A canção do lobo e da leoa escrita por Moonwing


Capítulo 7
Capítulo 6-Ouça-me rugir


Notas iniciais do capítulo

ATENÇÃO:
Geralmente não dou tanta atenção as notas iniciais e nem finais dos capítulos, porém, dessa vez elas são importantes.
Em primeiro lugar, este é um POV da Cersei que substituiu temporariamente(No capítulo 8 a princesa esta de volta) e não significa que isso vai acontecer sempre. De fato, planejo apenas outros dois POV's para a Cersei bem mais curtos e muito distantes.
A história aqui também é um "Flashback" e se passa no período de 5 anos atrás mostrando alguns detalhes de como Aegon conseguiu sua coroa e o que foi feito com Cersei e Tommen.
Leiam as notas finais, é importante que nem os créditos de um filme da Marvel.



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As memórias passavam como uma flecha por sua cabeça. Dizia-se que a vida passava diante dos olhos de uma pessoa que estava prestes a encontra o Estranho, mas, o que aconteceria se todos os dias essa pessoa estivesse sempre a um passo da morte? Cersei não tinha uma resposta para isso, em sua mente, só havia espaço para as duvidas. Como tudo começou a dar errado? Aonde seu irmão e amante estava e porque não veio ao seu encontro? Quem havia assassinado seu tio? Como o seu invencível campeão, Robert Forte, pode ser derrotado? Não tinha resposta para nenhuma destas perguntas. Sabia apenas que agora ela e seu precioso filho deixariam este mundo.

Agora ela lembrava com mais exatidão de como chegava a esse ponto. Lembrava-se da caminhada da vergonha que fizera nas ruas de Porto Real e um simples vislumbre desse agonizante momento trazia lágrimas ao olhos dela, mas ela não se permitia deixarem cair. Quando soube que seu tio fora morto lhe deram uma semana de luto para adiarem o julgamento. Nesse tempo, uma carta foi enviada de Ponta da Tempestade oferecendo um campeão para a fé. Sete semanas depois, Aegon Targaryen chegou trajando sua armadura negra com rubis vermelhos no peito formando um dragão. Cersei podia ouvir pessoas se questionando se aquele era mesmo o verdadeiro Aegon. As duvidas acabaram quando ele desembainhou a lendária espada dos dragões chamada Blackfyre. Poucos golpes depois e quando o dragão acertou a cintura de seu campeão o gigante se consumiu em chamas por dentro. O horror tomou Cersei enquanto o branco cavaleiro era consumido por chamas internas. O cavaleiro monstruoso caía ao chão se desmontando em uma pilha de carne queimada e metal aquecido. Nenhum grito foi ouvido. De dentro da armadura do cavaleiro derrotado brotou um pequeno dragão feito de chamas que abriu suas asas e rapidamente se esfumaçou. Não restava duvidas de que aquele era realmente Aegon Targaryen.

Quando o jovem rapaz tirou seu elmo após a vitória ela quase gargalhou pela ironia do destino. Um dia fora apaixonada por Rhaegar Targaryen e agora seu destino a encontrou pelas mãos do filho dele, uma cópia quase identica do pai em sua juventude. Foi levada de volta para sua cela pouco após isso e ali estava desde então sem uma notícia de seu filho.

Na penumbra da noite ela poderia ver seus fantasmas interiores tão vivos como nunca estiveram. Na hora do lobo, quando a noite é mais escura, a matilha dos Stark devorava os leões. Seu Joffrey engasgava enquanto Ned Stark apertava o pescoço de seu amado filho. Robb Stark enviava seu pai e Jaime para servirem de alimento ao bestial lobo que o acompanhava. Catelyn Stark cortava fora a orelha de sua filha enquanto o seu irmão, Tyrion, assistia a tudo e os ajudava. Sempre foi mais um lobo em pele de leão. Os bastardos de Robert esfaqueavam seu doce filho, Tommen. A vingança e o ódio queimavam em seus olhos como o fogo que consumira seu campeão. Seus três filhos jaziam mortos sob seus pés enquanto Maggy, a rã, dizia para ela com um diabólico sorriso a cruzar seus lábios envelhecidos.

