Everything Has Changed escrita por Anne Atten


Capítulo 15
Capítulo 15


Notas iniciais do capítulo

Dessa vez demorou um pouco pra postar, porque demorou pra ter os comentários e também se tivesse, não daria pra postar por conta do tempo. Semana corrida gente! Esse capítulo é POV da Katherin.
Enfim, agradecendo a Manu Fuller por favoritar!



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Respiro fundo, olho-me no espelho. Estou nervosa, eu não posso me desesperar. Eu preciso mostrar para o meu pai meu lado na situação. As palmas das minhas mãos começam a suar. Vou abrir a porta do quarto para ir falar com ele, mas então meu celular toca. Franzo a testa. Quem pode ser?
–Alô?
–Katherin, é o Peter.
Sinto o rosto esquentar.
–Ah, oi...
Você tá desocupada sábado que vem?
–Sim, por que?
Ele respira fundo.
–Pra você me ajudar a escolher a roupa pro baile.
–Como assim? – eu sou lerda, eu sei.
Peter ri.
–Isso é, se você quiser ir ao baile comigo.
Claro que eu quero ir com você!
–Por mim tudo bem. – falo calmamente.
Ficamos uns cinco segundos sem falar nada.
–Ahn, eu tenho que ir.
–Eu também.
Silêncio.
–Tchau então.
Nem respondo tamanha é minha felicidade, só aperto o botão de desligar. Como assim o Peter me chamou pra ir ao baile? Isso é bom demais pra ser verdade! Eu poderia ficar o dia inteiro ouvindo músicas e pensando sobre isso, mas eu tenho mesmo que falar com o meu pai. É agora ou nunca.
Abro a porta do quarto e vou até o escritório dele. Começo a suar de novo e fecho os olhos por um segundo. Finalmente bato na porta, duas vezes.
–Entra.
Penso em voltar pro quarto e fingir que não é nada, mas reúno coragem e abro a porta. Meu pai abre um sorriso.
–E aí, filha? Problemas com a tarefa?
–Não pai, eu só quero falar com você. – falo tentando manter a calma. –Precisamos conversar. – falo séria.
Ele franze a testa.
–Aconteceu alguma coisa?
Balanço a cabeça em negativa. Puxo uma cadeira na frente da sua mesa e me sento, coloco as mãos no bolso.
–Pai, eu sei que já falamos sobre isso muitas vezes, mas...
Ele me interrompe:
–Se for sobre medicina, eu já tenho a minha decisão.
Dou um tapa na mesa e ele parece surpreso.
–Pai, esse é o seu sonho, não o meu. Eu não sei o que eu quero fazer da minha vida e por favor, respeite isso. Estou sempre falando e você não me escuta, você sempre tem a última palavra e mal me deixa dar as minhas razões! – falo e não deixo espaço pra ele falar. –Eu tenho pavor de sangue, eu não quero ter que ter uma vida em minhas mãos. Você quer que eu seja uma cirurgiã sendo que eu tenho medo disso!
–Medos podem ser superados.
–Não pai, esse não pode! Eu não vou ser uma cirurgiã sendo que eu tenho medo, eu não confio no meu taco desse jeito. Você tem que entender a minha decisão!
–Mas...
–Não tem “mas”, pai! Deixe-me decidir, deixe-me viver a minha vida por favor. Eu amo você, eu amo a mamãe, mas vocês tem que confiar mais em mim! É a minha vida que está em jogo, eu não posso passar o resto dela fazendo uma coisa que eu não nasci para. – respiro fundo. –A Katie, você acha mesmo que ela quer ser uma médica? Ela não quer, ela quer ser uma artista!
Ele não fala nada.
–Katie tem talento, você saberia se pegasse uma folga no seu trabalho e fosse vê-la nas apresentações da escola. – falo. –Sabe como ela se sente? Mal, porque você não pode ir nunca. Na verdade, fala que vai, mas no fim das contas nem aparece. A mamãe ainda faz um esforço, às vezes aparece. Talvez eu devesse ter essa conversa com ela e não com você, mas eu acho que quem influencia a minha mãe a querer que eu seja cirurgiã é você.
Meu pai permanece calado.
–Veja só, aposto que você nem sabe que a Katie vai fazer uma audição na sexta para o teatro de setembro. – solto uma risada seca. –Isso é muito importante para ela.
–Eu sinto muito se não fui presente, Katherin. – ele parece estar sendo sincero. –Eu só quero o bem de vocês duas. Um médico, principalmente um cirurgião, tem um futuro garantido. Um artista nem tanto, artistas não ganham muito.
–Eu sei... – murmuro. –Mas tudo não é só dinheiro, tem outras profissões além de medicina.
–Sim, filha. Mas é que eu e sua mãe ficaríamos muito felizes se isso acontecesse.
