The Guardian escrita por poseydn


Capítulo 1
Capítulo 1


Notas iniciais do capítulo

Hey,aqui estou eu com o primeiro capitulo dessa fanfic sobre anjos e, como ela é a minha primeira fanfic e a unica a qual eu estou levando a serio escrever, espero que gostem e se apaixonem pela história tanto quanto eu.
beijos, vejo vocês nas notas finais (ou talvez não).



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O cheiro de waffes, panquecas e café com leite fez com que meu estômago ganhasse vida. Minha mãe deve ter acordado cedo por causa de Luna, minha irmãzinha, então nada mais justo que ela por ter acordado primeiro fizesse o café.

- Bom dia. - disse ao entrar na cozinha.

Minhas suspeitas foram confirmadas, minha mãe estava sentada àmesa com uma xícara de caféentre as mãos e Luna estava acomodada em sua cadeirinha ao lado de minha mãe, tomando seu tão saboroso "mingau matinal" , como de costume.

- Bom dia. - minha mãe respondeu bocejando. - Dormiu bem? - ela perguntou tomando um gole de seu café.

- Dormi sim.

- Tem certeza? Olha, se vocênão quiser ir tudo bem. - ela se referia àescola, preocupada. - Quer dizer, se não se sentir preparada. - completou apressadamente.

- Mãe, eu estou bem. - disse me aproximando de sua cadeira e passando a mão em seus cabelos ondulados e negros, assim como os meus, sóque um pouco mais curto. - Eu tenho que começar de alguma forma.

- Não vejo mal algum em começar um dia atrasada. - ela disse na tentativa vã de me fazer ficar em casa e descansar mais um pouco.

- Meu Deus, mãe! - exclamei para tentar alertá-la do quão absurdo aquilo soara.

- Me desculpe, desculpe. - minha mãe disse e segurou minha mão. - É sóque... Eu me preocupo com você. - assenti e lentamente ocupei a cadeira ao lado de minha mãe de frente para Luna.

- De qualquer forma, eu jáfalei com Mick e Elisabeth, eles estão vindo para cá. - ela assentiu e voltou novamente a sua atenção a xícara de café.

E essa era minha mãe, ou melhor, o que ela se tornara. Anael nunca foi boa em lidar com mudanças drásticas. Ela e eu não somos boas com mudanças. Mas estivemos tentando desde o verão passado, quando meu pai decidiu que não era mais tão feliz e nos largou.

Desde a separação dos dois, ela se tornara uma espécie de máquina de tentar me fazer feliz. São conversas demasiadamente longas, passeios àlugares lindos, porém que eu nem sabia que existiam, caféda manhã feito por ela mesma, beijos pelo meu rosto para me acordar, etc.

As vezes eu acho que éporque ela foi sempre meio distante de mim e que eu era mais apegada àGerard, coisa que não acontece mais nos dias de hoje. Sem contar com a depressão que se somou a isso depois da separação deles.

Mas eu a entendo.

Minha mãe hoje éescritora. Porém a história dela com Gerard começou bem cedo, quando ela ainda tinha 15 anos em Praga, na República Tcheca. Ela conheceu Gerard em uma viagem de férias que ele tinha feito com os amigos para a cidade. Pelo que sei foi algo como uma paixão de verão, não vou chamar de amor, porque se fosse ele estaria com ela aqui e agora, mas não está. Enfim, eles se conheceram em uma biblioteca e por coincidência foram pegar o mesmo livro juntos, as mãos se tocaram e eles se olharam envergonhados. Foi uma cena digna de filmes de romance água com açúcar, eu diria.

A partir daí eles começaram a se ver e, como posso dizer, minha mãe não gostou muito da ideia de deixar Gerard ir. E eles meio que fugiram para poder ficarem juntos, jáque a família dela não aprovava esse namoro, sópara constar Gerard tinha 20 anos quando conheceu minha mãe, mas ela tinha 16 anos quando eles fugiram e outro detalhe éque eu e Luna nunca conhecemos nossos avós maternos.

Bom, e aqui estou eu, resultado que nasceu um mês antes de minha mãe fazer 17 anos. Meu pai por sua vez, quando descobriu da gravidez de minha mãe, tratou de voltar para Londres trazendo o motivo que meu avô Arnold precisava para deixar o filho cuidar de uma das centrais adminitrativas em Seaford, que por acaso éminha cidade natal. Minha mãe esperou apenas eu ter idade suficiente para ir para creche e voltou a estudar. Acho que de alguma maneira, na época, ela me culpava por sua vida não ser o que ela esperava.

