., pensei comigo mesma, engolindo em seco e avaliando-o de cima a baixo. Vocês podem até ser parecidos esteticamente falando, mas o Anthony não me assusta, você sim.

Encarei a sua expressão desafiadora por uns segundos. Ele parecia querer que eu hesitasse, mas não teria porque, já que o Richards me falou sobre

– Ah, é claro, o meio-irmão. Anthony me falou um pouco sobre você e a Pandora, mas não me disse que estavam na cidade. - eu disse calmamente, olhando rapidamente para Amy, que observava tudo em silêncio e depois voltando a encarar a cópia do Anthony.

Christian pareceu hesitar por um segundo, mas logo se recompôs, limpando a garganta e dando uma risadinha de escárnio direcionada somente à mim. Eu apenas sorri, sentindo-me estranhamente confortável em ver seu desconforto.

– Anthony ainda não sabe. - ele disse por fim. - Amy, querida, você pode nos dar licença? - Christian pediu, direcionando-se a Amy.

Por um mísero segundo a cor dos olhos dele se esvaiu e tudo tornou-se escuridão, mas aí ele piscou e não havia nada além do tom de esmeralda no lugar. Então, Amy simplesmente levantou-se e foi embora sem dizer uma palavra.

– Impressionada? - a cópia malvada do Anthony quebrou o silêncio, sentando-se ao meu lado. - Aposto a minha imortalidade que o meu irmãozinho nunca fez isso na sua frente.

Engoli em seco, deslizando um pouco mais para longe dele.

– Irritada seria a palavra certa. - disse, lançando lhe o meu melhor olhar de desdém. - Não é certo que você manipule as pessoas desse jeito.

Christian deu de ombros e aproximou-se de mim novamente, passando o braço esquerdo pelos meus ombros e puxando-me para mais perto – exatamente como Anthony fazia.

– Por que todos vocês têm de ser tão entediantes? - ele replicou em sussurro perto do meu ouvido, perto demais, eu diria. - Os exemplares garotos politicamente corretos, ninguém nunca te disse que é chato. - reclamou, um pouco mais afastado agora.

Remexi-me no assento de forma desconfortável e dei de ombros na tentativa de fazê-lo se afastar, mas a resposta foi o contrário do que eu esperava. Christian somente me puxou para perto de si e segurou o meu pulso direito com certa brutalidade, impedindo-me de fazer muita coisa por este ser o meu braço machucado.

– Eu pessoalmente não tenho nada contra vocês, contra você. - declarou, acenando com a cabeça para mim. - Mas, você me ofende ao se afastar e me faz pensar que está zombando de mim.

– Deixe a garota em paz, Chris. - uma voz grave, – e com um sotaque britânico mais forte até que o meu –, soou bem clara de algum lugar perto do caixa. - Tenho certeza de que ela não quis ferir o seu ego gigantesco.

Então uma garota com os cabelos loiros-escuro, olhos verdes no mesmo tom que os de Christian – e Anthony – e com a pele extremamente clara veio até a mesa em que estávamos, exibindo um sorriso que deixava a mostra covinhas em ambas as bochechas.

Ela ficou parada por um momento, alternando o seu olhar entre Christian e eu, mas logo fixou-se somente em Christian e arqueou as sobrancelhas de um modo que me pareceu ameaçador. O que aparentemente Christian também notou, afastando-se de mim imediatamente com uma postura defensiva.

– Desculpe-me pelo Chris, é que ele não está acostumado a tudo isso. Eu ainda estou tentando adestrá-lo, mas eu acho que o Anthony deve ter comentado com você sobre o primeiro século ser o pior. - ela disse, tomando o assento a minha esquerda.

Apenas assenti, mesmo que ele não tivesse comentado e passei a avaliá-la. Ela usava uma camiseta branca com um desenho estranho na frente, calças jeans e uma jaqueta de couro no estilo que alguns motoqueiros usam, seus cabelos lisos estavam soltos e os seus olhos pareciam mais amedrontadores que os dos dois (Anthony e Christian) juntos. Mas apesar disso, ela me passava uma imagem serena e observadora, que instigava-me certa segurança – não tanto que como o Anthony, mas o suficiente para me deixar mais confortável.