–Melissa deve ter feito vocês muito felizes. – falo secamente. -Deve ser a preferida de vocês.
Ele faz que não com a cabeça.
–Não tem isso de filho preferido! A gente ama vocês.
–Então nos deixe fazer nossas próprias decisões!
Ele vai responder, mas o seu telefone começa a tocar. Bufo e saio do seu escritório. Claro, telefonema antes de discussão familiar é tipo um lema aqui.
Não consegui nada por enquanto, mas pelo menos coloquei pra fora tudo que vem estando entalado na minha garganta. Bato na porta de Katie e abro. Ela está jogada na cama lendo um livro.
–Tá lendo o que?
Aproximo-me dela e sento-me na beirada da cama. Katie e eu somos amigas, brigamos é claro, mas somos amigas. Nos damos bem.
–A Menina que Roubava Livros.
Faço que sim com a cabeça.
–É pra escola?
Katie fecha o livro.
–Sim, mas eu já ia ler. – ela me encara. –Você tá estranha, Katherin. O que aconteceu?
Essa garota me conhece mesmo.
–Foi o nosso pai.
–O lance da medicina?
Faço que sim com a cabeça.
–Escuta, eu sei que eles querem o nosso bem e tudo mais, mas eu não vou exercer essa profissão a não ser que eu realmente queira. – falo. –Isso é nosso futuro, não o deles.
Ela faz que sim com a cabeça.
–E eu falei da sua peça de setembro.
Ela faz uma careta.
–Como se ele fosse ver... – resmunga Katie.
–Acho que ele deveria tirar tempo sim do trabalho pra ir a suas apresentações do colégio, mas por mais que eu esteja super brava com ele tenho certeza que ele se importa com a gente.
–Eu sei, Kath.
Abro um sorrisinho.
–Ele teve que atender um telefonema, com certeza vai falar comigo depois. – falo e então abro um sorrisinho. –Animada para a audição?
Katie abre um sorriso.
–Animada, mas super nervosa também.
–Vai dar tudo certo, pode crer.
Ela parece ter uma ideia.
–Ei, por que você e aquela sua amiga nova não fazem uma audição?
Solto uma risada.
–Eu atuando? Não sei não...
Ela balança a cabeça.
–Ai, vai ser legal! Só façam o teste, eu quero conhecer a sua amiga também.
Lydia fazendo um espetáculo é mais improvável do que eu.
–Eu vou ver com ela. A gente tava combinando de assistir The Carrie Diaries pra ter inspiração pra baile e tudo mais. Ela viria aqui na sexta.
Katie assente.
–Daí se ela concordar, e eu vou a fazer concordar se ela não concordar com você, a gente faz a audição e depois vê alguns episódios.
A animação dela faz eu rir.
–Ok, ok, eu vou ver com a Lydia.
Levanto-me da cama e caminho até a porta.
–Katherin. – viro-me. –Com quem vai no baile?
Só de lembrar que eu vou com o Peter eu fico mais feliz.
–O Peter me chamou.
–Hmmmmm
Fico vermelha e faço uma careta.
–Vai ler seu livro, vai.
Ela joga uma almofada na minha cara enquanto ri e eu volto para o meu quarto. Uma hora e meia depois meu pai entra no meu quarto, estou com fones de ouvido ouvindo Radioactive. Sou obrigada a tirar os fones pra poder ouvi-lo. Ele senta-se na beirada da minha cama.
–Katherin, eu pensei no que você me disse. – não respondo nada então ele continua. –Você tem razão.
Faço cara de “óbvio que tenho”.
–Mas... mas eu e sua mãe temos medo de você passar dificuldades.
–Pai, qual é, todo mundo passa dificuldades. Sei que a gente tem uma ótima situação financeira, sei que até poderia pegar dinheiro de vocês caso desse alguma coisa errada na profissão que eu irei exercer, mas eu não quero. Quero ser independente.
Ele sorri.
–Isso é bom.
–Só que também não quero fazer uma coisa só pra ganhar dinheiro. Eu tenho que gostar.
Ele faz que sim com a cabeça.
–Tudo bem.
E aqui estou eu, depois de várias discussões eu finalmente consegui fazê-lo ouvir a voz da razão.
–Sobre a Katie, o que acha que eu tenho que fazer?
Abro um sorriso. Sério mesmo que ele tá pedindo a minha opinião sobre como lidar com a filha dele?
–Não vai pedir desculpas direto, porque se não pode parecer falso. Só seja mais presente na vida dela, e também na minha.
Ele se levanta.
–Não pense que vou deixar vocês duas se darem mal na vida, vou analisar a profissão que escolherem.
Consegui o que queria, em parte. Escolherei bem, disso eu tenho absoluta certeza.
–Pode deixar, pai.
–Eu tenho que voltar pro escritório, Katherin. – diz ele e abre a porta. Ele vira-se. –Estuda hein!
Faço uma careta e abro o material para fazer todas as tarefas de amanhã.