"De ouro serão suas coroas e de ouro serão suas mortalhas"

Eles a cercavam então. Todos estavam armados e cada um desferia uma punhalada nela. O aço rasgava sua alva pele e deixava apenas o carmesim dos Lannisters a pintá-la. E por ultimo seu demoníaco irmão enrolava suas mãos em seu pescoço e tirava-lhe a vida. Cortavam fora sua cabeça enquanto costuravam uma cabeça de leoa nela. A sentavam nua no trono-de-ferro com todos os camponeses a olhar para ela. Ainda podia ver. Os lábios mortos de Ned Stark sussurravam uma palavra ao ouvido dela.

"Quando se joga o jogo dos tronos ou você ganha, ou você morre. Não há meio termo"

Ela havia perdido o jogo dos tronos e só havia um destino para o perdedor nesse jogo. Uma mão enluvada tocava então seu ombro e a sacudia. Seria este o destino final dela? Aegon resolveu mata-la por suas próprias mãos ali mesmo?

–Piedade!-Ela disse então subitamente ao acordar-Piedade para o meu filho, eu lhe peço.

–Não tenho nada a fazer com ou contra seu filho-Percebia então que se tratava de alto homem com um capacete em forma de espigão e uma armadura toda tingida em variações de azul. Além do símbolo de uma caveira dourada.-o rei Aegon quer vê-la. A hora é chegada.

"Então o dragãozinho ascendeu ao trono? E tudo o que fez foi passar por cima de mim"

–Sim! eu irei. Mas, ainda não conheço seu nome.

–Sou Sor Leonard Storm. Conhecido também como Azul Cobalto.

–Estarei pronta logo, Sor Leonard. Contudo, necessito de roupas adequadas pois não estou em condições de ver Aegon nestes trajes.

Ele pareceu irritar-se.

–Acha que o rei se importa com a roupa que vai estar vestindo quando for julgada?

Ela o acompanhou com mais uma escolta dos membros da fé militante que o acompanharam anteriormente em sua caminhada da vergonha. Entre eles estava seu primo Lancel que a olhava com olhares piedosos. Atravessaram pelas ruas até o septo de Baelor.

–Estamos indo...estamos indo ao local errado. Deveríamos ir ao salão do trono.

–O julgamento final acontecerá no Septo de Baelor.-Lancel respondeu-E que os sete estejam com você, prima.

Em algum lugar no outro mundo, Ned Stark gargalhava da grande ironia que sua vida se tornará. O cavaleiro de azul cobalto liderava a marcha para o septo. No caminho um morador correu em direção a ela com um punhal na mão. Em uma velocidade surpreendente, o mercenário desferiu um soco veloz contra o rosto do homem.

–Hoje quebrei apenas dentes.-Falava o homem da companhia dourada enquanto fechava o punho-Tente isso novamente e ficará uma cabeça mais curta.

O homem correu como um rato acuado enquanto Cersei suspirava aliviada. A caminhada pareceu muito mais curta do que quando teve de andar nua pela cidade. Sob a estatua do rei de outrora estava Aegon trajando um gibão negro e vermelho da casa Targaryen em sua cabeça repousava uma coroa na forma de três dragões dourados. Ao lado estava uma jovem e bela mulher com pele cor de oliva e cabelos negros ondulados, uma dornesa claramente. Cersei procurava apenas uma pessoa no meio daquelas tantas que estavam ali, procurava desesperadamente seu filho. Reparou que havia também um homem que ela não conhecia trajando o alvo manto da guarda real. Margery Tyrell estava lá também e pela sua posição não seria julgada hoje e claramente havia sido absolvida. Encontrava algum consolo ao saber que, pelo menos, o reinado de Margery terminou. A colocaram de joelhos para o rei enquanto a multidão a encarava com olhares culposos. Nenhum era mais ameaçador do que o do Alto Septão ao lado do novo rei.

Vozes e escárnios ecoavam pelo grande pátio como tantos anos atrás aconteceu e agora ela se encontrava no mesmo lugar aonde Ned Stark estivera. Palavras como "Fode-irmão" e "Rainha das putas" eram ouvidas com frequência. Já não restava nada de seu orgulho quebrado agora. Ela encarava o rosto do jovem rei e seus olhos violeta-azulados retribuíam o olhar de forma de forma cruel. A dornesa sorria de forma maliciosa enquanto encarava a derrota final de Cersei. De súbito, foi atingida por uma compreensão.

"Seria esta a rainha mais jovem e mais bela da profecia?"

