Everything Has Changed escrita por Anne Atten


Capítulo 13
Capítulo 13


Notas iniciais do capítulo

PARABÉNS PRA FIC, HOJE ELA COMPLETA UM MÊS! Só estou postando esse capítulo por causa disso, só teve cinco comentários, mas como tá completando um mês, abri essa exceção. Em compensação, esse vai ter que ter sete comentários pra eu postar o próximo.
Como faz um mês, no final do capítulo coloquei um bônus com ponto de vista da Jane.
Espero que gostem



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–Mas, Thomas! A gente quase morreu! – falo pela décima vez.
Estamos do lado de fora da cafeteria, mas eu ainda não me recuperei. O Thomas passou de novo no sinal verde e a gente quase morreu. Na verdade, ele quase morreu, porque eu saltei da bicicleta pro canteiro da estrada. Agora eu estou um pouco esfolada.
–Lydia, você tinha mais chances de morrer do que eu! Você pulou da bicicleta, em movimento. – ele fala. –Foi irado, mas você podia ter morrido!
–Ah, e você não né? Thomas, tem um negócio chamado semancol.
Ele sorri.
–Estamos vivos, não estamos? Então não reclama! – diz ele e então franze a testa. –Como tá o seu braço?
Vermelho, esfolado e vai ficar doendo pro resto da semana.
–Tá ótimo.
–Deixa eu ver. – diz ele.
–Não.
–Lydia, para de ser birrenta! – ele sobe a manga da minha blusa e solto um gritinho de dor. –Desculpa. – diz ele.
Tá ardendo muito meu braço.
–Isso tá péssimo, a gente precisa desinfetar.
Reviro os olhos.
–São só arranhões. E você é o que? Meu pai?
–Só to preocupado com você. – diz ele dando de ombros. –Você vai entrar nessa cafeteria e ir direto lavar o seu braço, entendeu?
–Sim, senhor. – resmungo e entramos.
A cafeteria não é grande, mas também não é minúscula. Tem bancos confortáveis, cadeiras de madeira. As mesas todas são de madeira. O local é todo aconchegante e tem um pouco de cheiro de chocolate misturado ao café, não é nada forte. Vou no banheiro, lavo o braço e depois sento em um banco estofado, Thomas está sentado na minha frente. Uma moça aparece com um caderninho em mãos.
–Boa tarde, já vão fazer o pedido?
Pego o cardápio e bato o olho em um petit gateau. Mas ele é quinze reais! Roubo, absurdo, exploração! Mas eu realmente preciso comer ele.
–Thomas, divide comigo um petit gateau. E isso não é uma pergunta.
Ele sorri.
–Tá bom.
A moça suspira.
–Tão bonito o amor juvenil.
Sinto o rosto esquentar e então solto uma gargalhada.
–Amor juvenil? Tá mais pra ódio juvenil.
Ela me olha sem entender e vai preparar o que a gente pediu. Pego a minha bolsa, que para a sorte de Thomas está inteira. Se tivesse um rasgo, eu ia o fazer comprar outra pra mim. Coloco a bolsa do meu lado e ponho os materiais em cima da mesa. Ele faz a mesma coisa.
–Então, você tem que saber que... – mas ele é interrompido pelo abrir da porta.
Peter entra, sorri ao nos ver e se aproxima. Juro ter ouvido Thomas bufar. Não estou entendendo, eles não são melhores amigos? Devem ter brigado.
Atrás de Peter vêm outros dois meninos, devem ter vindo fazer algum trabalho ou pra estudar, eu sei lá.
Peter escorrega para o meu lado e passa o braço por trás das minhas costas, ficando apoiado em meu ombro. Com o máximo de educação possível, tiro a mão dele do meu ombro e Thomas ri com isso.
–Vocês por aqui? – pergunta ele.
–É, Peter. A gente veio estudar, pode dar licença?
Uou, quanta grosseria gente.
–Relaxa, brother. É que eu lembrei que ainda tenho que falar com a Lydia.
–O que você quer? – pergunto. Sou direta mesmo, ele disse que quer falar comigo, pois que fale logo. Tenho que estudar, porque quanto antes terminar, melhor.
–Então, quero falar sobre o baile. – ele mal fala e Thomas já fala de novo.
–Ela vai comigo.
Franzo a testa.
–Vou? – pergunto sem entender. Não lembro dele ter me convidado.
–Vai. – responde dando de ombros. –Agora, se nos dá licença, precisamos estudar.
Fico um pouco, digamos, surpresa por ele ter me chamado. Peter se levanta.
–Sem ofensas Lydia, mas eu não ia te chamar pro baile. Tenho outra pessoa em mente e eu preciso realmente falar com você.
Agora eu fiquei curiosa.
–Amanhã a gente se fala, pode ser? Parece que o Thomas vai ter um ataque se não começar a estudar agora mesmo. – falo.
Peter sorri.
–Sei bem o tipo de ataque que ele tá tendo.
Olho para Thomas, que está um pouco vermelho e com os punhos cerrados.
–Até amanhã, então. – diz Peter e se afasta para sentar-se com os seus amigos.
Como assim eu vou ao baile com o Thomas? Quem disse que eu concordei?
–Não aceitei ir ao baile com você. – falo abrindo o caderno.
–Mas vai aceitar. – diz ele com convicção.
Reviro os olhos.
–O que te faz ter tanta certeza?
–Bom, ninguém te chamou ainda, você tá sozinha. Não tem motivos para não aceitar. Se tiver algum motivo bom, daí eu desfaço meu pedido. Aposto que não tem nenhum argumento válido.