Luna, obviamente, não pegou nenhuma dessas épocas jáque sótem 1 ano e meio do mesmo modo que ainda não havia se apegado àGerard.

Me servi uma xícara de café e pesquei duas panquecas, logo depositando-as em meu prato.

- Quando voltou a falar com os Jones? - minha mãe perguntou curiosa.

- À umas duas semanas, eu acho. - respondi encarando minhas panquecas.

- E quando pretendia me contar que voltou a falar com seus amigos? - ela questionou ainda curiosa.

- Neste exato momento. - respondi e abocanhei o pedaço de panqueca que acabara de cortar somente com o pretexto de que não poderia responder, porque estava de boca cheia.

- Tudo bem. - ela murmurou e se levantou para lavar a xícara de café, agora vazia.

Terminei meu caféda manhã em silêncio e subi para o meu quarto para escovar os dentes e dar uma última checada na minha mochila. Desci para esperar Mick e Elisabeth.

Exatos 3 minutos, sentada no sofáde casa encarando o all star vermelho que colocara esta manhã, e eles chegaram.

- Bom dia, Sra. Redmerski. - ouvi Mick dizer na porta e dei um pulo.

De uma hora para outra eu parecia anciosa ou devia ser saudades dos dois.

Dei uma olhada por cima do ombro de minha mãe e pude ver um sorriso estonteante se formar nos lábios de Mick, juntamente com Elisabeth que estava ao seu lado.

Sorri calorosamente e corri atéeles, passando como um furacão por minha mãe. Os envolvi, ao mesmo tempo, em um abraço.

- Senti falta de vocês. - disse com a voz embargada.

- E nós a sua. - dessa vez foi Elisabeth que se pronunciou.

Os soltei do meu abraço de urso e dei mais um sorriso caloroso.

- Cuidem bem da minha pequena. - minha mãe pediu.

- Pode deixar, Sra. Redmerski. - Mick respondeu gentilmente.

Nós caminhamos por alguns minutos em um silêncio extremamente constrangedor, mas eu podia ver de soslaio que os dois mantinham o mesmo sorriso que eu, nos lábios.

O que posso dizer sobre eles?

Bom, eles são gêmeos fraternos. Elisabeth é a mais velha, porém éMichelangelo - Mick, para os mais próximos - que agia como se fosse o primogênito. Cabelos loiro-mel e olhos verdes, pele pálida e a graça de um anjo, essas eram as caraterísticas dos Jones.

Eu sou, pouco mais de um mês, mais velha que eles. Jáque eu nasci num dia 13 de setembro e eles em 24 de outubro. Nós somos amigos desde bem cedo, pelo fato de nossas famílias serem aliadas nos negócios.

- Vocêestána mesma turma que a nossa. - Elisabeth pronunciou quebrando o silêncio sepulcral que nos rondava.

- Pensei que iam para St. Clare's, estudar em Oxford. - admiti encarando os gêmeos.

- Para falar a verdade, nós íamos, atérecebermos sua mensagem inesperada. - foi Mick que falou dessa vez, em sua voz estava clara uma nota de desculpa.

- Não esperávamos que voltasse a falar conosco. - Elisabeth admitiu.

- Atrapalhei os planos de vocês de irem para Oxford? - perguntei preocupada que me tornasse um obstáculo.

E devo ter deixado isso transparecer porque eles se apressaram a esclarecer as coisas.

- Não se preocupe com isso, nós pretendíamos voltar logo. - Mick disse para me consolar.

E o silêncio sepulcral voltou.

Quando chegamos a escola fui recebida com o abraço de urso e sorriso caloroso de Caitlin Morgan, minha melhor amiga doida - Elisabeth está classificada em "melhor amiga tímida".

- Eu senti tanto sua falta! - Cait disse me segurando pelos ombros assim que me largou de seu abraço.

Dei uma olhada para os gêmeos e eles assentiram. Eles sempre sabiam quando Caitlin estava disposta a me tirar deles por um tempo. Caitlin é a mais velha de nós quatro, um ano mais velha para ser mais exata. Ela édo terceiro ano e nós três do segundo.