No estado em que se encontrava até mesmo uma mulher sem uma orelha poderia ser mais bela que ela. Esperou pelo que pareceu ser uma eternidade para que a sentença fosse ditada. Seu coração batia mais forte que um tambor marcial devido a ansiedade. Um tomate estragado acertava seu rosto e logo após isso o rei ergueu sua mão silenciando toda a multidão para um estranho alívio de Cersei. Quando começou a falar ela se desesperou novamente.

–Cersei Lannister você é acusada do crime de adultério, de fornicação, de planejar um regicídio, de dormir com seu próprio irmão e gerar bastardos dessa união vil, pecaminosa e abominável aos olhos dos deuses e ainda conspirar para ocupar um trono que não lhes era de direito algum.-O dragãozinho repetiu cada palavra como um passarinho que aprendia um truque e o decorava-

"O que vocês, Targaryen, podem falar de incesto? Sua família toda cometeu incesto"

Sentiu uma imensa vontade de falar em voz alta e rir. Contudo, não sabia dizer se faltava-lhe forças ou coragem, mas, algo lhe faltava e as palavras não saíram de sua boca. Ao invés disso, ela apenas desviou o olhar acusador de Aegon. Ele então continuou.

–Seu primeiro bastardo cometeu vis atrocidades e mergulhou os sete reinos em uma guerra brutal apenas para que ele ocupasse um trono que nunca o pertenceu.-Ele fez um pausa antes de prosseguir-Um homem tentou expor a verdade de seus crimes e foi morto injustamente aqui neste mesmo lugar. Cabe a mim, o legítimo rei, por fim a este derramamento de sangue de uma vez por todas. Sua ardilosa trama profanou este sagrado septo que foi uma ponte entre a fé e o reino.

Ele desembainhou sua espada ancestral do aço valiríano na cor negra e apontou para ela. Parecia que toda Porto Real agora prendia sua respiração para ouvir o que se seguiria após isso.

–A sentença para todos esses pecados seria a morte.-Sentiu a ira flamejar naqueles olhos-Contudo, não serei eu a profanar o sagrado Septo de Baelor com seu sangue imundo. Tampouco irei me desonrar matando uma criança que não carrega nenhuma culpa dos crimes de sua mãe.-Embainhou sua espada novamente-Você pecou gravemente, mas, conforme dizia Baelor, o abençoado: Quando pecamos, sofremos. Deste dia em diante, não terá mais direito a nenhum título ou terra e será despojada de qualquer título de nascença. Viverá o resto de seus dias como uma serva em Rochedo Casterly junto ao seu filho. Servirá e conhecerá a pobreza de perto como um eterno castigo até que o Estranho se compadeça de sua tristeza e a carregue. E para seu cruel pai, tenho certeza que este será um castigo muito pior do que a morte.

Por um instante ela ficou atônita e quase não pode acreditar no que escutou. nem ela e nem seu filho seriam mortos. O alívio tomou conta dela e quase suspirou de alegria. Margaery Tyrell lhe oferecia falsos sorrisos enquanto o sorriso da dornesa desaparecia. Aegon virava suas costas para ela enquanto era cumprimentado pelo Alto Septão. Um homem de cabelos ruivos repletos de mechas grisalhas o felicitava também. Cersei notava que ele vestia o broche no formato de mão que era típico da "mão-do-rei". Uma septã desconhecida e bela também felicitava o jovem rei por sua nobre justiça.

"Ele não perdeu tempo em mudar todas as peças do jogo"

Ela foi escoltada para fora do septo sob as vaias da multidão. Homens faziam propostas indecentes a ela e mulheres a insultavam. Nenhum deles se atrevia se aproximar com o azul cobalto e sua lança de duas pontas tão perto. Ela queri apenas ver seu filho outra vez, abraçá-lo e dizer que vai ficar tudo bem. Queria ver sua filha também, cuidar dos ferimentos dela. Quando voltou para sua cela não encontrou nenhum nem o outro.

–Partiremos amanhã.-Falou o azul cobalto assim que a deixou em sua cela- Trarei suas roupas e viajaremos amanhã mesmo para o Rochedo.

Assentiu aliviada. Somente depois que o longo suspiro de seu espírito por escapar da morte passou, ela se deu conta do que a aguardava em sua nova vida. Aegon pode ter vestido a mascara de um abençoado, mas, conhecia bem as verdadeiras intenções do jovem dragão. Uma vida de castigo e servidão era o que a esperava no Rochedo. Ela, uma Lannister do Rochedo iria agora passar o resto de seus dias limpando chãos e servindo como criada junto aos seus filhos de algum mercenário da companhia dourada.