Engulo em seco.
–Eu só vou com você porque eu disse pra Katherin que iria com qualquer um que não me tratasse como segunda opção.
A moça entrega o petit gateau e duas colheres.
–Qualquer um que te trata como segunda opção é idiota. – diz ele.
Por algum motivo, sinto as bochechas esquentarem. Não faz sentido isso nenhum. Ele só falou a verdade. Marcos foi um idiota por ter me tratado como segunda opção, isso é um fato. Thomas apenas relatou.
–Comer primeiro, estudar depois? – sugere Thomas.
–Vamos fazer os dois ao mesmo tempo.
–Boa ideia.
Pego um pouco do bolinho e então o sorvete e começo a comer. É muito bom.
–Se quiser comer tudo, pode comer. – fala ele.
–Você vai pagar também, come logo.
–Se quiser eu pago pra você.
Respiro fundo.
–Valeu, mas não precisa. Além do mais almocei agora pouco, não iria conseguir aguentar tudo isso.
Pra ser sincera, aguentaria até dois desses, mas não to afim e não é justo. Thomas vai pagar também então ele tem que comer.
–Ok.
Comemos e entre os intervalos de comida, nós estudamos. Thomas pode ser enxerido e tudo mais, mas ele sabe explicar bem a matéria.
–Então o x é igual a 320 por causa disso aqui. – diz ele apontando pra uma outra coisa.
–Tá, isso é muito complicado, mas eu entendi. – falo com sinceridade.
–Certeza que entendeu?
–Absoluta.
–Fico surpreso.
Cruzo os braços.
–Você tá me chamando de burra?
–Não, claro que não. – ele se apressa em dizer. –É só que é difícil.
Bufo.
–Vamos pagar a conta logo que eu tenho que revisar química pra amanhã.
–Lydia...
Corto-o.
–Thomas, eu preciso ir. Vamos pagar essa conta logo.
–Você tá brava comigo? – pergunta ele franzindo a testa.
Solto uma risada.
–Isso não é bem da sua conta, mas não, não estou brava com você. Agora vamos logo.
Ele balança lentamente a cabeça em concordância enquanto sorri um pouco. Vamos até o caixa, pago sete reais e cinquenta centavos e ele faz o mesmo. Pego um chiclete e começo a mascar.
Olho o relógio, já são quatro e dez. Não foi tão péssimo quanto eu imaginava. Vamos para o lado de fora e Thomas começa a olhar de um lugar pro outro.
–O que aconteceu? – pergunto depois de um tempinho, porque ele parece estar prestes a ter um ataque.
Ele se vira para mim, branco como uma folha de papel.
–Roubaram a bicicleta! – ele parece estar se segurando para não gritar.
–Pensa pelo lado bom da coisa, pelo menos foi quando a gente tava lá dentro. Não nos assaltaram e não nos machucaram, a situação poderia ser pior.
Ele balança a cabeça negativamente.
–Você não tá entendendo. A bicicleta era do meu irmão!
Vish, agora já era. Se fosse de Thomas, ele ia ficar sem a bicicleta e pronto. Mas sendo do irmão dele, mas chover xingo na cabeça dele. Não que eu me importe, mas não é justo. Não foi culpa de Thomas o ladrão pegar a bicicleta.
–Foi culpa sua, você que não colocou a tranca direito. – diz o irmão dele quinze minutos depois, quando chegamos no apartamento.
Fico na porta enquanto os dois discutem próximos de mim.
–A Lydia tá de prova que eu tranquei direito. – fala Thomas na defensiva.
Pra ser sincera, eu não me lembro disso não.
–Não tá? – pergunta ele.
–Aham, claro. Thomas colocou a tranca, o bandido que era bom demais.
Matthew bufa.
–Ou Thomas que foi lerdo demais.
Seguro o riso. Thomas respira fundo.
–É o seguinte, roubaram a sua bicicleta. Não tem nada que eu possa fazer, muito menos a Lydia. O que você quer?
Se fosse eu pediria a bicicleta de Thomas.
–Eu só to aqui porque o pai ta mal e tudo mais, mas você sabe que eu só venho fim de semana. Vou ficar aqui até quinta. Até lá, lave a louça, arrume a minha cama, abra a porta pra quem tocar a campainha.
Olha a folga da pessoa. Thomas está irritado.
–Não vou fazer isso.
Matthew sorri.
–Se não fizer isso, vou pegar a sua bicicleta e você vai ter que ir pra tudo quanto é lugar a pé.
Adoro chantagem quando não é comigo.
–Tá bom, faço tudo isso. – fala Thomas.
Vamos até o lado de fora e ele fecha a porta da casa.
–Faço de tudo, mas não posso perder minha bicicleta. – diz ele.
–Por que não foi com ela?
–A de Matthew é mais confortável e mais rápida. – justifica ele e dou de ombros. –De qualquer modo, valeu por me defender.
Ajeito a bolsa no meu ombro.
–Não vai se acostumando não. – falo. –Eu tenho que ir.
–Nossa, como você é delicada.
Reviro os olhos.
–Tchau. – falo.
Então Thomas faz uma coisa muito estranha. Ele dá um beijo na minha bochecha.
–O que foi isso? – pergunto um pouco constrangida.
–Um beijo de tchau. – diz ele levantando uma sobrancelha. –Ou você aperta as mãos das pessoas quando tá se despedindo?
Eu dei beijo na bochecha do Peter e não me senti constrangida. Nem um pouco, me senti até a vontade, como se fossemos amigos. Mas com Thomas foi diferente.
–Tá certo. – murmuro. –Eu preciso ir. – repito.
Ele assente, dá um aceno e entra em sua casa.