Cabelos lisos e ruivos, olhos em tom de hazel e um e sessenta de altura. Do mesmo modo que com os Jones, conheço Caitlin. A nossa história ésóum pouco menos amigável, ela meio que derrubou meu achocolatado na areia do parquinho no jardim de infância e eu revidei empurrando ela. A professora deixou nós duas no castigo depois disso e nós viramos amigas desde então.

Mas devo admitir ainda não perdoei Caitlin por ter derrubado meu achocolatado na areia naquele dia.

- Vocêsabe o quanto ésortuda? - Cait perguntou se virando para mim assim que nos afastamos um pouco dos Jones.

- Não acredito que esteja classificada como sortuda. Estranha, nerd, depressiva e antisocial, sim. Sortuda, nem em um milhão de anos. - disse me referindo ao verão passado e ajeitei a alça da mochila no meu ombro.

- Oh por favor, Laurel. - ela pediu. - Você, definitivamente, tem parar de se culpar por seu pai ter largado sua mãe.

Suspirei e encarei meus tênis.

- A culpa não é sua, ok? - ela me consolou segurando meu ombro esquerdo e o sacudindo amigavelmente. - Gerard que éum idiota por deixar vocês.

- Ele apenas... - comecei, mas parei rapidamente ao perceber que iria defende-lo. Novamente...

- Olha apenas esqueça ele por um momento. - Caitlin disse-me gentilmente. - Temos coisas, definitivamente, mais interessantes para ocupar nossas mentes. - completou e sorriu brandamente olhando por cima do meu ombro.

E lá estava Stephen Mcmurray a encarando, enquanto se mantinha encostado no capô da sua querida, Ranger enegrecida.

Stephen era o tipo de cara que existem em todas as escolas, o troglodita que mal pensa, que é capitão do time de - no caso da minha escola, lacrosse. A significância dele para mim éa mesma que 9 elevado a zero menos 1 , ou seja, énula.

A existência do Mcmurray era reduzida à, infernizar minha vida - e a dos gêmeos - e a quebrar o coração de meninas com mente fraca.

Me virei novamente para Caitlin e revirei os olhos.

- Me recuso a responder àisso.

- Ele estálindo, não está? - ela me perguntou deslumbrada e eu arqueei uma sobrancelha como se perguntasse algo como, É sério isso, Caitlin? - Ah por favor, não deixe sua aversão ao Stephen se intrometer na sua noção de beleza.

- Eu realmente preciso responder?

- Odeio quando faz isso. - Caitlin disse do nada.

- O que? - perguntei, franzindo o cenho.

- Franze o cenho, ou ignora ele.

- Por que?

- Só o faz ficar mais interessado. - ela reclamou. Uma risada compulsiva se formou em minha garganta, mas a contive por medo que ela interpretasse mal.

- Desculpe, mas realmente não era minha intenção. - respondi na defensiva. - Pode ficar com ele se quiser e tenha certeza que não me fará falta.

- Não quero mais falar de Stephen. - Caitlin disse e desviou o olhar do meu.

O silêncio prevaleceu por alguns segundos até minha curiosidade não me deixar mais ficar quieta.

- Por que disse que eu era sortuda? - perguntei, capturando a atenção de Caitlin totalmente para mim.

- Não énada de mais. - ela esclareceu. - Bom, não para você.

- E o que é? - perguntei curiosa.

- Ele. - acenou com a cabeça para alguém próximo ao portão principal.

- Ele quem? - questionei ao encarar o nada.

- Hã, eu... Ah esquece, vamos entrar. - disse e me puxou pelo pulso. - Eu te acompanho até a sala.

[...]

Ainda não havia tocado o sinal quando entramos na Instituição. Caitlin me acompanhou até minha sala como prometera e se despediu de mim com um sorriso meigo no rosto e um Boa Sorte mudo.

Na minha escola, nós temos uma divisão de duplas não muito amigável. Eles meio que colocam você em dupla com alguém por um ano letivo inteiro, ou seja, se você ficar com alguém pelo qual você não tenha muita afinidade, eles só sorriem e te dizem um "Sinto Muito" que não resolve nada. Só que quando eu digo que eles escolhem as duplas, é do tipo por sobrenome.

Como no ano passado, que tive que fazer o trabalho sozinha o ano inteiro porque minha dupla, Danny Roberts - um dos cãezinhos adestrados de Stephen - não quis me ajudar dando a desculpa de que sua vida estava muito tumultuada e que tinha "prioridades".