"Um castigo e humilhação ainda pior que a morte"

Aquela maldita Tyrell teria algo com isso e Cersei poderia apostar sua vida miserável nisso. O pensamento mais doloroso seria imaginar seus filhos, crescidos no luxo e no conforto tendo que lavar pratos, cozinhar e limpar o chão de completos estranhos. Talvez tivesse sido melhor se a espada de Aegon separa-se sua cabeça e termina-se logo essa tortura.

No dia seguinte a caravana partiu. Não foi permitido que ela viaja-se com Tommen o que a deixou ainda mais aflita. Tiraram-lhe todos os belos vestidos e joias que ela possuía e deixaram apenas trapos imundos para ela. O azul cobalto foi o responsável pela sua carruagem. No meio do caminho eles foram atacados por um bando de desconhecidos. Permaneceu na sua carruagem, mas, o tempo todo temia por seu filho. Quando finalmente o azul cobalto retornou a carruagem com ambas as pontas de sua lança manchadas de sangue ela perguntou.

–Meu filho...o que houve com meu filho?

–Ele esta em segurança. Morreram apenas alguns homens da companhia e alguns dorneses que nos acompanhavam.

"Então não houveram perdas que valham a pena lamentar"

Pouco tempo depois eles haviam finalmente chegado no Rochedo Casterly. Apesar de toda a situação, ainda sentia algo próximo da felicidade quanto voltava ao seu verdadeiro lar. O azul cobalto segurava sua mão de forma mais delicada do que a rude atitude anterior. Um homem com cabelos penteados em forma de chifres de carneiro, rabo-de-cavalo, um elmo adornado por uma harpia na parte de cima trazia seu Tommen até ele.

–Mãe!-Dizia ele alegremente-Este é Hidarr e ele me contou histórias sobre como é um grande cavaleiro. ele veio de Meereen, sabia?

Ela nada disse e apenas o abraçou firmemente enquanto lágrimas de felicidade corriam pelo seu rosto como cachoeiras. Toda a humilhação, sofrimento, tristeza e castigo que viriam a seguir valeriam a pena se pudesse ver seu filho sorrir em segurança sempre.

–Vamos, senhora leoa e senhor filhote.-Hidarr dizia com seu sotaque meerense-O nobre Hidarr os levará em segurança aonde são esperados.

O meerense os acompanhou pelo Rochedo. Continuava tão magnifíco quanto ela se lembrava. Era amargo pensar que provavelmente caíria nas mãos de algum mercenário qualquer. Ainda podia-se escutar o barulho das ondas encontrando a pedra que dizia ser o trovão.

–Deixe que eu assumo, Hidarr.-Falou um homeme que seguia na direção oposto do corredor que eles atravessavam-

–Tyrek?-Cersei falou espantada.-

De fato era mesmo Tyrek. O jovem rapaz estava sorrindo e deu-lhe um abraço meio sem jeito depois apertou a mão de Tommen. Hidarr e o azul cobalto fizeram uma reverência cortês e se retiraram. Ela agora estava confusa. Teria ela sido morta enquanto esperava o julgamento?

–Tyrek...como esta vivo?

–Após a morte do rei Robert eu passei a trocar cartas com um amigo.-Os guiava em direção ao seu antigo quarto-Durante a confusão em Porto Real eu aproveitei para fugir e encontrar esse amigo para lá do mar estreito.

Ela segurava a mão de seu filho e a apertava firme. Nada daquilo parecia fazer sentido para ela. Quando entraram no seu quarto ela quase perdeu o folêgo. Ali estava ele sentado em sua cama com um sorriso, como sempre estava. Ergueu-se de pé assim que a viu e recuperou-se do choque.

–Sei que ama seu pai, mas, não precisava querer imitá-lo até no cabelo.

–Tio Gerion!?-Ela estava pálida tamanha surpresa.

–O próprio, filha.-A examinou dos pés a cabeça com um olhar de pena-E ao julgar pelo seu estado vejo que voltei em boa hora.

"Estão me fazendo de idiota"

–O que esta acontecendo? Digam-me.

–Ao seu tempo, Cersei. Agora você precisa descansar e receber alguns cuidados. Chamarei as criadas.