Acordo na manhã da terça feira, repetindo a mesma frase: densidade é igual à massa da solução sob o volume. Tomo banho repetindo essa frase, tomo café repetindo essa frase, faço tudo repetindo essa bendita frase na minha cabeça, pois é ela que vai fazer eu passar na prova.
–Lydia, tá tão quieta hoje. – fala minha mãe ao entramos no carro. –Aconteceu alguma coisa?
–Aconteceu que densidade é igual à massa da solução sob o volume.
Ela franze a testa e começa a dirigir. Obrigo-me a parar ou eu vou acabar ficando louca com tudo isso. Chegamos na porta da escola.
–Boa prova, Lydia.
–Obrigada, mãe. – falo nervosa.
–Vai dar tudo certo, querida. – diz ela.
Faço que sim com a cabeça e fecho a porta do carro. Entro na escola com passos lentos, afinal eu não estou atrasada. A prova é na primeira aula. Arrasto-me pelos corredores tentando bloquear o som dos outros.
–Densidade é igual à massa da solução sob o volume. – falo baixinho enquanto olho para o chão. -Densidade é igual à...
Bato em alguma coisa, ou melhor, alguém. Meu caderno que eu estou carregando na mão se espatifa no chão e os papéis que estão dentro se espalham.
–Você não olha por onde anda não, Thomas? – pergunto estressada.
Ele dá risada.
–Você que tava andando sem rumo. – diz ele e me ajuda a recolher as folhas. –Tava com a cabeça no mundo da lua, é?
–Eu tava com a cabeça na densidade. – falo e ele franze a testa, sem entender. Ele me entrega os papéis. –Valeu. – falo e começo a subir as escadas.
Entro na sala de aula e avisto Katherin, agora estamos sentando na terceira fileira por causa da Amanda. Falando na rata, ela ainda não chegou. Tomara que ela falte, não vai fazer diferença nenhuma na minha vida.
A baixinha que alega que Amanda roubou seu namorado está sentada do meu lado.
–Como foi a briga? – pergunto pra ela.
–Nem teve. – diz ela dando de ombros. –E cheguei a uma conclusão, se ele quis ficar com ela, é porque tem mau gosto e não me merece.
Abro um sorriso.
–Tem razão. Qual seu nome?
Ela abre um pequeno sorriso.
–Millie, você é a Lydia que eu sei. A professora fez você falar seu nome por ser novata.
Faço que sim com a cabeça e volto-me para frente. Pego meu estojo e coloco-o em cima da mesa. Thomas entra e senta-se na minha frente. Dois sinais batem e uma mulher aparece com as provas em mãos. Boa sorte pra mim.

