Everything Has Changed escrita por Anne Atten


Capítulo 17
Capítulo 17


Notas iniciais do capítulo

Mas gente, já estou no capítulo 17 :o Passando muito rápido, não acham não? Bom, eu quero agradecer a Le por ter favoritado a história!
Postei outro booktrailer faz uma semana (ou mais) e eu esqueci de avisar vocês kkkk bom, aqui está ele https://www.youtube.com/watch?v=z7DOOsllzm8 Fiquei muito feliz comigo mesma, porque fui eu quem fiz (gi, babi e tris me ajudaram a achar gifs). Espero que gostem!
Boa leitura



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Eu e Katherin voltamos pra sala. Pego a apostila de Artes, meu estojo e um caderno. Antes, quando eu era menor, aulas de Artes eram só desenhos, mas agora tem matéria sobre isso. A gente é obrigado a saber sobre os artistas que a apostila mostra. Mais uma carga pra todos os alunos.
Thomas aparece e acena pra mim. Reviro os olhos. Ele se aproxima mais.
–E aí, Lydia? Sentiu minha falta?
Respiro fundo e conto até dez mentalmente pra não matar o menino. Não quero passar a vida na cadeia só por causa dele. Saio de perto de Thomas antes que eu me estresse mais e vou falar com a Katherin.
–A gente já pode subir?
–Aham. – diz ela e acompanhamos os outros alunos para o andar de cima.
A escada é estreita, o teto é branco e tem dois lances dela pra subir. Quando chegamos no segundo andar paro por um minuto, arfando. Amanda passa por mim e “acidentalmente” me empurra pra trás. Eu quase caio e sou segurada por alguém.
–Ops, desculpa. – diz a falsa e sai andando.
–Você tá bem? – diz Thomas no meu ouvido e meu coração acelera.
De todas as pessoas do mundo que poderiam me salvar de cair, tinha que ser ele.
–Eu to ótima. – falo e ele me solta. –Ahn, obrigada por você sabe, me salvar de um tombo realmente muito feio.
Ele dá de ombros.
–Disponha.
Sentindo que meu rosto está vermelho, eu me distancio dele rapidamente. Coloco uma mecha do cabelo pra trás e fico esperando Marta, a professora, abrir a porta.
Observo o corredor. É largo e escuro. As portas são de madeira e tem uma parte de vidro pra gente poder ver o lado de dentro/fora. A professora abre a porta e todos tentam entrar de uma vez, colidindo uns com os outros. Começo a rir. Que gente lerda.
Quando tudo se acalma, entro na sala e me sento na mesma mesa que a Katherin.
–Em primeiro lugar, queria dizer que daqui duas semanas nós teremos o nosso show de talentos. – diz Marta e vejo que umas pessoas estão sorrindo. –Acontece todos as anos e nesse não será diferente. Vai acontecer no pátio, faremos um palco e tudo mais. – diz ela dando de ombros. –Quem quiser participar, pode ir até a secretária e preencher a ficha de inscrição.
Ela anda até um armário e logo volta-se para nós, parecendo ter se esquecido de dizer uma coisa.
–Devo lembrá-los que será no período da manhã e já que vai acontecer o baile, podem aproveitar pra vender as suas coisas.
O povo solta um “Uhul!” coletivo. Vai ser muito mais fácil vender se for no colégio. As pessoas provavelmente vão estar com fome, todo mundo fica com fome, então daí poderemos vender as nossas coisas. Dou uma cotovelada de leve no braço da Katherin.
–Que foi?
–A gente tem que decidir o que vai vender. – falo. –Tem que ser comida, porque todo mundo gosta de comida.
Ela ri.
–Tá certo, depois vemos com o Thomas.
Bufo. Tinha até esquecido que ele tá no nosso grupo. Mas vendo pelo lado bom, pelo menos a Amanda não vai fazer com a gente. Pelo menos isso.
–Agora abram a apostila na página 30. Vamos começar a estudar a vida do...
