Clair de Lune escrita por Carol Chase Lovegood


Capítulo 4
Capítulo 3 - Seleção




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"Imagina só se ela fosse animaga? Ou lobisomem?"

Remus tentava a todo custo pensar em qualquer outra coisa que não aquele comentário. Ele sabia que seus amigos sempre iriam ajudá-lo com seu "problema de saúde", mas também sabia que eles nunca entenderiam a gravidade da situação. ELES não eram lobisomens, ELES não sentiam as dores da metamorfose, ELES não sabiam como era desagradável saber que a lua cheia está chegando e que você não pode fazer nada para evitar a transformação e, acima de tudo, ELES não sabiam como era difícil se manter isolado, com medo de outras pessoas descobrissem a verdade sobre o que ele era.

Para o licantropo, manter-se afastado dos outros era o mais difícil. Ele andava quase sempre com a cara enfiada em algum livro, evitando ao máximo conversas com pessoas desconhecidas, ainda mais se estas pessoas fossem do sexo feminino. Não que a ideia de ter um relacionamento não o agradasse, era mais pelo fato de namoros serem, teoricamente baseados em confiança. Ele tinha absoluta certeza de que, quando soubesse da sua condição de lobisomem, nenhuma garota com o mínimo de inteligência iria querer algo sério com ele.

E, se quisesse, caberia a ele dar um basta na situação. Ele já colocava pessoas demais em perigo para se dar ao luxo de acrescentar mais alguns nomes na lista.

Os outros marotos, de certo modo, discordavam do castanho. Afirmavam com veemência que Remus deveria se preocupar menos com problemas e tentar ser mais feliz, curtir mais a vida. Afinal, existiam muitas garotas compreensivas que não se se sentiriam incomodadas em namorar um lobisomem.

Mas, graças às calças largas de Merlin, ele nunca se sentira e nunca se sentiria atraído por nenhuma garota.

Ou, pelo menos, era assim que ele pensava.

De repente, a imagem de uma loira sorridente segurando um cachorro mágico surgiu em sua mente. Sim, alguma coisa acontecera no momento em que Alyssa entrou na cabine dos marotos. Mais precisamente, a garota despencara sobre ele tão graciosamente quanto uma acromântula sem as pernas.

Tudo acontecera rápido demais do ponto de vista de Remus. Ele se recordava de ter se levantado, posto a cabeça para fora da cabine na esperança de ver de onde viera o cachorro e de, no segundo seguinte, ter sido bruscamente empurrado para trás, caindo de costas no chão duro. Ele lembrava também de ter aberto a boca, com o intuito de reclamar com seu 'agressor', mas não conseguia recordar-se de ter dito uma única palavra. Na verdade, ele só conseguia visualizar em sua mente um par de olhos castanho-claros o encarando, analisando-o. Tudo a sua volta parecia estar em câmera lenta.

Então Sirius pigarreara e o tempo voltou a correr normalmente.

O castanho continuou caminhando até avistar Lilian e Severus numa cabine. Não que ele fosse muito próximo ou íntimo de qualquer um dos dois. Ele e Severus não iam muito com a cara um do outro, principalmente por causa dos marotos. Lily era o mais próximo que Remus tinha de uma amiga, embora ele e a ruiva não se falassem como antigamente, já que o garoto rejeitara, da forma mais educada que pode, uma das melhores amigas dela no ano passado.

– Olá, Lily. - ele cumprimentou a garota - Snape.

– Lupin. - o Seboso encarou friamente o recém-chegado.

– Olá, Remus. - Lilian foi o mais cordial que pôde - Como foram suas férias?

– Boas. - "Na medida do possível" ele pensou - E as suas?

– Ótimas. - ela respondeu sem muita convicção - Vai ser monitor este ano também?

– Sim. Mas não sei se vou conseguir fazer patrulha todas as noites. Acho que vou acabar faltando alguns turnos. - "Mais especificamente durante as de lua cheia".

– Sem problemas, posso cobrir seu turno.

O trem desacelerou até parar. Já estariam em Hogwarts? Remus ficara tanto tempo absorto em pensamentos que nem percebera o tempo passar. Ele se despediu rapidamente dos dois e correu até sua antiga cabine, mas descobriu que os marotos já tinham desembarcado.

Bem como imaginara, seus três amigos estavam esperando-no na mesa da Grifinória. O clima entre eles ainda parecia pesado.

