"É difícil em tempos como estes: ideais, sonhos e esperanças permanecerem dentro de nós, sendo esmagados pela dura realidade. É um milagre eu não ter abandonado todos os meus ideais, eles parecem tão absurdos e impraticáveis. No entanto, eu me apego a eles, porque eu ainda acredito, apesar de tudo, que as pessoas são realmente boas de coração."

Fecho meu livro e dou um suspiro tirando meus óculos. 

Anne Frank não poderia ter mais razão quando escreveu esse trecho!

É difícil manter sentimentos de otimismos em épocas de árduas tribulações. Não perder a essência da pessoa que você é diante as dificuldades. Continuar sonhando que tudo vai dar certo e que no final de um belo arco íris após ter passado por uma grande tempestade, aquele pote de ouro vai estar nos aguardando. A recompensa por termos nos mantido de pé e suportado as provações. Deus estendendo sua mão em nossa direção e tirando nosso peso, nos segurando em seu braço direito de misericórdia. 

Não foi fácil sobreviver por esses anos após aquela tragédia.

Aquela tragédia... 

Fecho os olhos e giro o pescoço me alongando um pouco. 

É impressionante pensar em como mudei nesses sete anos que se passaram. Fui de uma garota superficial e inconsequente a uma adulta pé no chão e realista. 

Não era religiosa, e hoje não durmo sem antes ler um versículo da Bíblia e fazer uma oração a Deus, agradecendo por mais um dia e pedindo contínua sabedoria. Toda honra e glória a Ele que me reergueu quando achei que não conseguiria mais.

Fecho meu cinto e olho pela janela do avião, San Diego continua igual a quando fui embora daqui. Não sei explicar a sensação que me atinge, um misto de nostalgia com angústia, eu sempre soube que não seria fácil.

Sinto uma mão pequena apertar a minha e tenho a certeza que conseguirei passar por essa velha nova etapa, que conseguirei enfrentar o meu passado com toda força necessária.

Por mim, e principalmente, por ELA.