Quarta feira, faltam só dois dias pra semana terminar. Tomo um banho, arrumo meu cabelo em um rabo de cavalo e tomo café da manhã. Ele consiste em chocolate quente e pão na chapa. Escovo os dentes, arrumo o material rapidamente e estou pronta.
A porta do quarto de Katie está fechada. Eu não vou chegar atrasada por causa dela, não mesmo. Bato na sua porta e ela fala que pode entrar. Katie já está vestida e com o material pronto, mas está pálida e abatida.
–O que aconteceu?
–Não to muito bem... – ela mal fala e já corre para o seu banheiro.
Torço o nariz quando ouço o barulho dela colocando tudo pra fora. Ela fica uns dois minutos no banheiro e não sou eu que vou entrar lá. Ouço barulho de água e ela volta para o quarto.
–Katie, vem aqui. – ela vem contra gosto e coloco a mão na sua testa. Arregalo os olhos. –Você está fervendo de febre!
–Não fala pra mãe, eu preciso ir à escola... Hoje tem aula de música.
Faço que não com a cabeça.
–Você não vai, você não ta bem.
Ela resmunga, mas mesmo assim vou até o quarto de minha mãe. Bato na porta.
–Pode entrar.
Abro e vejo que ela está prendendo o cabelo em um coque.
–Mãe, a Katie tá com febre. Muito alta.
Ela solta os cabelos e sobe as escadas. Sigo-a até o quarto da minha irmã. Ela vai até Katie e coloca a mão na sua testa.
–Não vai à escola hoje. – diz ela e vira-se para mim. –Pede carona pro seu pai, vou ficar com ela até Jessica chegar.
Jessica é a moça que trabalha aqui em casa. Faço que sim com a cabeça e vou correndo até a garagem, meu pai já está dentro do carro.
–Pai, pode me dar uma carona?
Ele faz sinal para eu entrar e vamos para a escola. Chego e quando estou no corredor alguém me chama. Viro-me e vejo Peter, sorrindo. Ele vem ao meu lado e me acompanha.
–E aí?
–To bem e você? – falo.
–Bem também.
Subimos as escadas.
–Thomas vai comprar um smoking também, a gente podia ir no mesmo dia. Na mesma hora.
–Pode ser. – falo dando de ombros.
–Sábado que vem, às quatro horas então?
–Fechado.
Paramos no topo da escada, Peter de um lado e eu do outro. Ficamos nos olhando sem falar nada. Como isso é constrangedor. Odeio silêncio.
–Ahn, eu preciso ir pra sala. – falo tropeçando nas palavras. Eu falei isso como uma idiota.
–Também.
Passo por ele e estamos lado a lado de novo. Nossos ombros se esbarram e meu coração acelera.
–Katherin, a sua sala é ali. – diz ele e ri.
Eu estava passando reto. Sinto o rosto esquentar.
–Ah é, claro. – falo um pouco envergonhada pelos meus atos. –Até depois.
Ele fica na minha frente, aproxima nossos rostos e encosta nossos lábios rapidamente, retirando-os em seguida. Meu coração acelera e depois quase para de bater, tal a minha surpresa e nervosismo. Meu rosto deve estar vermelho como um pimentão.
–Até depois. – ele sai como se nada tivesse acontecido, enquanto eu continuo parada que nem uma abobada.
Ele acabou de me beijar, é isso mesmo? Não foi um beijo de verdade, foi um selinho. Mas mesmo assim. Socorro, cadê o ar? Por que ele fez isso? Qual o problema dele? Por que eu to sorrindo? Olho para o corredor e para a minha sorte, não tem ninguém. Eu ia morrer de vergonha se alguém tivesse visto isso.
Balanço a cabeça tentando organizar as ideias, mas eu não consigo. Só consigo pensar no beijo que ele acabou de me dar. Não sei se pra ele significou alguma coisa, provavelmente não e isso machuca. Muito. Eu vou ignorar isso, fingir que nunca aconteceu. É o melhor a se fazer numa situação dessas. Não vai acontecer de novo.
–Katherin. – ouço Lydia me chamar e me recomponho.
Viro-me e aceno. Ela vem até mim e entramos na sala juntas.
–A Katie quer que a gente faça uma audição pro teatro que vai ter no teatro da cidade. – falo. –Nem sei se você vai querer, mas...
Ela me interrompe.
–Tá brincando, né? Claro que eu quero fazer!
Olho para ela surpresa.
–Sério?
–Aham, eu gosto de teatro, eu gosto de dança. Vai ser muito legal, eu sou nova aqui. Vai ser bom se eu passar nessa audição aí, vou ter mais coisas pra fazer.
Dou de ombros.
–Então vou fazer a audição também.
–Vai ser legal.
Sento-me na mesa de sempre desde que Amanda tomou nossos lugares originais. Lydia senta-se na minha frente e Thomas entra na sala.
–Seu amor chegou. – falo baixo para que só ela possa ouvir.
Ela vira-se para mim vermelha e me dá um tapa no braço.
–Repete isso de novo que eu te mato.
–A essa hora da manhã arrumando barraco? – ouço Thomas perguntar e ele dá uma risadinha.
Lydia vira-se para frente.
–A essa hora da manhã se metendo na conversa dos outros?
Thomas ri de novo.
–Tá bonita hoje, como sempre. – diz ele para Lydia e vira-se para frente.
Abro um sorriso. Aposto que a Lydia está corando violentamente. O sinal bate e a professora entra na sala.


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