– Ei, Moony, - era Sirius - Foi mal pelo comentário lá no trem. Você sabe como um Black pode ser inconveniente.

– Tudo bem, Padfoot. - Remus tentou parecer ter indiferente e até forçou um sorriso - Sei que não era sua intenção me irritar ou algo do gênero.

Mas o castanho evitou qualquer tipo de conversa até a hora do jantar. Sequer prestou atenção na seleção, coisa que fazia todos os anos. Ele adorava ver as expressões surpresas que os novatos faziam ao entrar no Salão Principal e ao serem escolhidos para suas casas. Mas, pela primeira vez, ele pareceu achar uma colher de sopa mais interessante.

Quando finalmente o último nome foi chamado, foi um alívio coletivo. Todos estavam famintos e a seleção demorara mais que o habitual.

– Aos alunos novos, desejo-lhes as boas vindas; aos mais antigos, um bom regresso.

"Antes de mais nada, gostaria de lhes apresentar a mais nova integrante de nosso corpo docente: a Prof. Britannia Kiggs, que lecionará Defesa Contra as Artes das Trevas este ano."

A Prof. Kiggs se levantou com um olhar um tanto perdido, saudando Hogwarts com um sorriso meigo e um leve aceno com a cabeça. Sua mão direita estava envolta em ataduras e Remus teve a leve impressão de que havia um besouro preso nos cachos castanhos da mulher.

– O que será que aconteceu com o professor Lewin? - perguntou James.

– Sei lá. - Remus deu de ombros - Vai ver pediu demissão.

– Não vai fazer muita falta. Ele era um chato de galocha. - afirmou Sirius entediado.

– Fiquem quietos, deixem ele terminar os discurso. - implorou Rabicho - Estou com fome.

– Agora, este ano temos duas alunas transferidas diretamente de Beauxbatons. - prosseguiu Dumbledore, fazendo com que os alunos começassem a cochichar entre si. Transferências eram uma raridade - Sim, sim, isto não ocorre com frequência e, por isso, espero que tratem muito bem nossas novas estudantes.

A porta do salão se abriu, revelando as duas francesas. Remus deduziu que a ruiva fosse a tal Charlotte, de quem ouvira falar um pouco mais cedo. A outra ele já conhecia. Por um momento, os olhos de Alyssa encontraram os dele. A loira sorriu, acenou discretamente para os marotos e retomou seu caminho até o banquinho de três pernas.

– Chamarei seus nomes apenas uma vez, senhoritas. - explicou Minerva - E então... Já sabem o que fazer. Minuit, Alyssa.

Lyssa andou graciosamente até o Chapéu Seletor. Não parecia graciosa como uma acromântula sem as pernas, mas como uma... veela. Foi a primeira coisa que veio a cabeça do castanho.

– GRYFFINDOR!

As palmas ecoaram por todo o salão. A loira exibiu um sorriso de orelha a orelha e correu feliz como uma criança para se sentar com os marotos.

– Olá! Sentiram minha falta?

– Muita. - riu Sirius - Parabéns, guria! Bem-vinda a casa dos corajosos!

– Shhh! - a garota pediu silêncio - Quero ver a seleção da Lottie.

A ruiva já estava sentada, com o velho chapéu sobre sua cabeça. Ela cruzou os dedos discretamente ao lado da cadeira.

– RAVENCLAW!

As duas francesas bufaram juntas. Estava na cara que as duas queriam muito ficar juntas. Alyssa começou a praguejar em francês, arrancando risadas de alguns alunos a sua volta, principalmente de Padfoot.

Finalizada a seleção, o jantar apareceu.

– Finalmente! - comemorou Peter começando a comer.

As piadinhas continuaram sobre as duas novatas continuaram e Sirius estava ficando particularmente irritante. Mas, ainda sem se abalar, a loira apenas jogou os cabelos para trás, piscou demoradamente para o moreno e pediu com a voz mais doce que pôde:

– Six, enfie a cara no prato. - E, para a surpresa dos alunos, Sirius a obedeceu. A loira sorriu vitoriosa ao ver o rosto de Padfoot coberto de purê de abóbora - Acho que já comi o suficiente. Vou dormir.

E foi embora, sem sequer esperar um monitor para lhe dizer o caminho da sala comunal.


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