– Você também é bastante observadora. - ela comentou, quebrando o silêncio.

Obviamente ela estava se referindo ao que eu estava pensando.

– A propósito, eu sou Pandora Cole. - disse, estendendo a mão para mim.

– Laurel Redmerski. - a cumprimentei.

– Você já pode perguntar onde ele está e acabar logo com essa palhaçada? - Christian, que havia se mantido calado perguntara, parecendo mais que impaciente.

Pandora assentiu, virando-se no assento para ficar de frente para mim.

– Bem, Laurel, pelo que eu vi você sabe o que o Anthony é e o que nós somos também. - ela começou a dizer. - Além de, é claro, ter uma ligação com o meu irmão.

Assenti.

– O negócio é que o Anthony é um desertor e nós precisamos achá-lo antes que outros anjos achem e acabem com qualquer chance de libertação que nós temos. - Pandora prosseguiu. - Mas para isso nós precisamos que você nos diga onde ele está, exatamente.

Eu hesitei por um momento, ponderando se devia ou não responder. Eu não os conhecia, só havia ouvido falar deles, como eu poderia saber se eles eram realmente os irmãos do Anthony? Como eu poderia ter certeza de que eles não eram anjos tentando me enganar para chegar no Anthony?

– Você não tem como saber, vai ter confiar que somos os verdadeiros irmãos do seu namoradinho. - dessa vez foi Christian que comentou, o desdém escorrendo de suas palavras.

E Pandora somente lançou lhe um olhar de reprovação, voltando novamente sua tenção para mim, ela disse :

– Por favor, Laurel. - ela basicamente implorou.

Avaliei-a, desejando profundamente não ter que fazer aquilo, mas por fim eu neguei.

– Sinto muito. - disse e levantei-me, mas antes mesmo que eu pudesse passar de dois metros de distância dos dois uma mão agarrou o meu braço machucado, fazendo-me gritar em protesto e dor.

Era o Christian.

– Saiam todos. - Pandora disse firmemente para o resto dos funcionários, que a obedeceram sem nem ao menos questionar. - Chris, não faça isso.

– Eu estou cansado disso, - ele não se dirigia a mim, mas a irmã que o encarava com um olhar assassino. - você tentou do seu jeito, agora nós amos tentar do meu. - declarou, puxando ainda mais para perto de si e apertando ainda mais o meu braço.

Contorci-me de dor, batendo em seu peitoral na tentativa vã de fazê-lo me soltar.

– Diga-me onde ele está e eu deixo você ir parcialmente integra. - impôs.

Mantive-me calada, segurando o choro que ameaçava vir a tona a qualquer momento.

– Laurel, por favor. - a voz de Pandora era uma nota de suplica só, mas eu não respondi.

Mais uma vez a cópia malvada do Anthony apertou o meu braço machucado, só que mais forte dessa vez. Virei meu rosto para longe, sentindo a minha vista ficar embaçada por conta das lágrimas que começavam a surgir nos meus olhos.

– Olhe para mim! - ele gritou, pegando o meu rosto de forma bruta e me forçando a encará-lo.

Pequenas manchas negras se espalhavam por todo o seu globo ocular, até que era tudo escuridão. Então eu soube o porque dele querer que eu olhasse para ele, ele iria me manipular, do mesmo jeito que fizera com Amy.

– Pare de chorar, não há motivos para isso. - e eu parei. - Agora, diga-me onde Anthony Richards está, exatamente. - ele ordenou lentamente, parecendo mais calmo e me fazendo ter a ilusão de estar mais calma.

– Brighton. - respondi. - Na casa de campo dele.