Deixaram-na a sós enquanto três criadas entravam em seu quarto logo depois. Uma delas era claramente muda. Mas todas as três foram gentis com Cersei e a tratavam como se ela ainda fosse uma rainha. A banharam e lhe deram um belo vestido de seda carmesim com rendas douradas. Perguntaram se ela iria querer uma peruca também ao que ela recusou.

"Será que o duende esta escondido aqui? Deve estar querendo me deixar feliz para só então me matar"

Continuava apreensiva mesmo com todo o bom tratamento. Até seu tio chamá-la. Disse que era hora de conhecer alguém. Primeiro ele o levou até o quarto de Tommen aonde ela pode ver seu doce anjinho dormindo tranquilamente. Beijou-lhe a testa e depois acompanhou o tio.

O levou até uma sala que estava guarnecida por dois homens. Um deles não era excepcionalmente alto e trajava um gibão azul-escuro, além de possuir uma barba pontuda e cabelos cortados em formato quase espetados. O outro era alto e trajava uma armadura cinzenta com um penacho na cabeça similar ao de seu campeão além de usar um longo machado.
–Este é Dareon-Apontou para o homem mais baixo, este curvou-se em reverência-e o grandalhão aqui é Guran.-Apontou ao maior que se curvou também-
Cersei nada respondeu aos dois. A tensão a fez esquecer por completo das cortesias. Também não desjava gastá-la com reles mercenários. Entrou no quarto de braços dados com o tio. Era escuro e apenas uma vela iluminava o local. Na mesa havia centenas de papeis e documentos. Um homem sentava-se na cadeira de forma altiva, mas, apenas a silhueta era enxergada. Naquela distância as sombras o abraçavam e o escondiam.

–Algum dia vai ficar cego de tanto ficar no escuro, rapaz.-Gérion disse rindo enquanto caminhou junto com Cersei-Trouxe-a. Vou deixá-la aqui. Vocês dois tem muito o que conversar. Daven deve chegar logo.

A misteriosa figura apenas assentiu com seu silêncio. Enxergava agora olhos verdes em sua figura. Sentiu-se apreensiva novamente e por um instante cogitou correr e implorar ao tio que ficasse. Até que ele esticou um braço em direção à cadeira que ficava em frente a mesa. Caminhou devagar e sentou-se.

–Foi bem tratada?-Ele perguntou com uma voz imponente-

–Pelo menos aqui, sim.-Ela respondeu com uma cautela atípica.

–Ótimo. Pequenas precauções foram tomadas para evitar que você não fosse seguida por companhias indesejadas. Por isso o inesperado ataque a caminho de Rochedo Casterly. Para todos os efeitos você e seu filho nunca chegaram aqui, mas, seus corpos nunca foram encontrados.-O enigmático homem apanhou outra vela e ascendeu com a chama ainda ardente da outra fornecendo uma iluminação melhor. Seu rosto era estranhamente familiar. Uma semblante rígida sem um unico sorriso. Seus cabelos loiros não eram muito longos. Em seu gibão trazia o carmesim e dourado dos Lannisters, mas, o leão de seu peito era encoberto por uma sombra negra-

–O que significa isso. O duende esta aqui com você?

–Fala de Tyrion? Se ele estivesse, eu lhe garanto, seria como uma cabeça em uma estaca nas muralhas de Rochedo Casterly. Sou Damon Hills.

–Um bastardo-Ela imediatamente desferiu.

–E sua única salvação.-Ele rapidamente rebateu-Muito precisa ser explicado. Quer saber o verdadeiro de Aegon te-la enviado aqui? Parte de um acordo. Nos encontramos quando eu estava na companhia dourada antes sequer de desembarcarmos em Westeros. O motivo do jovem dragão não cair com todo o poderio dos sete reinos sobre nós? Enquanto precisar do poderio do Oeste ele nos manterá vivos e nada mais nem nada menos. Além disso, uma guerra contra o Oeste traria um saldo devastador de mortes para o reino do filhote de dragão, principalmente no inverno.

–Quem é você? Diga-me logo estou farta de segredos.

–Seu temperamento será sua ruína, irmã.

–Irmã?-Por um instante ela ficou sem fala até que finalmente encontrou coragem para dizer-Como ousa profanar o nome de meu pai dessa maneira? Meu pai teve apenas dois filhos e uma aberração que chamamos de Tyrion.

