A Profecia Rafma escrita por Rafma


Capítulo 1
Céu Rosa


Notas iniciais do capítulo

Enfim, depois de tanto tempo eu comecei a segunda parte da série "O Amuleto Rafma". Eu demorei um pouco mais do que o previsto. Queria ter começado lá pra outubro, mas tive alguns problemas e só deu pra lançar hoje.

E uma dica seria também ler a one-shot "Véspera de Natal", para entender melhor como foi a queda de avião onde Ryan e Hikari se encontravam.


Espero que vocês gostem o/


Boa Leitura



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Quatro dias atrás...

 

- O que? – Salquetren indagou batendo sua mão fechada contra a mesa – Ele fugiu? Como?

 

Fabio estava correndo em volta de várias árvores, na esperança de enganar os soldados do vilão.
Os soldados, para dizer a verdade, se pareciam com um círculo com olhos, duas mãos nas laterais e em baixo, algo parecido com uma arma, só que atirava gosma para paralisar os inimigos. A mesma gosma que ogros utilizam em lutas.

 

Correndo o mais rápido que podia, Fabio percebeu que um dos soldados estavam a sua direita, só com árvores os separando.

 

Uma das mãos do soldado “bola” arrancou uma árvore e com seus olhos miravam para acertar a gosma na pessoa que era a peça-chave.

 

Fabio, se dando conta disso, pegou seu terno e jogou na direção do soldado bola e se lançou para esquerda, se escondendo numa moita.
Instantaneamente, ao ver o terno indo nele, o soldado pensou imediatamente que era uma ameaça e atirou contra o terno.

 

Após isso, o soldado se sentiu perdido. Não conseguia mais ter noção de onde Fabio estaria. Esse ficou escondido até ter certeza que o soldado bola tivesse ido embora.
Fabio deu uma última olhada, antes de ter certeza que deveria mesmo sair da moita.

 

- Acho que ele já foi. – Falou consigo mesmo – “Tenha que achar o escolhido e os outros. Receber a notícia que Lucas, Erica e o resto estão pelo Mundo Paralelo me deu mais esperança para continuar. Não aguento mais ficar ajudando Salquetren e aquele bando de idiotas.”

 

Fabio olhou para o céu e notou que ele estava ficando rosa.

 

- Droga! Era o que eu menos precisava! – Saiu correndo resmungando baixinho.

 

23 de Fevereiro de 2008

 

Em meio a plantas e árvores, pessoas estavam sentadas em troncos de madeiras, em volta de uma fogueira que iluminava aquela região que era, talvez, uma das mais escuras da Floresta Negra. Havia uma barraca perto deles e algumas mochilas espalhadas em volta dela.

 

Ryan pegou sua Tringin e criou uma barreira de diamante, acima deles. Ele conseguiu posicionar a Tringin de pé a terra, enquanto ainda criava a barreira.

 

Tringin era a arma que o último príncipe utilizava e agora, Ryan a tinha em seu poder. Era um bastão que em uma das pontas tinha três lâminas afiadas para combate e na outra ponta, existia um colar grudado ao bastão e com mais seis lâminas em volta desse para protegê-lo.
Era o colar que continha toda a magia e os poderes da Tringin. Era a ponta que continha o colar que criava a barreira de diamante.

 

As pessoas que estavam sentadas nos troncos eram: Lucas e Erica que estavam sentados em um mesmo; Trevor e Fredo em outro; e Sandra e Vanessa juntas.
Havia um quarto tronco que, quem estava sentada era Hikari.
Ryan voltou para o seu tronco, após ter posicionado a Tringin, e deu um beijo em Hikari.

 

- Ainda fico impressionado com essa arma. Eu só a vi sendo usada numa mensagem que tive. Nian estava batalhando contra Salquetren. – Lucas balançava as pernas se mostrando ansioso.

 

Barulhos começaram a infestar com o impacto na barreira de diamante.

 

- Então vai ser isso todo dia? Toda vez que o céu ficar rosa, irá chover gotas explosivas? – Vanessa resmungou olhando para os lados, vendo as gotas caírem em direção ao solo e em árvores, sem que essas saiam abatidas – Parece que a superfície e as árvores não sofrem nenhum efeito.

 

 - A superfície e as árvores ficaram mais evoluídas nesses últimos anos quando surgiu essa anomalia. – Ryan disse olhando para a ansiedade do escolhido.

 

- Aliás, nem agradecemos. Muito obrigado por ter achado um abrigo aqui, para nós. – Sandra deu um sorriso pequeno.