Bônus (POV da Jane)
Acordo, penteio o cabelo e faço uma trança mal feita, arrumo meus materiais, escovo os dentes e saio de casa. Não tomei café porque primeiro que estou atrasada, segundo que eu não to com fome.
Minha mãe sempre sai mais cedo para o trabalho e eu tenho que me virar. Nora, a moça que trabalha em casa, só chega às nove. Eu tenho que me virar pra chegar à escola. Bato o portão e vejo que Will está encostado no muro com as mãos no bolso. Quando ele me vê, abre um sorriso.
–A essa hora aqui, Will? –pergunto surpresa.
–Você pediu pra gente ir juntos hoje, lembra?
Dou um tapinha na testa. É verdade, tinha até esquecido disso.
–Verdade.
Começamos a andar em direção a escola.
–Seu cabelo tá diferente hoje. – comenta ele.
Solto uma risada.
–Chama-se trança, mas obrigada. – falo. –O “diferente” é bom ou ruim?
Dessa vez ele ri.
–É bom.
Will é meu amigo de longa data, não tanto quanto Lydia e Kriss, mas a um bom tempo já. Uns tempos atrás eu cheguei a conclusão que imaginar ele se apaixonando por outra pessoa despedaça meu coração, e olha que eu não sou muito sentimental. Não falei isso pra ele nem pras minhas amigas, vou guardar isso pra mim e vou mudar esse pensamento. Daqui a pouco vou passar a pensar em Will como um amigo mais uma vez. Assim espero.
Chegamos na escola e entramos. Paro quando vejo que Jake está conversando com Kriss. Será que ela não percebe que ele não presta?
–Will, a gente se fala depois.
Quando me aproximo, Jake vê e sai de perto de Kriss. Ela por sua vez está com um sorriso muito bobo na cara.
–Que foi?
–Jake me chamou pra ir pro baile, acredita!?
Reviro os olhos.
–Como você pode gostar dele? Ele não vale nada, Kriss!
Ela fica estressada como toda vez que eu falo isso.
–Ele não é tudo isso que você e a Lydia falam!
–Não mesmo, ele é pior!
Então ela fica brava mesmo e me deixa sozinha. Will se aproxima.
–Jake de novo?
Faço que sim com a cabeça.
–Daqui a pouco ela vai acordar pra realidade, fica tranquila. – diz ele. –Você é uma boa amiga, Jane. Você está avisando-a, já fez sua parte.
Bufo em frustração.
–Ela tá se afastando de mim, Will.
–Fica calma. – diz ele. –Eu sempre estarei aqui se ela te abandonar, o que eu tenho certeza que não vai acontecer.
Abro um sorrisinho e rumamos para a sala.

Bate o sinal de ir embora e eu demoro um pouco para sair da sala, porque não terminei de copiar a matéria. Quando chego no corredor, vejo que Jake está falando com outra menina. Balanço a cabeça com raiva. A menina sai de perto dele e vou até ele.
–Jane, você por aqui?
Não sorrio.
–Se você magoar a minha amiga, eu acabo com você.
–Nossa que med...
Antes dele terminar, dou um soco em seu nariz. Fui violenta? Talvez, mas não me importo. Não vou deixar esse imbecil ferir os sentimentos de Kriss.
–Se você fizer alguma coisa pra ela, vai ser pior.
Saio andando deixando-o para trás com seu nariz sangrando.


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