Pov – Annabeth

Falta quinze dias pro aniversário de Percy, e eu ainda não sei o que fazer.

Estou deitada na minha cama do chalé pensando em que fazer daqui pra frente.

– Um jantar a luz de velas, quem sabe?

Dou um pulo. Rachel esta parada bem em minha frente, sabe-se lá a quanto tempo.

– Que susto! – Vou correndo abraçar minha amiga. – Quando você chegou?

– Agorinha mesmo. Sai da escola e vim pra cá.

Vejo seu uniforme. A saia rodada até o joelho, a sapatilha preta de fivela com meias brancas, a blusa branca por dentro da saia, com o logo Connecticut. Realmente não é o estilo de Rachel.

Devo contar a vocês. Quando eu conheci Rachel, não gostava dela. Mas depois ela acabou virando a oráculo do acampamento – sim, ela prevê o futuro – ficamos melhores amigas.

– Então, o que acha? – Ela me tira do devaneio.

– Sobre o jantar? Ah, sei la, parece um pouco já-aconteceu-com-vários-casais, eu e Percy andamos brigando muito. Quero compensar ele.

– Hummm, ta encrencada amiga. – Que reconfortante ouvir isso de Rachel.

– É, obrigado.

– Mas não foi por isso que eu vim correndo. Estamos com um problemão, todos, o Acampamento Júpiter também.

– Do que você ta falando?

– Na fogueira eu conto Annie! – Rachel sorri e amarra o cabelo ruivo para trás, fazendo suas sardas aparecerem. – Vi Percy no lago, sozinho.

Com esse aviso ela sai do chalé.

Percy esta sentado em cima de um lençol na praia, me sento ao lado dele. Sem brigas hoje.

– Tudo bem? – Ele me pergunta e me da um selinho carinhoso.

– Quase e você?

– Também, sabe, estou preocupado com tudo isso que ta acontecendo, realmente não quero outro guerra. – Percy diz tao baixo que quase não ouço. Ele olha pra mim com aqueles olhos verde-mar pelo quais me apaixonei. – Por que ta me olhando assim?

– Eu? Ah, só apreciando você. – Ele ri dando um sorriso de lado, que me irritava, mas aprendi a amar.

– Vem cá Corujinha. – Percy me envolve em um abraço de lado e encosto a minha cabeça em seu ombro. – Eu te amo.

– Eu também te amo.

– Tente me lembrar por que andamos brigando tanto? – Ele pergunta.

– Acho que ambos estamos com medo de perder o outro.- Respondo depois de alguns segundos.

– Você não vai me perder. É uma promessa, lembra? – Ele disse sussurrando, Cabeça de Algas.

– E você não vai me perder também, nunca. Não por mim. – Digo.

Percy me puxa para um beijo lento e carinhoso que vai ficando cada vez mais rápido. Logo nos afastamos só pela falta de ar.

Percy se deita e eu me deito colocando minha cabeça em seu peito, olhamos as estrelas no céu.

– Bob estaria adorando essa vista. – Percy diz

– Sim, ainda mais ele sendo uma delas.

Bob, Japeto, o titã que nos ajudou a atravessar o Tártaro, acabou se sacrificando por nossas vidas. E para ele não sofrer tentando se recompor no tártaro, Zeus se apiedou dele e o transformou em uma estrela, a mais brilhante do céu, ao lado da de Zoe Doce-Amarga. Mas o processo pode durar anos.

– Será que vamos viver tempo suficiente? – Pergunto.

– Com certeza, Bob não iria perder nosso casamento por nada.

Olho pra Percy surpresa.

– Um dia vamos casar, certo? – Percy diz.

– Se um dia você me fazer o pedido, quem sabe.

A concha da fogueira assopra.

– Devemos ir mesmo? Tá tao bom aqui. – Percy diz fazendo biquinho.

– Temos Rachel tem um comunicado e eu não quero que as Harpias coma a gente. – Digo rindo.

POV – Percy

Após eu e Annabeth chegarmos, a cantoria começou, as chamas da fogueira estavam altas, todos estavam animados. Mas vi o olhar de Annabeth, o mesmo olhar que ando vendo nos últimos dias: Preocupação. Não sei de que mas sim.

