Se tiver uma coisa que aprendemos ao longo dos anos é a infeliz ideia de que as coisas mudam. As pessoas mudam e seus pensamentos, desejos e tristeza concentram-se em outra coisa. Quando crescemos, amadurecemos e já nos acostumamos com algo, é natural que não sintamos tanta animação quanto sentíamos anos atrás. Portanto, se você já tem quinze anos, é natural que o dia em que embarcará no trem que o levará para a escola comece assim:

– LILY, LEVANTE DESSA CAMA AGORA!

E você tenta ignorar a voz de sua mãe.

Sim, agora eu iria para o quinto ano da Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts. Ainda fico surpresa de como o tempo passa rápido. Conseguia me lembrar da doce garota de onze anos que ficara tão ansiosa para o seu primeiro dia. E agora eu era só uma garota preguiçosa que mal conseguia levantar de sua cama. Acho que prefiro a doce garota.

Fora difícil, mas finalmente consegui sair da minha cama e me vestir. O único motivo por eu querer voltar a Hogwarts é pelo Connon. Havia visto todos os meus amigos nas férias, mas não o Connon. A família dele provavelmente era surper-protetora, de modo que ao menos deixa seu filho visitar sua amiga.

Sempre me senti um pouco nervosa quando estou com Connon. Não sei se são seus lindos olhos negros ou seu jeito misterioso, mas alguma coisa nele me atraía. E isso me deixava muito irritada. Era completamente irritante o modo como ele me atraía tão inconscientemente.

Desci as escadas e encontrei meu pai e minha mãe sentados à mesa. O café da manhã se preparava sozinho, com magia. James ainda não haviam levantado. Sentei-me ao lado de Alvo, que já estava arrumado com o uniforme de Hogwarts, e, quando me viu, mamãe jogou as mãos para o alto de um jeito dramático.

– Mas até que enfim! – exclamou. – Achei que ficaria dormindo para sempre.

– Era possível – respondi.

Neste exato momento, tão rápido que eu mal percebi, James aparatou ao meu lado.

– Bom dia! – disse tão bem humorado.

– Não faça isso à mesa – papai disse, distraído.

E assim passamos a manhã, sempre com reclamações e provocações. Bem, essa é a família Weasley, afinal. O que poderíamos fazer? É nossa natureza provocar uns aos outros, gritar de manhã e fazer com que os vizinhos enlouqueçam. Mas este é, afinal, o jeito que faz com que eu seja tão feliz, e de como não trocaria essa família por nada neste mundo.