" O que sabemos é uma gota, e o que ignoramos é um oceano..." - Isaac Newton

Aquela fora uma longa manhã, uma longa e preocupante manhã. Assim pensava a moça dos longos cabelos lilases e olhos azuis que estava na varanda fitando o nada. Mesmo tendo ouvido tudo o que lhe foi passado com atenção ainda tentava entender porque acabara ali daquela forma tão injusta. Ela queria enfrentar aquele momento de forma mais digna, porem era difícil com tão poucas respostas. Tudo que sabia agora era que estava presa em uma ilha. Sim uma ilha perdida em algum lugar do mar Egeu no interior da bacia do mediterrâneo entre a Europa e a Ásia. Tudo o que via daquela sacada era uma paisagem fora do habitual. Apenas arvores com folhagens extremamente verdes com alguns pontos em flor no meio. Ao longe, de qualquer lado, uma praia e apenas o mar. Estava envolta pelo mar. Paisagem essa que a moça apreciaria muito mais se sua cabeça não estivesse em outro plano agora.

Quase do outro lado da casa, que era bem espaçosa por sinal, estava o moreno com os olhos turquesa fitando o teto. Estava ali a mais de meia hora, sentado naquela poltrona naquela mesma posição, nem mesmo alguém que o conhecesse bem poderia dizer com facilidade o que se passava em sua mente. Mas uma coisa era certa, ele não parecia contente. Passou mais tempo pensando nas palavras infames de Hermes do que em que argumentos usar para fazê-lo pagar por elas. Lembrou-se bem que teriam regras a seguir, mas principalmente que não estariam mais sozinhos em breve, isso o intrigava. Mas até lá, teria que dividir a casa apenas com uma criatura e ainda não sabia bem como lidar com isso. Não segundo as regras...

...

Algum tempo antes.

— Bom eu acho que primeiro vocês precisam saber que terão que seguir algumas regrinhas ou serão punidos.

— Pois então pare de enrolar e diga logo quais são essas regras Hermes! – Disse o moreno autoritário.

— Arg... Cabecinha quente! – Retrucou o mais magro como uma criança birrenta, fazendo uma voz forçada. — Depois reclama que foi parar no inferno.

— Hermes... – Disse a Deusa o olhando, ela poderia ter rido da situação agora, mas tinha algumas coisas que ainda a preocupava. — Por favor.

— Oui Oui ma belle Divinité! – Hermes respondeu de imediato com um sotaque Frances perfeito olhando para a Deusa.

— Espere! Porque com Ela você reage assim? – O moreno esbravejou.

— Porque ela sabe pra que serve um “por favor”. – Respondeu sem dar muita atenção. — Em fim... Vamos começar pelo mais básico. Regra numero 1: Vocês não podem deixar a ilha! Estão liberados para ir e vir dentro desta mansão e por todo o território da ilha, que não é tão grande assim, pode usar as praias para laser, mas não poderão escapar pelo mar. O Senhor dos mares está autorizado para machucá-los, se necessário, para impedir.

— Poseidon também está metido nisso? – Perguntou a moça.

— Só na parte de limitar as rotas de fuga. Ele é como um... Carcereiro.

— É... Estamos mesmo presos! – Hades revirou os olhos.

— Vai me deixar continuar? – Hermes fechou a cara pra ele.

— Claro... – Interrompeu a moça. — Ele vai sim.

Hermes voltou seu olhar para a moça e diferente de como olhava o mais alto a ela deu um grande sorriso antes de continuar. Hades ficou incrédulo observando com um único pensamento em mente “Eu estou mesmo sozinho aqui”.

— Bom, continuando... Regra numero 2: Vocês terão tudo o que precisam dentro dessa casa, suprimentos, leitos, primeiros... Socorros... – Disse as ultimas palavras olhando para o moreno.

— Porque está olhando para mim?

— Por nada... Regra 3: Vocês não serão vitimas disso sozinhos. Alguns de seus guerreiros estarão com vocês. Vocês vão encontrá-los aos poucos pois ainda estamos selecionando quais vão ser os melhores para estar aqui. Eles aparecerão como vocês apareceram. Mas dois por vez, um de cada lado. Fiquem atentos.

— Então isso é mesmo um joguinho pra vocês se distraírem não é?! – Hades disse já sabendo a resposta.

— Esperava o que? A melhor parte de uma novela é você conhecer bem os personagens. Regra 4: Vocês não podem se matar aqui dentro.

— É eles estão mesmo do seu lado Athena.

A Deusa o olhou por um instante, mas preferiu não responder apenas revirando os olhos.

— Bom... E 5ª e ultima regra, porem, não menos importante. Vocês terão seus cosmos reduzidos.

— O que? – Os dois disseram em coro.

— Não acharam que confiaríamos apenas nas palavras de vocês de que não se matariam não é mesmo queridinhos? A verdade é que não confiamos principalmente no moreno alto ali. – Hermes disse a ultima frase quase em um sussurro para a Deusa. — Mas... Para não ficar injusto reduziremos a mesma quantidade dos dois. Perdão minha Deusa.

— Espere, nossos poderes serão reduzidos em quanto?

— Um pouco... Para ser mais exato uns... 90%.

— Como? – As duas vozes soaram juntas mais uma vez.

— Vocês dois deveriam parar de falar juntos assim parecem um casal em crise de meia idade que não quer concordar em nada, mas ainda completam as frases um do outro. Que gracinha.

Os dois Deuses se olharam estavam próximo e automaticamente se afastaram não se olhando mais.

— Para resumir, enquanto estiverem dentro dessas barreiras serão humanos quase normais. Terão cosmos de cavaleiros. Mas seus guerreiros também sofrerão alguma alteração desse tipo em uma escala menor quando entrarem aqui. Então ainda serão mais poderosos que eles. E bem... Essas são as regras principais, se mais alguma coisa surgir no decorrer desses dias eu virei imediatamente lhes avisar. Desejo-lhes boa sorte! – Ele disse erguendo a mão direita e sorrindo. Em seguida correu até o lado da Deusa lhe segurando a mão. — Não importa o que digam... Eu sempre estarei torcendo por você.

Hermes sorriu inocente para a Deusa e piscou uma vez antes de voltar ao seu ponto anterior e se despedir indo em direção a janela.

— Ahhh mais uma coisa! Se ouvirem barulhos estranhos a noite torçam pra ser só o vento.

Em seguida ele se jogou da janela grande, os outros dois Deuses correram para a janela para tentar ver para onde ele iria, porem o mensageiro já havia desaparecido completamente. Hades e Athena se olharam por um longo momento nada foi dito até o moreno se afastar jogado os cabelos para trás e resmungando.

— Esse vai ser um longo outono.

...

Enquanto isso longe dali.

— Espera! Eu acho que algo saiu errado.

— O que?

— Acho que você os colocou no lugar errado.

— Quem?

— Aqueles outros dois ali.

— Porque?

— Era pra eles aparecerem na mansão, não no meio da floresta.

— Relaxa eu sei o que estou fazendo. Tive meus motivos para colocá-los ali.

— O que você está aprontando?

— Nada....

— Afrodite sua grande...

— Quieta Arthemis... Eu quero ouvir o que eles estão falando.

...

Em algum lugar no meio da floresta da ilha dois pares de olhos se abriam lentamente acompanhados do que parecia uma grande dor de cabeça e uma grande confusão sobre a ordem dos fatos e de como haviam ido parar ali. Os olhos âmbar cruzaram o par de olhos azuis que se encararam fixamente sem nenhuma expressão clara por alguns longos segundos.

— Você. – Em coro.