Ela continua falando e eu faço minhas anotações. A sala fica num silêncio enquanto ela fala, e de repente eu vejo o Thomas saindo correndo da sala sem nem ao menos pedir permissão. Olho para Katherin que está com o mesmo olhar desentendido do que o meu.
–O que aconteceu com ele? – pergunta Millie.
–Eu não sei. – diz a professora confusa. –Lydia, você pode ir atrás dele pra ver o que está acontecendo, por favor?
Demoro alguns segundos pra voltar à realidade.
–Eu? – pergunto.
Ela assente e eu levanto-me hesitante. Por que tinha que ser eu? Será que ela também me zoa com ele?
Para, Lydia. Que mania de perseguição!
Saio da sala e desço as escadas rapidamente. Não demora muito para ver o enxerido. Ele está agachado do lado de uma lixeira, com o rosto enfiado nela. Ando calmamente até ele e ouço o barulho de vomito. É, ele está vomitando. Depois de um minuto ou dois, ele finalmente para e se senta no chão, encostado na parede. Sento-me ao seu lado.
–Thomas, você tá bem?
–Não muito. – diz ele com um sorriso fraco.
–Quer que eu te acompanhe até a enfermaria?
–Não preciso ir lá, eu vou ficar bem.
Cruzo os braços.
–Eu te vi vomitando por um tempinho, você não parece nada bem. Vamos pra enfermaria agora.
–Não precisa, Lydia. Sério mesmo.
–Para de ser teimoso, vamos lá agora. – falo já me levantando.
Estendo a mão e ele me olha com uma cara de “Sério mesmo?”, mas logo aceita a ajuda e se levanta.
–Por que você tá fazendo isso? – pergunta ele depois de alguns segundos.
–Isso o que?
–Me levando pra enfermaria. Sério, você não precisa fazer isso.
Paro e ele também.
–Pode não parecer, mas fiquei preocupada com você.
Ele abre um sorriso.
–Fico feliz por isso.
Sinto as bochechas queimarem e dou de ombros. Continuamos andando e ele que tem que me guiar pra enfermaria, porque eu simplesmente ainda não sei onde é. Uma moça brota do nada.
–No que posso ajuda-los?
–Esse daqui, - falo apontando pro Thomas. – tá passando mal. Ele nem queria vir, mas eu insisti.
Ela abre um sorriso.
–Ele está em boas mãos, senhorita.
–Quer que eu fique aqui com você? – pergunto pra ele.
Thomas abre um sorrisinho.
–Não precisa, não quero que perca aula.
–Tudo bem. Melhoras aí.
Dou um aceno e saio da enfermaria. Subo de novo a escada e volto para a sala de aula. Paro no batente da porta e dou uma batidinha.
–Licença.
–Pode entrar. – diz a professora.
Sento-me no meu lugar e Katherin nem disfarça sua curiosidade.
–Como o Thomas tá? – pergunta Marta.
–Ele foi pra enfermaria, acho que é só enjoo.
Ela assente e vejo que tem um modelo de desenho no quadro. Copio-o no caderno.
–Quero que façam um desses para semana que vem. – diz ela. –E não se esquecem do nosso show de talentos, adoraria vê-los lá.
Faço uma careta. A única coisa que eu faço de artístico é fazer teatro e dançar ballet, mas são coisas que não sei quando farei novamente. Vou fazer uma audição pro teatro de setembro, mas nem sei se vou passar. E eu não gostaria de dançar dança clássica pro povo da escola, ainda mais sozinha. Nem pensar.
Cantar? Canto, mas não tenho coragem de ir na frente me apresentar pra todo mundo. Instrumentos? Piano e olhe lá. Não vou participar, vou só vender as coisas que meu grupo vai fazer e comparecer. Tá louco de bom.
Pego o celular pra ver as horas e deixo-o em cima da mesa. O sinal toca e pego meus materiais, logo em seguida saio da sala. Desço as escadas junto com todo mundo e meus colegas vão pra sala. Eu já ia também, mas a Katherin segura me pulso me obrigando a parar. Ela me puxa um pouco pra trás.
–Lydia, como foi com o Thomas?