 

- Nada. Temos mais três barracas para sorte de vocês. – Ele deu um sorriso forçado, retribuindo para Sandra - Algumas vezes a gente emprestava para algumas pessoas que necessitavam.

 

- Só que estou achando algo estranho. – O professor fez uma cara pensativa como se estivesse levantando um ótimo argumento – Vocês ficam falando sobre abrigos e que pessoas necessitavam e tal. Tudo bem. Uma barraca ajuda, mas necessitar?

 

- Já entrasse numa barraca dessas? – Ryan apontou para a única que estava montada no momento, cheia das mochilas ao redor.

 

- Não. Nunca.

 

- Depois entra numa delas. Você vai gostar. – Ryan voltou a olhar Lucas – Mas também não abriguei vocês só por que vocês estavam precisando. Temos muitas coisas a conversar. Eu ouvi falar muito do escolhido. Desde a primeira vez que pisei os pés aqui.

 

- E eu também estava louco para encontrar o príncipe da nova geração. – Lucas impulsionou seu corpo pra frente, como se estivesse pronto para fazer mil perguntas, mas Erica o segurou pelo braço e fez voltar a ficar do jeito que estava.

 

- Calma, Lucas. Vamos escutar primeiro o que Ryan tem pra dizer. – Erica apertou a perna do escolhido e isso fez ele se conter, mesmo não querendo aceitar muito bem a ideia da anja.

 

- Hum... Vocês querem que eu comece pelo o que?

 

- A gente não sabe muito bem... Acho que seria bom você contar a sua história quando tudo começou a ficar diferente na sua vida.

 

- Eu só tenho uma pergunta antes de começar tudo. – O professor levantou a mão intrigado.

 

Ryan, dando a perceber que ele podia perguntar, Fredo prosseguiu.

 

- E a sua amiguinha que você fica beijando o tempo todo? – Perguntou – Ela não vai dizer nada?

 

Trevor do seu lado colocou sua mão direita sobre a cabeça, se lamentando pela pergunta infeliz do professor. O interesse de Lucas em saber tudo sobre Ryan se desviou um pouco, mudando seu interesse também para Hikari.

 

- Bom, ela não é minha amiguinha. Somos mais que isso. Namoramos. – Ryan a olhou com um sorriso feliz no rosto e Hikari retribuiu – Já o fato dela não falar nada é por que ela não tem a língua.

 

Todos ficaram surpresos. Trevor até tinha pensado que ela era muda ou algo do gênero, mas ter a língua cortada... Mesmo ele parecendo sempre saber das coisas ou algo do gênero, teve que admitir pra si mesmo que também ficou surpreso.
Logo após, Ryan responder, Lucas perguntou por impulso.

 

- Posso ver a... – Lucas botou a mão no tronco como se fosse ajeitar para se levantar.

 

Todos o olharam, mais surpresos ainda por o escolhido querer ver o corte. Percebendo isso, ele se ajeitou e cruzou os braços.

 

- Ignorem que eu existo. Prossigam, please. – Disse envergonhado, olhando pro chão.

 

- Eu vou começar e dentro da história, eu explico o que houve com a Hikari. – Ryan olhou pra fogueira, tentando lembrar bem os momentos para contar tudo corretamente – Ran... Eu me lembro até do dia em tudo aconteceu. Era véspera de natal. Eu tinha pegado um avião pra visitar os parentes da minha mãe. Lembro que a Hikari e os pais dela tinham comprado passagens de última hora. Aí, eu e ela viramos amigos dentro do avião.

 

- E depois namorados. Eu digo: a molecada de hoje não aguenta ser só amigos. – Fredo interrompeu Ryan e Lucas o olhou irritado, já que era o mais ansioso pra ouvir o príncipe.

 

- Fredo – Trevor apertou seu braço com força -, é melhor você ficar um pouco quieto.

 

Fredo inquietou-se e Ryan começou a falar novamente.

 

- Na metade da viagem, um lençol gigante, envolveu o avião. O lençol era negro, não consigo entender, mais ele tinha uma força muito grande. Ele começou a espremer o avião, a destroçá-lo. Resumindo, nosso avião caiu. Caímos na área florestal. Acho que vocês devem conhecer, já que tiveram que atravessar ela pra achar a caverna a atravessar o portal.

 

- Aham. Mas então vocês tiveram que atravessar? Pensei que vocês já eram desse mundo... Qual o nome daqui mesmo? – Lucas olhou para cima, sentindo-se incomodado com os barulhos que as gotas faziam contra a barreira de diamante.