Que no caso era quase engolir a líder do grupo das populares, Bethany Willows. Uma loira dos olhos azuis que fazia questão de me infernizar desde quando tínhamos 12 anos de idade.

Bom, pelo menos esse ano eu não teria que dividir a carteira com Danny. Já que quando entrei na sala havia um menino - novato, com toda certeza - sentado na mesa onde eu e Danny costumávamos, na turma de matemática avançada.

Só havia mais duas pessoas além dele na sala, e eram os gêmeos. Caminhei lentamente até a cadeira ao lado do garoto e deixei minha mochila lá, não iria passar um tempo maior que o necessário com uma pessoa que eu não conhecia. Então com mais três passadas silenciosas me sentei na carteira àfrente a mesa dos dois, virada de costas para o quadro.

Eles estavam em silêncio e era assim que ficavam na maior parte do tempo. Se não fosse pelo bater de polegares contínuo que os dois faziam sincronizademente, todos achariam que eles haviam morrido ou se perdido em um universo diferente.

- O que Caitlin queria? - Elisabeth perguntou finalmente olhando para mim.

- Nada de mais. - disse e ajeitei uma mecha do meu cabelo - grande e negro - que se desprendia da trança que eu havia feito. - Sóqueria me dizer o quanto o Mcmurray estava "lindo" hoje.

- E você concordou, obviamente. - Mick brincou, dando um de seus sorrisos tortos que costumava tirar o fôlego das meninas do primeiro ano.

- Claro que sim! - entrei na brincadeira. - Até porque tenho uma paixão secreta por Stephen.

- E eu por Bethany. - ele completou e nós começamos a rir.

Não se passaram nem 2 segundos e o sinal para entrar tocou, fazendo com que jorrasse pessoas para dentro da sala. Inevitavelmente tive que abandonar meu posto na frente dos Jones e ir para o meu lugar, ao lado do garoto desconhecido.

Ele não falara nada desde que tomei meu assento ao seu lado, esperava que se apresentasse, mas não o fez. Então decidi fazer a de garota simpática e dar-lhe as boas-vindas como uma boa veterana.

Me virei e o observei por alguns segundos.

Ele tinha traços fortes, o maxilar marcado e mesmo sentado era bem mais alto que eu. Seus cabelos eram castanho-escuro e formavam cachos bem definidos que moldavam seu rosto, seus olhos eram de um verde incrivelmente lindo e mesmo de lado era possível vê-los. Sua pele era alva e ele me parecia um pouco musculoso, mas sem excessos. Seus braços eram esguios e fortes, e seus cotovelos estavam apoiados na mesa enquanto seus dedos permaneciam entrelaçados em cima da mesma.

Ele se virou para me encarar assim que percebeu que era observado e sorriu, deixando amostra uma covinha na bochecha esquerda.

Sorri para tentar ser simpática e disse.

- Meu nome éLaurel Redmerski e o seu é... - esperei que ele completasse.

- Anthony Richards. - agora estava explicado. O sobrenome dele é com RI.

- Então seja bem-vindo, Anthony.

- Obrigado. - foi tudo que ele pôde dizer antes do senhor Mason Collins entrar na sala, fazendo todos ficarem em silêncio.

O professor não disse nada, apenas começou a anotar algum assunto que eu me lembrava vagamente, provavelmente era geometria ou algo do tipo.

- Bom pessoal. - ele começou. - Aqui, como vocês podem ver, está o conceito da geometria hiperbólica. - completou apontando para o quadro. - Copiem isso, porque vocês vão precisar mais tarde.

"Geografia Hiperbólica é uma geografia não-euclidiana, o que significa que o postulado das paralelas da geometria euclidiana é substituída." Era o que se podia ler na lousa.

- Já copiaram ? - ele perguntou ao ver que a maioria dos alunos começava a conversar. - Já que vocês já copiaram. Então Srt. McQueen, pode me dizer o que é o postulado das paralelas na geometria euclidiana? - Sr. Collins perguntou a uma das meninas que estavam conversando, batendo com as duas mãos abertas em cima de sua carteira para chamá-la atenção.

Ela - uma das cadelas adestradas de Bethany - se virou assustada para frente.

