Gemini escrita por Lira


Capítulo 1
O Orfanato




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O despertador toca exatamente às 7 da manhã no Orfanato SP, assim como acontece todos os dias. Lira chuta o beliche de cima para acordar Otto, seu irmão gêmeo. Os dois tinham pele clara, lábios carnudos e cabelo castanho escuro um pouco enrolado. Mas parecia que um tinha roubado um olho do outro, pois cada um tinha um marrom e outro verde. A única diferença entre eles é que Lira era baixinha, e Otto já era mais alto. Otto xinga sua irmã de alguns nomes bem feios depois de quase cair do beliche por causa dos chutes que ela deu na sua cama. Ela era pequenina, mas era bem forte.

– Já acordei, anã! – Resmunga Otto

– Ok, então levanta logo se não vamos perder o horário do café da manhã!

Os dois chegam no refeitório, e como sempre, uma multidão agitada e comida em todo lugar que for possível. Então eles vão se sentar com Anastácia e Hugo. Apesar de eles serem bem sociais, gostavam de ficar apenas com os dois, não sabiam o porquê. Anastácia, uma menina com cabelos castanho claro e olhos da mesma cor. Pele clara e algumas sardas. Lira a considerava a menina mais fofa do mundo. E Hugo, um garoto magrelo e moreno com cabelo enrolado e bem preto.

– Bom dia, meus amores! – Diz Lira entusiasmada.

– Bom dia! – Respondem os dois, em coro. Lira se sentia a pessoa mais feliz do mundo por conhecê-los. A amizade é seu ponto mais forte e mais fraco ao mesmo tempo. Conseguia criar e manter uma amizade com facilidade, mas perder uma era a coisa mais devastadora que poderia acontecer com ela. Depois de comer, eles foram para o pátio da frente para conversar.

– Otto, pegou o que eu pedi? – Pergunta Lira.

– Sim! – Responde Hugo – Aqui está.

– O que vocês estão pensando em fazer dessa vez? – Pergunta Anastácia – Não quero ficar sem sobremesa por uma semana de novo!

– Calma, Nast, eles sempre tem algo legal pra fazer. – Diz Hugo

– Pegamos alguns fogos de artifício na sala da Olga. Sobraram do ano novo, e como o próximo ainda está longe, decidimos pegar alguns para iluminar essa noite, porque é seu aniversário, Anastácia! Você acha que esquecemos? Essa noite vai ser um estouro, literalmente!

– E já decidimos aonde vamos coloca-los, para você conseguir ver da sua janela, Nast. – Completa Lira. – Vamos colocar bem ali naqueles arbustos onde está aquele... cachorro?! Mas não era proibido ter animais aqui?! – Assim que ela diz isso, aquelas pernas peludas somem tão rapidamente que Lira nem sabe se era mesmo um cachorro, gato, ou qualquer outro animal.

– Acho que você está vendo coisas, Lira. – Diz Hugo – Bom, vamos logo instalar isso! E vou arrumar algumas coisas para fazer uma festança!

– Ai gente... vocês são únicos! – Diz Anastácia, enquanto todos riam felizes.

Já era noite, e Hugo e Otto realmente tinham conseguido algumas coisas para dar uma festa. Aquilo não era realmente uma festa, mas tinha suco, um pequeno bolo de laranja e amigos verdadeiros. Menos Lira.

– Aonde essa nanica se enfiou? Ela é pequena mas não é invisível! – Diz Anastácia

O relógio bate exatamente as oito da noite.

– Olha pela janela! – Grita Otto.

Explosões de cores e brilhos cobrem o céu, bem do jeito que Anastácia gosta. Com todas as corres possíveis de se imaginar. Todos no quarto correm para as janelas para ver o que está acontecendo e todos abrem um grande sorriso, principalmente Anastácia. Ela admirava muito essa habilidade que os gêmeos tinham de deixar os outros felizes, mesmo que eles fossem se dar mal depois. E como iriam. Olga, a gigante coordenadora do orfanato, já estava no quarto procurando por Otto e Lira, pois ela já sabia que fora os dois que aprontaram essa. Sempre eram os dois.

– GÊMEOS, SE VOCÊS NÃO APARECEREM NA MINHA SALA EM CINCO MINUTOS, CAÇAREI VOCÊS ATÉ O INFERNO SE FOR PRECISO! – Gritou Olga quase tão alto quanto os fogos.

Quando Otto chegou com Olga na sala dela, Lira já estava lá, sentada na mesa da coordenadora balançando os pés, pois eles não alcançavam o chão.

– Desça dai já, menina! – Começou Olga.

– Já estamos a quatro meses sem sobremesa no almoço e no jantar. O que mais três farão de diferença na nossa vida? Já podemos voltar pro quarto? – Diz Lira, provocando-a.

– Vocês não vão voltar para aquele quarto pois, - Continua Olga, com uma cara de raiva e alívio ao mesmo tempo – Pois vocês foram adotados. Vocês dois, Hugo e Anastácia. Todos pelo mesmo pai.

Lira e Otto olham um para o outro, até Otto dizer:

– Desculpa dizer isso para a senhora, mas quem conta piada aqui somos nós. E já sabemos que estamos lascados, diz logo pra nós quais banheiros teremos que lavar amanhã.

– Estou falando com a maior sinceridade do mundo, pilantrinhas. Recolham a sujeira dos fogos de artifício, avisem os outros dois e façam suas malas. Vocês sairão amanhã na hora do almoço. E sem sobremesa pra vocês! Agora saiam daqui antes que eu negue a adoção de vocês!

Os dois saem calmamente da sala, e assim que fecham a porta, abrem suas bocas no maior sorriso do mundo como se estivessem gritando, mas não emitem um mísero som para não irritar Olga. Vão correndo limpar a sujeira e quando chegam no quarto, que já estava bem mais calmo, comunicam os amigos do acontecido. Os quatro mal conseguem dormir. Ficam conversando a madrugada inteira, e só as quatro da manhã eles conseguem dormir.

Já é de manhã e quem é chutado agora é Lira, que não acordou com o despertador. Otto já está gritando em seu ouvido:

–Vamos, irmã! É hoje! Vamos embora daqui!

Então os dois pegam suas malas, se despedem dos amigos, e saem daquele quarto pela última vez na vida.


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Notas finais do capítulo

Tentarei postar um capítulo por semana, mas não fico muito tempo em casa, portanto não tenho muito tempo pra escrever :c mas tentarei ser o mais pontual possível. Espero que gostem do resto ;)



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