 

- Mundo Paralelo. Outras pessoas chamam de Mundo Alternativo também. Dá tudo na mesma. Enfim, nós dois somos humanos. Só que tivemos que atravessar o portal.

 

- Sem ajuda de nenhum escaravelho, uma peça-chave, uma pedra? – Sandra perguntou, tentando entrar no papo.

 

- Não. Por quê? Vocês precisaram? – Ryan perguntou olhando para Lucas.

 

- Vamos fazer assim: continua o que tens para contar e depois a gente conta o que temos que contar. Que tal? – Erica disse organizando tudo e todos se calaram, voltando a olhar para Ryan.

 

- Quando nosso avião caiu, eu e Hikari fomos jogados contra o chão. Só que eu, por exemplo, estava dentro de uma bola negra. Penso que foi essa bola que me protegeu da morte. E então, quando eu consegui sair de dentro dela, eu fui procurando por pessoas que estavam vivas. Eu achei um cara, que veio a falecer. Voltando, em meio a muitos corpos mutilados, eu encontrei uma cratera. Dentro dela, estava Hikari. Uma luz veio dela, quando a encontrei e foi em minha direção. Eu coloquei as mãos na frente, por que a luz estava me cegando. A luz bateu em minhas mãos e foi em direção a uma árvore, cortando-a no meio.
Quando eu vi, ela estava sangrando na boca. A língua dela tinha sido cortada com tudo o que ocorreu. É uma pena ela não conseguir falar mais, mas eu ainda consigo lembrar do tom da voz dela. Era tão lindo. – Ryan a olhou novamente e ela o abraçou, colocando sua cabeça em seu ombro – Os dias se passaram e percebemos que minhas mãos eram muito poderosas. Uma vez, pra testar elas pra ver se eram tão fortes, coloquei minha mão sobre o fogo de uma fogueira igual a essa. – Ryan sorriu para todos.

 

- E o que houve? – Vanessa perguntou curiosa.

 

Ryan saiu do seu lugar, desfazendo o abraço de Hikari e colocou sua mão sobre a fogueira. Ele ficou no máximo de cinco segundos e após retirá-la, sua mão não tinha levado dano algum. Não queimou, não machucou. Sua mão estava à mesma coisa que antes.
Ele voltou para seu lugar.

 

- Também descobri que toda vez que irei cair contra o chão, num impacto que tiraria minha vida, uma bola negra se forma em volta de mim. Se outra pessoa estiver do meu lado, também é envolvida pela bola. E a Hikari consegue deixar todo o seu corpo iluminado. Ela junta toda essa energia e eleva-a para as mãos, disparando contra uma direção. Ela também consegue ficar iluminada em lugares escuros, assim ajudando a se localizar.

 

- Que bom! Temos uma lanterna ambulante agora. – Disse Kulan indignado, tendo que ficar sentado na grama, por não haver mais nenhum tronco.

 

- Impressionante. E depois? O que vocês fizeram? – Lucas perguntou observando Kulan que ainda estava transformado de Fabio.

 

Apesar de tanto tempo sem ver a sua “peça-chave”, Lucas ainda se incomodava por ver uma imagem dele. Isso talvez pudesse ser um puro ciúme, por causa de Erica.

 

- Bem, eu, a Hikari e o Valdir, o cara que morreu, tentamos procurar mais sobreviventes e não achamos. Depois disso, não achamos mais ninguém. Lembro que a gente andou e achamos um abrigo. Quando a gente acordou no dia seguinte, planejamos sair daquela mata. Queríamos chegar até um centro da área ou algo do gênero. Enquanto a gente estava procurando sair do lugar, fomos atacados por uma onça. A gente correu e despistamos ela, entrando em uma caverna. Ficamos esperando a onça ir embora, quando tivemos a curiosidade de explorar. Lembro que andamos bastante até achar uma caixa de madeira. Por sorte, a caixa estava aberta e vimos algumas folhas. Duas delas, explicavam sobre uma, digamos “profecia” que Nian, o último príncipe fez antes de morrer. A outra indicava algumas instruções.

 

- E na carta que estava escrita essa tal “profecia”? O que dizia? – Fredo tentou sorrateiramente entrar na conversa.