Levanto uma sobrancelha, sem entender.
–Como assim? Eu só vi ele vomitando, ué.
–Mas rolou alguma coisa?
Fico vermelha e dou um tapa em seu braço.
–Mas é claro que não, Katherin! O que você tá achando, menina? Eu só acompanhei ele até a enfermaria. Foi só isso.
Ela começa a sorrir.
–Só isso? Se fosse outra garota teria só ido falar com ele, perguntado se tava tudo bem e esquecer. Você não precisava ir acompanhar ele até a enfermaria.
–Mas eu quis acompanhar. – falo dando de ombros.
Ela me dá um tapa entusiasmado no braço.
–Ai!
–Lydia, você tá gostando do Thomas! Eu já desconfiava, agora eu tenho certeza!
–Claro que não, Katherin! – falo irritada.
–Claro que sim! Você quis acompanhar ele até a enfermaria, isso quer dizer que se importa com ele.
Reviro os olhos.
–Olha, eu realmente não to afim de ficar falando a mesma ladainha de sempre. Vamos pra sala e para de falar coisas sem sentido. Obrigada, de nada.
Saio andando sem esperá-la. Sento na minha mesa e alguns minutos depois, outra aula começa.

–Katherin, você viu meu celular? – pergunto enquanto reviro minha bolsa.
Não posso perder meu celular. Simplesmente não posso.
–Achei! – diz ela animada. Respiro aliviada e viro-me para ela com expectativa. Ela balança a cabeça negativamente. –Sinto te dizer, mas não foi seu celular que eu achei. Eu achei um livro que to querendo faz tempo e ele tá em promoção.
Fico completamente decepcionada e volto a olhar nas minhas coisas.
–Lydia, qual foi a última vez que viu seu celular?
Paro pra pensar.
–Na sala de artes. Eu vi o horário e...
Eu e minha mania de esquecer as coisas na sala de aula!
–Deve tá lá! – falo animada. –Vou pegar e já volto.
Ela faz sinal de positivo com o dedo e eu de novo subo aquelas escadas. Não aguento mais, sério. Por que eles não fazem uma escada rolante? Ou até mesmo um elevador? Ia ser uma maravilha. Quando termino de subir o primeiro lance dela, viro-me rapidamente. Tenho a impressão de que alguém está atrás de mim. Não deve ser nada demais. Isso só pode ser a fome.
Subo o restante da escada e ando pelo corredor. Ele parece mais sombrio agora que está vazio e inevitavelmente me lembro do mito da garota que morreu em uma dessas salas. Sinto um frio na espinha ao pensar nisso e balanço a cabeça, como se isso fosse me fazer esquecer o que acabei de pensar.
Forço a porta da sala de artes, mas ela está trancada. Bufo em frustração e me viro pra sair daqui e pedir pra coordenação pegar o celular pra mim, mas parece que isso não está nos planos da Amanda, que está bem na minha frente me encarando.
–Ai que susto. – falo e levo a mão ao coração.
Dou um passo pra descer as escadas, mas ela coloca o braço na minha frente.
–Me deixa passar, Amanda.
–Não. – diz ela grosseiramente.
–Como assim “Não”? Tá louca, menina? Sai da minha frente agora.
Ela ri.
–Não mesmo. Tenho outros planos pra você.
Nem tenho tempo de responder, porque ela me puxa pelo pulso com firmeza e vai andando, praticamente me arrastando.
Ela abre uma porta e me empurra lá dentro.
–Que que você quer? – falo irritada.
–Ter uma conversinha com você. – diz ela. –Fica longe do Thomas.
Solto uma gargalhada.
–Quem é você pra mandar em mim? Se toca, se eu quiser ficar perto do Thomas, eu fico. Não vai ser você que vai mudar minhas atitudes.
–O Thomas é meu, só meu. – diz ela com ódio.
–Se você diz. – debocho.
Thomas parece não gostar nem um pouquinho dela. Amanda fica vermelha de raiva.
–Não pensa que eu vou deixar você ficar com ele.