Eu não estava entendo o que estava acontecendo, a minha mente lutava contra, mas o meu corpo não obedecia e acaba por dar o que ele queria, deixando-me em uma espécie de retardo temporário.

– Casa de campo? - ele questionou, franzindo o cenho. - Onde?

Não responda!, gritei para mim mesma, mas de nada adiantou.

– Num bosque na parte isolada do norte de Brighton, não sei especificamente onde.

– Você saberia reconhecer o caminho se fosse até lá? - dessa vez foi Pandora que perguntou.

Não responda!, tentei mais uma vez, falhando catastroficamente.

– Sim.

– Então, espero que seus pais não se importe que você vá para Brighton, querida. - Christian declarou sorridente, deixando de apertar o meu braço e escoltando-me até o lado de fora do local.

Pandora nos seguiu piamente, passando por nós dois e abrindo a porta de trás de um Fiesta preto para que eu entrasse. Logo que Christian começou a dirigir, a minha cabeça começou a latejar e a minha visão ficou um pouco embaçada.

Fechei os olhos, pendendo a cabeça para trás. A dor devia ser uma espécie de efeito colateral, mas pelo menos agora eu já sentia o retardo temporário indo embora e eu já tinha um pouco mais de controle sobre o meu próprio corpo.

– Christian... - balbuciei.

– Hã?

– Você pode ser parecido com o Anthony por fora, mas você é mau e ele não. - a minha voz não passava de um sussurro e eu ainda mantinha os meus olhos fechados por conta da tontura.

Christian apenas riu e depois disse :

– Eu não sou mau, só não uso a abordagem delicada que os meus "irmãozinhos" usam. - seu tom era mais divertido agora, sem nenhum traço de desdém ou qualquer coisa do tipo. - Mas veja só, sempre funciona.

[...]

Uns 35 minutos depois, nós estávamos no campo aberto a uns 12 metros da casa de campo do Anthony. Quer dizer, eu estava parcialmente presente, já que eu me encontrava em um estado meio grogue, sendo carregada por Christian na maior parte do tempo.

– O Anthony vai matar você quando vir o que você fez com a garota. - Pandora disse, mostrando-se um pouco nervosa ao olhar para mim antes de voltar seu olhar novamente para a casa.

– Não vai, não. - ele retrucou. - Primeiro, porque ele não vai saber quem nos guiou até aqui; e segundo, porque depois ele vai estar muito ocupado estando preocupado com a sua queridinha.

Pandora franziu o cenho sem entender, assim como eu, sentindo que não gostaria do que quer que Christian estivesse planejando. Ele pareceu ter sentindo o meu tremor e sorriu, voltando o seu olhar para mim.

– Oh, não se preocupe, minha querida. Nós não vamos machucar você... - ele começou a dizer, com um olhar falsamente compadecido no rosto. - Só que, pelo tempo em que você estiver conosco, nós teremos muito a discutir. - e voltou a sorrir.

– Por que você não simplesmente deixa a garota fora disso? - Pandora questionou, parecendo tão cansada de seu irmão quanto eu. - Você teve sorte de sair vivo da última vez, o Anth poderia muito bem ter acabado com você no momento em que soube o que você fez com... - ela olhou para mim em dúvida e depois disse. - A outra.

Eu me senti de certa forma aliviada por ouvi-la dizer que não tinha o mesmo interesse que Christian tinha em, aparentemente, chatear Anthony. Mas, para a minha tristeza, Christian decidiu não ouvi-la, dando de ombros e meio que arfando.

– Eu não me importo. - declarou, inflexível; mas depois bufou, parecendo considerar. - Somente leve-a para outro lugar, depois eu penso no que fazer.

A irmã assentiu, pegando-me dos braços de Christian. A princípio, eu fiquei com medo de que ela me deixasse cair ou algo do tipo, mas logo que ela o fez... Bem, parecia que era feita de penas, porque ela nem ao menos hesitou, acomodando-me em seus braços e começando a caminhar de volta para o bosque.