 

- Nian teve uma premonição, um aviso antes de travar a luta com Salquetren. Aquela mesma luta que você deve ter visto na sua mensagem. – Apontou para Lucas – Nessa premonição, Nian ficou avisado que Salquetren iria atacar em duas épocas diferentes: A primeira época, foi avisado que Salquetren atacaria em 1602, 1603 ou 1604. Já a segunda época citada no aviso, foi à única que mostrava exatamente o ano: 2008. Ainda segundo o aviso, Salquetren também poderia ser detido nessas duas vezes. O príncipe tinha certeza que ele seria a causa da derrota de Salquetren. Só que ele estava enganado. A vila dele foi atacada em 1603 e Nian morreu na luta.

 

- Não era ele que deveria deter Salquetren. Era eu. – Erica falou um pouco pra baixo e Lucas envolveu seu braço pelas costas dela.

 

- Hum... Você tá tirando uma com a minha cara? É que... Desculpe, mas eu não gosto disso. – Ryan falou num tom sério e parecendo um pouco irritado.

 

Fredo teve vontade de rir, mas se conteve.

 

- É sério. Na época eu era a escolhida para detê-lo. Mas eu falhei... Eu lutei, só que ele foi muito mais forte que eu. Ele acabou me derrotando e logo após, me matou. – Erica parecia que iria chorar a qualquer momento.

 

- É pra acreditar? – Ryan se virou para Lucas, perguntando ironicamente.

 

Lucas se irritou com o jeito que Ryan tinha ficado. Talvez, ele tinha ficado ofendido por pensar que Erica estava brincando com ele.

 

- É verdade. Ela morreu tentando salvar o mundo, nessa época. Ela não conseguiu e anos depois, a irmã dela derrotou Salquetren.

 

- Então deve ter sido por essa irmã que Salquetren foi detido na primeira vez que tentou dominar o mundo. Mas eu não consigo entender algo. Se ela morreu, como está viva?

 

- Eu ganhei uma segunda chance “dele”. – Erica levantou a cabeça e deu um sorriso forçado para Ryan.

 

- “Dele”? “Ele” quem? – Perguntou.

 

- Não sei direito quem é ele... Pra falar a verdade, eu nem o vi direito. Eu só sei que eu estava morta e algumas semanas atrás eu fiquei viva novamente. Quer dizer, viva entre aspas. Eu sou uma anja. Eu protejo o escolhido. – Erica olhou para Lucas, agora soltando um sorriso feliz e o escolhido retribuiu.

 

- Entendo. Eu e Hikari já vimos alguns anjos por aqui. Mas você não tem nenhuma noção de quem seria esse cara? Ele seria Deus?

 

- Sei lá... A única coisa que eu sei foi ter escutado uma voz extremamente bondosa e sábia. E vi muitos flashes azuis e amarelos rodando em volta da minha visão. Vi algumas partes brancas também. Se eu não me engano, poderiam ser o branco das nuvens, mas não tenho como provar se é certo ou errado.

 

- Entendo. Enfim, continuando, como na época, Nian pensou que seria ele quem deteria Salquetren, o príncipe criou uma profecia, usando a Tringin para proteger o mundo em 2008. Segundo a profecia, em 2004, um avião iria cair dentro de uma área florestal e só iriam sobreviver duas pessoas, Ryan, que seria o príncipe da nova geração e Hikari, sua parceira iluminada. Iríamos encontrar a caverna e explorá-la para achar o portal e passar por ele. Antes do portal, devíamos achar a Tringin, remodelada, mais moderna, para eu usar e saber que caminho eu deveria pegar pra chegar até ele. Para encontrar a Tringin e saber qual caminho devia ir, estava tudo escrito detalhadamente na terceira folha, que era a das instruções. Voltando a profecia, após atravessar o portal, Ryan e Hikari deveriam esperar Lucas, o escolhido, por quatro anos. Nesses quatro anos, Ryan e Hikari deveriam aprender a usar seus poderes e a lutarem. – Ryan passou as mãos em seus cabelos castanhos e grandes, mostrando um olhar de alivio – E Nian tinha razão. Ainda bem que tivemos esses quatros anos. Eu mesmo, demorei dois anos só para aprender a manusear a Tringin com velocidade.

 

Lucas ficou surpreso em saber que ele era citado na profecia que Nian tinha criado a mais de 400 anos. A sua ansiedade e expectativa em relação a essa aventura estava aumentando a cada momento. Uma vontade egoísta passou pela sua cabeça e interrompeu Ryan, antes que esse continuasse a falar.

 

- Eu posso ver as folhas? É que eu estou com mó vontade de ver o meu nome na folha. – Todos perceberam que Lucas falou animadamente.

