Eu odeio aquela mulher com toda a minha alma! Como odeio!

Subi correndo para o meu quarto segurando as lagrimas em um impulso gigantesco peguei o telefone e com as lagrimas já escapando disquei o número do meu pai.

-Alô?- atende meu pai sério.

-Pai?- disse com a minha voz chorosa.

-Trish, querida, agora o papai não pode falar...- diz ele mais uma vez me desapontando -Será que posso te ligar mais tarde?

-Claro.

-Então ta.- diz ele -Falo com você depois...

Ele desliga.

Eu sei que ele não vai ligar. Ele nunca liga.

Estou me sentindo um lixo. Uma mãe bêbada e vomitada dentro de casa que só sabe me xingar até quando tento ajudá-la. E um pai que nem falar comigo fala.

Minha vida é um lixo. Exceto na escola.

Lá eu me sinto uma rainha. Todos os dias saio do meu carro com todos aqueles olhares me admirando e aquelas pessoas desejando tanto serem eu, sendo que minha vida real não é nem um pouco invejável.

-Trish Summers!- me chamou o Sr. Bryan da aula de "Home living".

-Sim?- digo sem perder a pose.

-Aqui está o seu bebê.- disse ele me dando uma boneca para mim, que a pego pela perna ainda tentando processar a informação -Deixe-me ver quem será o pai da sua criança...- diz ele olhando em volta da sala -Sr. Adams! O senhor será o pai!

Não, ele está brincando, certo? E cara, é sério que esse idiota ta em todas minhas aula mesmo?

-O quê?- ele reclama alarmado.

O professor ignora e continua a escolher as duplas.

Gente, que palhaçada é essa? Eu nem pretendo ser mãe e ainda mais de um filho daquele lá! Eu e ele e sexo? Isso sim são três coisas que não combinam de forma alguma!

Não é uma equação perfeita...

Ao final da aula de "Home living", sobrou apenas na sala eu e o idiota, que provavelmente tinha pela primeira vez o mesmo objetivo que eu.

-Sr. Bryan...- tentei inutimente dizer.

-Srta. Summers, sei que vai reclamar, mas não há nada que possa dizer que irá mudar minha opinião.- disse o Sr. Bryan.

-Mas e quanto a mim?- se meteu o idiota -Sou aluno novo e não posso ser forçado a fazer um trabalho com essa cobra!

-Ei! Cobra é senhora sua mãe!- disse ofendida.

Eu aqui tentando ajudar e ele me chama de cobra? Qual é a dele?

-Vocês dois vão cuidar do bebê juntos.- disse o Sr. Bryan levantando-se da cadeira -E vão começar escolhendo o nome dessa coisinha adorável.- ele apontou para o bebê que estava na minha mão.

-Isso é uma boneca.- disse o idiota.

-Que gênio!- debochei -Como você soube?

-Ah! Mais uma coisa.- disse o Sr. Bryan -Tentem ser pais presentes.

Saímos daquela sala, ambos derrotados. E pais! Sério! Quem no mundo iria querer um daqueles de verdade?Eles são chatos, choram, irritam... 

-Não pense que eu estou feliz em fazer isso, eu faço pela nota.- disse ele.

-Faz o que?

-Te ajudar com esse troço aí e o relatório.

-Com a Penny?- perguntei -Não preciso da sua ajuda. Cuido dela sozinha e também posso fazer o maldito relatório.

-Não vai pedir pra eu fazer nada?

-Se for para ficar longe de você?- fingi pensar no assunto -Não.

-Eu sou tão responsável por esse bebê quanto você.- disse ele -Assim como não vou tirar seus direitos de mãe, não deixarei você tirar os meus como pai. É muito difícil crescer sem um pai.

-Como se você entendesse disso.- revirei os olhos.

-Aposto que entendo melhor do que você, sua patricinha metida.- disse ele.

-Acabou?

-Não.- disse ele -O nome dela não vai ser nome de macarrão.

-Ai! Como você é burro!- disse me sentindo mal perto de um ser tão estúpido -Penny é apelido de Pennelope e não tem nada haver com 'pene'. P-E-N-E.

-Dá no mesmo.- disse ele -Quero outro nome, que não seja tão metido quanto a mãe.

-Tem alguma sugestão, gênio?

-Jane.

-A mulher do homem macaco?- disse -Você só pode ta me zoando.