- O senhor poderia repetir a pergunta. - ela pediu se apoiando na mesa e sorrindo, obviamente constrangida.

A turma caiu na gargalhada.

- Sr. Morgan, pode me responder esta pergunta? - tentou outra vez.

- Hã. - ele era o irmão mais novo de Caitlin, Kona Morgan. Era exatamente igual a irmã, ànão ser pelos centímetros a mais que ela. - Não, senhor.

- Tudo bem, Sr. Morgan. - ele disse aparentemente desapontado. - Ah e, eu realmente espero que não me desaponte, Morgan. Játive que aturar sua irmã, espero que não siga os exemplos dela e vire um delinquente juvenil.

Ele não viraria, disso tenho certeza. Kona era totalmente diferente de Catlin, para falar a verdade se não fosse pela aparência dos dois ninguém diria que são irmãos, já que Caitlin é meio doidinha e Kona é todo tímido e certinho.

- Alguém se habilita a responder? - Sr. Collins tentou novamente. - Ninguém? - perguntou novamente quando viu que todos se mantiveram em silêncio.

Eu sabia qual era a resposta, mas responder significaria ter muitos olhos virados na minha direção e játem meses que eu venho tentando que me ignorem. Então essa, eu passo.

Sr. Collins se virou meio cabisbaixo e se pôs a caminhar até o quadro, mas no meio do caminho a voz rouca de Anthony o fez parar.

- É equivalente à afirmação de que, no espaço bidimensional, para qualquer linha R e o ponto P não em R, não é exatamente uma linha através de P que não se cruzam R, ou seja, não é paralela à R. - ele respondeu e Sr. Collins se virou lentamente, encarando-o por um segundo.

- E na geometria hiperbólica? - ele o testou.

- Me desculpe, mas não saberei responder. - Anthony se desculpou timidamente.

Acho que pelo fato do olhar de todos estar sob ele.

- Ninguém é perfeito, não é mesmo, Sr...

- Richards. - ele respondeu e o Sr. Collins sorriu encantado.

- Eu posso? - eu perguntei timidamente me referindo à última pergunta.

- Claro que sim, Srt. Redmerski.

- Bom, existem pelo menos duas linhas distintas através de P que não se cruzam em R, de modo que o postulado das paralelas é falso. Os modelos que foram criados dentro da geometria euclidiana obedecem os axiomas da geometria hiperbólica, provando que o postulado as paralelas é independente dos outros postulados de Euclides. - respondi em um pulso de coragem.

- Okay. - ele se virou todo sorridente e continuou a aula explicando para quem não tinha entendido nada o que era o postulado de Euclides, geometria euclidiana e geometria hiperbólica.

A aula do Sr. Collins nunca foi massante. Bom, não para mim, por isso se passou perfeitamente calma. A aula acabou bem no exato momento em que Bethany começou a espernear e bater o pé, dizendo que não havia entendido nada e que não era justo que os nerds ficassem sem fazer nada enquanto ela tinha que fazer cálculos muito complicados.

- Srt. Redmerski, eu gostaria de falar com a senhorita um momento. - o Sr. Collins me chamou um segundo antes de eu sair de sala.

Retrocedi e vi a sala se esvaziar.

Sr. Collins estava sentado com as mãos entrelaçadas sobre sua mesa, me encarando atentamente.

- Devo agradecer ao Sr. Richards pelo acontecido dessa aula?

- Não entendi. - disse calmamente.

- Bom deve ter alguma coisa relacionada à chegada do aluno novo essa sua vontade de participar das aulas. - ele admitiu.

- Não, definitivamente não. - disse em disparada.

- Então, por quê? - ele questionou, endireitando-se na cadeira acolchoada.

- Não tem um motivo específico, eu apenas respondi. - admiti. - Quer dizer, eu não responderia se não tivesse certeza de que fosse um assunto que iria acertar.

- Então, se assim, eu peço que continue deste modo. - pediu gentilmente. - Eu venho tentando o ano passado inteiro fazer com que você interaja, então por favor continue assim.

- Irei tentar. - disse mais por educação do que por vontade.

- Agora vá ou irá se atrasar para a próxima aula.

Saí da sala de aula atordoada.

Então quer dizer que não posso interagir em sala de aula, porque isso quer dizer que há algo mais além da vontade de ganhar um ponto extra de participação.

Beleza...

[...]