–Infelizmente eu nasci de uma simples meretriz.-Ele se levantava e abria as cortinas do quarto deixando a luz banhá-los e revelando suas feições. A princípio o brilho solar a ofuscou por completo ate que ela conseguiu enxergar plenamente o homem. Um cópia quase perfeita de seu pai quando jovem-Pense em todo mal que seria desfeito se tivesse sido eu e não Tyrion que fosse o filho legítimo.

–Meu...nosso pai sabia de sua existência?

–Sim! Minha mãe o procurou quando eu tinha oito anos. Mesmo não podendo ser o herdeiro dele, meu pai deu-me uma missão em especial. Enviou-me para a companhia dourada aonde eu deveria esperar e , se por um acaso, a família Lannister precisar eu estaria a postos para ajudá-la. cumpri meu papel. Anos depois, meu tio me encontrou e eu o convenci a se juntar a mim no nosso plano. Após a morte de Robert Baratheon eu escrevi cartas para Tyrek Lannister e o alistei no nosso plano. O pai precisava de alguém que pudesse contar no meio de tipos como a companhia dourada.

"Não, seu idiota pomposo. O pai precisava de um jeito de se livrar da mancha na reputação dele que era você, seu bastardo."

–Meu tio e eu sempre tivemos contato com Westeros.-Ele continuou como um mestre explica uma aprendiz-Não foi difícil descobrir o que você fez com Porto Real. Felizmente, consegui contornar isso a tempo. Uma conversa com um jovem e ousado dragão, um contato com um meistre exilado da cidadela e um certo feiticeiro vermelho que assistiu a luta de seu campeão contra Aegon.

–Esta dizendo que armou aquela luta? Quase fui morta por sua causa, sabia?-Ela se enfureceu-

–Não. Você quase foi morta por sua causa.-Bateu com o punho na mesa logo que começou a falar-Era melhor que Aegon subisse ao trono e rápido do que Euron ou Stannis. Quer uma coroa na cabeça de seu filho? Eu lhe darei isso, mas, antes eu vou precisar da cooperação de cada membro da casa Lannister para fazer este plano funcionar. Se falhar todos nós morremos, portanto, você tratará de engolir o que restar do seu orgulho e permanecerá aqui escondida até que eu traga a cabeça de Aegon.-Finalmente ele parecia se acalmar-Depois disso você poderá ficar com o Rochedo, casar-se com Jaime e eu não me importo.

Ela quase não conseguiu acreditar no que estava escutando.

–Me casar com Jaime? Perdeu o juízo?

–Meu juízo e eu nunca estivemos em melhor acordo.-Ele a encarava e com apenas um meio-sorriso em seus lábios-Diga-me aqueles imitadores de dragões não se casavam entre si? Pois agora lhe pergunto, querida irmã, no que somos inferiores a essa escória de valíria?

"Carrega muito do temperamento impulsivo de Jaime em si. Mas combina, perfeitamente, a cautela e astúcia do pai. "

Pela primeira vez, em muito tempo, ela sorriu verdadeiramente.


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Notas finais do capítulo

O que achou? Diga-me se gostou ou não da ideia de ter mais um filho de Tywin pelo mundo. Agora, alguns de vocês podem achar estranho a existência de Damon Hills, mas, eu lhes digo que é totalmente crível. Como ficou esclarecido em "A tormenta das espadas" o Tywin tinha casos com prostitutas por debaixo dos panos(Shae que o diga) e um desses casos eventualmente existe o risco de nascer um bastardo. Que foi o caso do Damon. Alias, existe inclusive a teoria de que o rapaz que se chamava "Hills" na patrulha da noite seja filho do Tywin já que um bastardo poderia manchar sua reputação então ele daria um jeito de se livrar do garoto(que nem ele fez com o Damon aqui).
Agora alguns devem estar se perguntando o motivo de eu ter feito um POV da Cersei logo agora. Bem, eu precisava explicar, ainda que de forma rasa, como o Aegon conseguiu a coroa e o que havia sido feito da Cersei e do Tommen. Além é claro de introduzir novos personagens.
Se você não entendeu por completo o plano do Damon eu lhe digo que tenha calma pois ele revelará mais em outras oportunidades.
E aqui vai uma brincadeirinha divertida. Você consegue identificar as pessoas que estavam presentes no julgamento final de Cersei no Septo de Baelor? Quem acertar tudo ganha um cookie virtual e o melhor comentário :D
E no próximo capítulo: Ergam suas armas, nortenhos, pois o príncipe de Winterfell vai entrar em uma grande batalha contra Ramsay Bolton(Snow).



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