-Que saco.- disse ele mechendo no cabelo -Será que nada te agrada?

-Melody?- disse me lembrando de "A pequena sereia II".

-Ta.- concordou ele -Até que esse não é tão ruim.

De repente no meio do corredor, Melody começou a chorar.

-Ótimo.

-Por que essa coisa ta chorando agora?- perguntou o idiota.

-Não é uma coisa, seu idiota.- disse -É a Mel! E acho que está com fome.

-E o que a gente dá pra ela?- perguntou o gênio -O macarrão da cantina?

-Você só pode ta fazendo isso para me irritar.- disse dando Mel para ele e pegando a mamadeira de plástico dentro da bolsa que ganhamos junto com ela.

Coloquei a mamadeira no buraco da boca dela e ela parou de chorar.

-Uau.- disse ele ainda segurando a Mel enquanto eu a amamentava... Com a mamadeira, é claro.

Tirei a mamadeira da boca de Mel e guardei-a.

Josh pegou Mel e colocou-a contra seu peito e começou a bater de leve nas costas dela.

-O que está fazendo?- perguntei assustada até que ouvi um som estranho saindo de Mel.

-Fazendo-a arrotar.- disse ele -Lembro de ter visto minha tia fazendo isso com o meu primo.

-É, essa eu não sabia.- admiti.

-Viu? Você precisa de mim.- disse ele com um sorriso estranho -Todos os filhos precisam dos dois pais presentes. Essa é a verdade.

Não pude evitar um pequeno sorriso.

-Sua próxima aula é de que?- perguntou ele.

-De álgebra.- disse começando a me sentir enjoada. Eu já disse que odeio álgebra? Se não disse, bom, digo agora: Eu odeio álgebra!

-Bom, tenho de espanhol agora.- disse ele -Eu fico com ela até o almoço e depois você fica direto com ela?

-Fico.- disse -E depois na hora da saída a gente vê o que faz?

-Combinado.- disse ele começando a dar as costas, mas o chamei de volta -O que foi?

-Esqueceu a bolsa.- disse entregando-o -Vai precisar dela.

-Valeu.- disse ele sorrindo e depois deu meia volta indo para sua aula de Espanhol enquanto eu fui aturar a de Álgebra.

Não entendi nada durante toda a aula. Foi um saco! E o Sr. Grey parece não entender minhas duvidas, o que me fez parar de perguntar, já que eu só me humilharia fazendo isso porque ele não sabia responder nada. Será que ele comprou o diploma? Vai saber...

Quarto tempo: filosofia ou seja hora de se sentir embriagado porque não tem como entender isso. Só estando bêbado para um troço desses fazer algum sentido!

-Não acredito que o Sr. Bryan te desafiou a esse ponto!- disse Ginger me compreendendo.

-Não é?- disse -E agora to sendo forçada a dividir a guarda da pobre Melody com aquele lá!

-É... Trish, você não acha que está personificando muito essa boneca?- me perguntou Ginger.

-Não.- disse com naturalidade e o sinal bateu.

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No almoço me encontrei com o meu bebê e... E o idiota que se acha o pai dela.

-Aqui está a mamãe.- disse ele me entregando a Mel.

-Como ela se comportou?- perguntei.

-Não exatamente como um anjo.- disse ele rindo -Mas foi divertido ver a Srta. Parker furiosa com o Sr. Bryan.

-Fica tranquilo.- disse -Eles vão fazer sexo para fazer as pazes.

-Como sabe tanto sobre as pessoas?

-Eu sei ler as pessoas.- disse me sentando em uma mesa.

-E como você me lê?- perguntou ele sentando-se na minha frente.

-Um idiota, que está usando essa criança para me levar para a cama.- disse, mas logo, sem saber porque, me arrependi.

Sua expressão mudou. Ele de repente parecia furioso e então disse: -E quer saber como eu a leio? Como uma patricinha mimada que está louca para ter um homem de verdade na cama. Porque aquele carinha que te deixou por Paris, não era homem o suficiente.

-Como quem?- perguntei -Você? Por favor.

-A gente se vê na saída.- disse ele.

-Não.- disse -Hoje eu fico com ela.

-Tudo bem.- disse ele.

O resto do dia foi tranquilo e não vi o idiota. Mas essa semana vai ser longa e terei que aturá-lo demais, o que não é nada do meu agrado.