Entrei na aula de Literatura, dando tempo apenas para me sentar na cadeira ao lado de Richards, antes que a Srt. Louise Benoit entrasse em sala.

A aula de hoje seria sobre Orgulho e Preconceito de Jane Austen, aula essa que não prestei muita atenção de propósito. Tais como nas que se seguiram.

Geografia, Artes, Biologia e Francês. Minha falta de atenção também se estendera pelo almoço, que foi quando os gêmeos tentaram iniciar uma conversa sobre as férias de verão, mas tudo que conseguiram arrancar de mim fora um 'hum' ou um 'que legal' , de vez em quando. Os dois tempos de História e o último tempo de Educação Física se passaram do mesmo jeito.

E meu humor só melhorou um pouco quando o sinal para sair tocou. Assim, nada contra você, escola. Mas é que eu não fiz os últimos dois meses do segundo semestre no primeiro ano. Então é meio estranho encarar a escola novamente.

- Você vai com os Jones para casa? - Caitlin me perguntou enquanto caminhávamos por entre os alunos no estacionamento.

- Não, eles já foram. - respondi me esquivando para não bater em uma garota do terceiro ano que passara por mim. - O Sr. Jones veio buscá-los, parece que a avó deles está doente e eles foram visitá-la. - expliquei estreitando os olhos para poder encontrá-la no meio das pessoas.

- Quer que eu te leve em casa?

- Stephen está esperando por você.

- Como sabe disso? - ela perguntou surpresa.

- Jáé a terceira vez que ele te chama. - respondi indiferente.

- Eu não preciso ir com ele se quiser que eu te leve em casa. - ela disse parando de frente para mim.

- Não precisa, eu vou ficar bem. Caminhar um pouco sozinha não vai me matar. - brinquei.

- Tem certeza?

Não, não tenho certeza. Talvez eu me perca no caminho de casa, até porque nunca fiz esse caminho sozinha antes. Pensei em responder, mas disse apenas o simples e educado.

- Tenho sim.

[...]

O silêncio e a brisa gelada que sempre rondava Seaford, era definitivamente muito acolhedor para alguém como eu.

Sem pessoas ao meu redor perguntando se eu estou bem pelo menos umas 40 vezes por dia ou o olhar de pena que sempre me lançavam ao lembrarem da Laurel acabada e pouco receptiva que marcou os dias de Seaford.

Acho que a melhor parte de se estar sozinha é não ter que responder a nada. É não ter que mentir pelo menos 40 vezes por dia, dizendo que estou bem. Porque na verdade quando, a maioria, das pessoas te perguntam se vocêestá bem, elas não querem realmente saber.

- Você aceitaria ter uma companhia para sua caminhada? - uma voz rouca me perguntou docemente.

Me virei assustada para encontrar um Anthony sorridente caminhando ao meu lado.

- É um país livre. - respondi e sorri torto.

Ele franziu um pouco o queixo antes de me responder.

- É verdade. - parou e pensou um pouco. - Sendo assim terá que me aturar.

- Essa é a parte ruim de países livres. - murmurei, franzindo o cenho.

- Sou incômodo? - ele perguntou, meio franzindo o cenho meio sorrindo.

- Não lhe conheço o suficiente para dizer que é incômodo. - respondi-lhe sorrindo.

Ele sorriu encarando o chão enquanto caminhava e murmurou algo que eu não consegui ouvir.

O silêncio prevaleceu por alguns segundos.

- Então, você mora aqui desde pequena, ou o quê? - ele perguntou, tentando puxar assunto.

Franzi o cenho e encarei meus tênis.

- Você é o novo aqui, não seria eu que deveria fazer as perguntas. - disse finalmente me virando para encará-lo.

Ele franziu o queixo novamente antes de me responder.

- É justo. - admitiu. - O que quer saber?

- Por que veio à Seaford? - perguntei prontamente. - Quer dizer, não é uma capital, não é muito famosa por suas escolas e não é muito procurada por turistas. É só uma cidada fria no sul da Inglaterra.

- É uma longa história. - ele me respondeu despois de um suspiro.

- Eu tenho tempo. - rebati.

- Curiosa? - perguntou sarcástico.

- Só um pouco.

Ele suspirou novamente.

- Eu falo sério quando digo que é uma longa história. - me informou. - Mas, estou disposto a contar à você se aceitar sair comigo.

- Chantagem?