– Que foi? – Sussurro baixinho pra ela.

– Depois. – Ela devolve a aponta para Rachel, a mesma fica de pé.

– Pessoal. – Todo mundo para. Todos tem medo de Rachel quando ela levanta a voz. – Eu odeio estragar o animo de vocês, mas não tenho noticias boas.

As chamas ficam amarelas.

– E quais são? – Pergunta Piper do outro lado da fogueira, do lado de Jason.

– Recebi umas visões, da menina Davina, vocês sabem. O Argo II navegando sobre os mares de novo. Algo sério vai acontecer e esta começando a se agitar, e creio que um ataque de monstros pode atacar o acampamento a qualquer momento quando a garota acordar.

– Por que só quando ela acordar? – Pergunta Malcom, de Hécate.

– Eu não sei, acho que eles querem leva-la. Pelo que eu vi, ela é preciosa para os monstros, algum tipo de chamado. Ela atrai semideuses e sátiros com a sua aura, e não percebe que os monstros ficam a sua volta esperando ela atrair o jantar.

– Ou seja. – Annabeth disse antes mesmo de eu tentar processar tudo. – Ela é como um radar para os monstros?

– Sim, isso mesmo Annie. – Rachel sorri.

– Então eles querem vir pega-la e leva-la? – Pergunta Clarisse.

– Sim, querem, quando ela acordar. O feitiço que a deusa jogou nela, confunde os monstros. Mas ela vai acordar, amanha provavelmente e o feitiço vai sumir.

– Que deusa, e porque ela lançou esse feitiço? – Pergunta alguém do chalé de Hefesto.

Rachel olha para Quíron que assente com um sim.

– Bom, Perséfone jogou o feitiço só até eu receber as visões e comunicar vocês. O ponto é esse: Devemos aguardar um ataque de monstros e proteger esse acampamento, Perséfone vai ajudar a esconder o cheiro dela ainda só que mais fraco, mas todos nós temos que cuidar de Davina. Se ela for capturada... Que isso não aconteça.

As chamas crepitaram para um cinza. Mais uma guerra esta por vir.

– Uma guerra vai começar por causa da menina? – Um menino grande do chalé de Ares pergunta.

– Não, a guerra já começou para os deuses. E quem começou a guerra quer Davina de todos os jeitos . – Rachel explica.

Sr. D, Dionísio, nosso diretor do acampamento, foi convocado ao olimpo semana passada e ainda não voltou.

– Então ela só é um troféu precioso para nossos inimigos. – Hazel diz.

– Mas por que? Digo, eu sei que ela é poderosa e tudo mais, mas por que querem a menina, supondo que quem quer seja maior que um monstro. – Jason pergunta.

– Não posso falar o motivo ainda, mas com certeza é algo extremamente ruim, quem quer que seja que vamos enfrentar é pior que Cronos ou Gaia. Essa é a última guerra.

Com essa maravilhosa notícia, as chamas ficam pretas. Mais uma guerra.

Rachel fica cambaleante, e dois campistas pegam seu banquinho de três pernas. Ela senta nele e fala:

Os que venceram se juntarão a mais cinco

Vazio e escuridão novamente se unirão

A filha do sol irá decidir que destino cumprir

Para ganhar do inimigo um dobrará o coração

E das romãs os filhos do zombador irão aguerrir.

As chamas somem. Espero que Annabeth não perceba que eu estou tremendo. Mais uma guerra. Os que venceram se juntarão. Eu não quero ficar aqui. Quero ir pro meu chalé fingir que isso é um sonho, que uma guerra não esta por vir, e que eu não estou nela.

A névoa em volta de Rachel some, ela olha pra baixo. A profecia atingiu até ela.

Eu não quero admitir que estou com medo. Todos os campistas murmuram algo sobre os sete que responderam o chamado.

– Se acalmem crianças! Ordem! – Quíron fala. – Prioridades primeiro! Nada de tentar descobrir o que a profecia significa! Está na hora de todos dormirem, e sem atrasos. Amanha todos de pé antes das sete, o chalé de Ares irá patrulhar as barreiras do acampamento. Dou as devidas tarefas aos outros chalés amanha as oito.

Dou um beijo em Annabeth e falo que vou dormir.