 

E além de perceberem isso, ficaram surpresos. Havia coisas mais importantes do que o nome dele na folha, mas ele queria ver. Ryan deu um pequeno sorriso. Ele deve ter achado esse pedido idiota.

 

- Tudo bem. Eu vou lá pegar. Já volto. – Ele se levantou do tronco e foi em direção a barraca.

 

Todos concordaram em esperar, mesmo preferindo que a conversa continuasse a ser interrompido só para o escolhido ver o seu nome num papel de uma profecia antiga.

 

Todos ficaram quietos. A única coisa que não deixava tudo em silêncio eram as gotas batendo contra a barreira, firme em cima de todos, mostrando um intenso brilho por causa dos diamantes.

 

- Eu não queria estar aqui. – Resmungou Kulan.

 

- Cala boca! – Reclamou Trevor.

 

Longo 15 minutos se passaram. O céu voltava a ser azul, mas algumas gotas ainda caiam.

 

- Se eu arrancar algum diamante dessa barreira, acho que poderei ficar rica no mundo dos humanos... – Sandra perguntou olhando para a barreira que aos poucos ia ficando mais fraca, enquanto a chuva ia parando.

 

Olharam para Sandra, pensando em como ela foi sem noção.

 

- Que foi? – Indagou.

 

Ryan voltou da barraca com as três folhas na mão, se ajeitou do lado de Hikari e deu uma rápida olhada para eles. Esticou o seu braço para frente e Lucas pegou rapidamente. O escolhido leu a folha e os outros, que antes acharam tola a vontade de Lucas ver a profecia escrita, também foram olhar, curiosos.

 

- Legal! Meu nome está mesmo aqui. – Lucas ficou feliz.

 

O resto se arrumou nos seus troncos novamente. Enquanto Trevor voltava para seu lugar, ele olhou para Ryan, duvidoso.

 

- Mas essa profecia tem uma falha, não?

 

- “Falha”? – Ryan perguntou confuso.

 

- É. A profecia diz que desse acidente de avião, só sobreviveria você e Hikari. Mas Valdir também sobreviveu. E como uma profecia criada pelo Nian funcionou assim? 400 anos depois?

 

- Ele tinha o amuleto em seu poder. O amuleto tem muito poder. Muito mais além da nossa compreensão, talvez.

 

- E se você tivesse o amuleto? Seria mais forte? – Trevor perguntou.

 

- Acho que sim. Ah... Estava esquecendo de falar sobre o Valdir. Ele estava disfarçado. Salquetren de algum modo sabia da profecia que o último príncipe fez. Então, enviou Valdir para matar nós dois. Ele tentou nos matar três dias depois do acidente, mas conseguimos impedir. No meio da luta, ele morreu.

 

- Meu pai é muito esperto... Para ele, descobrir esses tipos de coisas é fácil. – Trevor cruzou seus braços, olhando para a fogueira – Mas e depois do Valdir? Ele não tentou mais matar vocês?

 

- Não. Nunca mais fomos ameaçados. Só atacados por monstros dessas regiões, mas nenhum veio em nome dele. E você disse “meu pai”?

 

- É. Precisamos contar algumas coisas também. – Disse Erica conseguindo agora encarar Ryan.

 

- Só voltando um pouquinho ao assunto, talvez Salquetren não mandou mais ninguém ir atrás de vocês, por que ele não tinha contato com ninguém aqui no Mundo Paralelo. – Fredo explicou e se usasse óculos, ele ajeitaria em seu rosto com certeza, para dar a ele um ar mais intelectual.

 

- E ele pode ter ido atrás de mim pra matar com aqueles ogros, com o SSMM e tal, por que, se me matassem, não teria o porquê de você e você – Apontou para Ryan e logo em seguida para Hikari – ficarem me esperando.

 

- É mesmo. – Reforçou Vanessa.

 

- E aliás, alguns dias atrás Salquetren atravessou o portal. Vocês não o viram por aqui?

 

- Não. Mas já sabemos que ele está aqui. Não fizemos nada por que queríamos encontrar com vocês e depois ver o que fazer.

 

- Agora que estamos reunidos, já sabemos o que fazer. Temos que encontrar o amuleto. – Lucas falou empolgado.

 

- É isso aí! – Ryan exclamou, também animado – Mas agora é a vez de vocês nos contarem o que sabem.

 

- Tudo começou... – Lucas e Erica falaram ao mesmo tempo e após notarem, ficam corados.

 

- Pode começar. – Lucas passou a palavra para Erica que se sentiu lisonjeada.