- Só um pouco. - respondeu, me imitando e sorriu.

- Não vai me responder, vai?

- Só se sair comigo. - estabeleceu sua condição.

- De onde vocêé?

- Da França. - Anthony me respondeu prontamente dessa vez.

- Um francês?

- Você me parece surpresa.

- Desculpe, é que você não tem sotaque. - disse e Anthony arqueou uma das sobrancelhas. - Eu falo francês. - expliquei.

- Interessante.

- O que é interessante, o fato de eu falar francês ou o de eu ter achado que você era canadense? - perguntei sem entender.

- Você achou que eu era canadense?

- Você parece ser. - admiti sorrindo.

- O que mais quer saber?

- Qual cidade da França?

- Lisieux. - ele respondeu prontamente.

- Lisieux? - perguntei surpresa. - É uma bela cidade.

- Já esteve lá?

- Meu pai e eu costumávamos acampar lá todo verão. - disse.

- E você foi para lá, este verão?

- Não vejo meu pai desde Abril.

- E o que houve com seu pai? - perguntou hesitante. - Ele... Morreu?

- Para a sociedade, não. - comecei a explicar e abaixei o olhar para meus tênis. - Já para mim, sim.

- Tão pequena e tão rancorosa. - ele brincou e eu sorri amargamente. - Nunca ouviu falar que rancor dá rugas? - perguntou retoricamente.

- Que eu saiba, é o choro que faz isso. - comentei. - Mas de qualquer forma, não seria tão ruim ter umas ruguinhas. Sabe, é isso que acontece quando se tem a genética boa demais.

- Você nem é convencida, não é? - ele perguntou novamente, meio franzindo o cenho meio sorrindo.

- Não mesmo. - concordei. - Para falar a verdade, se você chegar bem perto pode ver. Nada de marcas de expressão, apenas minha pele lisinha e macia.

- Isso foi um convite?

Baixei o rosto envergonhada.

Juro que nunca mais na minha inútil vida, falo algo sem pensar pelo menos cinquenta vezes, só para ter certeza.

- Não.

- Que pena, porque eu amaria que fosse um.

O encarei incrédula, mas não tive tempo de formular nenhuma frase um pouco mais inteligente que "Que nojo, cara."

- Essa é a minha deixa. - disse parando no portão de casa.

- Então, é isso.

- Até amanhã, Anthony.

- Até amanhã, Laurel.

Me virei e abri o portão, caminhando lentamente até os pequenos degraus da varanda.

- Laurel. - o ouvi chamar e me virei para um Anthony tímido.

- Oi.

- Eu falava sério sobre estar disposto a te contar. - disse e sorriu torto. - Mas sob uma única...

O interrompi.

- Sob uma condição, eu sei. - completei e sorri brandamente. - Eu vou pensar.

- E?

- E respondo para você amanhã. - respondi e pude ver um sorriso se abrir no rosto dele, deixando amostra sua covinha na bochecha esquerda.

- Amanhã? - perguntou para confirmar.

- Amanhã.

Dei um último sorriso e entrei em casa, correndo para meu quarto.

[...]

'Hello, pequena Amora.

Eu tive um pequeno imprevisto com a editora do meu querido, O Menino dos Poemas que Não Rimavam. E tive que ir à Londres pessoalmente resolve-los.

Luna está na casa da Sra. Mitchell, há dinheiro em cima do batente a cozinha e... É, só isso. Quando chegar da escola, por favor, vá buscar Luna. Nem que seja um pouco mais tarde que o de costume, apenas não à esqueça.

Beijos, Anael.'

Foi o que eu li escrito em uma folha de papel amarelo colado na geladeira. O que mais me chamou a atenção não foi nem o bilhete. Porque não édifícil ir na casa da Sra. Mitchell e buscar Luna. Mas, o 'pequena Amora'.

Era como me chamavam quando eu era pequena e com o passar dos anos foi o apelido que eu aprendi a odiar. Amoras são gordas e peludas e eu pelo que eu sei, não sou gorda e muito menos peluda.

Argh.

Passei uns dois minutos admirando aquele bilhete, até que criei coragem e fui buscar Luna na casa dos Mitchell.


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Notas finais do capítulo

Eu falava sério a questão de gostar da história, mas como ainda é o primeiro capitulo ainda não é possível, de qualquer forma espero que tenham gostado.



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