–Querida, ficar com ele não está nos meus planos. Fica tranquila. – ando na sua direção, mas ela bloqueia passagem de novo. –Qual é, Amanda. Resolve seu assunto com o Thomas, não comigo. Não tenho nada a ver com o seu surto.
Ela finge nem escutar e sai rapidamente da sala. Então bate a porta e ouço o som da tranca. Como que ela fez isso?
–Boa sorte aí dentro, aí que é a sala que dizem que a garota morreu. – a ouço dizer e se afastar.
Qual o problema dela? Thomas e eu? Não vai acontecer. O que ela tem na cabeça? E porque eu estou tão desesperada por estar trancada nessa sala? É só um mito idiota. Difícil é pensar nisso quando se está na própria sala do mito, sozinha e sem um celular pra pedir ajuda.
Começo a bater na porta e minha mão começa a doer. Começo a lembrar de alguns filmes de terror que eu vi e começo a chorar.
Calma, Lydia.
Mas não dá.
–Socorro! – grito, mas duvido que alguém vai me ouvir. -Me tirem daqui! – continuo a esmurrar a porta com toda a minha força, mas minhas mãos começam a doer.
Fico quieta por uns segundos e ouço passos.
–Tem alguém aí? – é o Peter.
Suspiro aliviada.
–Peter, é a Lydia! – grito.
Os passos se aproximam mais. Ouço a porta ser destrancada e saio da sala. Fecho a porta e abraço-o, chorando como nunca. Ele me abraça de volta.
–O que aconteceu?
–A sua prima me prendeu. – falo entre soluços. –E meu celular tá dentro da sala de artes, eu tinha subido pra pegar, mas a sala tá fechada. Daí a maluca da Amanda me arrastou praquela sala e me trancou ali dentro.
–Fica calma, já passou. – diz ele.
Me separo dele. Ouvimos passos e eu mal tenho tempo de me virar, e a pessoa já fala.
–Interrompi alguma coisa?
Viro-me e vejo Thomas um pouco a frente do corredor. Ele está ereto, expressão séria e punhos cerrados. Peter fala por mim.
–A Amanda prendeu a Lydia ali dentro, eu ouvi ela gritando e a soltei. – diz ele.
–Claro que sim. – diz Thomas ironicamente.
Não to entendendo ele.
–Larga de ser idiota, Thomas. Ela tava ali dentro da sala do mito da garota que morreu.
–Eu tava desesperada. – falo. –E eu vim pegar meu celular...
Thomas me interrompe.
–Você pode continuar contando a sua história pro Peter. Desculpa mesmo cortar o momento de vocês. – diz ele e desce as escadas sem falar mais nada.
Fico extremamente irritada.
–Eu vou atrás dele agora mesmo...
Peter me interrompe.
–Deixa ele, Lydia. Ele não sabe o que tá falando.
–Eu não entendo ele. – falo franzindo a testa.
Peter ri e eu não entendo.
–Que é?
–Nada. – diz ele. –Acho melhor você ir pedir pra abrirem a sala pra você pegar o celular. – diz ele.
Assinto e nós descemos as escadas.
Minutos depois estou com o celular em mãos de novo. Conto pra Katherin o que aconteceu, depois para Jane e Kriss. A notícia que eu vou no baile com o Thomas pode esperar.
Falando nele, não o vi ainda. O sinal bate e eu volto para a sala. Percebo que o material do enxerido não está em sua mesa, ele deve ter ido embora. Nem tive chance de falar com ele sobre o que aconteceu agora pouco, mas isso pode esperar.
–Lydia? – Katherin estala os dedos na frente de meus olhos.
–Ah, oi. Tava desligada.
–Pensando no Thomas? – pergunta ela, dessa vez sem intenções de me zoar.
–Sim, ele tava meio estranho na hora que eu fui “resgatada” pelo Peter.
–Já até sei o que é isso. – diz ela meio cantarolando.
Franzo a testa.
–O que é então? Porque eu não faço ideia.
Ela me olha como se a resposta fosse óbvia.
–Thomas estava com ciúmes.


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