 

- Ok! Enfim, tudo começou quando...

 

Erica e Lucas foram alternando, contando sobre as mensagens do escolhido e falando sobre a anja. Falaram do SSMM e também sobre Trevor. Deram rápidos momentos para Fredo, Sandra e Vanessa que se sentiam meio de fora do assunto. No meio da conversa, Ryan guardou sua Tringin.

 

Ryan e Hikari pareciam bem satisfeito pelas histórias e pela vontade de cada um falar um pouco sobre tudo. Fazia tempo que estavam sozinhos e eles o alegravam, fazendo se lembrarem do tempo que poderia conviver com outras pessoas, quatro anos atrás. Ryan ficou mais impressionado com o escolhido. Ele não tinha nada de especial. Não era sábio, nem parecia ser “forçudo”. Parecia ser um garoto empolgado para fazer de tudo para salvar o mundo.

 

“Ou talvez” – Pensou Ryan – “, ele pode estar assim por que chegou até aqui. Do mesmo jeito que a cada hora Salquetren pode estar mais perto do amuleto, Lucas está cada vez mais perto de terminar com seus planos. Esse garoto deve ser sensacional quando precisar usar seus poderes.”

 

Enquanto a conversa se alastrava, Lucas percebeu um ruído, um barulho.

 

- Vocês ouviram? – Lucas se levantou olhando para os lados.

 

- Lucas? – Erica perguntou sem entender.

 

- Aham. Eu também ouvi. – Ryan se levantou e Hikari também se levantou parecendo também ter escutado.

 

O barulho era parecido com folhas e galhos se batendo uma na outra. Todos se levantaram, assustados. Kulan olhou para os lados pra ver se seria uma boa hora para fugir, mas seus olhos encontraram os de Trevor, sentando no chão novamente, frustrado.

 

- Erica! – Fabio saiu de uma moita perto deles e foi em direção a Erica, abraçando-a.

 

Como Erica estava de costas para Fabio quando esse a abraçou, ela fez surgir um campo de força em volta dele, fazendo Fabio levar uma descarga de energia e ser jogado contra uma árvore, caindo algumas folhas dela.

 

- É o Fabio! – Lucas disse surpreso.

 

Na mesma hora que viu Fabio, todo aquele rancor que sentia por ele tinha voltado. Lucas achava que no lugar de Fabio poderia estar o Kulan, já que ambos serviam para o mesmo.

 

- Desculpa, Fabio! – Erica correu em direção a ele.

 

Chegou perto e removeu algumas folhas que caíram em cima dele e o levantou, abraçando-o.

 

- Que bom que você está vivo! Senti tanto a sua falta! – Erica o abraçava com muita vontade e Fabio, que estava todo dolorido, começou a se sentir melhor. Era aquela sensação boa que ele havia sentido na primeira vez que abraçou ela. Ele juntou alguma força e levantou seus braços, também a abraçando-a.

 

- Eu também estava com saudades! – Ele desfez o abraço rapidamente – Desculpe, mas não temos tempo! Tem algo vindo atrás de nós! Eu não consegui ver muito bem o que é, mas eu sei que estavam atrás de mim. Minha sorte foi ter achado vocês.

 

- Quem é você? – Ryan preparou a Tringin, a manuseando para a ponta onde solta magias – É amigo de vocês?

 

- Ele é o Fabio. O cara que eu disse que era peça-chave para o escolhido. – Erica respondeu – Você não faz à mínima ideia de quem estava atrás de ti?

 

- Não muito bem. Parecia ter patas ou algo do gênero. Eu sei que tinha voz feminina. – Fabio olhava assustado em direção a moita onde tinha saído.

 

- Querido? Cadê você? Eu só quero conversar um pouco. Ver algumas tripas estilhaçadas no chão, talvez. Enfim, eu não gosto muito quando a comida fica fugindo. – A voz suava irritante, ainda mais que ecoava contra as árvores.

 

- Hum... Só pela voz, penso que teremos que enfrentar ela. Está pronto, escolhido? – Ryan olhou para Lucas enquanto sua Tringin começava a emanar energia.

 

- Er... Acho que estou. – Falou inseguro, ainda se sentindo incomodado com a presença de Fabio.

 

Ryan se sentiu frustrado com a insegurança que Lucas mostrou. Erica, Trevor e Hikari deram um passo à frente, também esperando o que pudesse sair de trás das árvores.

 

- Fiquem atentos! – Ryan falou para todos, ainda preocupado com Lucas.   


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