Fechei meus olhos abruptamente, sentindo minha cabeça girar. A dor de cabeça havia aumentado consideravelmente com o meu esforço para encontra esse lugar. Tudo que eu queria era voltar para casa e tirar o resto do dia de folga de toda essa bagunça sobrenatural, ou até mesmo hibernar pelo resto da semana.

Pandora soltou uma risadinha baixa, que automaticamente me fez abrir os olhos e observá-la, sabendo que ela havia tido acesso aos meus pensamentos.

– Você tem pensamentos muito... - ela parou no meio da frase e encarou minha expressão desentendida e fraca, então desistiu; voltando seu olhar para frente.

– Eu tenho pensamentos muito, o quê, Pandora? - repliquei com a minha melhor voz firme.

– Esquece, não era de importante.

– Então, se não eram importantes, por que não diz? - insisti, fechando os olhos novamente e acomodando a minha cabeça em seu ombro de forma confortável.

Eu a senti hesitar por um segundo, mas logo eu seguida ela se recompôs, voltando a ser firme como antes.

– Normais, você tem pensamentos muito normais. - declarou. - E eu a invejo por isso. - ela completou, em tom de sôfrego.

Abri meus olhos novamente, fitando o seu perfil. Ela parecia concentrada em encontrar o caminho de volta para o local em que deixamos o carro. Forcei minha mente para encontrar algum motivo aparente para que ela fosse o que fosse; mas não encontrei nada.

Pandora parecia o tipo de garota inteligente, educada e bonita, normal e inocente demais para parecer como uma Guardiã. E pelo que Anthony me falara, tornar-se algo como ele era uma espécie de castigo, mas eu simplesmente não conseguia imaginá-la fazendo algo de ruim a alguém.

– Normalmente, os que não parecem perigosos são os que nós devemos prestar mais atenção. - sua voz soara delicada e grave, mas ainda assim eu senti como se fosse uma espécie de aviso ou ameaça. - Você ainda é nova nesse jogo, mas logo estará a par de tudo e saberá reconhecer quem é realmente perigoso e que não é tanto. Mas eu lhe asseguro, sempre é bom manter um pé atrás com relação a seres imortais.

Franzi o cenho, questionativa.

– Nós somos muito instáveis, Laurel. - esclareceu, dando de ombros e depois voltando a se concentrar em achar o caminho.

Os 5 minutos restantes que ela levou para achar o carro, passaram-se em completo silêncio a não ser pelo barulho de alguns galhos partindo-se ao meio quando incidentalmente Pandora acabava por pisar neles.

Pandora me fez ficar de pé, passando o seu braço direito pela minha cintura e forçando-me a passar o meu braço esquerdo sobre os seus ombros. Ela destravou o alarme do carro com a mão livre e depois parou decidindo se me colocaria no banco do passageiro ou deitada no banco traseiro do carro.

– Qual você prefere? - a pergunta dela soou como se fosse feita debaixo d'água.

– Banco traseiro. - murmurei alto suficiente para que somente ela ouvisse.

Ela abriu a porta e me acomodou deitada no banco. Eu fechei os olhos imediatamente, sentindo uma vertigem de antecipação m segundo antes dela arrancar com o carro no limite da velocidade. Minha cabeça ainda doía e rodava, fazendo-me apertar os olhos ainda mais forte.

– Você deveria dormir um pouco. - Pandora me aconselhou.

Eu demorei uns instantes para processar o conselho.

– Eu adoraria, mas a minha cabeça está explodindo. - reclamei a beira da histeria.

Eu senti que o carro diminuía um pouca a velocidade e então um toque suave no meu antebraço me fez ficar alerta, mas mantive os olhos fechados.

– Você deveria dormir um pouco. - Pandora repetiu o conselho, dessa vez com a voz mais firme.

De início eu estranhei, mas então uma sensação de sonolência me envolveu, fazendo com que a dor de cabeça e a tontura parecessem algo em segundo plano. Então eu cedi para o sono, apagando completamente.


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